quinta-feira, 3 de maio de 2012

Quebre a espinha da leitura



Por Mário Benevides

Qual é a base e o sentido da publicação? Qual a função e o papel representativo de uma lugar de fala? Além do teor de exposição dos agentes que a movimentam – na captação de todos os marketings-de-sujeito que a fala de púlpito traz –, além mesmo da vontade de potência interente ao ato de testar as capacidades de convencimento, de articulação e de fazer-pensar por partes dos agentes e de suas redes imaginárias de discípulos possíveis, e por fim, além da dinâmica recalcada acerca de todos as violências silenciadoras provocadas nestes agentes e presente na crença de que a fala pública é uma forma de rompimento, está uma prática que a prática da reflexão sociológica conjura quando cotidianamente alimentada: a de compor, no relance de temáticas profundas ou superficiais, um tear político e cognitivo que permita, sem maior ou menor ocultamento, a retomada de canais e redes de pensamento, de produção da ação criativa que o debate incorpora e revive. Não há, como se vê até aqui, a intenção deliberada de ignorar o debate como instância onde os poderes continuam a valer e afetar. Muito menos está presente a negação de que o espaço de publicação – como espaço de sujeição mútua – se retroalimenta das ignorâncias e dos cochilos da estratégia e da contraestratégia dos envolvidos.



O que se quer pensar aqui é a possibilidade de fazer do criativo, da crítica criativa e da criação crítica, uma rede de falas, de projetos comunicativos – comprometidos com a possibilidade de mudança de instituições e realidades, mas mais comprometido com a mudança no panorama imaginário das chances de pensar e repensar o mundo dos poderes sociais como um mundo de produções simbólicas renovadoras; como um cenário onde o novo pode e precisa ser legitimado pela crença a poder modificar estruturas e tocar a história, a despeito de todos os códigos que, como este texto, existem não para, meramente, produzir hierarquias, mas para convidar ao jogo codificante das decodificações políticas.


Via Cadernações
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