.Ubiracy de Souza Braga*
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* Sociólogo (UFF), cientista político (URFJ), doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará.
“Não foi uma simples invasão, eles entraram atirando e matando”. Ex-detento Marco Antônio de Moura
Escólio:O
caso do Massacre do Carandiru ficou conhecido “como o maior massacre do sistema
penitenciário brasileiro”.Por envolver um grande número de réus e de vítimas, o
julgamento do Massacre do Carandiru foi desmembrado em quatro etapas, de acordo
com o que ocorreu em cada um dos quatro andares do Pavilhão 9 da Casa de Detenção.
Na primeira etapa, em abril, 23 policiais militares foram condenados pela morte
de 13 detentos, ocorrida no segundo pavimento.Carandiru é um bairro da zona
norte da cidade de São Paulo. Recebeu este nome, pois o córrego Carandiru banhava
a histórica Fazenda de Sant`Ana“que originou a maioria dos bairros da zona
nordeste paulistana”. Parte do bairro situa-se no distrito de Vila Guilherme e
parte no distrito de Santana. O Carandiru é nacionalmente conhecido por ter
abrigado a Casa de Detenção de São Paulo, conhecida popularmente como o “Carandiru”,
atual Parque da Juventude. Em 2 de outubro de 1992 uma briga entre presos da
Casa de Detenção de São Paulo - o Carandiru - deu início a um tumulto no
Pavilhão 9, que culminou com a invasão da Polícia Militar e o fuzilamento de
111 detentosnuma operação de “crime de guerra”.
O
Complexo Penitenciário do Carandiru, que se notabilizou recentemente por sua
superlotação, má administração e pelos massacres violentos que ali ocorreram,
foi - por ocasião de sua inauguração - considerado um presídio-modelo, tendo
sido projetado para atender às novas exigências do Código Penal republicano de
1890, de acordo com as melhores recomendações do Direito Positivo.O projeto do
presídio que venceu a licitação foi inspirado no Centre Pénitentiaire deFresnes, na França, no modelo dito “espinha
de peixe” que ainda existe - em funcionamento até hoje - nos arredores de Paris
e recebeu o título de “LaboraviFidenter”. Foi elaborado pelo
engenheiro-arquiteto Giordano Petry, tendo, no decorrer de sua execução,
sofrido algumas adequações feitas por Ramos de Azevedo, razão pela qual esse
último costuma ser citado, incorretamente, como sendo seu autor.
A
construção dos dois pavilhões originais do presídio ficou a cargo do Escritório
Técnico Ramos de Azevedo e foi executada segundo as mais modernas técnicas
existentes na época, utilizando os melhores materiais, a maioria deles
importados.Por duas décadas, de 1920 a 1940 ano em que atingiu sua capacidade
projetada máxima de 1 200 detentos, o presídio, então chamado “Instituto de
Regeneração”, foi considerado um padrão de excelência nas Américas, atraindo a
visita de inúmeros políticos, estudantes de direito, autoridades jurídicas
italianas e até mesmo personalidades como o laureado antropólogo Claude
Lévi-Strauss, que vinham a São Paulo para visitá-la, nascido em Bruxelas, a 28
de novembro de 1908 e falecido emParis, 30 de outubro de 2009, foi um
antropólogo, professor e filósofo francês. É considerado fundador da
antropologia estruturalista, em meados da década de 1950, e um dos grandes
intelectuais do século XX.
Professor
honorário do Collège de France, ali ocupou a cátedra de Antropologia Social de
1959 a 1982. Foi também membro da Academia Francesa - o primeiro a atingir os
100 anos de idade.Desde seus primeiros trabalhos sobre os povos indígenas do
Brasil, que estudou em campo, no período de 1935 a 1939, e a publicação de sua
tese: As Estruturas Elementares do
Parentesco, em 1949, publicou uma extensa obra, reconhecida internacionalmente.Dedicou
uma tetralogia, as “Mitológicas”, ao estudo dos mitos, mas publicou também
obras que, felizmente, escapam do enquadramento estrito dos estudos acadêmicos
- dentre as quais o famoso:Tristes
Trópicos, publicado em 1955, que o tornou conhecido e apreciado por um
vasto círculo de leitores.
Em
1936 Stefan Zweig,amigo de Sigmund Freud, escreveu em seu livro:“Encontros com
homens, livros e países” que “a limpeza e a higiene exemplares faziam com que o
presídio se transformasse em uma fábrica de trabalho”. Eram os presos que do
ponto de vista da divisão técnica do trabalho “faziam o pão, preparavam os
medicamentos, prestavam os serviços na clínica e no hospital, plantavam
legumes, lavavam a roupa, faziam pinturas e desenhos e tinham aulas”. Além
disso,a penitenciária do Carandiru era aberta à visitação pública e chegou a
ser considerada “um dos cartões postais da cidade de São Paulo”.É somente a
partir de 1940 - quando a penitenciária excedeu sua lotação máxima - que ela
começa a passar por sucessivas crises e brigas que a levam a um processo social
de degradação humana.
Numa
das várias tentativas de resolver esses problemas de superlotação foi
construída a Casa de Detenção, concluída em 1956 no governo de Jânio Quadros,
que elevou sua capacidade para 3 250 detentos, mas que - ao mesmo tempo - era
um anexo cuja arquitetura não se adequava totalmente ao projeto original do
complexo, embora fosse adequado aos padrões da época.Desde então a história social
do Carandiru passa a não ser nada mais que crises e rebeliões, que culminam com
os famosos massacres de 1992, quando então, as autoridades penitenciárias
amontoavam, em péssimas condições, cerca de 8 mil detentos.Um dos fatos sociais
mais conhecidos da história do presídio ocorreu em 1992, quando 111 detentos
foram mortos pela Polícia Militar de São Paulo durante uma rebelião, os quais
resistiram às investidas policiais. Esse fato teve grande repercussão nacional
e internacional. A canção: “Diário de um detento”, do grupo de rap Racionais MC`s, versa a respeito da
vida dos detentos e sobre tudo sobre o que ficou conhecido como “o massacre do
Carandiru”. Segundo muitos presos, o número oficial está abaixo da realidade,
já que se afirma que pelo menos 250 detentos foram mortos na invasão. Vejamos a
letra do rap: “Diário de um
detento”, do grupo musical “Racionais MC`s:
“São Paulo, dia 1º de outubro de 1992, 8h da manhã./Aqui estou, mais um
dia./Sob o olhar sanguinário do vigia./Você não sabe como é caminhar com a
cabeça na mira de uma HK./Metralhadora alemã ou de Israel./Estraçalha ladrão
que nem papel./Na muralha, em pé, mais um cidadão José./Servindo o Estado, um
PM bom./Passa fome, metido a Charles Bronson./Ele sabe o que eu desejo./Sabe o
que eu penso./O dia tá chuvoso. O clima tá tenso./Vários tentaram fugir, eu
também quero./Mas de um a cem, a minha chance é zero./Será que Deus ouviu minha
oração?/Será que o juiz aceitou a apelação?/Mando um recado lá pro meu
irmão:/Se tiver usando droga, tá ruim na minha mão./Ele ainda tá com aquela
mina./Pode crer, moleque é gente fina./Tirei um dia a menos ou um dia a mais,
sei lá.../Tanto faz, os dias são iguais./Acendo um cigarro, e vejo o dia
passar./Mato o tempo pra ele não me matar./Homem é homem, mulher é
mulher./Estuprador é diferente, né?/Toma soco toda hora, ajoelha e beija os
pés, e sangra até morrer na rua 10./Cada detento uma mãe, uma crença./Cada
crime uma sentença./Cada sentença um motivo, uma história de lágrima,/sangue,
vidas e glórias, abandono, miséria, ódio,/sofrimento, desprezo, desilusão, ação
do tempo./Misture bem essa química./Pronto: eis um novo detento/Lamentos no
corredor, na cela, no pátio./Ao redor do campo, em todos os cantos./Mas eu
conheço o sistema, meu irmão, hã.../Aqui não tem santo./Rátátátá... preciso
evitar que um safado faça minha mãe chorar./Minha palavra de honra me
protege/pra viver no país das calças bege./Tic, tac, ainda é 9h40./O relógio da
cadeia anda em câmera lenta./Ratatatá, mais um metrô vai passar./Com gente de
bem, apressada, católica./Lendo jornal, satisfeita, hipócrita./Com raiva por
dentro, a caminho do Centro./Olhando pra cá, curiosos, é lógico./Não, não é
não, não é o zoológico/Minha vida não tem tanto valor/quanto seu celular, seu
computador./Hoje, tá difícil, não saiu o sol./Hoje não tem visita, não tem futebol./Alguns
companheiros têm a mente mais fraca./Não suportam o tédio, arruma quiaca./Graças
a Deus e à Virgem Maria/.Faltam só um ano, três meses e uns dias./Tem uma cela
lá em cima fechada./Desde terça-feira ninguém abre pra nada./Só o cheiro de
morte e Pinho Sol./Um preso se enforcou com o lençol./Qual que foi? Quem sabe?
Não conta./Ia tirar mais uns seis de ponta a ponta (...)/Nada deixa um homem
mais doente/que o abandono dos parentes./Aí moleque, me diz: então, cêqué o
quê?/A vaga tá lá esperando você./Pega todos seus artigos importados./Seu
currículo no crime e limpa o rabo./A vida bandida é sem futuro./Sua cara fica
branca desse lado do muro./Já ouviu falar de Lucífer?/Que veio do Inferno com
moral./Um dia... no Carandiru, não... ele é só mais um./Comendo rango azedo com
pneumonia.../Aqui tem mano de Osasco, do Jardim D`Abril, Parelheiros,/Mogi,
Jardim Brasil, Bela Vista, Jardim Angela,/Heliópolis, Itapevi, Paraisópolis./Ladrão
sangue bom tem moral na quebrada./Mas pro Estado é só um número, mais nada./Nove
pavilhões, sete mil homens./Que custam trezentos reais por mês, cada./Na última
visita, o neguinho veio aí./Trouxe umas frutas, Marlboro, Free.../Ligou que um
pilantra lá da área voltou./Com Kadett vermelho, placa de Salvador./Pagando de
gatão, ele xinga, ele abusa/com uma nove milímetros embaixo da blusa./Brown: ´Aí
neguinho, vem cá, e os manos onde é que tá?/Lembra desse cururu que tentou me
matar?`/Blue: ´Aquele puta ganso, pilantra corno manso./Ficava muito doido e
deixava a mina só./A mina era virgem e ainda era menor./Agora faz chupeta em
troca de pó!`/Brown: ´Esses papos me incomoda./Se eu tô na rua é foda...`/Blue:
´É, o mundo roda, ele pode vir pra cá`./Brown: ´Não, já, já, meu processo tá
aí./Eu quero mudar, eu quero sair./Se eu trombo esse fulano, não tem pá, não
tem pum./E eu vou ter que assinar um cento e vinte e um`./Amanheceu com sol,
dois de outubro./Tudo funcionando, limpeza, jumbo./De madrugada eu senti um
calafrio./Não era do vento, não era do frio./Acertos de conta tem quase todo
dia./Tem outra logo mais, eu sabia./Lealdade é o que todo preso tenta./Conseguir
a paz, de forma violenta./Se um salafrário sacanear alguém,/leva ponto na cara
igual Frankestein/Fumaça na janela, tem fogo na cela./Fudeu, foi além, se pã!,
tem refém./Na maioria, se deixou envolver/por uns cinco ou seis que não têm
nada a perder./Dois ladrões considerados passaram a discutir./Mas não
imaginavam o que estaria por vir./Traficantes, homicidas, estelionatários./Uma
maioria de moleque primário./Era a brecha que o sistema queria./Avise o IML,
chegou o grande dia./Depende do sim ou não de um só homem./Que prefere ser
neutro pelo telefone./Ratatatá, caviar e champanhe./Fleury foi almoçar, que se
foda a minha mãe!/Cachorros assassinos, gás lacrimogêneo.../quem mata mais
ladrão ganha medalha de prêmio!/O ser humano é descartável no Brasil./Como Modess
usado ou Bombril./Cadeia? Claro que o sistema não quis./Esconde o que a novela
não diz./Ratatatá! Sangue jorra como água./Do ouvido, da boca e nariz./O Senhor
é meu pastor.../perdoe o que seu filho fez./Morreu de bruços no salmo 23,sem
padre, sem repórter./sem arma, sem socorro./Vai pegar HIV na boca do cachorro./Cadáveres
no poço, no pátio interno./Adolf Hitler sorri no inferno!/O Robocop do governo
é frio, não sente pena./Só ódio e ri como a hiena./ Ratatatá, Fleury e sua
gangue vão nadar numa piscina de sangue./Mas quem vai acreditar no meu
depoimento?/Dia 3 de outubro, diário de um detento”.
O
comandante da operação, coronel Ubiratan Guimarães, enfrentou um júri popular
em 2001 e foi condenado a seis séculos de prisão, mas recorreu e teve a
absolvição concedida em 2006, “por ter agido no exercício de seu dever”. A ação
policial teve o julgamento agendado pela Justiça de São Paulo para 28 de janeiro
de 2013 e entre os réus estão 28 dos mais de 100 policiais acusados.Em 2000 foi
criado o grupo 509-E no interior do
presídio. O grupo gravou dois álbuns dentro do presídio, obtendo uma vendagem
alta de cópias para o mercado brasileiro de rap.Colchões queimados, fotos arrancadas de revistas eróticas,
restos da última refeição. O cenário se completa com sonhos irrealizados e
poemas escritos na parede do Pavilhão 9, onde morreram 111 presos em outubro de
1992.Vinte anos após o episódio, que ficou conhecidomundialmente como “massacre
do Carandiru”, nenhuma autoridade fora condenada.
O
julgamento terminou com a condenação de 23 policiais militares pela morte de 13
presos, em 1992. Duas décadas depois, as versões de políticos, advogados,
ativistas e membros do Judiciário “permanecem em rota de colisão”. O Carandiru
gerou livros, filmes e músicas, mas, após 20 anos já é possível explicar o que
deu errado naquele dia.Ipso facto,durante
o período de desativação do Carandiru, o governo do Estado “promoveu um
concurso público para escolha do projeto arquitetônico para o Centro Cultural e
o parque”. O grupo vencedor foi o escritório do arquiteto Gian Carlo Gasperini,
o qual responsabilizou o escritório da arquiteta-paisagista Rosa GrenaKliass
com o desenvolvimento da proposta paisagística para todo o local. Do projeto de
Kliass, surgiu a ideia de dividir o projeto em três fases de implantação, cada
uma caracterizada por um perfil distinto.
Foto: Prédio do “Parque da
Juventude”, erigido sobre a memória
do Carandiru.
A memória (cf. Le Goff, 1969; 1988;
1990; 1976) não é só a retenção de certo conhecimento, mas também ativadora da
imaginação, interpretação, problematização, reinvenção etc., nos quais atuam
sobre o que é recordado pelo indivíduo livremente. A memória representa a
capacidade do ser humano em conservar e relembrar mentalmente conhecimentos,
conceitos, vivências, fatos, sensações e pensamentos experimentados em tempo
anterior. A memória refere-se à retenção de habilidades adquiridas ou de
informação e em situações cotidianas, os adultos, especialmente os idosos,
podem ter algumas dificuldades de recuperação de memória.Não se trata aqui do conceito
freudiano de “posterioridade”, em alemão: Nachträglichkeit
ou aprés-coup. Segundo Freud, há a
possibilidade de transformação do passado ao se dar um novo significado às
recordações. Ao questionar os conceitos de “verdade” e de “memória”, Jacques
Derrida entendia que Freud propunha um problema filosófico de magnitude
inédita, mas que não trataremos agora.
Mesmo
sendo consequência do envelhecimento, a diminuição da eficiência da memória é
também influenciada por questões como genética, fatores ambientais, vivências,
hábitos linguísticos, caráter e personalidade e, claro, em última análise do
ponto de vista da ideologia dominante em uma sociedade. Em seu livro L`avenir dure longtemps, o filósofo
marxista Louis Althusser refletiu sobre o fato, pretendendo reivindicar uma
espécie de “responsabilidade por seus atos” quando do assassinato de sua mulher,
HélèneRytmann, uma revolucionária de origem judaico-lituana, oito anos mais
velha, o que gerou um puzzle entre
seus correligionários e detratores, sobre tal responsabilidade “ser filosófica
ou real”. Althusser não foi preso, mas foi internado no Hospital Psiquiátrico
Sainte-Anne, onde permaneceu até 1983. Após esta data, ele se mudou para o
norte de Paris, onde viveu de forma reclusa, vendo poucas pessoas e não mais
trabalhando, a não ser em sua autobiografia. Louis Althusser morreu de ataque
cardíaco em 22 de outubro de 1990, aos 72 anos. A perda da memória estaria
relacionada com a degeneração dos neurônios cerebrais. E que, conforme o
indivíduo fosse envelhecendo, haveria uma perda evolutiva dessas células
nervosas, afetando assim a capacidade de memorização.
Vale
lembrar que na manhã de 7 de abril de 2011, o ex-aluno Wellington Menezes de
Oliveira, de 24 anos, invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira no bairro de
Realengo, na cidade do Rio de Janeiro,e atirou indiscriminadamente, contra
crianças e adolescentes que se encontravam em salas de aula, matando dez
meninas e dois meninos e ferindo outras vinte crianças. As crianças e os
adolescentes que fugiram enquanto o assassino recarregava suas armas
encontraram o sargento da polícia militar Márcio Alexandre Alves, que fazia
fiscalização de trânsito perto da escola. O sargento, ao chegar à escola ao som
de tiros, encontrou o criminoso saindo da sala onde baleara fatalmente oito
crianças, e efetuou dois disparos de arma longa, um dos quais atingiu o
assassino no abdômen. Ao cair, na escada que leva ao andar superior da escola,
Wellington disparou contra a própria cabeça, concretizando o suicídio. O evento
causou comoção nacional e repercutiu rapidamente em noticiários internacionais.
Do ponto de vista igualmente da representação da “tragédia”, do grego
antigo τραγδία, composto de τράγος “bode” e δή “canto”,é uma forma de drama, que se caracteriza pela sua
seriedade e dignidade, frequentemente envolvendo um conflito individual ou
coletivo entre uma personagem e algum poder de instância maior, como a lei, os
deuses, o destino ou a sociedade. Suas origens são obscuras, mas é certamente
derivada da rica poética e tradição religiosa da Grécia Antiga. Suas raízes
podem ser rastreadas mais especificamente nos ditirambos, os cantos e dança em
honra ao deus grego Dionísio, para lembramos de Friedrich Nietzsche, conhecido
entre os romanos como Baco. Dizia-se que estas apresentações etilizadas e
extáticas foram criadas pelos sátiros, seres meio bodes que cercavam Dionísio
em suas orgias, e as palavras gregas τράγος,
tragos, (bode) e δή, odé, (canto) foram combinadas na
palavra tragoidia (algo como
“canções dos bodes”), da qual a palavra “tragédia” é derivada.
Do ponto de vista da análise teórica
“assassínio em massa” ou “assassinato em massa”, também chamado de “massacre”,
é o ato de assassinar, simultaneamente ou em curto período de tempo, um grande
número de pessoas. Pode ser cometido por indivíduos ou organizações. Esse termo
também pode ser aplicado aos “assassinos em série” (cf. Braga, 2006; 2011;
Braga, 2012a; 2012b), que levam muitas vítimas à morte, mas não necessariamente
ao mesmo tempo.Os maiores assassínios em massa da história têm se confundido
com o genocídio, baseados frequentemente em conceitos étnicos ou religiosos. O
termo genocídio acabou se generalizando, mesmo que o massacre não tenha se
dirigido a grupos em particular (o que o caracterizaria).Fora de algum contexto
político, o termo “assassínio em massa” se refere ao ato de matar grande número
de pessoas ao mesmo tempo. Os exemplos incluiriam disparar uma arma de fogo
contra uma multidão, ou incendiar um local com grande concentração de pessoas.A
maior parte dos que cometem assassínios em massa se situam em três categorias:
a) aniquiladores de famílias; b) indivíduos com problemas mentais, onde casos
nos EUA são exemplares; c) trabalhadores contrariados.
A morte injusta de um grande número
de civis e prisioneiros de guerra também é chamada:“crime de guerra” e
inclusive pode ser denominado genocídio se estiver presente a motivação étnica
assim como aconteceu com a desagregação da Iugoslávia, durante a colonização
dos norte-americanos e a morte de milhares ou possivelmente milhões de hindus e
islâmicos pelas forças armadas do Paquistão em 1971. Outro exemplo horroroso é
o assassinato de mais de 4000 seres humanos sob as ordens de Augusto Pinochet
Ugarte no Chile nas décadas de 1970 e 1980 e começo da década de 1990, todos
impunes. Vale ressaltar também o “Massacre de MyLai”, durante a Guerra do
Vietnã onde soldados norte-americanos massacraram, em 1968, civis, dentre, em
sua maioria, crianças, mulheres e nem animais foram poupados. Em 1965, os
Estados Unidos enviaram tropas para sustentar o governo do Vietnã do Sul, que
se mostrava incapaz de debelar o movimento insurgente de nacionalistas e
comunistas, que se haviam juntado na Frente Nacional para a Libertação do
Vietname (FNL). Entretanto, apesar de seu imenso poder militar e econômico, os
norte-americanos falharam em seus objetivos, sendo obrigados a se retirarem do
país em 1973 e dois anos depois o Vietnã foi reunificado sob o governo
socialista, tornando-se oficialmente, em 1976, a República Socialista do
Vietnã. Os mandantes do massacre receberam apoio do então presidente Richard
Nixon e apenas um foi condenado e teve sua pena abrandada. Foi um dos maiores
massacres em guerras na história.
Existem vários significados
atribuídos à palavra “Carandiru”, de origem tupi-guarani. Combinação de “carandá
+ “iru”, alguns pesquisadores da historiografia defendem a tese de que ela
poderia significar “abelha da carnaúba”. Outros dizem que seria “um recipiente
feito de carandá” (carnaúba). Há quem diga que através dos anos mediante o
processo social e político de degradação humana seu significado passou a ser
“onde os ratos são dilacerados” ou, então, do ponto de vista da cultura “prisão
indígena similar à senzala dos negros”. Em 1967, a pesquisadora Maria da Penha
investigou a história social do bairro de Santana e constatou que, no local
onde se situava o sistema prisional Carandiru, existiu “uma fazenda com
resíduos preservados de uma senzala”. Enfim, seja qual for a etimologia da
palavra, todas elas de uma forma ou de outra se referem à violência concreta de
um sistema falido operacionalmente, sendo que o cinema já se incumbiu de
modificá-la, vendendo para o mundo inteiro Carandiru “como sinônimo de inferno”,
mas deveriam acrescentar:lembra Dante Alighieri (1265-1321), escritor, poeta e
político italiano. É considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana,
definido como “ilsommo poeta”, quando afirma: “vencer a crueldade que em prisão
me exila do redil onde, cordeiro, dormi, oposto aos lobos que o atacam” (“vinca
lacrudeltàchefuor mi serra delbelloovileov`io dormi' agnello, nimico ai lupiche
li danno guerra”).
Mal pondo os pés na Itália, o
imperador Henrique VII recebeu uma carta, curta, mas bajulatória, datada de 18
de abril de 1311. Nela o autor, um poeta esplêndido, depois de chamá-lo de
sucessor de César e de Augusto e, em versos, comentar que “o verdadeiro limite
do seu império era o oceano e o limite da sua fama as estrelas”, tomava a
liberdade de censurar o monarca na sua demora em pôr sítio a Florença. A
missiva era de Dante Alighieri que, quase sempre, se assinava como “florentino
injustamente desterrado”, que se encontrava banido da sua cidade natal desde
1302. Seu partido, o partido branco, havia sido expulso pelo partido rival, dos
negros, o partido guelfo, favorável ao poder papel e hostil ao do imperador.
Desgostoso com o longo exílio imposto que, como disse no célebre verso do
Paraíso: “Tu proverai si come sadisalelo pane altrui, e come è duro calleloscendere
e I'salir per altruiscale” (XVIII, 58), isto é: “onde se prova como é salgado o
pão alheio e como é duro o caminho de subir e descer pelas escadas dos outros”,
Dante apressava o imperador. Que deixasse de lado o cerco às pequenas cidades
rebeladas da Lombardia e se lançasse logo sobre aquela que, às ocultas,
fomentava insubordinação – “a víbora que morde as entranhas da própria mãe” –
“a perversa e ímpia Mirra” - a cidade de Florença. Dante e os guelfos brancos,
“gibelinos” escondidos, como se chamavam os seguidores do poder imperial, eram
uns reacionários empedernidos, representava, segundo Carducci,
“ilpopolovecchio”, ruínas sócio humanas do velho patriciado dos tempos antigos
que ainda sobreviviam espalhados pela Itália como se Roma não tivesse
sucumbido. Como consequência não aceitava a hegemonia do Papa sobre as cidades
italianas, afirmando que as intromissões da Cúria no universo da política não
passavam de puras usurpações.
Depois de 46 anos de existência, quase
metade deles sob a promessa de desativação, o maior símbolo do fracasso do
sistema prisional brasileiro finalmente começa a desaparecer. Três pavilhões da
Casa de Detenção, no complexo do Carandiru, zona norte de São Paulo, vem abaixo
para virar entulho às 11h do dia 08 de agosto de 2012.A história de mortes,
rebeliões, fugas e do chamado massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, aparentemente
começa a mudar, segundo o governo do Estado, com o uso de 250 quilos de
explosivos (foto). Construído em 1956, pelo então prefeito Jânio Quadros (cf.
Braga, 2012), a Casa de Detenção “virou um modelo obsoleto e caro”. Nas últimas
contabilidades, “quando a população ainda ultrapassava 7.000 presos, as
instalações velhas geravam um custo só de água e energia elétrica de R$ 18
milhões ao ano”.Segundo a Secretaria Estadual da Administração Penitenciária,
nunca se fez o cálculo do custo do preso da Casa de Detenção em relação aos
outros presídios. Porém, segundo a secretaria, “era bem maior que a média atual
de R$ 660 mensais gastos por preso em regime fechado”.
Etnograficamente na plateia
montada para assistir a implosão de hoje, ao lado do palanque para as
autoridades, está reservado um espaço para quem diz ter até saudade da rotina
do que foi o maior presídio da América Latina. Entre eles, funcionários que
trabalharam décadas e até mesmo nasceram dentro da Casa de Detenção. José
Francisco dos Santos, 58, mais conhecido como Chiquinho da Detenção, passou os
últimos 22 anos no complexo, trabalhando no setor administrativo. Ele
presenciou -e foi refém- de inúmeras rebeliões e participou de episódios que
ele mesmo divide entre “felizes”, “tristes” e “engraçados”. Entre as histórias
engraçadas, Santos conta que, uma vez, um dos presos que teve o maior número de
entradas e saídas do presídio -foram 18 no total- chegou a implorar, de
joelhos, para que não o tirassem de dentro da Casa de Detenção. – “Olha, em
todos esses anos, vimos de tudo. Vou sentir falta, mas acho que estava mesmo na
hora de acabar”, afirma Chiquinho, que trabalhou “no arquivamento das fichas
dos presos”.
Foto:
representação do “Carandiru” de Hector Babenco.
Há dez anos, a casa de Detenção de
São Paulo, popularmente conhecida como Carandiru, derrubava grande parte de
seus pavilhões e encerrava a história de um dos presídios mais polêmicos da
América Latina. Para estimular a reflexão sobre o impacto do acontecimento na
capital paulista, o SESC Santana promove nos dias 13 e 27, duas sessões
cinematográficas com títulos que mergulham na complexidade do presídio pela
programação do evento “Vestígios do Carandiru”. Melhor dizendo: “Impressões da
Memória” é tema de mostra no SESC Vila Mariana. Além da mostra, a programação
da unidade também contará com exposição, oficinas e workshops de fotografia, intervenções artísticas entre outras
iniciativas que discutem o tema.Baseado no livro “Estação Carandiru”, de
Drauzio Varella, o longa-metragem narra a história de um médico (Luiz Carlos
Vasconcelos), que se oferece para realizar um trabalho de prevenção a AIDS no
maior presídio da América Latina, o Carandiru. Lá ele convive com a realidade
atrás das grades, que inclui violência, superlotação das celas e instalações
precárias. Porém, apesar de todos os problemas sociais, o médico logo percebe
que os prisioneiros não são figuras demoníacas, existindo dentro da prisão “solidariedade
orgânica”, para lembramos de Emile Durhheim, organização e uma grande vontade
de viver.
Os
laços que o agente Paulo Sérgio de Almeida Braga, 44, mantém com o complexo são
familiares. Seus avós trabalhavam no local como agentes. Seu pai e sua mãe se
conheceram -e se casaram- dentro do presídio.E ele, como os outros irmãos,
nasceu no local e, seguindo a vocação
da família, também prestou concurso para agente penitenciário aos 19 anos. Mas
só foi trabalhar no Carandiru em 1999. – “Meu pai levava a gente para cortar o
cabelo, almoçar com os detentos, os ver jogarem bola. Uma vez, até sentei do
lado da Luz Vermelha, e minha mãe trabalhou com o Chico Picadinho”, afirma,
relacionando nomes de bandidos famosos. Álvaro Alberto Moreira, 53, e agente
penitenciário desde 1977, conta que sentirá saudade principalmente das festas
de final de ano, tempo em que a cadeia ficava normal, “como os próprios
detentos definiam”.O espetáculo que tanto saudosos quanto críticos da Casa de
Detençãoassistiram durou apenas 7 segundos, de acordo com Manoel Dias, engenheiro
responsável pela implosão.
O
isolamento do local começou às 7h, quando o trânsito nas avenidas Cruzeiro do
Sul, general Pedro Leon Schneider e general Ataliba Leonel e na Rua Antônio dos
Santos Neto fora interrompido. O tráfego só fora liberado às 13horas. Os trens
foram parados nas estações Santana e Tietê dez minutos antes da implosão.
Segundo a Defesa Civil, 131 moradores foram retirados de suas casas durante a
implosão. – “Não podemos garantir 100%. Mas houve muito planejamento e todos os
cuidados foram tomados”, afirmou Dias. IranildeJulioti dos Santos, 27, recebeu
a carta da Defesa Civil notificando da retirada na sexta-feira da semana
passada. “Ela teme que os túneis cavados pelos presos provoquem problemas na
estrutura de sua casa no momento da implosão”.Mesmo os moradores que não terão
de deixar suas casas estão com medo de que a operação danifique os imóveis. – “Aqui
embaixo deve estar tudo esburacado. Não vou ficar em casa não”, disse Adriana
Nascimento da Silva, 23. O engenheiro disse que não devem ocorrer problemas.
Mesmo assim, sismógrafos foram colocados para medir a intensidade da implosão e
verificar possíveis danos nas proximidades.
Em
cima das camas vazias das celas, cartas recebidas e outras jamais enviadas
foram abandonadas. Abertas, jogadas por todos os lados, todas trazem relatos de
dor, desespero e amor pelos familiares distantes. Letras de música baseadas na
vida atrás das grades ou na realidade de quem vive rodeado pelo crime. Trecho 1
– “Minha condição é sinistra, não posso dar rolé(sic). Não posso dar bobeira na pista. Na vida que eu levo eu
não posso brincar, eu carrego uma 9 e uma HK”, diz um dos papéis jogados no
chão, citando a letra de “Soldado do Morro” do rapper MV Bill, que mora na Cidade de Deus, no Rio de
Janeiro.Trecho 2 – “Meu amor, espero que esta te encontre bem de saúde e em paz
com Deus. Por aqui as coisas não estão fáceis”. Assim começa uma das cartas
jogadas ao chão. Na sequência, a mulher do detento fala de uma mulher da
família, que saiu de casa para ir ao médico e não voltou mais. – “Da dó do
João, que é muito pequeno ainda. A vó faz comida para ele...”. Comenta também,
no vocabulário dos presos, sobre dinheiro. – “Quando a gente levou a jumbada
para você, não compramos cigarros, porque não tinha dinheiro”.
Na
gíria da prisão, a “jumbada” se refere às entregas de comida e produtos de
higiene que as famílias costumam levar em sacolas para os presos. Depois, pede
cuidado ao marido, que estava devendo dinheiro a outro preso. – “Você está
devendo aí. Vê se não se mete em encrenca”. Trecho 3 - Ao desejar saúde e paz a
um conhecido preso, uma mulher completa: - “Sei que é difícil desejar isso para
uma pessoa que se encontra desse lado”. Também fala sobre o futuro e de planos
para uma vida nova fora das grades. – “Quero que termine seus estudos e consiga
um trabalho legal, onde conheça pessoas legais também. Sei que pra você isso
pode parecer um sonho, mas sei que quando a gente corre atrás dos nossos objetivos,
uma hora a gente consegue”. Trecho 4 - Alguns enviam conselhos sobre como
aguentar a vida na prisão. – “Sobre a sua cadeia, fica irmão. Logo mais você
está na rua”, escreve um tio em regime semiaberto a um sobrinho ainda preso.
Manda lembranças a outros companheiros da prisão e termina: - “Para todos do
sofrimento, mais uma vez fica com Deus”. - Ex-detento: Durante a visita ao
presídio, a reportagem encontrou J.S., 33, que ficou preso durante 17 anos, 5
deles no Pavilhão 9, condenado por assalto a mão armada. Testemunha do massacre
de 1992, ele descreveu algumas das cenas que presenciou durante a rebelião. – “Todo
mundo que morava neste quarto morreu”, disse, apontando o cômodo vizinho ao que
ele mesmo ocupava, junto com mais sete presos. – “São coisas que eu nunca vou
esquecer”.Os nomes citados na reportagem foram “trocados” para preservar a
privacidade dos envolvidos, como se houvesse neutralidade no jornalismo
brasileiro e de resto no mundo ocidental!Bibliografia geral consultada:
Filme: “Carandiru” (Brasil, 2003, 148′, dir.: Hector Babenco);
TORRES, Maria Cecília Teixeira Mendes, “Bairro de Santana, Prefeitura de São
Paulo, Departamento de Cultura, 1970”. In: Meu
Cinema Brasileiro: Carandiru. Acesso em 13/07/2009; Artigo: “Carandiru tem
fim com implosão hoje às 11h”. Disponível no site: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/; Artigo: “Cartas de
presos e familiares mostram dor dentro e fora do Carandiru”. Disponível no
site: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/; Artigo: “Massacre
do Carandiru, que deixou 111 mortos, completa 10 anos”. Disponível no site http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/; Artigo: “Vestígios
do Carandiru relembra 10 anos da implosão do presídio”. Disponível no site: http://catracalivre.com.br/sp/; Artigo: “Massacre
do Carandiru, após 20 anos”. Disponível no site: http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/carandiru/; Artigo: “Veja
frases do júri que condenou 23 PMs pelo massacre do Carandiru”. Disponível no
site: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/04/; RODRIGUES, Nina, As Coletividades Anormais. Rio de Janeiro: Editora Civilização
Brasileira, 1939;LE GOFF, Jacques, La
CivilizacióndelOccidente Medieval. 1ª edición. Barcelona: Editorial
Juventud, 1969; Idem, Por amor às
cidades: conversações com Jean Lebrun.
2ª edição. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1988; Idem, História e Memória. 2ª edição. São
Paulo: UNICAMP, 1990; Idem & NORA, Pierre, História – Novas Abordagens. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976;
BRAGA, Ubiracy de Souza, “Rebeliões da Cidade”. In: Jornal O Povo. Fortaleza, 27 de maio de 2006; Idem, “Jânio Quadros
renunciou há 50 anos. História & Memória”. Disponível em: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/08/27/; Idem, “Terrorismo
de Estado”. In: http://alaninet.org; Idem, “Massacre de
Eldorado dos Carajás: 15 anos de impunidade”. : http://espacoacademico.wordpress.com/2011/04/30/; Idem, “Serial Killers brasileiros: origem e
significado da tragoidia”. In: http://espacoacademico.
com/2011/04/13/; Idem, “Os AIE revividos. O presentperfect de Louis Althusser”. In:
http://www.oreconcavo.com.br/2012/01/05/; FOUCAULT, Michel, Eu Pierre Rivière, que matei minha mãe,
minha irmã e meu irmão. Rio de Janeiro: Graal, 1983;MARTINS, José de Souza,
“Marx na nova encíclica do Papa”. In: Jornal
O Estado de São Paulo, 22 de janeiro de 2008; entre outros.
Caros Blogger, eu recomendo o livro "O outro lado do muro - Ladrões, humildes, vacilões e bandidões nas prisões paulistas" no qual relatamos a trajetória de Silvio Cavalcante. Este foi alvejado na rua por policiais despreparados, torturado por policiais civis, incriminado por promotores públicos durante os tramites do processo. Turista acidental em um mundo que desconhece, o narrador/coautor do livro descreve o cotidiano dos presos nos distritos e no Carandiru, usando sua trajetória como vetor.
ResponderExcluirAudio livro introdução: http://goo.gl/0NaJKv