quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Contrariando o nu na festa “pop”, do Rock in Rio. O sonho acabou!


Contrariando o nu na festa “pop”, do Rock in Rio. O sonho acabou!

Ubiracy de Souza Braga*


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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).





Em meio a milhares de camisetas negras, a cor predominante na noite do metal no Rock in Rio, grupos de evangélicos respondiam ao slogan do evento. “Por Um Mundo Melhor? Só Jesus”, diziam as faixas espalhas pelo local na noite de ontem (25) na Cidade do Rock. A noite do metal teve como principal atração a banda Metallica, além do grupo Slipknot, Sepultura e Motörhead. Em meio à mensagem dos evangélicos (cf. Braga, 2007; 2010), outras mais sombrias estampavam as camisetas dos presentes, com frases como “o martelo da justiça vai te esmigalhar” e “perder toda a esperança é alcançar a verdadeira liberdade”.
Caveiras também eram imagens comuns na noite de ontem. Al Qaeda, a seleção da Alemanha, o Cristo Redentor e “Seu Madruga” também decoraram as roupas dos fãs de heavy metal no Rock in Rio.Algumas bandas menos cotadas tiveram que tocar clássicos do gênero para agradar ao ressabiado público “metaleiro”. Outras apelaram para estripulias físicas, como um salto de quase quatro metros para ganhar os fãs de vez.Mas, segundo informações do G1, o Metallica não decepcionou a maioria das cem mil pessoas que estiveram na Cidade do Rock para ver a banda. Foram mais de duas horas e diversos hits de diferentes fases da banda de heavy metal. Um dos maiores sucessos, “Enter Sandman”, levou a plateia ao delírio.
            No Palco Sunset, sob o céu nublado e tempo ameno, houve o encontro de Matanzae B Negão, seguido por Korzus com o The Punk Metal Allstars. No mesmo palco, o Angra dividiu o show com a ex-vocalista do Nightwish, a finlandesa Tarja Turunen. Quem encerrou o Palco Sunset, com 1h30 de atraso por causa de problemas técnicos, foi o Sepultura com o grupo de percussão francês TamboursduBronx, que tiveram ainda a participação de Mike Patton, do Faith No More. Já no Palco Mundo, as bandas de menos renome só se saíram bem tocando covers: os paulistanos do Glória, hostilizados pelo público, optaram por um tributo a banda Pantera, e os nova-iorquinos do CoheedandCambria, apesar de bem recebidos, só ganhou o público ao fazer uma versão de “The Trooper”, do Iron Maiden, o que dispensa-nos de comentários.
            Enquanto milhares se preparam para os shows como de Katy Perry, Rihanna, Red Hot Chili Peppers, mais de 300 jovens evangélicos vestem a camisa de “Jesus” para evangelizar no Rock in Rio, o público do Rock in Rio Lisboa em 2010.O grupo é o “Juventude Vitória em Cristo” da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo cujos membros vestem a camiseta: “Um mundo melhor, só com Jesus”, prontos para trazer para Cristo os jovens do Rock in Rio. O lugar de encontro é na Advec do Recreio, e os participantes se munem com blusas, faixas e panfletos, para realizar o trabalho evangelístico em sinais de trânsito, em ruas próximas à Cidade do Rock e em frente ao local do show.

Foto: Reuters

O anarquismo (cf. Woodcock, 1962; 2002) desde seu surgimento possui diversas associações com as artes, particularmente com a música e a literatura. A influência do pensamento libertário não é sempre diretamente relacionada a um conjunto de imagens específicas ou figuras públicas, mas pode ser vista em certa instância, em torno da “libertação máxima dos seres humanos em conjunto ou individualmente, em relação ao seu poder de expressão, criatividade e imaginação”. É necessário, porém, não permitir que o caráter intelectual que gira entorno das obras acabe gerando discriminações, seja dentro ou fora do meio artístico.O anarco-pacifismo, também conhecido como “anarquismo pacifista” apesar de classicamente não se colocar no campo do anarquismo, é assim chamado por alguns adeptos da “ação direta”por ter algumas proximidades com o projeto libertário.
Esta linha de intervenção posiciona-se contra qualquer tipo de violência como meio de se concretizar a transformação social radical, e tem como um dos principais conceitos a desobediência civil.O seu maior predecessor foi Henry David Thoreau, que através de seu trabalho “A Desobediência Civil” influenciou homens como Liev Tolstói e Mahatma Gandhi. O maior expoente dessa linha foi Tolstói, mas o “próprio nunca se reivindicou anarquista e seus seguidores na Rússia”. Eles eram principalmente camponeses, e baseavam-se em uma interpretação do cristianismo que rejeitava qualquer autoridade coerciva. Eles eram ativos pela Rússia e seguiam uma dieta vegetariana estrita. Foram inicialmente perseguidos pelo Estado Czarista, por recusarem sua autoridade. Após a Revolução Bolchevique, foram alvos de repressão, por recusarem esse governo assim como o anterior. A maioria deles foi morta no governo de V.I. Lenin e Joseph Stalin.
Se jamais houve um verdadeiro individualista, foi Henry David Thoreau. Como lembrou seu amigo, o poeta, ensaísta e filósofo Ralph Waldo Emerson, “ele não foi feito para nenhuma profissão; nunca se casou; viveu sozinho; nunca foi à igreja; nunca votou; recusava-se a pagar tributos ao Estado; não comia carne; não bebia vinho; nunca conheceu o uso do tabaco; e, embora fosse um naturalista, não usava armadilha ou arma”. Ele escolheu, sabiamente para si mesmo, sem dúvida, ser “bacharel do pensamento e da natureza”. Ele não tinha “nenhum talento para a riqueza, e sabia ser pobre sem o menor sinal de sujeira ou deselegância”. Emerson poderia ter acrescentado que Thoreau condenou a guerra e ajudou escravos fugidos. O poeta americano Walt Whitman confidenciou que “uma coisa em Thoreau o mantém muito próximo de mim: refiro-me à sua falta de leis - sua discordância - o fato de seguir absolutamente seu próprio caminho, quaisquer que sejam as consequências”.
Historicamente falando, recorde-se que o anarquismo tinha ganhado raízes em Ascona desde que em 1869 o célebre anarquista russo Mikhail Bakunin tinha vindo residir para aqui como refugiado político. Também pouco tempo depois começaram a chegar outros refugiados com projetos distintos, como o de fundar um convento laico com o nome de Fraternitas, por iniciativa de teósofos como Alfredo Pioda e Franz Hartmann, justamente nas montanhas de Ascona, que receberiam então, mais tarde, o nome de Monte Verità.Em novembro de 1900, Ida Hofmann(feminista, anarquista, professora de piano nascida na Áustria em 1864), Henry Oedenkoven (1875-1935), Gustav Gräser, LotteHattemer, Karl Gräser y Jenny Hofmann decidem criar uma comunidade autárquica e libertária que os afastasse da civilização. Chamaram ao seu projeto de Cooperativa Vegetariana Monte Verità. Escolheram Ascona porque descobriram que na região residiam grupos isolados que viviam quase que em clandestinidade. Além disso, discordavam profundamente do rumo que as sociedades ocidentais estavam a tomar. Decidiram então adoptar a chamada “terceira via”, conhecida na Alemanha como Lebensreform, ou “Reforma da vida”, que tinha como antecedente o pensamento de Bernstein.
Muitos jovens da pequena burguesia europeia que não desejavam transformações profundas na economia sentiram-se atraídos por este projeto. Tal foi o caso do casal Ida Hofmann e Henry Oedenkoven, ela professora e, ele, jovem herdeiro. Também as ideias de Karl Graser influenciaram o grupo. Graser preconizava que as reformas de vida se devia inspirar no livro Émile, de Jean Jaques Rousseau, bem como na ideia de Tolstoi, para quem o homem deve seguir aquilo que a sua consciência determina.O irmão de Karl, o poeta e pintor Gustav Graser, com 21 anos, e a irmã de Ida, Jenny, foram os dois elementos mais radicais de todo o grupo. Gustav tinha pertencido a vários círculos boêmios da Alemanha. Mais tarde, Hermann Hesse converter-se-ia num dos seus discípulos.
Na região sul dos Alpes suíços, o Ticino, localiza-se vários lagos da Suíça italiana, entre eles o Lago Maggiore, imponente pela sua extensão e por se achar encravado no coração dos Alpes. Chegar às aldeias ribeirinhas do lago é como aterrar numa espécie de oásis, no meio de uma paisagem tropical, cujos grandes picos se refletem na superfície brilhante dos lagos. No século XIX, várias povoações estabeleceram-se ao seu redor, entre elas a comunidade de Ascona. A região está dotada de um clima subtropical muito diferente das temperaturas extremas do resto da Suíça. A riqueza mineral é enorme e dá ao lugar um magnetismo especial que propicia o aparecimento de inumeráveis lendas. A região adquiriu um prestígio de paraíso terrestre, quase mágico. E rapidamente começou a receber refugiados políticos e pensadores que fugiam da atribulada vida das grandes cidades europeias, ao que contribuía a tradicional neutralidade Suíça face aos conflitos do resto da Europa.
Um lendário personagem do Monte Verità foi o médico anarquista Dr. Raphael Friedeberg, que atraiu, a partir de 1905, uma colónia de outros anarquistas. Tinha sido militante do Partido Socialdemocrata Alemão, e pensou em Ascona como o local ideal para criar uma comunidade anarco-reformista baseada no conceito criado por ele mesmo: o psiquismo histórico. Esta ideia postulava que a libertação do indivíduo podia dar-se a partir de uma educação não coerciva, livre do dogmatismo sócio religioso da burguesia. Friedeberg desenvolveu a medicina natural ao longo de 35 anos, e nunca deixou de polemizar com a medicina científica, apesar da fama e do prestígio desta. Outros anarquistas ligados ao Monte Verità foram Erich Musham Fritz Brupbacher, Kropotkine, Ernst Frick, o boémio psicanalista JohanesNohl, o psicanalista austríaco Otto Gross, que procurou fundar no Monte Verità um matriarcado naturista e comunista.
Erich Müsham tornou-se, no entanto, num crítico ferrenho da comunidade. Para ele havia uma terrível contradição no objetivo de criar uma colónia autárquica inspirada em princípios comunistas. Quando observava a convivência no grupo, alertava: “Todas as colónias comunistas que não se apoiem numa orientação revolucionária socialista terminarão no fracasso, sobretudo quando os laços que unem os participantes são tão insignificantes como os princípios vegetarianos”. Em 1909 Monte Verità contava cerca de 200 residentes e um número aproximado de opiniões. A maioria eram seguidores do teosofismo, enquanto uma parte minoritária estava próxima do antroposofismo de Rudolf Steiner. Ainda que Ida e Henry não fossem teosóficos, partilhavam também o interesse pela mitologia e reencontro das religiões orientais, sobretudo o hinduísmo e budismo.A criação em 1910 da Escola da Nova Vida, dirigida por Rudolf vonLaban e da sua ajudante Mary Wigman, trouxe ao Monte Verità uma fase de grande ebulição artística; a escola estava próxima da ideia da reforma do corpo e do espírito que preconizava Hofmann. Nesses anos o dadaísmo não deixou de marcar presença com a chegada de Hans Arp e da sua mulher Sophie Taeureb.
Os habitantes de Ascona deram aos monteveritanos o nome de “balabiott”, que significa “dançam nus”. Alguns velhos habitantes recordam: “Aqueles nórdicos (alemães, suíços, holandeses, ingleses) faziam festas durante noites inteiras, e durante as quais dançavam despida uma espécie de dança árabe”. Entrar no Monte Verità era proibido para as crianças e jovens de Ascona; para os adultos, aquele local era para os loucos, endiabrados, monstros, seres sujos que viviam em pequenas cabanas como carneiros.Apontadas com ainda maior temor eram as mulheres que não eram poupadas a adjetivos: “a endiabrada”, “a puta”, “a cabra negra”, “a impudica”.O Município acabou por proibir as pessoas em circular em Ascona com “minifraldas” porque os “balabiott”, quando desciam ao povoado, traziam túnicas largas atadas à cintura, e quando não havia ninguém em redor desatavam-nas deixando à vista as pernas e o corpo.
Quando Mohandas Gandhi estava estudando Direito na Inglaterra, conheceu Henry Salt, biógrafo de Thoreau. Por volta de 1907, Gandhi se opunha a leis na África do Sul que impediam que indianos viajassem, comerciassem e vivessem livremente, e um amigo lhe deu uma cópia de Desobediência civil, que ele leu enquanto esteve preso por três meses em Pretoria. Ele reconheceu que “as ideias de Thoreau me influenciaram grandemente. Adotei algumas delas e recomendei o estudo de Thoreau a todos os amigos que me ajudavam na causa da Independência da Índia. O nome do meu movimento foi retirado do ensaio de ThoreauSobre o dever da desobediência civil. (...) Até ler aquele ensaio, nunca havia encontrado uma tradução apropriada em inglês para a palavra indiana Satyagraha (...). Não há dúvidas de que as ideias de Thoreau influenciaram enormemente meu movimento na Índia”. Harding relatou que Gandhi “sempre carregou uma cópia [de Desobediência civil] consigo nas várias vezes em que foi preso”. Havia um panfleto em Nova Délhi, Henry David Thoreau: The Man Who MouldedtheMahatma’sMind (“Henry David Thoreau: o homem que moldou as ideias do Mahatma”).

Manifestação anárquicade 600 pessoas nos Alpes Suíços, no inverno, contra o aquecimento global.
Do ponto de vista da contracultura os “hippies”, ou no singular, hippie, eram parte do que se convencionou chamar “movimento de contracultura dos anos 1960”, tendo relativa queda de popularidade nos anos 1970 nos EUA, embora o movimento tenha tido muita força em países como o Brasil somente na década de 1970. Uma das frases idiomáticas associada a este movimento foi a célebre máxima “Paz e Amor” (“Peace and Love”) que precedeu a expressão “Ban theBomb”, a qual criticava o uso de armas nucleares. Gerald Holtom, um designer politicamente correto enquanto objetor à Segunda Guerra Mundial convenceu o DAC (DirectActionCommitteeAgainst Nuclear War - comitê de ação direta contra a guerra nuclear) londrino de que se um elemento visual fosse utilizado que simbolizasse o desarmamento nuclear, o protesto daquela sexta-feira santa de 1958 surtiria mais efeito no mundo. Foi assim que surgiu o símbolo “Ban theBomb” (“proíba a bomba”), ou “Paz e Amor” como ficou conhecido entre nós no Brasil.
O Festival de Woodstock foi uma celebração à chegada da Era de Aquário, e nada representava melhor do que isso, o significado dessa Nova Era. Ou melhor, outro evento que culminou em 20 de julho de 1969, carregava em si o mesmo simbolismo: a chegada do Homem (da Humanidade) à Lua. Outra utopia que se tornava realidade. O homem saltou de seu último limite terrestre, a conquista do Everest, em 1953 (Edmund Hillary e TenzingNorgay), para o espaço exterior, o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik (1957), e as primeiras naves do programa espacial soviético. E com a motivação da Guerra Fria, os anos 60 dão início a uma nova utopia. Em 1961, o presidente John Kennedy, lança o desafio de colocar astronautas na Lua ainda na década de 60. Isso é muito pós-moderno. Sua morte não modificou o roteiro do Programa Apollo – principalmente a Apollo 8 (representa a partida, porque colocou humanos além da órbita terrestre baixa); a Apollo 11 (representa a chegada, o objetivo alcançado); e a Apollo 13, pela epopeia que foi o retorno à Terra - que teve 17 missões, todas bem sucedidas (menos a Apollo 13, que mostrou a todos o nível de aventura que eram aquelas viagens).  Os soviéticos mudaram seu programa por causa do fracasso de seus foguetes para missão desse porte e passaram a investir em voos de longa duração em órbita baixa, que se mostrou muito eficaz nas experiências de permanência no espaço e suas implicações no organismo humano. Não há nada mais representativo do simbolismo da Era de Aquário do que a imagem da própria Terra flutuando no imenso vazio, vista do espaço.

Quando a imagem foi divulgada aqui na Terra, o poeta Archibald MacLeish escreveu no jornal “New York Times”: “Ver a Terra como ela realmente é, pequena e azul e bela naquele eterno silêncio em que flutua, é ver-nos como viajantes juntos sobre a Terra, irmãos nesse brilhante afeto em meio ao frio eterno – irmãos que agora se sabem realmente irmãos”. No livro “Nascer da Terra: como o homem viu a Terra pela primeira vez”, 2008, Robert Poole acredita que esse evento “é o nascimento espiritual do movimento ambientalista”, porque “é o momento em que o sentimento da era espacial deixou de ser o que ela significava para o espaço para ser o que significa para a Terra”.O Festival de Woodstock foi projetado para 50.000 pessoas, chegaram 500.000 jovens,daí o caos nas rodovias (os 160 km de estrada que liga Nova York a Bethel eram percorridos em mais de 8 horas, com gente abandonando seus carros nos acostamentos (sic) e seguindo a pé) e na “infra” geral de produção, como alimentação e toaletes, compensados pela constelação de artistas que se apresentaram e pelo espírito de confraternização e da filosofia de paz e amor.
Ipso facto, John Lennon ganhou notoriedade mundial como um dos fundadores do grupo de rock britânico The Beatles. Na época da existência dos Beatles, John Lennon formou com Paul McCartney o que seria uma das melhores e mais famosas duplas de compositores de todos os tempos, a dupla Lennon/McCartney. John Lennon foi casado com Cynthia Powell, e com ela teve o filho Julian. Em 1966, conheceu a artista plástica japonesa Yoko Ono. Em 1968, Lennon e Yoko produziram um álbum experimental, “Unfinished Music No.1: TwoVirgins”, que “causou controvérsia por apresentar o casal nu, de frente e de costas, na capa e contracapa”. A partir deste momento, John e Yoko iniciariam uma parceria artística e amorosa. Cynthia Powell pediu o divórcio no mesmo ano, alegando adultério. Em 1969, o casal se casou se já não é um truísmo, numa cerimônia privada no rochedo de Gibraltar. Usaram a repercussão de seu casamento para divulgar um evento pela paz, chamado de “Bed in”, ou “John e Yoko na cama pela paz”, como um resultado prático de sua lua-de-mel, realizada no Hotel Hilton, em Amsterdã. No final do mesmo ano, Lennon comunicou aos seus parceiros de banda que estava deixando os Beatles, daí a expressão: “o sonho acabou”! Ainda no mesmo período, Lennon devolveu sua medalha de Membro do Império Britânico à Rainha Elizabeth,“como uma forma de protesto contra o apoio do Reino Unido à guerra do Vietnã, o envolvimento do Reino Unido no conflito de Biafra” e lastbutnotleast, o fraco desenvolvimento de ColdTurkey nas paradas de sucesso.
De outra parte, as questões ambientais, a prática de nudismo, e a emancipação sexual eram ideias respeitadas recorrentemente por estas comunidades. Adotavam um modo de vida comunitário, tendendo a uma espécie de socialismo-anarquista ou estilo de vida nômade e à vida em comunhão com a natureza, negavam o nacionalismo e a Guerra do Vietnã, bem como todas as guerras, abraçavam aspectos de religiões como o budismo, hinduísmo, e/ou as religiões das culturas nativas norte-americanas e estavam em desacordo com valores tradicionais da classe média americana e das economias capitalistas e totalitárias. Eles enxergavam o patriarcalismo, o militarismo, o poder governamental, as corporações industriais, a massificação, o capitalismo, o autoritarismo e os valores sociais tradicionais como partem de uma “instituição” única, e que não tinha legitimidade.
Do ponto de vista da etno-musicologia, vale lembrar que houve um crescimento no interesse popular ao anarquismo ocorrido durante os anos 1970 no Reino Unido após o nascimento do punk rock, em particular os gráficos influenciados pelo situacionismo do artista Jamie Reid, que desenhava para os Sex Pistols e o primeiro single da banda, “Anarchy in the UK”. No entanto, enquanto que a cena punk inicial adotava imagens anarquistas principalmente por seu valor de choque, a banda Crass pode ter sido a primeira banda punk a expor ideias anarquistas e pacifistas sérias. O conceito do anarcopunk foi assimilado por bandas como Flux of Pink Indians e Conflict. O co-fundador do Crass, Penny Rimbaud, disse que sentia que os anarcopunks eram representantes do punk verdadeiro, enquanto que bandas como os Sex Pistols, The Clash e The Damned eram nada mais do que “fantoches da indústria musical”.

A cidade de Pamplona, no Norte da Espanha (2002).
Enquanto passavam os anos 1980, dois novos subgêneros da música punk evoluíram do anarcopunk: crust punk e d-beat. O “crust punk”, e seus pioneiros foram as bandas Antisect, Sacrilege e Amebix. Osd-beat eram uma forma de música punk “mais bruta e rápida”, e foi criada por bandas como Discharge e The Varukers. Um pouco depois, na mesma década, o grindcore desenvolveu-se do anarcopunk. Semelhante com o “crust punk”, porém ainda mais extremo musicalmente (utilizava blast beats e vocais incompreensíveis), seus pioneiros foram Napalm Death e Extreme Noise Terror. Paralelamente ao desenvolvimento desses subgêneros, muitas bandas da cena hardcore punk dos Estados Unidos tinham a ideologia anarquista, incluindo MDC e Reagan Youth.
A cultura jovem tem sido muito diversificada se ramificando em tribos num universo social muito diverso que foi desde o superficialismo e consumismo até a militância ambientalista e antiglobalizante. A expressão nas roupas e através de tatuagens e piercings também foram marcantes, bem como o consumo de drogas com o surgimento do ecstasy ligado a cultura de música eletrônica o aumento no consumo de maconha na classe média. No Brasil o jovem se viu envolvido cada vez mais com sexo em idade precoce e também tem sido vitima do aumento da violência nos grandes centros urbanos.Os anarquistas também apreciam muito a arte anônima e urbana. A intervenção urbana, grafite, pichação consciente, arte sabotagem e terrorismo poético tem uma ligação muito forte e profunda com os conceitos da anarquia.Além de ser uma ação direta, ou como se dizia em sua origem: “assalto ao céu”, entra em choque com as leis e expressa livremente uma opinião, sendo que a arte não ter nome a faz com que ela seja de todos e para todos. Geralmente isso envolve mensagens diretas ou indiretas que expõe toda a sociedade a uma realidade atual através de algo inusitado. Dependendo do artista e das circunstâncias, essas atividades podem ser inofensivas assim como podem ser um pouco mais extremas, chegando a atos de vandalismo, invasão e roubo para fins artísticos.

Foto: Woodstock Diares (1969)
Pessoas da região cooperaram com doações de frutas, sanduíches e enlatados, o que não significava de forma alguma que esses alimentos chegariam ao seu destino, por causa de fatores como o tráfego, para citar apenas um. Todos os espaços da fazenda foram tomados. A cobertura médica teve a participação de 70 médicos e 36 enfermeiras, que realizaram mais de 6.000 atendimentos, sendo que os casos mais graves eram levados de helicópteros para os hospitais. Morreram 3 pessoas, sendo 1 caso de overdose de heroína, 1 atropelamento por trator e 1 por crise aguda de apendicite. Houve também o nascimento de 2 crianças. 600 homens cuidaram do policiamento, entre seguranças contratados e policiais voluntários, que diante de tal situação, tiveram que fechar os olhos para os excessos de consumo de drogas e sexo livre.

Bibliografia geral consultada:
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Idem, Diagnóstico de Nosso Tempo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967
Idem,Ideologia e Utopia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982
BRAGA, Ubiracy de Souza, “De lasCarabellas a losAutobusesEspaciales: laTrayectoria de laInformaciónenelCapiatlismo”. In: Info 97. Ponencias. Cuba: Universidad La Habana, 1997
Idem, “Há 130 anos a Comuna de Paris Coloca em Xeque Estado-nação”. Teresina: Universidade Federal do Piauí; Diretório Central dos Estudantes, 2003; www.redmarx.net/redmarx/artigos/comuna/12ubira.rtf.
Idem, “Marcha para Gays, passeata para Jesus?” In: Jornal O Povo - Caderno Internacional. Fortaleza, 23 de junho de 2007; Republicado In: Jornalismo Gospel. Portal de notícias do mundo gospel
Idem, “FiódorDostoiévski e a psicologia de seus personagens”. Disponível em: http://cienciasocialceara.blogspot/2011/08;
Woodstock Diares - 30th anniversary Edition (1969- 2009). Escólio: Contém cenas de naturismo, uso das chamadas drogas ilícitas (maconha, cocaína etc.), a representação do pacifismo do “flowerpower” e críticas à guerra imperialista norte-americana de invasão ao povo vietnamita;
VEGA, LuisMercier, Anarquismo ayer y hoy. Caracas: Monte Ávila, 1970;
WOODCOCK, George, Anarchism - A History of Libertarian Ideas and Movements.Londres: World Publishing, 1962;
Idem, História das Ideias e Movimentos Anarquistas. Volume 2. O Movimento. Porto Alegre: L&PM, 2002;
OITICICA, José, A Doutrina Anarquista ao Alcance de Todos. 2ª edição. São Paulo: Econômica Editorial, 1983;
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STEARNS, Peter N., História das Relações de Gênero. São Paulo: Editor Contexto, 2007;
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Idem, “O papel do dinheiro nas relações entre os sexos - fragmento de uma filosofia do dinheiro”. In: Filosofia do Amor. São Paulo: Martins Fontes, 1993;
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 entre outros. 

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