segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quem precisa de jogos eletrônicos e video games?



Antes que algum fanático apressado desista de ler este texto ou o desdenhe por seu conteúdo crítico tenho uma mensagem também apressada: sou a favor dos jogos eletrônicos. Sou um consumidor e um entusiasta deste tipo de mídia.

Para escrever este texto, liguei o reprodutor de música de meu computador com uma das trilhas sonoras mais belas produzidas para um jogo eletrônico. Me refiro á trilha sonora de Final Fantasy VII (composta pelo renomado compositor japonês Nobuo Uematsu).  Confesso que foi difícil criar uma cadência de sossego para a mente (processo necessário para o exercício da escrita), pois o tempo todo me deixava levar pela música e me perdia em minhas memórias.

Entretanto, volto á minha pergunta inicial: quem precisa de jogos eletrônicos e video games? Refaço esta indagação por que considero que esta pergunta crucial está sendo esquecida. Em 2010 os gamers do Brasil se uniram por uma causa comum: a redução de impostos dos jogos eletrônicos (www.jogojusto.com.br). Milhares de vezes foi ressaltado a importância deste tipo de mídia para a economia do Brasil e do mundo. “Jogos eletrônicos são lucrativos”, “games podem produzir e gerar renda”, “diminuir os impostos vai ser bom financeiramente para o Brasil”. Certo, todos estes pontos são válidos, mas creio que a luta pela redução dos impostos de jogos eletrônicos no Brasil não pode se resumir a estes fatores. E é isto que nós (gamers) estamos fazendo e não estamos nos dando conta. Ao reduzir todos os aspectos importantes dos jogos eletrônicos a fatores econômicos estaremos dando um grande passo para que esta indústria continue na marginalidade e não conquiste o estatuto máximo que tanto desejamos: ou seja, que as pessoas enxerguem os jogos eletrônicos como uma forma expressiva de ARTE.

Jogos eletrônicos já são utilizados nas escolas, nos hospitais, nos centros de reabilitação etc. Nós (gamers) sabemos da importância deste tipo de mídia para as mais diferentes esferas da sociedade. Desta forma, pretendo relatar um fato intrigante sobre a importância dos jogos eletrônicos que vai além desta perspectiva econômica. Venho acompanhado competições de futebol digital organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol Digital (CBFDV) e pela Federação Cearense de Futebol Digital (FCeFD). Após várias viagens pelo Brasil tive a sorte de conhecer e dialogar (dentre outras pessoas também importantes) com um campeão. Este campeão se chama Henrique Lopes. No campeonato em questão, Henrique Lopes (cadeirante desde os oito anos de idade) bateu todos os 200 inscritos na competição e se tornou novamente (Henrique é, dente outros títulos, bicampeão paulista) o melhor jogar de Pro Evolution Soccer desta competição. Ao conversar com sua mãe fica patente a importância dos jogos eletrônicos para sua vida e para a vida de seu filho.

Foto: Henrique Lopes (ao centro) durante o evento em Osasco.

Neste sentido, refaço (pela terceira vez) a questão central deste texto: “Quem precisa de jogos eletrônicos e video games”? Não responderei a este questionamento. Entretanto, gostaria que todos os gamers parassem para refletir e tentassem pensar uma justificava que revele a importância dos jogos eletrônicos no Brasil que vá além das questões econômicas e mercadológicas. Após isso, converse com as pessoas que estão ao seu redor, sejam elas gamers ou não. Se esta indústria bilionária não me tivesse feito refletir sobre meu lugar no mundo ela não valeria nenhuma palavra gasta na elaboração deste texto. Pensem gamers! Acredito que esta é a única maneira de sensibilizar e justificar a redução de impostos dos jogos eletrônicos no Brasil. Ao menos, esta é a maneira mais humana de fazermos isto.

Daniel Valentim
(Professor, mestrando em sociologia da Universidade Federal do Ceará, bolsista do CNPq).

Contato: danielvalentim@gmail.com

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