Fazer da morte um acontecimento, isto é, um belo movimento de vida, evitando assim que não se transforme a vida em um canto de morte, eis o que torna cada um experimentador não da eternidade, mas da invenção cotidiana da própria vida. Inventar a vida, em todos os instantes, não é nossa “santa vingança” contra a morte, embora sabendo, como os grandes artistas, que só os organismos morrem? A arte não é algo que resiste a morte, tornando-a acontecimento? A morte, pois, como reinvenção dos sentidos, ali onde tudo parecer padecer. O artista, o pintor, sobremodo o barroco, ao representar um morto ou a morte com imagens não são mais terrestres, não mais humanizadas, não associa a morte a certa forma de sedução ou de erotismo, à maneira do cinema contemporâneo japonês? A morte como acontecimento, ao ultrapassar as fronteiras do Ocidente, não encontra no luto do “Outro” um limiar de vida, um puro acontecimento?
Palestra com Daniel Lins gravada no dia 5 de novembro de 2008.
Assista à íntegra da palestra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela sua observação ;)