quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Populismo Católico Revisitado: “O Apelo aos Jovens”.




                                                                                     Ubiracy de Souza Braga*     

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Sociólogo (UFF), cientista político (URFJ), doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará.



  
Ele falou que a juventude é o futuro mesmo das nossas igrejas”, diz o voluntário Mauricio Santos Bezerra.





            Na história da cultura o título de “Papa” tornou-se associado principalmente com o Bispo de Roma, no entanto, em alguns casos, o termo é usado por autoridades clericais de outros grupos cristãos. Também pode ser usado de forma satírica para descrever algum líder religioso importante. O “Papa Negro” é um nome não oficial que foi popularmente dado ao Superior Geral da Companhia de Jesus devido à enorme importância dos Jesuítas na Igreja. O Superior Geral da Companhia de Jesus é um religioso eleito pela Congregação Geral para governar toda a Ordem dos Jesuítas em caráter vitalício, conforme as Constituições da Companhia. O Padre Geral, como é comumente conhecido, reside na Cúria Generalícia em Roma. Este nome foi dado com base na cor preta da batina do Superior Geral, sendo referida como um paralelo entre ela e a túnica branca do papa. Também o Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, cuja batina cardinalícia era vermelha, foi chamado de “Papa Vermelho”.
Desde o século III, os Bispos de Alexandria na Igreja Ortodoxa Copta e na Igreja Ortodoxa Grega são chamados de “Papa”, sendo o primeiro denominado de “Papa Copta” (ou “Papa de Alexandria”) e o segundo de Papa e Patriarca de Alexandria e de toda a África. Nas Igrejas Ortodoxas Búlgara, Russa e Sérvia, não é incomum um padre paroquial ser chamado de “papa”. Na atualidade os papas são retratados normalmente do ponto de vista da divisão internacional do trabalho e do processo de globalização cada vez mais mundanizado “como importantes líderes internacionais, preocupados com a fé católica, e com os direitos humanos”. Por sua vez, diferentemente, a administração da Santa Sé e da Cúria Romana, normalmente chamada na cultura popular apenas de “Vaticano” ou “Roma”, é usualmente retratada como um organismo burocrático conservador, corrupto, e ambicioso, como ocorre na Dinamarca,oficialmente Reino da Dinamarca (KongerigetDanmark) destes tempos (foto).
Foto: Escultura de um tiranossauro “pastoreando ovelhas” (Nietzsche) na Dinamarca.


            A Igreja é uma instituição garante de um sistema de crenças religiosas, elaborando e reativando um conjunto de códigos e de normas que impõe aos seus fiéis, proclamando como heréticos aqueles que não os seguem. As instituições religiosas, para além das vias e caminhos espirituais, gerem todo um conjunto de bens e estratégias temporais que fazem com que o místico solitário se constitua como um marginal perante adeptos de uma mesma crença. O nascimento e desenvolvimento dos Estados modernos fez com que o lugar e o espaço da Igreja, dentro da sociedade, se tenham modificado, privando-a, em parte, do seu poder temporal bem como do monopólio da cultura.A discussão situou-se, a dada altura, mais na distinção entre Igreja e seita religiosa. Hoje, essa reflexão faz-se numa tentativa de compreensão dos novos movimentos religiosos. Max Weber opôs Igreja à seita como uma instituição de salvação e um agrupamento voluntário de convertidos. Enquanto a Igreja privilegia a sua extensão, a seita coloca a sua tônica na intensidade de vida dos seus membros.
Por sua vez, Ernest Troeltsch escritor e teólogo alemão ao lado de Max Weber que elaboraram alguns conceitos relacionados à religião, acrescenta outro ponto de vista: a seita opõe-se à Igreja e à rede mística, portadora da religiosidade livre, fora da instituição. A Igreja seria desta forma, universal, preexistindo aos seus membros, aos quais se impõe. A Igreja, na sua vocação de extensividade, está pronta a compromissos com as instituições da vida pública em geral e com o Estado, interferindo na sociedade e nas culturas, e recebe no seu seio crente oriundos dos vários estratos sociais e econômicos. Analogamente a seita nasce da decisão voluntária de adesão dos seus membros e do contrato que estabelecem entre eles e Deus. Por se retrair em relação à sociedade global e à sua cultura, a seita dá origem a uma subcultura própria. A própria cultura brasileira é uma subcultura da cultura portuguesa. Subculturas desenvolvem-se em função de identidades étnicas, raciais, de ocupação, de interesses especiais (Star Wars, juventude), ou mesmo em função de preferências sexuais.
                                              
            Este aspecto lembra-nos hic et nunc: “Fratello sole, sorellaluna” (“Irmão Sol, Irmã Lua”), filme ítalo-britânico de 1972 dirigido por Franco Zeffirelli, com trilha sonora de RizOrtolani e canções de Donovan, que canta em inglês o conjunto de trilha sonora do filme para o público estrangeiro. Claudio Baglioni as interpreta na versão lançada na Itália.O filme é uma dramatis personaeda vida de Giovanni di Pietro diBernadone, mais conhecido como São Francisco de Assis, nascido em 5 de julho de 1182 e falecido em 3 de outubro de 1226, que nasceu num berço esplêndido e após desfrutar de uma juventude irrequieta e mundana, volta-se para a vida religiosa de completa pobreza e fundando a ordem mendicante dos Frades Menores, que depois ficaria conhecido como Franciscanos, que renovaram o Catolicismo de seu tempo.
Ele era filho do comerciante italiano Pietro diBernadone dei Moriconi e de Pica Boulermont que faziam parte da nascente burguesia da cidade de Assis e tinham negócios bem sucedidos na Provença, na França e assim conquistaram riqueza e bem estar. Quando o filho do comerciante nasceu, a mãe batizou com o nome de Giovanni, que em português é conhecido como João em homenagem ao profeta São João Batista. O menino cresceu e se tornou um jovem e popular entre seus amigos por sua indisciplina e extravagâncias e também por sua paixão às aventuras, bem como pelas belas roupas e bebidas, entre outras, mas apesar disso possuía uma índole esplendidamente bondosa. No ano de 1202 alistou-se como soldado na guerra que a cidade de Assis lutava contra Peruggia e é provavelmente quando sua vida começa a mudar e tomar novos rumos e mais tarde ficar conhecido e admirado como São Francisco de Assis.
Escólio: O termo alemão be-deuten, escrito em “Ser e tempo” (“SeinundZeit”, Halle, 1927; Max Niemeyer Verlag, Tubingen, 1986), insinua que se lhe está atribuindo uma acentuação forte a partir do étimo principal – deuten = “mostrar, apontar, interpretar”. Na analítica da mundanidade, todo ato e exercício de interpretação, indicação e demonstração se exercem a partir de um mundo já estruturado e estabelecido. Be-deuten = significar que remete então para o “movimento e processo de estruturação do mundo”. A tradução por significar e significância (na derivação de Bedeut-samkeit) visa a que a leitura remonte a esse nível ontológico de constituição da mundanidade. Este o objetivo de meus apontamentos sobre a visita do Papa Francisco ao Rio de Janeiro na Jornada Mundial da Juventude (JMJ): “Cristo bota fé nos jovens”, afirmou o Papa. O jovem é entendido como sendo forma imatura de um ser vivo, sendo o período antes da maturidade intelectual e sexual. Para o ser humano esta designação se refere ao período de transição entre a infância e a maturidade, podendo ser aplicada a ambos os sexos e podendo haver variações psíquicas e afetivas no período de idade que ocorre de acordo com a cultura. Nesta fase, grande parte do aprendizado ocorre fora das áreas protegidas do lar e da religião, onde o diálogo torna-se parte primordial do processo de formação. Este grupo de pessoas não tem sido contemplado com a atenção necessária pelos setores sociais.O conceito de juventude é uma construção social, histórica, cultural e relacional, percebem-se diversas formas de denominar a juventude, sendo considerada a passagem da infância para a idade adulta. A noção mais usual do termo juventude “se refere a uma faixa etária, um período de vida, em que se completa o desenvolvimento físico do indivíduo e ocorre uma série de transformações psicológicas e sociais, quando este abandona a infância para entrar no mundo adulto”.
Papa Francisco circula pelo centro do Rio de Janeiro, após chegar ao Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim na praia do Galeão, na baía da Guanabara.
            Tese: Em toda a parte onde encontramos uma moral encontramos uma avaliação e uma classificação hierárquica dos instintos e dos atos humanos. Essas classificações e essas avaliações são sempre a expressão das necessidades de uma comunidade, de um rebanho: é aquilo que aproveita ao rebanho, aquilo que lhe é útil em primeiro lugar - e em segundo e em terceiro -, que serve também de medida suprema do valor de qualquer indivíduo. A moral ensina a este a ser função do rebanho, a só atribuir valor em função deste rebanho. Variando muito as condições de conservação de uma comunidade para outra, daí resulta morais muito diferentes; e, se considerarmos todas as transformações essenciais que os rebanhos e as comunidades, os Estados e as sociedades são ainda chamados a sofrer, pode-se profetizar que haverá ainda morais muito divergentes. A moralidade é o instinto gregário no indivíduo.

            Da perspectiva da teoria da ação, é só de maneira insatisfatória que as atividades do espírito humano podem ser restritas à confrontação cognitivo-instrumental com a natureza exterior; ações sociais orientam-se por valores culturais. Estes últimos, porém, não contam com um referencial de verdade, pois assim, coloca-se a seguinte alternativa: ou negamos aos componentes não cognitivos da tradição cultural o status assumido pelas entidades do terceiro mundo graças à alocação delas em uma esfera de nexos de validade, e então nivelamos esses mesmos componentes de maneira empirista, como formas enunciativas do espírito subjetivo; ou procuramos equivalentes para o referencial de verdade que está ausente. Esta segunda via, é escolhida por Max Weber. Vejamos a colocação do problema no âmbito da filosofia vitalista quando oproblema da igualdade política foi analisadocom sabedoria por Friedrich Nietzsche.
O “animal de rebanho”, cuja maior conquista moderna é a garantia de direitos a todos os membros da sociedade na Revolução Francesa, é visto por Nietzsche como “bicho-anão de direitos e exigências iguais”. Impondo-se a uniformidade de direitos e deveres, “atinge-se apenas o nivelamento e a impossibilidade de questionar, de alçar voos próprios”. A moral da igualdade é a moral gregária e niveladora: “[...] na Europa de hoje o homem de rebanho se apresenta como a única espécie de homem permitida”. Relativamente a este tópico, pode-se dizer que ocorre uma “moralização escrava da ação”: ao que parece, Nietzsche não desejava atacar a moral, mas uma moral - a reativa, negativa e niveladora moral do rebanho. Pode se ler com estes olhos o § 188 de Além do Bem e do Mal, em que se afirma: “Toda moral é, em contraposição ao laisseraller, um pouco de tirania contra a ´natureza`, e também contra a ´razão`: mas isso ainda não constitui objeção a ela [...] [Pois] o fato curioso é que tudo o que há e houve de liberdade, finura, dança, arrojo e segurança magistral sobre a Terra [...] desenvolveu-se apenas graças à ´tirania de tais leis arbitrárias`”.Em Nietzsche, fora de dúvida, temos a rejeição de toda transcendência, seja idionômica como no platonismo, seja teonômica como no Cristianismo, imanência absoluta da Natureza como fonte de todo o bem e de todo o valor e, enfim, crítica da cultura existente e de sua moral, fonte do mal e da corrupção no homem. Sobre esse fundamento crítico, pode-se elevar então o anúncio de um “novo homem” e de uma “nova humanidade”, definitivamente reconciliados com a Terra (cf. Nietzsche, 2005; 2008).
            A perfeita comunidade política da sociedade de massas não poderia ser senão a burocracia: nela se exerce o poder de ninguém, tão coercitivo quanto o de um soberano absolutista. Não importa se sob a forma democrática, monárquica ou totalitária: quem guia tal sociedade é a vontade social única, o interesse global da sociedade como um todo. Em verdade, podem-se abandonar tais categorias e adotar apenas o conceito de administração. Assim como a sociedade de massas culmina na burocracia, Nietzsche percebeu em seu tempo uma situação muito próxima. Pode-se dizer que há, na modernidade, ausência de vontade de participação política ativa, expressa na “consciência formal” que inculca em cada um o dever de obediência como algo natural. Sem educação para a “arte de mandar”, os governantes sofrem de má-consciência ou se iludem de também obedecerem: esta é a origem, para Nietzsche, dos regimes constitucionais representativos: “o rebanho autônomo”. Nesse sentido, o princípio guia da comunidade gregária é o “imperativo do temor do rebanho: ‘queremos que algum dia não haja nada mais a temer!”. O caminho que leva a ele é uma ideia fixa central do homem moderno: a crença quase que instintiva na ideia de progresso.
            Se me permitem uma digressão, vale lembrar que a Irlanda (cf. Braga, 2012) é o sucessor do Estado Livre Irlandês. Este domínio na esfera da ação política tem sido constituído quando toda a ilha da Irlanda se separou do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda em 6 de dezembro de 1922. No entanto, no dia seguinte, o Parlamento da Irlanda do Norte exerceu o seu direito ao abrigo do Tratado Anglo-Irlandês, e optou voltar a pertencer ao Reino Unido. Esta ação política, conhecida como a Partição da Irlanda, foi seguida de quatro tentativas para introduzir o governo autônomo de toda a ilha da Irlanda (em 1886, 1893, 1914 e 1920). O Estado Livre Irlandês foi abolido quando a Irlanda foi formalmente criada em 29 de dezembro de 1937, o dia em que a sua Constituição entrou em vigor (cf. Arensberg, 1968; Wolf, 1995; Leerssen, 1996; Patrick & Lyons, 1997; Fitzgerald, 2006).A Independência Irlandesa da Grã-Bretanha em 1922 foi precedida pela Guerra de Independência e a Revolta da Páscoa de 1916, quando voluntários irlandeses e membros do Exército Civil Irlandês tomaram o comando político de lugares em Dublin e Galway “sob os termos expressos na Proclamação da República da Irlanda”. Os sete signatários desta proclamação, Patrick Pearse, Thomas MacDonagh, Clarke Thomas, Sean MacDiarmada, Joseph Plunkett, EamonnCeannt e James Connolly, foram executados, juntamente com outras nove pessoas, e milhares foram internados, precipitando, como num balão de estufa, a Guerra de Independência da Irlanda.
Em 8 de maio de 2007, uma histórica cerimônia em Belfast deu início a um novo governo de união na província britânica da Irlanda do Norte. Depois de décadas de conflitos sanguinolentos, os protestantes do Partido Unionista Democrático e os católicos do Sinn Fein concordaram em dividir o poder (a primeira reunião do governo, com o vice-premiê católico Martin McGuinness e o premiê protestante Ian Paisley). O acerto tem “a bênção da Inglaterra, que hoje administra a Irlanda do Norte”. O governo conjunto pode consolidar a estabilização a Irlanda do Norte - a província vive desde 1998 sob um acordo de paz que praticamente acabou com o terrorismo e a violência sectária. Desde 1969, 3.600 pessoas morreram por causa da luta entre os dois lados - a maioria, vítima de atentados do exército IRA, braço armado dos católicos. Fundado em 1919, o Exército Republicano Irlandês (IRA), como vimos, fora um grupo paramilitar católico, que pretendia separar a Irlanda do Reino Unido e posteriormente reintegrar a Irlanda do Norte à República da Irlanda.
Os protestantes, em maioria de 75% na Irlanda do Norte, tinham o poder de decidir candidaturas e plebiscitos, oprimindo e segregando ainda mais a minoria católica. A violenta repressão dos ingleses aos protestos acabou provocando retaliações do exército IRA-, através de ações terroristas por décadas, principalmente em Belfast, causando mais de 3.500 mortes em ambos os lados. Apenas em 2005 o exército IRA concordou em entregar as armas, dando por encerrado o conflito. As histórias e cicatrizes causadas por tantos anos de lutas políticas renderam ao cinema uma série de bons filmes, tais como: In theNameoftheFather (1993), filme irlandês e britânico de 1993, do gênero drama, dirigido por Jim Sheridan e baseado no livro autobiográfico:ProvedInnocent, de Gerry Conlon. Prosseguindo em sua luta contra o governo britânico na Irlanda do Norte, dividiu-se em dois ramos em 1969: temos IRA “oficial”, que condena o terrorismo, e IRA “provisório”, dominante na Irlanda do Norte, que pratica ações terroristas sistematicamente, como forma de chamar a atenção da opinião pública internacional e pressionar o governo britânico, visando a soberania da Irlanda do Norte em relação à Grã-Bretanha, e em última instância, a integração com a República da Irlanda do ponto de vista da formação do Estado nacional.
Em 1974, um atentado a bomba do exército IRA mata cinco pessoas num pub de Guilford, próximo à Londres. O jovem rebelde irlandês Gerry Conlon e três amigos são acusados pelo crime, presos e condenados. Giuseppe Conlon, pai de Gerry, tenta ajudar o filho e também é condenado, mas pede ajuda à advogada GarethPeirce, que passa a investigar as irregularidades do caso.  Nas últimas três décadas as ações IRA e dos grupos paramilitares “protestantes” intensificaram suas ações e foi responsável por vários atentados na Irlanda do Norte, principalmente na capital, Belfast. A ascensão do Partido Trabalhista ao poder em 1997, a criação do Euro e a “nova ordem mundial” criaram novas condições de negociação política, tendo de um lado a Inglaterra uma nova preocupação, em fortalecer-se dentro da Europa e a própria elite irlandesa católica, preocupada em aproveitar as novas condições de desenvolvimento. A suspensão dos atentados por ambos os lados foi fundamental para que as negociações pudessem existir, criando condições concretas para a pacificação da região.



            Escólio: Como os padres católicos lidam com suas emoções e sentimentos que se contrapõem às leis morais da igreja? Esta é a ideia que o filme “O Padre” (The Priest, 1994), busca transmitir. A produção irlandesa retrata diversos assuntos religiosos controversos e os aborda de uma forma chocante principalmente em relação aos católicos. O enredo retrata a vida de Padre Greg, um homossexual, na falta de melhor expressão, dividido entre sua vocação e o desejo sodomita. Concomitantemente outros paradigmas dogmáticos são colocados em xeque, como o sigilo da confissão, celibato sacerdotal, incesto e preconceito na igreja. O protagonista, novo na comunidade, é um sacerdote que acredita que o catolicismo deve ser levado a ferro e fogo. Entretanto, ao deparar-se com a dura realidade, percebe a fragilidade da contra-ideologia em que crê. Atormentado a todo o momento com o comportamento dos membros da paróquia, pela liberalidade de seu colega padre Matthew e principalmente pelo sofrimento de uma menina de 14 anos, que em confissão conta ter sido abusada sexualmente pelo próprio pai, o Padre Greg se desespera e cede aos seus desejos carnais, se envolvendo com um rapaz. O ápice da história ocorre quando a sexualidade do líder vem à tona, polêmica que viria a atribular a rotina da igreja.
            Lembramos que, de acordo com Jurandir Freire Costa no ensaio: A Inocência e o Vício: Estudos sobre o Homoerotismo (Relume-Dumará, 1992; 195 páginas): “O termo homossexualismo nos vemos implicados no constructo histórico-político-econômico-libidinal burguês do século XIX, o qual caracteriza a humanidade como dividida em heterossexual e homossexual, correlativa à normal/patológico, que transforma as vivências da experiência sexual desses sujeitos em desvio de personalidade. Remete à construção histórica a figura imaginária do homossexual como uma modalidade do humano (ou desumano) com perfil psicológico único. Falar de homossexualidade é falar de uma personagem imaginária que teve historicamente a função de ser antinorma do ideal de masculinidade burguês” (cf. Costa,1992).
            As teses de Foucault e Pasolini sobre a constituição do dispositivo discursivo da sexualidade encontram-se referenciadas em uma dupla crítica – histórica e metodológica – à hipótese repressiva da sexualidade, também analisada pela filósofa Marilena Chauí. Esse, o nó górdio entre Foucault na filosofia e Pasolini na arte cinematográfica em que pretendemos uma aproximação conceitual brevemente. Píer Paolo Pasolini era um artista solitário. Antes de ficar famoso como cineasta tinha sido professor, poeta e novelista. Entre seus livros mais conhecidos estão:Meninos da Vida, Uma Vida Violenta e Petróleo. De porte atlético e estatura média, Pasolini usava óculos com lentes muito grossas. Em 26 de janeiro de 1947 escreveu uma declaração polêmica para a primeira página do jornal Libertà: “Em nossa opinião, pensamos que, atualmente, só o comunismo é capaz de fornecer uma nova cultura”. Após a sua adesão ao PCI - Partido Comunista Italiano, participou de várias manifestações e, em maio de 1949, participou do Congresso da Paz em Paris.
Em um caso e outro se quisermos insistir neste aspecto, vejamos. Surgem dois modos possíveis de interpretação do uso do verbo “saber”. Na primeira, “saber” está ligado à crença, saber implica crer. Em sentido amplo, crer também significa “ter por verdadeiro”. Assim, crer significa, por exemplo, ter algo por existente ou ter um enunciado por verdadeiro. Em outras palavras, crer significa aceitar a verdade e a realidade sem que seja necessário apresentar provas. Em última instância é possível afirmar, que crer implica “dar por acordado que o mundo existe”. Há, portanto, uma dimensão prática e analógica que liga o “saber” (Foucault) ao mundo manifestado no “crer” (Pasolini). Esta dimensão parece apontar para o segundo modo de interpretação do uso do verbo “saber”. Desta vez, ele pode ser associado a “poder” (Foucault). Dizer que “se sabe” é o mesmo que dizer que “se pode” (Pasolini). Aqui reside o ponto central da interpretação analítica que compreende o saber como habilidade e disposição.
            Ora, a partir de Nietzsche compreendemos que toda a moral da Europa tem por fundamento “o proveito do rebanho”: a aflição dos homens mais raros e superiores estão no fato de que tudo o que ela distingue chega-lhes à consciência com o sentimento de apequenamento e de difamação. As forças do homem atual são as causas do obscurecimento pessimista: os medíocres, como de resto o rebanho, quase não possuem questões ou consciência moral, - são alegres. Para o obscurecimento dos fortes: Schopenhauer, Pascal. Tanto mais perigosa uma característica parece ao rebanho, tanto mais a fundo ele se acautela em relação a ela. No interior do rebanho, de toda comunidade, portanto inter pares, a superestimação da veracidade tem boa acolhida. Não se deixar enganar – e, por conseguinte, como pessoa moral, não enganar a si mesmo! Um compromisso mútuo entre iguais! Em relação ao que é de fora, o perigo e a precaução exigem que se esteja vigilante diante do engano: para tanto, como condição psicológica prévia, também se deve estar internamente vigilante. Desconfiança como fonte da veracidade.
            Assim,
o instinto de rebanho avalia o meio e o mediano como o que há de mais alto e valioso: a posição na qual se encontra a maioria; a maneira como ela se encontra a si mesmo; com isso, é um opositor de toda hierarquia, a qual observa uma ascensão de baixo para cima, ao mesmo tempo em que considera um descenso [Hinabsteigen] do maior número à minoria. O rebanho sente a exceção, tanto a que está embaixo dele quanto a que está em cima dele, como algo infame e que se opõe a ele. Seu truque em relação às exceções de cima, aos mais fortes, mais poderosos, mais sábios, mais férteis, é persuadi-los a desempenhar o papel de vigias, pastores, guardas – a serem os seus primeiros servidores: com isso, ele transforma um perigo em uma utilidade. No meio, cessa o temor; aqui, não se está sozinho com nada; aqui, há pouco espaço para o mal-entendido; aqui, há igualdade; aqui, o ser próprio não é sentido como uma censura, mas antes como um ser autêntico; aqui, reina a satisfação. A desconfiança dirige-se às exceções; ser exceção vale como culpa” (cf. Nietzsche, 2008: 161-162, passim). 
Estatisticamente falando do ponto de vista da religiosidade a população brasileira é majoritariamente cristã (87%), sendo sua maior parte católica (64,4%). Herança da colonização portuguesa, o catolicismo foi durante cerca de 400 anos a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de 1891, que instituiu o Estado laico. Também estão presentes os movimentos básicos do protestantismo: adventismo, batistas, evangelicalismo, luteranos, metodismo e presbiterianismo. No entanto, existem muitas outras denominações religiosas no Brasil, algumas dessas igrejas são: pentecostais, episcopais, restauracionistas, entre outras. Há mais de três milhões e meio de espíritas (ou kardecistas) que seguem a doutrina espírita, codificada por Allan Kardec. O animismo também é forte dividindo-se em candomblé, umbanda, esoterismo, santo daime e tradições indígenas (cf. Braga, 2012). Existe também uma minoria de muçulmanos, budistas, judeus e neopagãos. Enfim, 8% da população (cerca de 15 milhões de pessoas) declararam-se sem religião no último censo, podendo ser agnósticos, ateus ou deístas.
            Nas últimas décadas, tem havido um grande aumento de igrejas neopentecostais, o que diminuiu o número de membros tanto da Igreja Católica quanto das religiões afro-brasileiras. Cerca de noventa por cento dos brasileiros declararam algum tipo de afiliação religiosa no último censo realizado. O censo demográfico realizado em 2010, pelo IBGE, apontou a seguinte composição religiosa no Brasil: 64,6% dos brasileiros (cerca de 123 milhões) declaram-se católicos; 22,2% (cerca de 42,3 milhões) declaram-se protestantes (evangélicos tradicionais, pentecostais e neopentecostais); 8,0% (cerca de 15,3 milhões) declaram-se irreligiosos: ateus, agnósticos, ou deístas; 2,0% (cerca de 3,8 milhões) declaram-se espíritas; 0,7% (1,4 milhão) declaram-se as testemunhas de Jeová; 0,3% (588 mil) declaram-se seguidores do animismo afro-brasileiro como o Candomblé, o Tambor-de-mina, além da Umbanda; 1,6% (3,1 milhões) declaram-se seguidores de outras religiões, tais como: os budistas (243 mil), os judeus (107 mil), os messiânicos (103 mil), os esotéricos (74 mil), os espiritualistas (62 mil), os islâmicos (35 mil) e os hoasqueiros (35 mil). Há ainda registros de pessoas que se declarambaha`ís e wiccanos, “porém nunca foi revelado um número exato dos seguidores de tais religiões no país”.
Se na origem do“populismo” (популизм), na expressão de V. Tvardovskaia (1972), eno sentido simplificado do termo pode ser entendido como um processo mediante o qual “o popular se torna conhecido” (cf. Weffort, 1968a; 1968b), quando uma multidão de 400 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, no Vaticano, durante o funeral do Papa João Paulo II, em abril de 2005 gritava: “Santo Súbito!” temos assim, “sinais” (cf. Ginzburg, 1992: 158 e ss.) de que o papa reinventava o “populismo católico” para o mundo. Ipso facto esta expressão fará com que “João de Deus” - como é conhecido no Brasil - seja beatificado seis anos após a sua morte. Normalmente, como sabemos, a igreja leva cinco anos só para iniciar todo o processo. Além disso, temos um fato político-religioso novo: o processo se deu mais rápido, porque este era um desejo do povo, que queria que ele fosse canonizado já no dia de seu funeral. Com 27 anos de pontificado, “João de Deus” foi o terceiro papa a passar mais tempo no cargo, perdendo apenas para São Pedro (30 d.C. - 67 d. C.) e Pio XII (1846-1878).
Mas o que pode representar para Freud, como diz-nos C. Ginzburg, leitor d “ilgiovane Freud”, “ancora lontaníssimodallapsicoanalisi - lalettura dei saggidi Morelli?”.  Enfim, o que há de importante nesses aspectos, resumidamente, é que Ginzburg articula mais precisamente em seu “paradigma indiciário” (cf. Ginzburg, 1986:165;1991; 2001) onde sugere três aspectos: “sintomi” (nel caso di Freud),“indizi” (nel caso di Sherlock Holmes) e“segnipicttorici” (nel caso di Morelli). Ou seja,
la proposta diunmetodo interpretativo imperniatosugliscarti, sui datimarginali, considerati come rivelatori. In tal modo, particolariconsideratidisolitosenzaimportanza, o addirittura tri viali, ´bassi`, fornivanolachiave per accedere ai prodottipiúelevatidellospiritoumano: ´i miei avversari` scriveva ironicamente Morelli (un`ironiafattaapposta per piacere a Freud) ´si compiaccionodiqualificarmi per uno ilquale non  savedereil senso spiritualediun`opera d´arte e per questodà una particolareimportanza a mezziesteriori, qualile forme della mano, dell`orecchio, e persino, horrible dictu, dicosíantipaticooggetto qual èquellodelleunghie`. Anche Morelli avrebbepotutofarproprioil moto virgiliano caro a Freud, scelto como epigrafe dell`Interpretazione dei sogni: ´Flectere si nequeoSuperos, Cherontamovebo`. Ilnotre, questidatimarginalierano, per Morelli, rivelatori, perchécostituivano i momenti in cuiilcontrollodell´artista, legato allatradizioneculturale, si allentava per cedereil posto a trattipruamenteindividuali, ´cheglisfuggonosenzacheegli se ne accorga`. Ancorpiúdell`acceno, in quelperiodo non eccezionale, a un`attivitàinconscia, colpiscel`identificazionedelnucleo intimo dell`individualitàartisticaconglielementisottrati al controllodellacoscienza” (cf. Ginzburg, 1986: 164-165, grifado no texto).
Além disso, João Paulo II foi o primeiro papa a rezar em uma sinagoga, em Roma (Itália), o primeiro a entrar em uma mesquita em um país islâmico, em Damasco, na Síria, e o primeiro a presidir um encontro de líderes das maiores religiões mundial, no ano 1986. Não devemos perder de vista, que no ano de 1981, o extremista turco Melhmet Ali Ağca tentou matar o papa, atirando na Praça São Pedro. Nascido a 9 de janeiro numa famíliapobre da Turquia foi o terrorista que cometeu o atentado contra o Papa João Paulo II em 13 de maio de 1981, quando este circulava “em carro aberto” pela Praça de São Pedro no Vaticano. Em segundo lugar João Paulo II foi o primeiro pontífice em mil anos a ser beatificado pelo seu sucessor. O processo foi aberto em junho de 2005, por iniciativa do papa Bento XVI, a quem coube decidir pela aceleração da beatificação, sob alegativa de que “não pretendiam esperar os cinco anos de morte previstos no Código de Direito Canônico”. Pragmaticamente falando o papa Bento XVI aprovou decreto atribuindo um milagre a seu antecessor, o que abriu a démarche para a beatificação. O milagre atribuído a KarolWojtyla é a cura, aparentemente inexplicável, da freira francesa Marie Simon-Pierre, de 50 anos.
O indivíduo, ator, identidade, grupo social, classe social, etnia, minoria, movimento social, partido político, corrente de opinião pública, poder estatal, todas estas “manifestações de vida” no sentido simmeliano do termo, não mais se esgotam no âmbito da sociedade nacional, o que nos faz admitir que a diferenciação em comunidades locais, tribos, clãs, grupos étnicos, nações e até mesmo Estados, perderam ao menos algo do seu significado anterior. Na sociedade global, de outra parte, generalizam-se as relações, os processos e as estruturas de dominação e apropriação, antagonismo e integração. Modificam-se os indivíduos, as coletividades, as instituições, as formas culturais, os significados das coisas, gentes e ideias, vistos em configurações histórico-sociais. Enfim, se as ciências sociais nascem e desenvolvem-se como forma de autoconsciência científica da realidade social, pode-se imaginar que elas podem ser seriamente desafiadas quando essa realidade já não é mais a mesma. Nesse sentido é que a formação da sociedade global pode envolver novos problemas epistemológicos, além de ontológicos.
            Enfim, para concordarmos com Leonardo Boff (2007; 2010),
temos que desenvolver urgentemente a capacidade de somar, de interagir, de religar, de repensar, de refazer o que foi desfeito e de inovar. Esse desafio se dirige a todos os especialistas para que se convençam de que a parte sem o todo não é a parte. Da articulação de todos estes cacos de saber, redesenharemos o painel global da realidade a ser compreendida, amada e cuidada. Essa totalidade é o conteúdo principal da consciência planetária, esta, esta sim, a era da luz maior que nos liberta da cegueira que nos aflige”.
            Do ponto de vista teórico-metodológico Carlo Ginzburg tem um percurso de pesquisa dos mais originais e criativos, que extravasa o quadro dahistoriografia italiana (cf. Ginzburg, 1991: 169 e ss.) e mesmo da historiografia europeia. A sua obra, com efeito, introduziu diversas rupturas nas maneiras de pensar em História, mobilizou metodologias e instrumentos de conhecimento oriundos de outras áreas de saber, estabeleceu novas zonas de dialogo com as restantes ciências humanas e sociais, nomeadamente com a antropologia e a filosofia (cf. Ginzburg, 1991: 203 e ss.). Enfim, trata-se aqui de uma intervenção ativa, que procura inverter as relações tradicionais de subordinação da História no que diz respeito à produção dos meios de conhecimento, centrada numa forte preparação filológica, caracterizada pela atenção ao detalhe, ao estudo de caso, à analise do processo significativo, com a valorização dos fenômenos aparentemente marginais, como os ritos de fertilidade, ou dos casos obscuros, protagonizados pelos pequenos e excluídos, cuja verdadeira dimensão cultural e social vem sendo valorizada (cf. Ginzburg, 1988: 96 e ss.).
Outro aspecto relevante na vida política de João Paulo II é que ele foi louvado como grande liderança na arena politica internacional. Só ao Brasil, o pontífice realizou três visitas oficiais. A primeira, em 1980, foi a mais marcante. Com apenas dois anos de pontificado, João Paulo II desembarcou em Brasília no dia 30 de junho, onde se ajoelhou e beijou o chão. O gesto célebre, que ele repetia sempre que visitava um país pela primeira vez, virou a sua marca. Na ocasião de sua primeira viagem ao país, o papa percorreu treze cidades em apenas doze dias. O evento mais marcante de sua passagem foi a celebração de uma missa campal no maior estádio do mundo, o Maracanã, no Rio de Janeiro, no vigor de seus 58 anos para cerca de 160 mil fiéis presente, cantando o refrão da música tema de sua visita ao país. Foi nessa primeira visita que o papa veio a Fortaleza e durante a sua passagem ele celebrou uma missa para um Estádio Castelão que atraiu cerca de 120 mil pessoas contando ainda com a presença do Frei Aloisio Lorscheider.
Neste aspecto não queremos perder de vista,
ensutesis de doctorado sobre elMovimiento de Educación de Base enel Brasil (movimento organizado por laIglesia Católica con recursos públicos a partir de 1961 para laeducación de las capas populares del nordeste del Brasil a través de la radio y confiado a laorientación de los laicos), publicada en 1970, Emanuel de Kadt - teniendoen mente los textos del famoso seminario sobre populismo realizado enla London SchoolofEconomicsenmayo de 1967 - señalóla presencia entre losjóvenes católicos brasileños de elementos semejantes a los que marcaron al populismo rusodelsiglo XIX. La analogía entre lospatrones ideológicos del populismo ruso y de los movimentos populistas deltercer mundo había sido señalada por AndrzejWalichi, uno de losmejoresconocedoresdel populismo ruso y sobre cuyotrabajo se apoyó Kadt.2 Éste intenta dar concreción a la analogia reduciendolacaracterización de unmovimiento como populista a lautilización de unos pocoscriterios. Seríanmovimientos promovidos por intelectuales (y estudiantes) preocupados por las condiciones de vida de lasmasas oprimidas, el ´pueblo`, aparentemente incapaz de identificar por símismo sus intereses. Tales intelectualestendrían horror a lamanipulacióndel ´pueblo` y supresupuesto central sería que las soluciones para los problemas vividos por elpueblodeberíanprovenir, en última instancia, delpropio Pueblo” (cf. Paiva, 1982).
                                  

No caso do papa Francisco, talvez a postura de adotar uma linha de menos ostentação durante seu pontificado colocou o papa Francisco no centro de uma polêmica na Itália, e gerou declarações no mínimo curiosas por parte de historiadores. O escritor e historiador Vittorio Messori criticou a postura de Francisco ao dizer que a Igreja Católica não é pobre e nem deve se portar como tal, pois “Jesus não era um morto de fome”.Na entrevista ao jornal Il Fatto Quotidiano, Messori fez analogias bastantespolêmicas para explicar sua visão sobre o ministério de Jesus: “Ele vestia Armani, as suas vestes eram raras e luxuosas para a época. Ele tinha um tesoureiro que o traiu e, portanto, também um tesouro” (“Indossava Armani, i suoivestitieranorari e dilusso per il tempo. Avevauntesorierechelotradiva, e, quindi, ancheuntesoro”), afirmou.Um colega de Messori, o professor Roberto Rusconi, pondera sobre a questão: “Certamente, Jesus não era um pedinte e talvez José também não. O sentido da sua mensagem e da sua vida, não por acaso sintetizado por Francisco de Assis, está no não possuir, pois a posse gera poder”.
O papa Francisco chegou há pouco ao Palácio da Guanabara onde ocorrerá uma recepção em sua homenagem. Ele saiu do Aeroporto Santos-Dumont, onde fica a Base Aérea do III Comando Aéreo Regional (Comar) da Aeronáutica. Dois helicópteros esperavam a chegada da comitiva para levar Francisco ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio, em Laranjeiras. Assim que o papa saiu da Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro, para seguir no papamóvel pelas ruas do centro do Rio, milhares de fiéis se aglomeraram dentro e na porta da igreja e uma confusão se formou. Enquanto um grupo queria sair da igreja para seguir rumo ao Theatro Municipal, outros queriam entrar porque acreditavam que Francisco voltaria para lá. A aglomeração foi tanta que muitos reclamaram até de falta de ar. Ele não voltou à catedral. Francisco foi até o Theatro Municipal, de onde deixou o papamóvel e embarcou no mesmo Fiat Idea para seguir rumo à Base Aérea do Galeão e ir de helicóptero até o Palácio Guanabara.
            Escólio: Una Chiesa in crisi, scossa da scandali, assediata da una cristianofobiaaggressivaanche in Occidente, mache in altricontinenti si fa sanguinosa. Eppure una Chiesa ancora riccadicarismiedenergie, sofferentema viva, fermaneldesideriodicontinuarela sua marcianel tempo. Èl'ereditàche Jorge Mario Bergoglioraccoglie, conl'investituracheloconsacra papa Francesco.Trovaungregge imponente mache, percentualmente, non cresce. Trova una cadutadellevocazioniallavita religiosa che, soprattutto in Europa, ha spopolatole case canonichedelleparrocchie e i conventi. Trova un mondo chesembra sempre piùsecolarizzato, ostaggiodellanuova ideologia egemone, il ´politicamente correto`. E deve fare i conti, in seno allaChiesa, conlerivalità, i protagonismi, i vizi e ladisobbedienza. Vittorio Messori - cattolicofedeleall'ortodossiamaallergico al clericalismo e al trionfalismo - in questaanalisiveloce e informata ciricordacheleombreecclesialiconvivonoconampisquarci da cui filtra laluce. Come ciconferma una storiadue volte millenaria, laChiesapuòcontaresuun'energiaenigmaticacapacedirianimarlaanche al fondodellecrisipeggiori: per i credenti, infatti, la sua struttura terrena èaffidata a uomini sempre limitati e peccatori, mala sua essenzaè divina. La sfidacheattendeilnuovo papa èattingere, nellapreghiera e nell'azione - sullascorta dei suoigrandipredecessori - a questaforza per l'impegnopiù grande: una nuovaevangelizzazione.
Roberto Rusconi vai mais a fundo ao dizer que o problema da Igreja Católica não está nas riquezas que possui, e sim, na forma como a utiliza: “De um certo ponto de vista, nunca existiu uma Igreja pobre, enquanto que a Igreja sempre teve – como instituição – o problema de como gerir os bens que possuía, que geravam riqueza e principalmente poder. Entre os seguidores de Francisco de Assis, que haviam partido com a rejeição de toda forma de propriedade e, portanto, de poder, e que depois foram se enchendo de esmolas e bens, abriu-se a discussão sobre a possibilidade de um ususpauper. Em outras palavras, pode ser extremamente anti-histórico usar a categoria de pobreza fora do contexto. O problema da Igreja consiste nos bens que geram a riqueza e não são utilizados para os pobres”, contextualizou.O professor conclui seu raciocínio criticando as declarações de Messori: “[O papa] escolheu o nome de Francisco. A sua insistência sobre a pobreza e os pobres deve ser remetida a essa chave: quem são os pobres e que uso se pode fazer dos bens da Igreja para os que precisam. Se a Igreja de Roma deve se livrar das riquezas, isso não se faz em um dia. Se quisermos nos colocar no plano das piadas, é fácil demais. Na cruz, Jesus não estava vestido com Armani, e o sepulcro não havia sido projetado por Renzo Piano [arquiteto italiano renomado]”.
Em 1984 foi celebrado na Praça São Pedro, no Vaticano, o Encontro Internacional da Juventude com o Papa João Paulo II, por ocasião do Ano Santo da Redenção. Na ocasião, o Papa entregou aos jovens a Cruz que se tornaria um dos principais símbolos da JMJ, conhecida como a Cruz da Jornada. O ano de 1985 foi declarado Ano Internacional da Juventude pelas Nações Unidas. Em março houve outro encontro internacional de jovens no Vaticano e no mesmo ano o Papa anunciou a instituição da Jornada Mundial da Juventude.Todos os anos ela acontece em âmbito diocesano, celebrada no Domingo de Ramos e, com intervalos que podem variar entre dois e três anos, são feitos os grandes encontros internacionais. A primeira Jornada Mundial da Juventude, realizada em Roma em 1986, teve como lema: “Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês” (1Pd 3, 15). A celebração aconteceu em âmbito diocesano.
A XXVIII Jornada Mundial da Juventude (JMJ) ocorre de 23 a 28 de julho de 2013 no Rio de Janeiro, Brasil. Pela primeira vez, esse evento da Igreja Católica se dá em um país cuja língua portuguesa é majoritária, e pela segunda vez em um país da América do Sul - o primeiro encontro no subcontinente foi na Argentina em 1987. A escolha da cidade brasileira foi feita pelo então Papa Bento XVI em 2011, no encerramento da Jornada Mundial da Juventude daquele ano. É o primeiro encontro da juventude católica que terá a frente o Papa Francisco.O tema da Jornada Mundial da Juventude de 2013 foi inspirado em um versículo do Evangelho de Mateus: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações!” (Mt 28, 19).A visão de Mateus sobre a missão é caracterizada pelo “grande envio” relatado no final de seu evangelho (Mt 28,16-20). – “Os onze discípulos voltaram à Galileia....Quando o viram prostraram-se; mas alguns tiveram dúvida. Jesus se aproximou deles e disse:- ´Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos”.
Há três verbos no “grande envio” que destacam o caminho da missão. A expressão “fazer discípulos” é a mais central. O “fazer discípulos” é a expressão chave para o caminho da missão. A expressão “fazer discípulos” aparece somente quatro vezes no Novo Testamento: três vezes em Mateus (13,52; 27,57; 28,19) e uma vez nos Atos (14,21). Para Mateus, o termo “discípulo” não se refere somente aos doze apóstolos (como aparece em Marcos e Lucas). Discípulo é o protótipo da Igreja e inclui, também, todos os “discípulos”. Portanto, “fazer discípulos” significa convidar outros a ser o que eles mesmos são: os que esperam o Reino de Deus (5,20) e são o sal e a luz do mundo (5,13). Para Mateus, o que se aplica a Jesus diz-se também em relação aos discípulos. Em Mt 10,24, - “O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Para o discípulo basta ser como o seu mestre, e para o servo, ser como o seu senhor”, no sofrimento e na autoridade missionária.
Há, porém, diferenças entre um e outros. Ele, Jesus, é o Senhor. Os discípulos não são perfeitos e experimentam a fraqueza e as contradições. Muitas vezes são classificados como pessoas de "pouca fé", cheios de dúvidas e receios.A fragilidade e a vulnerabilidade dos discípulos são experimentadas em sua própria identidade: eles estão vivendo à beira da hostilidade dos judeus e pagãos. Assim aconteceu com Jesus. A missão nem sempre é vivida na certeza; muitas vezes se abastece da fraqueza. Há sempre uma tensão dialética entre adoração e dúvida, entre fé e medo. Mateus é o único evangelista que põe na boca de Jesus o termo: “Igreja” (Ekklesia) (cf. Mt 16,18 e 18,17). Não se trata aqui da conotação de uma instituição ou denominação. Enfim, a XXVIII Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 23 a 28 de julho de 2013 no Rio de Janeiro. O evento custará aos cofres públicos do Brasil aproximadamente R$ 120 milhões. Mas o impacto social não se refere apenas ao plano da reprodução ideológica econômica, mas, sobretudo no plano da ecologia. Sob a justificativa de “limpar” uma área para celebrar uma missa campal, 334 árvores de área proteção ambiental foram cortadas pelos famigerados organizadores da JMJ. Estejamos atentos! Bibliografia geral consultada:

BRAGA, Ubiracy de Souza, “Joseph Ratzinger e a sucessão papal sem morte”. In:http://httpestudosviquianosblogspotcom.dihitt.com/n/religiao/2013/02/15/; Idem, “Martin Heidegger e o caráter de apelo da consciência: Be-deuten”. Disponível no site: http://www.oreconcavo.com.br/2012/01/16/; Idem,“Grã-Bretanha: Devolva a Irlanda aos irlandeses”!In: http://httpestudosviquianosblogspotcom.dihitt.com/n/opiniao-e-noticias/2012/08/06; Idem, “Grande Jorge - 100 Anos de Nascimento”. Disponível em: http://httpestudosviquianosblogspotcom.dihitt.com/n/arte-cultura/2012/08/17/; Idem, “João de Deus e a reinvenção do Populismo Católico”. Disponível em: http://oblogdoabelha.blogspot.com.br/2011/06/; Idem, “João de Deus e a reinvenção do Populismo Católico”.In :http://espacoacademico.wordpress.com/2011/06/29/; Idem, “A Estapafúrdia Visão de Joseph Ratzinger”.: http://www.oreconcavo.com.br/2010/09/24/; COSTA, Jurandir Freire, A Inocência e o Vício: Estudos sobre o Homoerotismo.Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992; PRANDI, Reginaldo, “Dei africaninell’ odiernoBrasile: Introduzzionesociologicaal candomblé”. In: Luisa FaldiniPizzorno (org.), Solto le acqueabissali. Firenze: Aracne, 1995; ARENSBERG, Conrad.,Family and community in Ireland.Europe: Harvard University Press, 1968; WOOLF, Stuart (ed.), Nationalism in Europe, 1850 to the Present: A Reader. London: Routledge, 1995; LEERSSEN, Joep., Mere Irish and FíorGhael: Studies in the Idea of Irish Nationality, Its Development and Literary Expression prior to the Nineteenth Century. Cork: Cork University Press, 1996; WRIGHT, Patrick & LYONS, Evanthia., “Remembering pasts and representing places: the construction of national identities in Ireland”. In: Journal of Environmental Psychology. Vol.17.1 (1997): 33-45; FITZGERALD, Valpy, STEWART, Frances, VENUGOPAL, Rajesh (Editors)., Globalization, Violent Conflict and Self-Determination. PalgraveMacmillan, 2006; WEFFORT, Francisco Correia, Classes Populares e Política (Contribuição ao Estudo do ´Populismo`). Tese de Doutorado. F. F. L. C. H/ USP. São Paulo, 1968a; Idem, “El Populismo enla Política Brasileña”. In: Brasil Hoy. México: SigloVeintiuno Editores, 1968b; TVARDOVSKAIA, Valentina, El Populismo Russo. México: SigloVeintiuno Editores, 1972; Artigo: “O Papa dos Pobres”. Revista Veja. Ano 46 n° 30, 24 de junho de 2013; Artigo: “Historiador critica o papa Francisco por aproximação com pobres e diz que Jesus vestia Armani”. In: http://noticias.gospelmais.com.br/; Artigo: “Papa Francisco provoca expectativa de renovação da Igreja Católica”. Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2013/07/; Artigo: “Jovens se vestem como São Francisco de Assis, dormem no chão, fazem jejum e vivem para ajudar”. Disponível em: http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2013/07/; Artigo: “O Papa vem para a rua”. Disponível em: Revista Época: Reportagem Especial: “10 lições de vida do papa”. 22 de junho de 2013, pp. 38-51;       ENGLISCH, Andreas, “Francisco é o primeiro papa livre da história”. In: Revista Época, 22 de junho de 2013, pp. 52-60; PAIVA, Vanilda, “Populismo católico y educación, una experienciabrasileña”. Em: Cuadernos Políticoscon número 34, México D.F., Editorial Era;octubre-diciembre 1982, pp. 22-39; AQUINO, Tomás de, SummaTheologica. 2ª edição. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, 1980-1981;AGOSTINHO, Santo, A Doutrina Cristã. São Paulo: Edições Paulinas, 1991; GINZBURG, Carlo, “O inquisidor como antropólogo: uma analogia e suas implicações”. In: GINZBURG, Carlo “et alii”, A Micro-História e outros ensaios. Rio de Janeiro: Editora Bertrand, 1991; Idem, Miti, Emblemi, Spie- Morfologia e Storia. Torino: Einaudi Editore, 1986; Idem, “Um lapso do papa Wojtyla”. In: Olhos de Madeira. Nove Reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia das Letras, 2001; NIETZSCHE, Friedrich, Além doBem e do Mal. São Paulo: Companhia das Letras, 2005; Idem, A Vontade de Poder. Rio de Janeiro: Editor Contraponto, 2008; pp. 161 e ss.; BOFF, Leonardo, A Nova Era: AConsciência Planetária. Rio de Janeiro: Record Editora, 2007; Idem, “Uma história épica: irmãs negras”. In: Diário do Nordeste. Fortaleza, 23 de novembro de 2009; Idem, “A Sociedade Mundial da Cegueira”. In: Jornal O Povo, Fortaleza, 22.02.2010; entre outros. 

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