quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Campanha de coleta de 100.000 assinaturas para a criação da Faculdade Zumbi dos Palmares


Campanha de coleta de 100.000 assinaturas de apoio a iniciativa da
presidente Dilma Roussef de incluir e garantir a participação de
jovens universitários negros nas 100.000 bolsas de Graduação, Mestrado
e Doutorado e Pós Doutorado no exterior no Programa Ciências Sem
Fronteiras do Ministério da Ciência e Tecnologia.

http://www.cienciasemfronteira.palmares.jcsolucoes.com.br/Default.aspx

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo!!!!!!!!!



Com 1800 acessos diários é que nos despedimos de 2011 :D !!!!!!!
Estaremos de férias até 2012, com mais notícias, artigos, entrevistas e tudo mais. 



Ps.: Tentei achar uma foto dos 3 clássicos, mas não deu.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ciência sem Fronteiras


Madame, Monsieur

Com a adesão da França ao programa brasileiro Ciência sem Fronteiras, 10 mil vagas em 4 anos foram disponibilizadas no ensino superior francês a estudantes brasileiros. Estão abertas as candidaturas nas modalidades Graduação-Sanduíche (até 15/1/2012), Doutorado-Sanduíche ou Pleno e Pós-Doutorado (até 17/2).

Por outro lado, o programa oferece também bolsas no Brasil. Candidaturas nas modalidades "Atração de Jovens Talentos" e "Pesquisador Visitante Especial" podem ser enviadas até 15/2.

Mais informaçõeshttp://www.comunidadefb.com.br/web/index_not.php?p=8659



domingo, 25 de dezembro de 2011

"Dar presentes de Natal é como uma missão de paz", analisa sociólogo


Pouco se sabe sobre a origem, o significado e as implicações exatas do ato de presentear. Sociólogo detecta raízes na procriação e função anti-agressiva. Para economista, orgia de compras de Natal é delírio consumista.




Cada cidade tem seus costumes de Natal. Mas Berlim acrescentou um tempero especial à festividade, ao inventar o comércio natalino. Essas palavras, escritas pelo conceituado publicista Sebastian Haffner em 1933, poderiam datar de hoje.
Pois, nesse aspecto, a capital alemã nada mudou: no final de dezembro, seus cidadãos lotam as lojas de departamentos, os novos palácios do prazer, como se o mundo fosse se acabar. Eles zombam da crise e gastam fortunas em presentes. Mas, afinal, qual é o motivo de tal comportamento?
Orgia de compras
Em meio à maior loja de departamentos de Berlim, a Kaufhaus des Westens (KaDeWe), o sociólogo Friedrich Rost observa com um sorriso condescendente a orgia em massa da compra de presentes. Mas trata-se de um elemento social indispensável, explica o professor da Universidade Livre, que há 20 anos estuda o fenômeno do presentear e ser presenteado.
"Pois [presentear] é a expressão de um valor que, no fundo, não há como se comprar numa loja – quando a coisa dá certo. Existem, é claro, também presentes malsucedidos, e aí a decepção pode ser grande. Mas, em si, trata-se de sinais visíveis de um relacionamento. E para os sociólogos tais redes de relações – quem presenteia a quem com o quê – são muito interessantes."
Olhando-se por trás da fachada do ato, logo se nota que quem presenteia também fica extremamente feliz. Rost defende a tese de que dar algo voluntariamente inibe agressões e alivia conflitos acirrados. Aos olhos do sociólogo de Berlim, presentear é um puro ato social, capaz de estabelecer uma confiança que o dinheiro não compra. "Pois o outro é, por assim dizer, incluído. Não se trata de uma ação egoísta, voltada apenas para a própria vantagem: ela conta com o outro", esclarece.
Tema pouco estudado
É isto que devemos ter em mente ao dar presentes: somos como tropas de paz sob a árvore natalina. E essa é uma oportunidade única de pôr de lado velhos conflitos e mal-entendidos. Presentear é uma espécie de missão de capacetes azuis e não deveríamos apenas providenciar algo para encher a meia de Natal dos amigos, mas – precisamente – para os inimigos e adversários.
"São gestos de gentileza, a fim de gerar uma boa atmosfera para o diálogo. Exatamente como quando se é convidado para a casa de alguém não muito conhecido e se leva um ramo de flores, ou outra coisa, para gerar uma possível simpatia."
Por tratar-se de um tema a que a ciência tem dedicado pouca atenção, até hoje pouco se sabe sobre a origem, o significado e as implicações exatas do ato de dar presentes. Pois nele está oculta uma quantidade enorme de códigos e gestos, consensos culturais e mal entendidos de nossa vida cotidiana, explica Friedrich Rost.
"Uma das origens é, seguramente, a hospitalidade, a outra é o cuidado da cria, em especial o processo de escolha e conquista do parceiro. Há também raízes nas oferendas religiosas. Desse modo, deve-se partir do princípio de que é uma atividade muito complexa, que muito cedo se disseminou antropologicamente. E que, acima de tudo, se associou à experiência de que através dela se podem selar alianças."
"Delírio econômico"
Presentear seria, portanto, dar e receber, um ato recíproco que desperta sentimentos infantis de alegria e valorização, mas também de surpresas.
Porém alguns economistas veem a coisa um pouco diferente. O especialista em finanças inglês Joel Waldfogel fala de um "delírio econômico", que a cada ano destrói tantos valores quanto um furacão. Segundo suas pesquisas, os alemães gastam, em média, 700 euros como o Natal, no mais das vezes com resultados extremamente duvidosos.
Os campeões dos presentes equivocados são os sogros, seguidos de perto de avós, tias, irmãos e pais, revela o estudo de Waldfogel, que estima em 70 bilhões de euros a soma total das escolhas natalinas mal feitas. Por outro lado, lembra o sociólogo Friedrich Rost, quem recusa um presente magoa o presenteador. E isso representaria o fim da paz sob a árvore de Natal.
Autor: Christoph Richter (av)
Revisão: Soraia Vilela
 
 
Fonte: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5020300,00.html

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Prova do concurso para SOCIOLOGIA da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE)

Bolsas na França‏


O Ministério das Relações Exteriores da França está com inscrições abertas para um programa de bolsas de excelência para estudantes internacionais admitidos em instituições francesas de ensino superior. Trata-se do programa Eiffel, que tem por objetivo formar futuros líderes estrangeiros nos setores público e privado.
O programa de bolsas visa encorajar candidaturas de estudantes de países emergentes, em especial da Ásia, América Latina, Europa do Leste, Oriente Médio e dos novos Estados membros da União Europeia, mas também, para o nível doutorado, dos países industrializados.
São oferecidas duas categorias de bolsas, sendo que as candidaturas deverão ser apresentadas exclusivamente pelos estabelecimentos, que se comprometem a efetuar a inscrição dos estudantes selecionados.
Os estudantes interessados em participar da seleção do programa Eiffel devem manifestar seu interesse ao apresentar suas candidaturas às instituições francesas que, por sua vez, terão até 6 de janeiro para encaminhar as candidaturas à Égide (parceira do Ministério).
Para a categoria Master (especialização ou mestrado), o estudante receberá 1.181 euros mensais. A bolsa é concedida no máximo 12 meses para uma inscrição em M2, 24 meses para uma inscrição em M1 e 36 meses para a preparação de um diploma de engenharia.
As áreas de estudos contempladas são: engenharia, economia e administração, direito e ciências políticas. Para concorrer é preciso ter no máximo 30 anos de idade.
Já na Doctorat (doutorado) são 1.400 euros mensais por dez meses de mobilidade (cotutela ou co-orientação). As áreas de estudos contempladas são: ciências da engenharia e ciências exatas (matemática, física, química e ciências da vida, nano e biotecnologia, ciências ambientais, ciência e tecnologias da informação e da comunicação), economia, administração, direito e ciências políticas. Para concorrer é preciso ter no máximo 35 anos de idade.
(Agência Fapesp)

Vagas para a Rio+20


CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO + 20)


AVISO GERAL SOBRE AQUISIÇÕES E CONTRATAÇÕES


A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), que acontece em junho de 2012 na Cidade do Rio de Janeiro, tem como objetivos principais assegurar um comprometimento político renovado para o desenvolvimento sustentável, avaliar o progresso feito até o momento e as lacunas que ainda existem na implementação dos resultados dos principais encontros sobre desenvolvimento sustentável realizados nos últimos 20 anos – desde a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco 92 ou Cúpula da Terra).

Rio+20 tem também a missão de abordar os desafios emergentes do ponto de vista de dois eixos fundamentais: uma economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e o quadro institucional para o desenvolvimento sustentável tanto global quanto localmente.

Contexto

O progresso do desenvolvimento nos países mais pobres do mundo pode ser interrompido ou mesmo revertido até meados do século, caso não sejam tomadas medidas arrojadas para reduzir as variações climáticas, evitar mais danos ambientais e diminuir as desigualdades profundas existentes tanto dentro de cada nação quanto entre elas. A projeção está no Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2011  do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O Relatório “Sustentabilidade e equidade: Um futuro melhor para todos” argumenta que a sustentabilidade ambiental pode ser mais justa e eficazmente alcançada se forem abordados temas como as disparidades em saúde, educação, renda e gênero, juntamente com a necessidade de uma ação global sobre a produção de energia e a proteção dos ecossistemas.

Apoio do PNUD à Rio+20

O PNUD está apoiando o Comitê Nacional de Organização (CNO) na organização e realização deste evento, que contará com uma participação estimada de 50 mil pessoas, incluindo chefes de estado, representantes de governos, sociedade civil e setor privado, em eventos oficiais e paralelos.

Para viabilizar processos logísticos e operacionais, o PNUD lançará, tanto nacional quanto internacionalmente, avisos de licitações públicas e de seleções de consultores, de acordo com as Normas e Diretrizes do PNUD, para contratação de obras, aquisições de bens e serviços, nas seguintes áreas:



·         Obras: projetos de arquitetura e acessibilidade, obras de infra-estrutura em geral;

·         Bens: aluguel de mobiliário, aquisição e aluguel de equipamentos, aluguel de veículos, infra-estrutura e acessibilidade ao evento;

·         Serviços: projetos de acessibilidade, inclusão social, cerimonial e apoio a autoridades, divulgação e mídias sociais, eventos culturais, gestão de contratos, imprensa e comunicação social, licitações e contratosparcerias e captação de recursos, apoio a projetos de cooperação técnica internacional, receptivo e hotelaria, logística e infra-estrutura, alimentação e bebidas, intérprete e tradução, segurança, serviços gerais (limpeza, copa etc), motorista, tecnologias da informação e comunicação, transporte, especialistas em sustentabilidade, saúde e outros, caso seja necessário.

Pessoas físicas e jurídicas devem manifestar interesse por meio de cadastro no Banco de Dados do PNUD para a Rio+20 indicando a(s) área(s) em que possui experiência relevante.

As empresas e instituições que não apresentarem as qualificações necessárias isoladamente poderão manifestar o interesse de associação em consórcio para fins de cadastro no portal indicado acima. Neste caso, devem constar no registro os dados da empresa líder do consórcio. O objetivo deste recurso é permitir o cumprimento das exigências mínimas propostas do edital e, ao mesmo tempo, possibilitar a estas empresas e instituições a oportunidade de oferecer suas qualificações para as tarefas propostas.

As candidaturas de pessoas, empresas e instituições que já trabalham com conceitos de compras sustentáveis, acessibilidade, energias renováveis e uso inteligente de papel (paper-smart office) são fortemente incentivadas.

IMPORTANTE!
O cadastro na área de interesse (pessoa física e jurídica) não implica, necessariamente, a convocação e a contratação dos serviços oferecidos. Os contatos serão feitos de acordo com as demandas que surgirem. O objetivo deste Banco de Dados do PNUD para a Rio+20 é potencializar a busca e a identificação de instituições, empresas e pessoas com qualificações necessárias para contribuir na realização da Conferência.

PNUD está empenhado em garantir a diversidade da força de trabalho em termos de nacionalidade, gênero e cultura. Os indivíduos pertencentes a grupos minoritários, grupos indígenas e pessoas com deficiência são igualmente incentivados a se candidatar. Todas as candidaturas serão tratadas com sigilo.

Para informações adicionais, entre em contato:

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD
A/C: Projeto Rio+20 – PNUD
Endereço: EQSW 103/104, Lote 01, Bloco D - Setor Sudoeste - CEP: 70670-350, Brasília/DF, Brasil
Tel: + 55 61 3038-9300 Fax: + 55 61 3038-9010
Correio Eletrônico: cadastro.rio20@undp.org 

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ISA lança o mais completo site sobre Terras Indígenas


De Olho nas Terras Indígenas traz informações organizadas pelo Programa de Monitoramento de Áreas Protegidas do ISA sobre cada uma das 669 Terras Indígenas (TIs) existentes no País. O site é o primeiro passo em direção a uma plataforma digital com a qual indígenas e não indígenas poderão colaborar diretamente.

O painel de indicadores socioambientais de TIs De Olho nas Terras Indígenasreúne dados comparativos sobre temas como pretensão minerária, direitos territoriais, desmatamento e sociodiversidade, apresentados na forma de mapas, gráficos dinâmicos e rankings. São informações sobre os 238 povos indígenas que vivem em 669 Terras Indígenas, somando uma população de cerca de 560 000 pessoas.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Seleção PIBID de Ciências Sociais (UECE)

O PIBID de Ciências Sociais abre 2 vagas para Bolsistas de Iniciação a Docência.As inscrições vão até dia 20 de Dezembro, no Centro de Humanidades da UECE. Os trabalhos irão até maio de 2011 e o valor da Bolsa é R$ 400.00.(Somente p/ alunos da Licenciatura de Ciências Sociais-UECE)

O Edital está na Coordenação do Curso de Ciências Sociais.

sábado, 17 de dezembro de 2011

A “obesidade mental” da meritocracia no Brasil


                                  A “obesidade mental” da meritocracia no Brasil.

                                                                                               Ubiracy de Souza Braga*
_______________
* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).


                               “O estandarte do sanatório geral vai passar...
(Chico Buarque e Francis Hime).
A palavra meritocracia provavelmente tenha aparecido pela primeira vez no livro de Michael Young, “Rise of the Meritocracy” (1958), um opúsculo de 180 páginas. Tudo isso se inverte nas economias da Terceira Onda, na expressão Alvin Toffler (1980), escritor e futurista norte-americano, conhecido pelos seus escritos sobre a “revolução digital”, a “revolução das comunicações” e a “singularidade tecnológica”, nas quais o conhecimento é a principal forma de capital. Ora, os testes de QI surgiram na China, e começaram realmente a ficar conhecidos e utilizados como uma fonte importante no século XX, na França. Young utilizou a palavra “mérito” num sentido pejorativo, mas mérito significa “habilidade, inteligência e esforço”, embora haja arbitrariedade nas suas formas de escolha racional.
A meritocracia está associada ao “Estado burocrático”, para lembramos de Max Weber (1958; 1965; 1967; 1982; 1992), sine ira et studio, sendo “a forma pela qual os funcionários estatais são selecionados para seus postos de acordo com sua capacidade em serem aprovados através de concursos públicos de provas e títulos”. Ou ainda - associação mais comum - aos exames de ingresso ou avaliação nas escolas e universidades, nos quais não há discriminação entre os alunos quanto ao conteúdo das perguntas ou temas propostos. Assim, meritocracia também indica “posições” ou “colocações” conseguidas por “mérito pessoal”. Um modelo de meritocracia é dado por um método “no qual o que é considerado como sendo verdade é justamente definido pelo mérito”.
Os principais argumentos da meritocracia são: a) é que ela proporciona maior justiça do que outros sistemas hierárquicos, uma vez que as distinções não se dão por sexo ou raça, nem por riqueza ou “posição social”, entre outros fatores biológicos ou culturais, nem mesmo em termos de “discriminação positiva”. Portanto, b) a meritocracia através da “competição entre os indivíduos”, estimula assim, o aumento da produtividade e eficiência. Governos e organismos meritocráticos aparentemente enfatizam “talento, educação formal e competência”, em lugar de diferenças existentes, tais como estratificação social, classe social, relações de parentesco, etnia, ou sexo.
            O primeiro grande sistema analisado por Weber (1958; 1982; 1992) é a milenar civilização chinesa. Ele revisa os pressupostos econômicos (1992) e político (1965; 1967) do mundo chinês, particularmente no ensaio, “Os Letrados Chineses” (1982), onde o papel do imperador e das províncias e, em especial, a função dos mandarins (burocratas), o que introduz um caráter ritualista e tradicional no confucionismo, voltado para o culto dos antepassados familiares e do imperador: o universo é entendido como “uma ordem eterna” - Tao - que “não pode ser contestada e ao qual o indivíduo se adapta”. O confucionismo (儒學) é um sistema filosófico chinês criado por Kung-Fu-Tzu (Confúcio).
Entre as preocupações do confucionismo estão a moral, a política, a pedagogia e a religião. Conhecida pelos chineses como “Junchaio” (ensinamentos dos sábios). Fundamentada nos ensinamentos de seu mestre, o confucionismo encontrou uma continuidade histórica única. Além de tradição religiosa, o confucionismo é considerado uma filosofia, ética social, ideologia política, tradição literária e um “modo de vida”. Confúcio, forma latina de Kung Fu Tsé, filósofo chinês do século VI a. C, compila e organiza antigas tradições da sabedoria chinesa e elabora uma doutrina assumida como oficial na China por mais de 25 séculos. Combatido como “reacionário” durante a Revolução Cultural chinesa (1966-1976), de Mao Tsé-tung e outros, no filme: 毛澤東 - 中国共产党 / “Mao Tsé-Tung - China Comunista”, o confucionismo “toma novo impulso após as recentes mudanças políticas no país”. Atualmente, com uma população superior a 1.300.000.000 habitantes, a República Popular da China situada na parte leste da Ásia tem 25% da população que se declaram adeptos do confucionismo.
Na China desenvolveu-se uma tendência mística chamada taoísmo, cujo fundador é Lao-Tsé, mas que foi tragada pela poderosa “força da magia”, razão pela qual a religião chinesa ficou imersa em um “jardim mágico”. Taoísmo ou daoismo refere-se a uma tradição filosófica e religiosa que tem influenciado os povos do leste da Ásia há mais de 2.500 anos. A palavra , “tao” (ou “dao”), dependendo do esquema de romanização, é frequentemente traduzido como “caminho” ou “o caminho”, mas com inumeráveis nuances na mitologia e filosofia chinesa. Desta forma, ela não desenvolveu um potencial de racionalização prática das condutas.
Desnecessário dizer que a ideia de formação, treinamento e educação na ocupação dos cargos nas estruturas burocráticas como a da formação do “homem culto”, educação para a vida, está amplamente desenvolvida no ensaio “Os Letrados Chineses” (1982). Nesse ensaio contido na obra póstuma organizada por Hans Gerth & Charles Wrigth Mills, intitulada Ensaios de Sociologia (1982), Max Weber apresenta-nos como a China organizou uma estrutura de formação e educação dos ocupantes de cargos em sua burocracia. Marianne Weber, nascida Marianne Schnitger, (1870-1954), foi esposa do sociólogo Max Weber e uma destacada feminista. Frau Weber era uma talentosa escritora independente que publicou uma autobiografia e vários livros sobre problemas femininos. Escreveu “Weber, uma biografia” nos anos seguintes à morte prematura do marido em 1920.
Uma das singularidades dessa formação está em seu caráter laico e literário. A relação da educação com a burocracia chinesa e o conjunto da sociedade aparece já no primeiro parágrafo, assim descrito pelo giant Max Weber:
Durante doze séculos, a posição social na China foi determinada mais pelas qualificações para a ocupação de cargos do que pela riqueza. Essa qualificação, por sua vez, era determinada pela educação, e especialmente pelos exames. A China fizera da educação literária a medida do prestigio social de modo o mais exclusivo, muito mais do que na Europa durante o período dos humanistas, ou na Alemanha” (Weber, 1982: 471).
Essa educação dos letrados, funcionários, dava-lhes “prestígio e carisma”, não porque possuíssem qualidades ditas “sobrenaturais”, mas por dominar os conhecimentos da escrita e da literatura, legitimados pelos exames que comprovavam se a mente do candidato estava embebida de literatura e se ele possuía ou não os modos de pensar (verstehen) adequados a um homem culto e resultante do conhecimento da literatura. Weber propunha a unificação das ciências humanas integrando a “verstehen” (compreensão) e a “erklären” (explicação) em uma visão unitária de ciência. Em 1913, Weber publicou um escrito intitulado “Sobre Algumas Categorias da Sociologia Compreensiva” (cf. Silveira, 2006), salvo engano, primeiro esboço de seu método sociológico. Ele continuou a trabalhar sua concepção de sociologia durante os próximos anos em escrito encomendado para uma ampla coleção de textos econômicos e que, por esta razão, recebeu o nome de “Economia y Sociedad” (cf. Weber, 1992; 1235 páginas).
Para ele, em seu prólogo, metodologicamente, do ponto de vista da formulação ideal-típica:
esta acrescentada univocidade se alcança em virtude da possibilidade de um optimum na adequação de sentido, tal como é perquirido na conceptualização sociológica. Por sua vez, esta adequação pode alcançar-se em sua forma mais plena - do que temos tratado, sobretudo até agora - mediante conceitos e regras racionais (racionais com ajustes aos fins). Não obstante, a sociologia busca também apreender mediante conceitos teóricos e adequados por seu sentido fenômenos irracionais (místicos, proféticos, pneumáticos, afetivos). Em todos os casos, racionais como irracionais, se distancia da realidade, servindo para o conhecimento desta na medida em que, mediante a indicação do grau de aproximação de um fenômeno histórico a um ou vários desses conceitos, ficam tais fenômenos ordenados conceitualmente” (Weber, 1992: 17, grifado no texto).
            Melhor dizendo, se quisermos neste aspecto evitarmos uma “leitura de segunda mão”, no prólogo à 4ª edição alemã, de acordo com Johannes Winckelmann,
o plano de sua contribuição destinada ao Grundriss der Sozialökonomik, seção terceira: ´Economía y Sociedad`, Max Weber só o publicou, depois de aparecido o manuscrito anterior, no resumo da ´divisão da obra conjunta`, que inicialmente se juntou na forma de suplemento aos distintos volumes que foram aparecendo a partir do ano de 1914. Como queria que o manuscrito da parte mais antiga no foi objeto de refundição alguma, não deve surpreender que seus distintos elementos coincidam com o plano original. Assim, pois, este manifesta o pensamento relativo à composição da obra. Na continuidade, o manuscrito mais recente amplia a primeira de todas as seções até uma teoria classificadora compreensiva das categorias que, não obstante, permaneceu incompleta. O próprio plano de Max Weber para seu Grundriss der verstehenden Sociologie,  que se dá mais adiante a título de ilustração e para permitir a comparação, é o que tem servido ao conteúdo da presente edição” (Prólogo...Cf. Weber, 1992: VIII).
Após analisar a religião chinesa, Weber passa ao exame das “religiões de salvação”, nas quais existe uma relação de tensão com o mundo: daí a necessidade de um texto intermediário que explique as diferenças entre o misticismo (predominante nas esferas sociais do mundo oriental) e o ascetismo (predominante nas esferas sociais do mundo ocidental). Ipso facto ele também examina as tensões entre a ordem religiosa (regida por normas) e as ordens sociais do mundo moderno (regidas por uma racionalidade formal) e que, portanto, possuem sua “legalidade própria”. As esferas analisadas por Weber são a economia, o que é “economicamente determinado” a política, o que é representado pelo “poder e pelo partido político”, a arte através da “individualização das referências”, o erotismo e a ciência.
Vale lembrar que Max Weber e Friedrich Nietzsche foram influenciados por Wilhelm Richard Wagner (1813-1883) que foi um maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão, primeiramente conhecido por suas óperas ou “dramas musicais”, como ele posteriormente chamou. As composições de Wagner, particularmente essas do fim do período, são notáveis por suas texturas complexas, harmonias ricas e orquestração, e o elaborado uso de leitmotiv: temas musicais associados com caráter individual, lugares, ideias ou outros elementos. O compositor influenciou significativamente também a literatura e a filosofia. Friedrich Nietzsche faz parte do seu círculo de contatos durante a década de 1870, e seu primeiro trabalho publicado Die Philosophie im Zeitalter der Griechen, propôs a música wagneriana como o renascimento intuição e intoxicação na cultura europeia em oposição à decadência do racionalismo, usando como referência Dioniso e Apolo. No século XX, W. H. Auden considerou Wagner como talvez um dos maiores gênios, enquanto Thomas Mann e Marcel Proust receberam grande influência, e discutiam o autor em suas novelas. Entretanto, nem toda reação a Wagner foi positiva. Por um tempo, a música da Alemanha foi divida entre os admiradores de Wagner e os de Johannes Brahms; este, com o auxílio do crítico Eduard Hanslick, adotava formas tradicionais e liderava um movimento conservador, contra as inovações de Wagner.
Como “fenômeno social”, na falta de melhor expressão, o poder é, portanto, uma relação social entre os homens, devendo acrescentar-se que se trata de uma relação triádica. Para definir certo poder, não basta especificar a pessoa ou o grupo que o detém e a pessoa ou o grupo que a ele está sujeito: ocorre determinar também a esfera de atividade à qual o poder se refere ou a “esfera do Poder”. A mesma pessoa ou o mesmo grupo pode ser submetido a vários tipos de poder relacionados com diversos campos. O poder do médico diz respeito à saúde; o do professor, à aprendizagem do saber; o empregador influencia o comportamento dos empregados, sobretudo na esfera econômica e na atividade profissional; e um superior militar, em tempo de guerra, dá ordens que comportam o uso da violência e a probabilidade de matar ou morrer.
No âmbito de uma “comunidade política”, como se dá o funcionamento da  estrutura da universidade, o “poder de A” (que pode ser, por exemplo, um órgão público ou um determinado grupo de pressão) pode dizer respeito à política urbanística; “o poder de B”, à política exterior em relação a certa área geográfica; o “poder de C” dirá respeito, enfim, à política educacional, e assim por diante. A esfera do Poder pode ser mais ou menos ampla e delimitada mais ou menos claramente. O poder que se funda sobre uma competência especial fica confinado ao âmbito dessa competência. Mas o poder político e o poder paterno abrangem, normalmente, uma esfera social muito ampla. Por sua vez, a esfera de poder de uma pessoa que ocupa um cargo numa organização formal (como é o caso do presidente ou do tesoureiro de uma associação) é definido de modo preciso e taxativo, enquanto que a esfera de poder de um chefe carismático não é precisada por antecipação e tende a ser ilimitada.
O “sistema de castas” vigente na Índia demonstra que também se trata de uma religião - chamada de hinduísmo - com fortes elementos tradicionais. As castas criam uma ordem hierárquica, no topo da qual estão os sacerdotes brâmanes, seguidos pelos guerreiros, depois os comerciantes e agricultores e, por fim, os demais trabalhadores. O intercâmbio entre os grupos sociais não é permitido e a única forma de evoluir na escala social é “a roda das encarnações”. O caráter sagrado das castas indianas foi rompido pela pregação de Buda. O Budismo conservou a ideia de reencarnação, mas ela se torna completamente individual e voltada para a dissolução do Eu. Tal crença difundiu-se por todo Oriente e constitui a grande matriz dos sistemas religiosos orientais, que possuem um componente acentuadamente místico.
O Clone, mutatis mutandis, é uma telenovela brasileira produzida pela Rede Globo. Escrita por Glória Perez, com direção-geral de Jayme Monjardim, Mário Márcio Bandarra e Marcos Schechtman, direção de Teresa Lampreia e Marcelo Travesso e direção de núcleo de Monjardim, foi a 61ª “novela das oito”, exibida pela emissora. O Clone teve seu primeiro capítulo exibido em 1 de outubro de 2001, substituindo Porto dos Milagres, e encerrando-se em 15 de junho de 2002, com um total de 221 capítulos, sendo substituída por Esperança. Teve 250 capítulos na versão internacional. A personagem vivida por Giovanna Antonelly fez sucesso e abusou das mudanças de visual durante a trama. Em momentos mais recatados, Jade ficava quase completamente coberta, em outros, aparecia deslumbrante em trajes árabes típicos.
Isto é o que marca a diferença na apropriação do patrimônio histórico reverenciado pela memória da universidade quando se trata como já disse alhures, do “batismo burocrático do saber” (cf. o filme With Honors, EUA, 1994. Direção de Alek Keshishian, 101 min.). Mal comparando, as estruturas de poder, pode-se afirmar sem temor a erro que a universidade pública (o ager publicus) no Brasil funciona como a sociedade de castas indiana, pois, como demonstra Louis Dumont em Homo Hierarchicus (Paris: Gallimard, 1966), a classificação de pessoas em hierarquias no sistema de castas da Índia provém do sistema de crenças religiosas, onde a mobilidade e a ascensão sociais eram proibidas e, ninguém por mais talentoso que fosse, poderia mover-se do lugar, o que em parte explica na história recente do país a chamada “evasão de cérebros” daquela sociedade para a norte-americana, no caso da física quântica, para ficarmos nesse exemplo. Entre nós é nessa acepção de Louis Dumont “como funciona no sistema de honra da Cabília” (“the sentiment of honour in Kabile society”) onde o valor de cada pessoa deriva-se de per-sonare, uma voz que “soa através” de uma máscara pública, é medido como padrão através de um detalhado código que permeia as relações familiares, as relações com a comunidade e as relações com o mundo exterior do poder.
Tese: Esse raciocínio se aplica às esferas simbólicas da universidade pública seja a nível local, regional ou nacional entre nós, no Brasil, e particularmente na região Nordeste, porque constituída em grande medida de controles ilusórios: polêmica, polícia, ascese, formalismo, zoologia; ou sobre um efeito de pathos: as “mutações culturais”; de encenação de corpus: biografias, fluxos, itinerários, trajetórias; ou ainda, de ilusão romanesca: descrição em -grafia, -logia, -nomia, embora faça parte deste corpus sobremaneira, as figuras de contestação da cultura: “legitimidade e relativismo cultural”. Toda a discussão acerca da contribuição de uma nova pesquisa ou de uma nova Escola de Pensamento impõe essas questões - para falar a verdade, sem jamais aceitar colocá-las simplesmente, literalmente, o que seria esquecer as “jogadas pessoais ou disciplinares”, pois para Foucault:
Antítese: “o silêncio, ou melhor, a prudência com que as teorias unitárias cercam a genealogia dos saberes seria talvez uma razão para continuar. Poderíamos multiplicar os fragmentos genealógicos. Mas seria otimista, tratando-se de uma batalha dos saberes contra os efeitos de poder do discurso científico - tomar o silêncio do adversário como a prova de que lhe metemos medo. O silêncio do adversário - este é um princípio metodológico, um princípio tático que se deve sempre ter em mente - talvez seja também o sinal de que nós de modo algum lhe metemos medo. Em todo caso, deveríamos agir como se não lhe metêssemos medo. Trata-se, portanto não de dar um fundamento teórico contínuo e sólido a todas as genealogias dispersas, nem de impor uma espécie de coroamento teórico que as unificaria, mas de precisar ou evidenciar o problema que está em jogo nesta oposição, nesta luta, nesta insurreição dos saberes contra a instituição e os efeitos de poder e de saber do discurso científico” (cf. Foucault, 1971; 1973; 1979; 1984:173-74, grifos meus).  
De outra parte, o anti-establishment serve para designar um indivíduo, grupo ou ideia que se coloca contra as instituições oficiais, sejam elas políticas, econômicas ou sociais, da forma vigente da sociedade contemporânea. O prof. Andrew Oitke, catedrático de Antropologia Social em Harvard, publicou em 2001 o seu polêmico livro “Mental Obesity”, que aparentemente revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna: “a nossa sociedade está mais sobrecarregada de preconceitos do que de proteínas; e mais intoxicada de lugares-comuns do que de hidratos de carbono”. A analogia é perfeita para refletirmos criticamente sobre a universidade brasileira destes dias.
Síntese: As pessoas se viciaram em estereótipos, em juízos apressados, em ensinamentos tacanhos e em condenações precipitadas. Lembra-nos a vaga ideia de generalistas, pois “todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada”. Assim, “os ‘cozinheiros’ desta magna ´fast food` intelectual são os jornalistas, os articulistas, os editorialistas, os romancistas, os falsos filósofos, os autores de telenovelas e mais uma infinidade de outros chamados ‘profissionais da informação’”, pois, “os telejornais e telenovelas estão se transformando nos hamburgers do espírito. As revistas de variedades e os livros de venda fácil são os ´donuts` da imaginação. Os filmes se transformaram na pizza da sensatez”. Daí a analogia no presente artigo: “O problema central está na família e na escola”.

                                      Disponível em: http://tudo-em-cima.blogspot.com/2009/08/rir-e-o-melhor-remedio-festival-de.html
Embora o sufixo “cracia” sugira um sistema de governo, há um sentido mais amplo. Em organizações, pode ser uma forma de recompensa por esforços e reconhecimento, geralmente associado à escolha de posições ou atribuição de funções. Entretanto a palavra “meritocracia” é agora frequentemente usada para descrever um tipo de sociedade onde riqueza, renda, e classe social são designadas por competição, assumindo-se que os vencedores, de fato, merecem tais vantagens em função de seus méritos. Consequentemente, a palavra adquiriu uma conotação de “darwinismo social”, e é usada para descrever sociedades agressivamente competitivas, com grandes diferenças de renda e riqueza, contrastadas com sociedades ditas “igualitárias”.
Em uma democracia representativa, onde o poder está, teoricamente, nas mãos dos representantes eleitos, elementos meritocráticos incluem o uso de consultorias especializadas para ajudar na formulação de políticas, e um serviço civil, meritocrático, para implementá-los. O problema perene na defesa da meritocracia é definir, exatamente, o que cada um entende por “mérito”. Além disso, um sistema que se diga meritocrático e não o seja na prática será um mero discurso para mascarar privilégios e justificar indicações a cargos públicos.
Na música “Vai passar” de Chico Buarque e Francis Hime, vejamos essas “tenebrosas transações”:
“Vai passar/Nessa avenida um samba popular/ Cada paralelepípedo/ Da velha cidade/ Essa noite vai/ Se arrepiar/Ao lembrar/Que aqui passaram sambas imortais/Que aqui sangraram pelos nossos pés/Que aqui sambaram nossos ancestrais/Num tempo/Página infeliz da nossa história/Passagem desbotada na memória/Das nossas novas gerações/ Dormia/A nossa pátria mãe tão distraída/Sem perceber que era subtraída/Em tenebrosas transações/Seus filhos/Erravam cegos pelo continente/Levavam pedras feito penitentes/ Erguendo estranhas catedrais/E um dia, afinal/Tinham direito a uma alegria fugaz/Uma ofegante epidemia/Que se chamava carnaval/O carnaval, o carnaval/(Vai passar)/Palmas pra ala dos barões famintos/O bloco dos napoleões retintos/E os pigmeus do bulevar/ Meu Deus, vem olhar/Vem ver de perto uma cidade a cantar/A evolução da liberdade/ Até o dia clarear/Ai, que vida boa, olerê/Ai, que vida boa, olará/O estandarte do sanatório geral vai passar/Ai, que vida boa, olerê/Ai, que vida boa, olará/O estandarte do sanatório geral/Vai passar”.
                            
Cf. artigo: “O jeitinho brasileiro precisa ter fim antes que o Brasil acabe primeiro”. Disponível em: http://www.pergunteaourso.com.br/14.12.2011. Foto da Av. Amaral Peixoto, Niterói, Rio de Janeiro.
Um dos maiores escritores de todos os tempos, Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839. Poeta, romancista, novelista, contista, cronista, dramaturgo, ensaísta e crítico, fundou a Academia Brasileira de Letras e foi seu primeiro presidente. Não se sabe ao certo, se frequentou escolas formalmente. Antes de ser jornalista e cronista, “foi caixeiro de livraria, tipografia e revisor”. Em 1855, publicou a poesia “A palmeira”, no jornal Marmota Fluminense, artesanalmente editado numa livraria que havia se transformado em ponto de encontro de escritores da época. Entre suas obras mais conhecidas estão os romances Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), onde,
o verdadeiro tema é a nossa mortalidade, o que não constitui assunto para descaso e gracejo, pois o tema enseja uma perspectiva, ao mesmo tempo, distanciada e hilária. O gênio da ironia propiciou-nos poucos exemplos à altura do escritor afro-brasileiro (…), a meu ver, o maior literato negro surgido até o presente” (Bloom, 2003: 687).
Machado de Assis como letrado percebeu um mundo em “agonia”, sendo “uma voz inquietante que fala baixo, mas provoca sempre”. No conto Teoria do Medalhão,  propugna uma análise do comportamento de alguns membros da sociedade. Descreve-os de maneira extremamente clara, precisa, com um humor recatado, ironizando-os usando como background uma conversa aparentemente inocente como a de um pai com um filho. Ora, a tese freudiana de que “se os pais soubessem educar os filhos, os filhos não precisariam de pais” ao que parece se repete. Esse conto, um dos mais deliciosos libelos do escritor contra a mediocridade intelectual e política, é satírico por excelência, lembrando a ironia filosófica dos relatos curtos de Voltaire.
Praticamente sem ação, seu núcleo temático gira em torno de uma exposição de ideias cínicas, através do diálogo entre pai & filho. Teoria do Medalhão desenvolve com muita ironia as mesmas questões levantadas pelo conto O Espelho. O narrador cede seu espaço à reprodução das falas das duas únicas personagens: pai & filho. O tom terrivelmente irônico da fala do pai revela, obviamente, “a denúncia feita pelo Autor por trás do conto em relação a uma sociedade burguesa medíocre e arrogante, que prega o sucesso a qualquer preço, mesmo à custa do empobrecimento da vida interior e das relações sociais e políticas”. A atualidade é medonha se for analisado o discurso paternalista de Tasso Jereissati (PSDB-CE) no e para o Senado brasileiro, ou mesmo o discurso bonachão do governador Cid Gomes (PSB-CE) enumerando obras “faraônicas” de seu governo como se fosse um Petrus Ramus.
A Teoria do medalhão é um dos contos que mostra Machado de Assis como um crítico afiado da sociedade brasileira no que ela tem de mais profundo: a mediocridade condecorada, a troca de favores como motor básico das relações sociais, a hipocrisia, tudo aquilo que perduraria para além da troca de regime. O conto é uma lição a todo homem que almeja ter prestígio, ser reconhecido pela sociedade e que elimina qualquer expressão da subjetividade em nome da absorção ao senso comum, “uma reflexão sem juízo”, na definição hermenêutica de Hans-Georg Gadamer, à opinião da maioria, no sentido político do termo. Os “papéis sociais” para fazermos referência a Talcott Parsons (1949), que diz respeito à codificação do conhecimento concreto existente e a facilitação da seleção de problemas e do controle das distorções de observação e interpretação, fomentadas pela departamentalização da educação e investigação (pesquisa) nas Ciências Sociais.
No conto machadiano, pertencem, num primeiro momento, a um grupo restrito: pai & filho. As personagens não possuem nomes e são, portanto, caracterizadas somente pela posição que ocupam no grupo familiar. Num segundo momento, no decorrer da narrativa, há a construção de um terceiro papel social, este pertencente a um grupo mais amplo: o Medalhão. Daí a atualidade sempre marcante de Machado de Assis na sociedade brasileira, quando precipita como um balão de ensaio na estufa, a mediocridade condecorada na velha política destes nossos dias intramuros na universidade.
Para Lívia Barbosa (1999; 2000; 2001), a meritocracia e a avaliação do desempenho sempre foram questões polêmicas para a administração especificamente no Brasil. Até porque,
não existe aqui uma ideologia meritocrática fortemente estabelecida na sociedade, mas sim sistemas e discursos meritocráticos. Entre nós existe, do ponto de vista do sistema cultural, a ideia de que cobrar resultados e ainda por cima mensurá-los, é uma atitude profundamente autoritária. Avaliar serviço, público então, é muito mais complicado. Existe nas representações coletivas brasileiras uma relação grande entre competição, cobrança de resultados e desempenho como procedimentos e processos autoritários, e não como processos funcionais ou de hierarquizar pessoas no interior de um todo para fins específicos. Além disso, existe uma identificação entre processos democráticos com meritocráticos. Nem todos os processos democráticos são meritocráticos e nem todos os processos meritocráticos podem e/ou devem ser democráticos”.
No Brasil as pessoas se veem diminuídas na sua dignidade quando são cobradas e/ou avaliadas. Uma das consequências disto é que a responsabilidade pelos resultados de cada um é sempre neutralizada ou desculpada a partir do contexto em que cada um de nós atuou. O objetivo é minorar pela justificação de desempenho, qualquer mácula ao sentimento de dignidade pessoal. Consequentemente muito pouca responsabilidade individual é atribuída a cada um de nós, do ponto de vista institucional. A sociedade brasileira, culturalmente, rejeita a avaliação. Ela é vista como algo negativo, como uma ruptura de um universo amigável, homogêneo e saudável, no qual a competição, vista como um mecanismo social profundamente negativo encontra-se ausente. Tendo em vista que,
 “na universidade não há premiação para o bom professor em nenhum aspecto, mas aqueles que fazem pesquisa, orientam alunos, fazem porque querem fazer, não porque a universidade lhes gratifica em nada disto. A cooperação é vista como algo positivo, mas como é esta cooperação? Ela é positiva desde o momento que quem quer fazer faça, e se eu não quiser fazer não faço, mas entre no bolo da divisão dos resultados. Nada no Brasil pode implicar em cobrança e em hierarquia, porque estes são fatores associados com autoritarismo, por isto é muito difícil administrar do ponto de vista público. Eu acho o Brasil um fenômeno em termos de administração pública, pois com toda essa estrutura lógica de organização do universo do trabalho, de como deve ser uma gestão pública, do que significa o público versus o privado, as coisas andam em muitas áreas de forma eficiente, baseado principalmente na disposição das pessoas e não do sistema e/ou das instituições para se fazer. Eficiência, eficácia, competição, resultados são categorias e discursos que se aplicam à empresa privada e não à esfera pública”.
No sentido contemporâneo a primeira universidade brasileira foi criada no Rio de Janeiro, em 1920, pelo então presidente da República, Epitácio Pessoa. Fundou-a para perpetuar, dentro da nova entidade, “os usos e costumes dos cursos isolados que viriam a lhe dar origem”. Porque, na verdade, o governo juntou “vários cacos”, na expressão de Leonardo Boff, melhor dizendo, institutos isolados, numa soma mecânica e não integrativa, e sobre todo o conjunto colocou uma Reitoria, como órgão de comando. A universidade poderia ser pública (federal, estadual ou municipal) ou livre (particular), deveria incluir três dos seguintes cursos Direito, Medicina, Engenharia, Educação, Ciências e Letras que seriam ligadas, por meio de uma reitoria, por vínculos administrativos, mantendo a autonomia jurídica. - “Lei da equivalência”, equiparou os cursos médios técnicos aos acadêmicos, possibilitando aos alunos, os mesmos direitos de prestarem vestibular para qualquer curso universitário, um privilégio, que antes, era exclusivo dos portadores de diplomas dos cursos médios acadêmicos. - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira - LDB (1961) reforçou o modelo tradicional de instituições de ensino superior vigente no país.
Um processo da chamada “modernização sistêmica”, contudo, só tem lugar no início da década dos anos 1990, quando, então, os empresários e o governo brasileiros voltam sua atenção para a educação, em todos seus níveis. Em sua historicidade a universidade passou por quatro momentos: até 1950, a universidade era praticamente inexistente ou incipiente, na próxima década, cresceu em todos os sentidos: número de instituições, de alunos, de professores, mas durante os anos 1970, a universidade assumiu o papel de instituição de pesquisa, principalmente as universidades públicas, professores passaram a ter carreira acadêmica, pós-graduação, salários melhores que no período anterior, foram construídos prédios, surgiram laboratórios e bibliotecas.
De 1980 em diante iniciou-se o processo de degradação nas universidades brasileiras: cursos reduzidos, energia dos professores canalizada para obter recursos e evitar as perdas salariais, através de greves ininterruptas, que nem sempre levaram ao resultado desejado com a implantação do PCCV - Plano de Cargos, Carreira e Valorização. O princípio ético-político é que a universidade deve estar comprometida com a qualidade de ensino e de formação intelectual de seus alunos, com a produção científica, artística, estética, filosófica e de base tecnológica e com o atendimento às necessidades, aos anseios e às expectativas da sociedade global, em sua “complexidade humana”, de acordo com E. Morin, formando profissionais “policompetentes”, desenvolvendo soluções para problemas locais, regionais e nacionais.


Bibliografia geral consultada:
WEBER, Max, The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism. New York: Charles Scribner’s Sons, 1958, Idem, Essais sur la theorie de la science. Paris: Librarie Plon, 1965; Idem, El politico y el científico. Madrid: Alianza, 1967; Idem, Ensaios de Sociologia (Org. por Hans Gerth & Charles Wrigth Mills). Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982; Idem, Economia y Sociedad. Esbozo de sociología comprensiva. México: Fondo de Cultura Económica, 1992; SILVEIRA, Daniel Barile, “Max Weber e Hans Kelsen: a sociologia e dogmática jurídicas”. In: Rev. Sociol. Polit. no. 27, Curitiba, nov. 2006; AGUIAR, Pinto de, Abertura dos Portos no Brasil (Cairu e os ingleses). Salvador: Progresso, 1960; YOUNG, Michael, The rise of the meritocracy, 1870-2033: An essay on education and inequality. London: Thames & Hudson, 1958, 180 páginas; ASSIS, Machado de, Obras Completas. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1959, 3 volumes; Idem, Contos; seleção de Deomira Stefani, texto integral. 6ª edição. São Paulo: Ática, 1977; Idem, Crônicas Escolhidas. São Paulo: Ática, 1994; Idem, Memórias Póstumas de Brás Cubas. 22ª edição. São Paulo: Ática, 1997; FOUCAULT, Michel, Arqueologia do Saber. Petrópolis (RJ): Vozes, 1971; Idem, El Orden del Discurso. Barcelona: Tusquets, 1973; Idem, A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 1979; Idem, “Genealogia e Poder”. In: Microfísica do Poder. 4ª edição. Rio de Janeiro: Graal, 1984; BLOOM, Harold, Gênio - Os 100 autores mais criativos da história da literatura. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003; BOSI, Alfredo, Machado de Assis: o enigma do olhar. 4ª edição. São Paulo: VMF/Martins Fontes, 2007; PARSONS, Talcott, The structure of social action. 2ª edição. Glencoe: The Free Press, 1949; DAMATTA, Roberto, Ensaios de Antropologia Estrutural. Petrópolis (RJ): Vozes, 1973; Idem, Carnavais, Malandros e Heróis. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990; Idem, “Roberto Cardoso de Oliveira”. In: Diário do Nordeste, Fortaleza, Ce, 26 de julho de 2006; BARBOSA, Livia, O Jeitinho Brasileiro e a Arte de ser Mais Legal que os Outros. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1992; Idem, Igualdade e Meritocracia. A ética do desempenho nas sociedades modernas. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1999; Idem, O Brasil não é para Principiantes. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 2000; Idem, GRAZIELA, Laura e DRUMMOND, Luiz Augusto, Cultura e Empresas. Coleção Passo-a-Passo. Rio de Janeiro: Editor Jorge Zahar, 2002, entre outros. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Edital recebe projetos inéditos de vídeos sobre Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro





Idealizado pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, em parceria com a Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edson Carneiro (Acamufec), e patrocinado pela Petrobras, o Edital de apoio a documentários etnográficos sobre patrimônio cultural imaterial – Etnodoc recebe de 24 de novembro a 10 de janeiro de 2012 projetos inéditos de documentário etnográfico, voltado para exibição em redes públicas de TV. 

O Edital tem como objetivo somar esforços e ampliar as ações voltadas para a valorização e promoção dessa dimensão do patrimônio cultural, assim como estimular iniciativas voltadas para a melhoria das condições de transmissão, produção e reprodução dos bens culturais que compõem esse universo.

A terceira edição do Etnodoc destina-se a apoiar 15 projetos inéditos de documentários etnográficos, de média duração, voltados para exibição em redes públicas de TV. Os recursos previstos somam R$ 1,2 milhão e cada projeto selecionado receberá a quantia de no máximo, R$ 80 mil. 

Para participar, os vídeos devem atender aos seguintes requisitos:
• Sejam relativos ao patrimônio cultural imaterial brasileiro, (saberes; celebrações; formas de expressão; lugares), compreendido conforme definição da Convenção par a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, aprovada em 2003. 
• Impliquem abordagem etnográfica sobre o objeto da documentação, situado em seu contexto sociocultural, e sobre pessoas e grupos sociais a ele relacionados.   

A Comissão de Seleção será formada por representantes das várias instituições realizadoras e parceiras do projeto, além de pelo menos um especialista convidado, da esfera audiovisual, sem vínculo com as citadas instituições. 

Saiba mais em: www.etnodoc.org.br