Sobre
o massacre de monges católicos em Tibhirine.
Ubiracy de Souza Braga*
“Se nos calarmos, as pedras de Oued gritarão...”. Jornal La
Croix, 24 de fevereiro de 1994.
História dos últimos meses de
vida de monges católicos em Tibhirine (Argélia) em 1996.
Escólio: No
dia 1º de outubro de 1978, frei Christian de Chergé faz a profissão solene na
Trapa de Tibhirine, onde, aos 39 anos, se comprometeu a viver pelo resto da
vida. Naquela sexta-feira, as orações dos monges se misturam, para além dos muros
do mosteiro, às dos seus “irmãos muçulmanos” (cf. Braga, 2011; 2012). A
comunidade dos monges do Atlante e a Igreja argelina são conscientes da
importância de tal acontecimento, que não havia mais ocorrido desde 1952. Um
quarto de século durante o qual a guerra da Independência correu o risco de
fazer com que o mosteiro desaparecesse. Notre-Dame de Tibhirine foi fundada no
dia 7 de março de 1938, por 12 monges cistercienses vindos de Rahjenburg, na
Iugoslávia (atual Eslovênia), e de Aiguebelle, na Drôme (Departamento da
França). O mosteiro Notre-Dame de Atlas é uma propriedade de 375 hectares sobre
as colinas de Médéa, onde os monges “vivem de oração e do seu trabalho agrícola”.
___________________
* Sociólogo
(UFF), cientista político (UFRJ), doutor em ciências (USP) junto à Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de
Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
A
vida de Notre-Dame de Atlas é retomada, embora a presença dos monges se
tornasse mais discreta. A superfície da propriedade se reduz a pouco mais de
uma dezena de hectares, a comunidade se compromete junto às autoridades a uma
estrita reserva e a não superar os 12 monges. Frei Luc atende no dispensário,
mas os monges limitam suas atividades sociais, privilegiando uma convivialidade
mais espiritual: - “Chegamos a nos definir como orantes em meio a outros
orantes. Os convites para a oração, que vêm do nosso sino ou do muezzin,
estabelecem entre nós uma sadia imitação recíproca”. Nesse texto, escrito para
o Sínodo Romano sobre a vida consagrada em 1994, a comunidade conclui: “Temos a
sensação de ser mais bem compreendidos do que certos mosteiros no seu ambiente
de antiga cristandade. E depois seria vão buscar ser compreendidos...”. O
diálogo inter-religioso, porém, tornou-se mais formal com os encontros de
Ribât-el-Salam (“o vínculo da paz”), que reuniram, desde 1979, cristãos e
membros da confraria Sufi.
O
nascimento e desenvolvimento dos Estados modernos fez com que o lugar da
Igreja, dentro da sociedade, se tenha modificado, privando-a, em parte, do seu
poder temporal bem como do monopólio da cultura. A discussão situou-se, a dada
altura, mais na distinção entre Igreja e seita religiosa. Hoje, essa reflexão
faz-se numa tentativa de compreensão dos novos movimentos religiosos. Max Weber
opôs Igreja à seita como uma instituição de salvação e um agrupamento
voluntário de convertidos. Enquanto a Igreja privilegia a sua extensão, a seita
coloca a sua tônica na intensidade de vida dos seus membros. Por sua vez, E.
Troeltsch acrescenta outro ponto: a seita opõe-se à Igreja e à rede mística,
portadora da religiosidade livre, fora da instituição. A Igreja seria desta
forma, universal, preexistindo aos seus membros, aos quais se impõe. A Igreja,
na sua vocação de extensividade, está pronta a compromissos com as instituições
da vida pública em geral e com o Estado, interferindo na sociedade e nas
culturas, e recebe no seu seio os crentes oriundos dos vários estratos sociais
e econômicos. A seita nasce da decisão voluntária de adesão dos seus membros e
do contrato que estabelecem entre eles e Deus. Por se retrair em relação à
sociedade global e à sua cultura, a seita dá origem a uma subcultura própria.
Tendo
ambos chegados em 1946, Frei Amédée dá aulas para as crianças do vilarejo,
enquanto Frei Luc dispensa os seus cuidados como médico. Mas o equilíbrio que
se criou foi destruído pela guerra. Em 1959, o imã de Médéa foi preso pelo
exército francês. Os resistentes argelinos raptam Frei Luc e um frei italiano
para usá-los como moeda de troca. Depois de sete dias de caminho, são libertados
porque os fellaghas (rebeldes argelinos)
defenderam “a causa do monge que havia cuidado deles no passado”. Conquistada a
Independência política do país, coloca-se o problema da sobrevivência de
Tibhirine. A Igreja Católica local não tem mais fiel e os monges votarão pelo
fechamento “progressivo” do mosteiro. Mas Dom Léon Etienne Duval, arcebispo de
Argel, convida a ordem cisterciense a se mobilizar por Tibhirine. Graças ao
mosteiro de Timadeuc (Morbihan) e de Aiguebelle, chegam oito novos freis em
1964.
“Le terme fellaga (فلاقة), pluriel de fellag
(فلاق), désigne
traditionnellement au Maghreb un bandit
de grand chemin. Il correspond au mot
de l'arabe littéral signifiant pourfendeur
ou casseur de têtes. Le mot, qui a
un sens péjoratif en arabe, désigne plus précisément, dans le contexte de la
guerre d`Algérie, les partisans de l'indépendance de l'Algérie ; soit, de
manière globale, les combattants liés au FLN (et, de manière plus précise, les
membres de l`ALN) ou au MNA.Le mot était également remplacé, dans l'argot
militaire ou colonial, par celui de fellouze, ou abrégé en fell ou fe” (cf. Queffélec,
2002).
Foto:
Fellaga tunisien exhibant ses armes.
Argélia,
em árabe: الجزائر, transl. al-Jazā’ir; em tamazight: Dzayer,
oficialmente República Democrática e Popular da Argélia, é um país da África do
Norte que faz parte do Magreb. Sua
capital é Argel, no norte do país, na costa do Mediterrâneo. Com uma superfície
de 2 381 741 km², é o maior país à volta do Mediterrâneo e o mais extenso da
África, após a divisão entre o Sudão e o Sudão do Sul. Partilha suas fronteiras
terrestres ao nordeste com a Tunísia, a leste com a Líbia, ao sul com o Níger e
o Mali, a sudoeste com a Mauritânia e o território contestado do Saara Ocidental,
e ao oeste com Marrocos. A Argélia é membro da Organização das Nações Unidas
(ONU), da União Africana (UA) e da Liga Árabe praticamente depois de sua Independência,
em 1962, e integra a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
desde 1969. Em fevereiro de 1989, a Argélia participou com os outros estados
magrebinos, para a criação da União do Maghreb
Árabe.
A
Constituição argelina define “o islã, os árabes e os berberes” como “componentes
fundamentais” da identidade do povo argelino, e o país como “terra do islã,
parte integrante do Grande Magreb, do Mediterrâneo e da África”. O “Magrebe” ou
“Magreb”, em língua árabe, المغرب, Al-Maghrib, que significa “poente” ou
“ocidente” é a região noroeste da África. Em sentido estrito, inclui Marrocos, Sahara
Ocidental, Argélia e Tunísia. O “Grande Magreb” inclui também a Mauritânia e a
Líbia. Na época do Império Romano, era conhecido como África menor. Al-Maghrib opõe-se a Machrek (“nascente”), que designa “o
oriente árabe e se estende desde o Egito até o Iraque e a Península Arábica”. A
região foi dominada pelos árabes e pela sua religião, o Islão, durante mais de
1300 anos. Argélia e Líbia são países grandes e grande parte do seu território
é desértica. Porém, tanto um como o outro, e ainda a Tunísia, possuem reservas
abundantes de petróleo e gás natural. A agricultura, tornada possível através
de projetos de irrigação, é ainda importante para a região. Muitos habitantes
são nômades, andando de terra em terra com as suas manadas ou rebanhos.
Politicamente
falando a insurgência islâmica no Magrebe representa “o conjunto das operações
de grupos que se referem ao terrorismo islâmico no território do Magrebe e do
Sahel, na África Norte-Ocidental, desde 2001”. O Magrebe, ou mais
especificamente, Argélia, Mauritânia e Marrocos, é objeto de uma insurgência
travada desde 2002 pela milícia islâmica neo-Khawarij, Grupo Salafista para a Pregação e o Combate ou GSPC. Aliado com o Al Qaida
no Magreb o GSPC Islâmico é contra o governo argelino. Essa aliança criou uma
divisão dentro do GSPC e levou à criação do Grupo Salafista Livre (GSL), “outro grupo militante de oposição ao
governo argelino e aos interesses ocidentais”. O conflito é uma continuação da
guerra civil da Argélia, que terminou em 2002, e desde então se espalhou para
outros países vizinhos. Em 2003, juntamente com o seu aliado regional a
Argélia, os Estados Unidos da América - EUA lançaram o “segundo front” da chamada
“guerra contra o terrorismo” através da região do Sahel, no sul do Saara, que
tinha hospedado al-Qaeda e simpatizantes islâmicos que fugiram do Afeganistão.
Historicamente
a situação na Argélia vinha se complicando desde a década de 1970, com a
emergência de núcleos islamistas radicais no campo social. Estava em curso um projeto
de criação de um Estado islamista, com importantes núcleos de apoio nas
mesquitas, escolas e universidades. Firma-se a Fronte Islâmica da Salvação (FIS), com a intenção de moralizar a
sociedade mediante o cumprimento restrito da Lei islâmica (Chari´a). As ideias de Mawdudi influenciaram fortemente Sayyid Qutb
no Egito. Qutb foi um dos principais filósofos do movimento da “Sociedade de
irmãos muçulmanos”, que in statu
nascendi ocorre no Egito em 1928; foi banida, mas continua a existir na
ilegalidade, após confrontações com o então presidente Egípcio Gamal Abdel
Nasser, que mandou executar Qutb e
muitos outros. A irmandade muçulmana fundada por Hassan al-Banna defendia um
regresso à charia, chariá, xaria ou xariá: em árabe شريعة, também grafada sharia,
shariah, shari’a ou syariah, “é o
nome que se dá ao código de leis do islamismo”.
Entretanto,
o termo charia deriva do verbo árabe
“shara’a”, em árabe: شرع, que está
ligado à ideia de um “sistema de lei divina”, um “caminho de crença e prática”
(cf. Corão, 45: 8). Em português, xariá “é a forma preferencial”, segundo o
dicionário Aurélio da Língua Portuguesa que também admite a variante chariá. Em várias sociedades islâmicas,
ao contrário da maioria das sociedades ocidentais dos nossos tempos, não há
separação entre a religião e o direito, todas as leis, sendo religiosas e
baseadas ou nas escrituras sagradas ou nas opiniões de líderes religiosos,
tendo em vista o que era por eles percebido como a incapacidade de “os valores
ocidentais assegurarem a harmonia e a felicidade dos muçulmanos”. A Irmandade
Muçulmana, em árabe: جمعية الأخوان المسلمون ,ou, jamiat al-Ikhwan al-muslimun, literalmente; em português, Sociedade de Irmãos Muçulmanos, é uma
ordem islâmica fundamentalista. Enfim, a charia é, atualmente, a lei religiosa
mais utilizada, e um dos três sistemas legais mais comuns do planeta,
juntamente com a “common law” anglo-saxônica e o sistema romano-germânico.
Nas
eleições municipais de junho de 1991 o FIS garante a vitória no primeiro turno.
O processo vem interrompido com a intervenção da armada argelina, que
interrompe o processo eleitoral e acirra assim o conflito com a guerrilha
islamista. Os atentados vão se multiplicar no período. Em dezembro de 1993 os
grupos islamistas vão obrigar os estrangeiros a deixarem o país e muitos o
fazem. Outros, porém, decidem permanecer, e as consequências foram drásticas.
Em testemunho pessoal sobre a atuação da igreja católica na Argélia, o
arcebispo local, Mgr Teissier, fala do sofrimento vivido na ocasião, em
decorrência da crise islamista. Nada menos do que 10% dos padres, religiosos e
religiosos da diocese da Argélia foi exterminado, num total de dezenove mortes.
A violência atingiu ainda mais largamente o povo argelino, ceifando cerca de
150.000 pessoas (cf. Duteil, 1996; Guitton, 2001; Balhi, 2002; Kiser, 2006;
Henning, 2006; Sherman, 2007; Mengus, 2008; Lassausse e Henning, 2010; Braga,
2011a; 2011b).
Em
discurso pronunciado aos muçulmanos das Filipinas, em 1981, o papa João Paulo
II (cf. Braga, 2011) insistia na experiência da fraternidade entre muçulmanos e
cristãos e dizia que os cristãos necessitam do amor dos muçulmanos, e essa era
uma condição importante para a realização de uma paz verdadeira. Christian de
Chergé (cf. Salenson, 2009) gostava de citar essa passagem, para ele
inspiradora da experiência do Ribât. Trata-se de um caminho privilegiado para o
diálogo inter-religioso, centrado na oração e na contemplação. O objetivo “era
favorecer a possibilidade de um exercício maior de conhecimento e amor do
outro, mediante a escuta atenta do Mistério de Deus”. Para Christian, a
presença dos Alawis proporcionou o
exercício da humildade, peça essencial para qualquer diálogo inter-religioso. O
diálogo requer respeito, cortesia e delicadeza, não só em razão de sua natureza
mesma, mas igualmente como expressão de possibilidade de percepção da “fé do
outro como um dom de Deus”. E a oração em comum abre esse caminho singular.
Trata-se de um “espaço privilegiado”, no qual “Deus pode inventar algo de
novo”, um espaço onde o Espírito Santo “faz o seu trabalho”.
Um
monge é uma pessoa devotada à vida monástica e de clausura. A tradição
monástica está presente em várias religiões do mundo: budismo, jainismo,
taoísmo, lamaísmo, cristianismo e anglicanismo são algumas das que têm
seguidores que adoptam a vida monástica. Os monges católicos, que podem ser
clérigos ou leigos, seguem uma regra de uma determinada ordem religiosa
monástica e residem em mosteiros, enquanto que os frades e freiras residem em
conventos. Os monges seguem uma vida de desapego aos bens materiais e de
contemplação e serviço a Deus. Na Idade Média, os membros do clero regular, do
qual grandes partes dos monges faziam parte visto que existem também monges que
são leigos, eram os mais instruídos da época. Os monges mais famosos da época
eram os Beneditinos, que é uma ordem religiosa monástica criada por São Bento.
O seu carisma caracterizava-se por aliar o trabalho à oração. Foram os grandes
guardiões do conhecimento clássico, mediante as suas bem fornecidas bibliotecas
e do seu trabalho de copistas descrito no livro de Umberto Eco, Il nome della rosa (1980). Também
fomentaram o trabalho manual, nomeadamente na agricultura, tendo sido a sua
presença e ação em muitas regiões da Europa fundamental para a introdução e
desenvolvimento de novas culturas e processos técnicos, com grandes implicações
ao nível do povoamento.
E porque não rememorarmos (Benjamin)
a relação estabelecida pelo escritor Umberto Eco com os copistas em sua trama no mosteiro beneditino:
“Il nome della rosa è un romanzo scritto da Umberto Eco ed
edito per la prima volta da Bompiani nel 1980. Dopo aver pubblicato numerosi
saggi, il noto semiologo decise di scrivere il suo primo romanzo, cimentandosi
nel genere del giallo storico ed in particolare del giallo deduttivo. Tuttavia
il libro, come ha notato Antonio Gnoli di Repubblica, può essere considerato un
incrocio di generi, a metà strada tra l`erudito, lo storico e il narrativo.
L`opera, ambientata sul finire dell`anno 1327, si presenta come il manoscritto
del monaco Adso da Melk, che ormai anziano mette su carta i fatti vissuti da
novizio molti decenni addietro in compagnia del suo maestro Guglielmo da
Baskerville. La narrazione, si svolge all`interno di un monastero benedettino
dell`Italia settentrionale, ed è suddivisa in sette giornate, scandite dai
ritmi della vita monástica” (cf. Eco, 1983; Pischedda, 1994; Cotroneo,
2001).
A
história discorre no século XIV dentro de uma abadia beneditina italiana. Em
meio a tantas paredes que reflete a paz e a taciturnidade dos beneditinos existe
ali um barulho misterioso que inquietam os ouvidos e os corações dos monges.
Neste sentido, a clausura perde seu sentido mais pleno e mais nobre, o
silencio. Contudo, por outro lado o sentido do “ora et labora” é bem observado
neste filme. Em cenas distintas pode-se observar, hora os monges rezando e hora
os monges trabalhando. O trabalho por sua vez, aparece em locais diversos, seja
numa biblioteca, no campo, cozinha, celeiro e etc. Mas a trama se volta
basicamente no trabalho da biblioteca. Nesta os monges copista trabalhavam na
transliteração dos livros gregos para a língua vernácula. Contudo, um desses
livros guarda um grande mistério responsável pelas mortes que vem atormentando
aquela abadia. O livro como deixa clara o filme é o segundo livro da Poética de
Aristóteles que causava riso e uma nova forma de conhecer o mundo. A trama “Il
nome della rosa” que passou das páginas fascinantes do livro de Eco Babeno,
está no filme que para todas as épocas foi, é e será motivo de discussões nos
seus aspectos; econômico, social, cultural e religioso.
É
nesta situação de instabilidade e precariedade que se insere a comunidade de
Tibhirine, objeto de nossa reflexão. Em
duros anos de tormenta os monges debateram-se no difícil dilema: “sair ou
permanecer na Argélia”. Apesar dos inúmeros conselhos dados, incluindo os do
Abade Geral da ordem dos trapistas, Dom Bernardo Oliveira, e de Mgr Teissier,
arcebispo da Argélia, os monges resolveram permanecer. A saída seria para eles “a
ruptura de um laço de amizade com o povo argelino, construído ao longo de muitos
anos de rica convivência”. Em passagem de seu testamento, datada de dezembro de
1993, Christian de Chergé assinala:
“se algum dia me acontecesse - e isso poderia acontecer hoje - ser
vítima do terrorismo que parece querer abarcar agora todos os estrangeiros que
vivem na Argélia, eu gostaria que a minha comunidade, a minha Igreja, a minha
família, se lembrassem de que a minha vida estava entregue a Deus e a este
país. Que eles soubessem que o Único Mestre de toda a vida não me abandonaria
nesta brutal partida”.
No
final de 1993, doze croatas cristãos são assassinados, ali mesmo nas
proximidades do mosteiro. Outras nove mortes envolvendo padres e religiosos/as
acontecem nos anos de 1994 e 1995. Tudo indicava que chegaria a vez dos monges
trapistas. E isto ocorre em março de
1996, quando sete membros da comunidade são sequestrados pelo Grupo Islâmico Armado (GIA) e levados
para as montanhas da redondeza. São eles freis Christian, Bruno, Célestin,
Christophe, Luc, Michel e Paul. Em maio de 1996, chega a notícia do assassinato
coletivo. Depois, o golpe de Estado militar de 1992 e a dissolução da Frente Islâmica de Salvação (FIS) abrem
caminho para uma concatenação de violências. No dia 14 de dezembro de 1993,
operários iugoslavos cristãos são degolados em um canteiro de obras situado
perto do mosteiro para onde se dirigiam para as festas.
Comovidos,
os cistercienses dão testemunho dessa tragédia, pouco referida pela mídia, e de
modo geral pela literatura crítica, em um texto enviado ao jornal La Croix (24 de fevereiro de 1994): “Se
nos calarmos, as pedras de Oued gritarão...”. Na noite de Natal, a comunidade
recebe, por sua vez, a visita do comando, conduzida pelo emir Sayyat Attiya,
que veio para “coletar a taxa para a revolução e para levar embora frei Luc”. O
prior, frei Christian, se recusa, mas lhe diz que o médico continuará cuidando
daqueles que se apresentarem ao mosteiro. O seu sangue frio deixa perplexo o
emir, que retorna para a montanha. Naqueles anos de fogo, os assassinatos de
religiosos se multiplicam, enquanto os fundamentalistas islâmicos intimam os
franceses a deixar a Argélia. Defendidos pelo arcebispo de Argel, Dom Henri
Teissier, os monges de Tibhirine irão escolher, por meio de voto, ficar.
Durante um encontro com o wali
(prefeito) de Médéa, o prior rejeita a presença dos militares nas proximidades
do mosteiro, mas os monges se empenham a limitar as relações com o mundo
externo e a fechar as portas às 17h30.
Enquanto
aumentam os confrontos na região, onde os fundamentalistas islâmicos se
escondem, os monges tentam respeitar uma neutralidade entre aqueles que chamam,
por desejo de pacificação, de “os irmãos da montanha” (“Islamic fundamentalists”)
e “os irmãos da planície” (os militares). Eles sabem que a sua vida está
suspensa por um fio, como provarão os textos publicados depois, dentre os quais
o comovente testamento espiritual de Christian de Chergé (cf. Salenson, 2009). Regularmente,
os grupos armados batem na porta do mosteiro para obter tratamentos. Depois,
tudo precipita na noite entre os dias 26 e 27 de março de 1996. Naquela semana,
que precede o Domingo de Ramos, o mosteiro acolhe diversos hóspedes. É uma
festa móvel cristã celebrada no domingo antes da Páscoa. A festa comemora a
entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, um evento da vida de Jesus mencionado
nos quatro evangelhos canônicos (Marcos 11:1, Mateus 21:1-11, Lucas 19: 28-44 e
João 12:12-19). Em muitas denominações cristãs, o Domingo de Ramos é conhecido
pela distribuição de folhas de palmeiras para os fiéis reunidos na igreja. Em
lugares onde é difícil consegui-las por causa do clima, como no nordeste
brasileiro, ramos de diversas árvores são utilizados. Frei Bruno, prior da
comunidade de Fès, anexo à de Notre-Dame de Atlas, criada em 1990 no Marrocos,
veio para a eleição de um novo prior. Alguns membros da comunidade cristã
argelina participam de uma reunião do Ribât-el-Salam. O traço peculiar da vida
e ação de Christian de Chergé encontra-se no campo da espiritualidade. O seu
trabalho foi marcado “por uma experiência novidadeira de abertura e
aprofundamento dialogal com o outro muçulmano”. O toque de sua percepção do
diálogo inter-religioso não estava fixado no âmbito teórico ou acadêmico, mas
da experiência espiritual.
O
produtor e roteirista Etienne Comar etnograficamente se valeu dos arquivos de
imprensa, dos jornais escritos pelos monges e das anotações de Chergé (cf.
Salenson, 2009), caracterizadas por uma sólida vocação em favor do outro, em particular
os irmãos muçulmanos. Para reunir todos os elementos da história, foi preciso
construir um “retrato monástico” detalhado dos princípios seguidos pelos monges
trapistas, inclusive a tensão pela qual estavam passando, o que pode ser
percebido até nas letras das inúmeras orações que são reproduzidas no filme. No
desempenho expressivo do elenco, fica evidente que o fato de os atores se
sentirem tocados pelos laços de amor entre os monges e a população muçulmana
foi um dado importante para o resultado final. O filme - que ganhou o grande
prêmio do júri em Cannes e o troféu
ecumênico que reconhece produções com cunho social e humanístico - busca
uma atenção especial dos espectadores.
É
desse ponto de vista que Des hommes et
des dieux, filme francês de 2010, de gênero dramático, dirigido pelo
cineasta Xavier Beauvois, é daqueles raros filmes que nos apresentam uma aparente
e inesgotável possibilidade de reflexão. Muito já se comentou sobre o contexto
do massacre dos monges trapistas na cidade de Tibhirine, na Argélia, em 1996. A
situação política do país era de instabilidade, e ações de violência por parte
de grupos extremistas tornava-se cada dia mais frequente. Diante deste cenário,
a tranquila presença dos monges na comunidade local tornou-se completamente insegura.
Temendo que pudessem ter suas vidas ameaçadas, os monges franceses colocam em
pauta a necessidade de saírem daquele local. Com o medo de um eventual ataque,
alguns monges manifestaram o desejo de voltarem para a França. Porém, nem todos
estavam dispostos a abandonar a comunidade, “mesmo sabendo que as
possibilidades de um massacre eram reais” (“even though the chances of a
massacre were real”). Partiu do prior o encorajamento para que os monges
decidissem ficar, levando até às últimas consequências o sentido da fé cristã e
da vocação à vida religiosa.
Queremos
chamar atenção para a expressão: “medo de permanecer” que tomou conta de alguns
monges. O medo é um fenômeno psicológico. Ele é criado dentro de nossas mentes
a partir de uma combinação de traumas, expectativas e receios. Embora possamos
tentar nos afastar dele, se a crença que o alimenta não for alterada ele
continuará habitando nosso inconsciente (Freud). Não há como refugiar-se é
preciso enfrentá-lo. Mas enfrentá-lo de que maneira? A vontade de abandonar um
local de risco revela uma das essências da humanidade: a fraqueza. A decisão de
permanecer só foi possível diante da demonstração da fraqueza na fé que alguns
monges temerosos, queriam apenas preservar suas próprias vidas. Assim, o
massacre dos monges trapistas em Tibhirine nos apresenta um elemento
fundamental da vocação (Weber) à vida religiosa: também a fraqueza. Será que um
aspirante à vida religiosa terá a coragem de acolher integralmente a fraqueza
para assumir sua vocação? Durante a madrugada os monges foram sequestrados por
um grupo extremista.
A
intenção do sequestro é negociar a libertação de líderes daquele grupo presos
na França. O filme é encerrado com uma cena real e simbólica dramática, que
mostra monges caminhando sob uma forte nevasca rumo ao massacre. Isto tudo tem
muito a nos ensinar. Não existe testemunho cristão e entrega à vida religiosa
sem passar pela exaltação da fraqueza, seguido de um percurso frio... Esta
fragilidade aparente de alguns monges ao quererem sair daquele lugar é a grande
riqueza deste episódio retratado no filme, que nesta breve reflexão chama-nos
atenção para o grande sentido vocacional que isto representou. Com o
agravamento da situação, o prior convoca uma votação determinante para decidir sobre
a permanência ou saída dos monges de Tibhirine. A grande surpresa (e a vitória
da fé) está em que todos votaram a favor de que continuassem na Argélia. Os que
estavam receosos de permanecerem ali por conta do contexto de violência, depois
de rezarem, decidiram finalmente que “permanecer seria demonstrar o verdadeiro
sentido do anúncio cristão” (“stay would demonstrate the true meaning of the
Christian message”).
Para
entender as razões que moveram os monges trapistas a tal compromisso de
radicalidade, a ponto de doarem a própria vida, é necessário tratar a questão
da força da experiência espiritual que movia o grupo, e de modo muito
particular o prior da comunidade, Christian de Chergé. Em suas homilias,
cadernos e escritos, que vão aos poucos se tornando acessíveis, verifica-se a
afirmação de uma sólida vocação em favor do outro, em particular do irmão
muçulmano. Ele relata algumas experiências fundadoras nessa sua dinâmica
vocacional, como o encontro com o guarda campestre, Mohammed, durante a guerra
da Argélia, com o qual estabeleceu profundos laços de solidariedade. Foi alguém
que deu sua vida para proteger Christian, e isto ele jamais esqueceu. Relata o
caso para mostrar os riscos sobre as generalizações superficiais feitas sobre o
islã: “Eu posso dizer que um muçulmano deu sua vida por mim” (“can say that a
Muslim gave his life for me”) e esse dom impede qualquer generalização sobre
essa tradição religiosa; e mais ainda, significa um gesto que se traduz como
apelo a se ligar ainda mais fortemente ao povo da Argélia. De forma semelhante
à conversão de Louis Massignon, um evento específico envolvendo um irmão muçulmano,
serve de base para um engajamento positivo de amor para com o outro. Outro
acontecimento lembrado por Christian envolve também a presença de um irmão
muçulmano, com o qual estabeleceu uma experiência de oração em comum. Por fim,
lembra também a importância de um encontro que teve com o emir Sayah Attiyah,
em 24 de dezembro de 1993, que acabou reforçando nele e na comunidade o desafio
de abrigar o dom total de si.
A
noite de Natal de 1993 foi um momento decisivo para a Comunidade de Notre Dame
de Atlas em Tibhirine, e acima de tudo, de grande intensidade espiritual. Vamos
primeiro examinar o contexto social e político. No início do ano de 1992, a
interrupção do processo eleitoral conduziu a Argélia a uma situação muito
instável, com a supressão do FIS como partido político, a prisão de seus
líderes e, depois, a formação de vários grupos armados da guerrilha, em
particular o GIA. Em 14 de dezembro de 1993, doze católicos croatas, conhecidos
dos monges, tinham tido suas gargantas cortadas em Tamesguida, “terme berbère
qui désigne la mosquée ou plus précisément la forme berbérisée du terme arabe
masdjid, est une commune dans la wilaya de Médéa en Algérie. C`est un terme
très répandu en toponymie algérienne”, a poucos quilômetros distante do
mosteiro. Foi neste contexto que, poucos dias depois, na noite de 24 de
dezembro de 1993, após a refeição da noite, um grupo de seis islâmicos se
apresentou no mosteiro. O seu líder, Emir Sayah Attiya, era conhecido como
terrorista de indubitável violência.
Tinha
sido o responsável pela morte dos croatas e, de acordo com as forças de
segurança, havia cortado as gargantas de 145 pessoas. Sua conversa com Padre
Christian, Superior da comunidade em Tibhirine, foi extraordinária. Padre Christian,
apelando para o Corão, disse-lhe que o mosteiro era um lugar de oração onde
nunca haviam entrado armas e pediu que a conversa tivesse lugar fora do
mosteiro. Attiya concordou com isto. Apresentou aos monges, como religioso ele
próprio e seu grupo de islâmicos, três exigências de cooperação. Para cada uma,
Christian respondia que não era possível; cada vez ele dizia: “você não tem
escolha”; cada vez Christian respondia: “sim, nós temos uma escolha”. Ele
partiu dizendo que enviaria seus emissários com uma senha. Quando estava
partindo, Christian disse: “Você veio aqui armado justo quando nos preparamos
para celebrar o Natal, a festa do Príncipe da Paz”. Ele respondeu: “Desculpe-me,
eu não sabia” (“Excuse me, I did not know”).
O
milagre foi não só que Sayah Attiya partiu naquela noite sem cortar as
gargantas dos monges e sem brutalizá-los, mas que ele não voltou, nem mandou
seus emissários. Quando, cerca de dois meses depois, foi ferido seriamente num
confronto com as forças de segurança, sofreu por nove dias no distrito da
montanha próximo antes de morrer, mas não pediu pelo médico do mosteiro, que
foi uma das suas exigências às quais Christian havia dito que não poderia
responder. Os monges nunca compraram sua segurança por qualquer concessão, e
nunca condenaram qualquer forma de violência; mas para eles, “toda pessoa,
mesmo um terrorista, era uma pessoa humana digna de compreensão”. Quando
depois, a administração argelina desejou impor uma proteção militar armada ao
mosteiro, a comunidade recusou peremptoriamente esta proteção, usando o mesmo
argumento: armas não têm lugar num lugar
de oração e de paz (“weapons have no place in a place of prayer and Peace”).
Após esta visita de Natal em 1993, a comunidade dialogou por longo tempo sobre
a atitude que deveria tomar. Pensaram seriamente em deixar o lugar. Finalmente,
após terem rezado, dialogado e se aconselhado, decidiram permanecer por
enquanto no lugar, enquanto previam a possibilidade de mudar-se rapidamente
para Algiers ou Marrocos, se a
situação se tornasse mais perigosa.
Durante
os dois anos seguintes, 11 religiosos da diocese de Algiers foram assassinados,
em cinco ataques diferentes: Henri Vergés, irmão marista, e Ir. Paule-Hélène, Irmãzinha
da Assunção, em maio de 1994; Irmãs Caridad e Ester, agostinianas espanholas,
em outubro de 1994; os quatro Padres Brancos de Tizi Ouzou em dezembro do mesmo
ano; Irmãs Bibiane e Angèle-Marie das Irmãs de Nossa Senhora dos Apóstolos em
setembro de 1995, e Irmã Odette em 10 de novembro. Cada vez os monges de
Tibhirine se perguntavam a mesma questão: deveriam deixar o lugar ou aí
permanecer? Cada vez decidiu-se a ficar. Cada vez, foi uma decisão tomada após
oração e diálogo; uma decisão que foi lúcida, corajosa, serena e unânime.
Nenhum deles desejava o martírio. Christian, falando a um grupo de leigos pouco
antes de seu sequestro, dizia que tal desejo seria um pecado uma vez que seria
desejar que um “irmão terrorista” deveria pecar contra o mandamento divino:
“não matarás”. Sua oração diária durante os últimos meses tinha sido: “Senhor,
desarme-me, e desarme-os”. Por que eles ficariam? - Simplesmente por fidelidade
à sua vocação de ser uma humilde presença cristã contemplativa no solo
argelino, uma vez que a Igreja tem o direito e o dever de estar presente em
todas as situações excepcionais, assim como nas circunstâncias normais.
Fidelidade também a todos os argelinos com quem tinham estabelecido laços de
solidariedade e de amizade por um período de mais de sessenta anos. Acima de
tudo, fidelidade ao povo em torno deles que parecia protegido de todos os tipos
de violência, tanto de um partido quanto de outro, pela total neutralidade dos
monges.
Enfim,
a palavra grega traduzida como “igreja”, significa literalmente, “chamada para
fora” e assim refere-se a um grupo de pessoas “chamadas para saírem do pecado
no mundo e servirem ao Senhor”. A igreja não é nenhum tipo de instituição ou
objeto impessoal. É um corpo constituído de componentes vivos. Como um organismo
vivo, a igreja “pode sentir medo” (Atos 5: 11), “pode orar” (Atos 12:5) e “pode
falar” (Mateus 18: 17). Pessoas que são chamadas para saírem do pecado não
continuam participando do mal no mundo, porque elas estão santificadas ou
separadas do pecado (cf. João 17: 14-23; Colossenses 1: 13; 1 Pedro 2:9; 1 João
4:5-6). Deus chama o povo para deixar o mal deste mundo através da mensagem do
evangelho (2 Tessalonicenses 2:13-14). Aqueles que são convertidos
verdadeiramente a Cristo são chamados santos (1 Coríntios 1:2; Colossenses
1:1-2). Entender o conceito bíblico de igreja como um corpo de pessoas chamadas
para fora do pecado, para serem santos, ajuda-nos a apreciar a riqueza da
descrição de Paulo da “igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”
(Atos 20:28). Jesus não morreu para comprar terra e edifícios, nem para
estabelecer alguma instituição. Ele morreu para comprar as almas dos homens e
mulheres que estavam mortos no pecado, mas que agora têm salvação e esperança
de vida eterna (cf. Romanos 5:8; 1 Coríntios 6:19-20). Bibliografia geral consultada:
TÖNNIES, Ferdinand, Gemeinschaft
und Gesellschaft. Leipzig: Fues`s Verlag, 2nd ed. 1912; 8th edition,
Leipzig: Buske, 1935; Reprint, 2005, Darmstadt: Wissenschaftliche
Buchgesellschaft; his basic and never essentially changed study of social man; translated in 1957 as
“Community and Society”; GURNEY, P. & AGUIRRE, B., “La teoria sociologica
de Ferdinand Tönnies”. In:
Revista Interamericana de Sociologia.
México, vol. IX, n° 29, 1980; ECO, Umberto, Postille
al Nome della rosa. Bompiani, 1983: “Si fanno libri solo su altri libri e
intorno ad altri libri (...) I libri parlano sempre di altri libri e ogni
storia racconta una storia già raccontata. Lo sapeva Omero, lo sapeva Ariosto,
per non dire di Rabelais o di Cervantes”; PISCHEDDA, Bruno, Come leggere Il nome della rosa di Umberto
Eco. Mursia, 1994; GIOVANNOLI, Renato, (a cura di), Saggi su Il nome della rosa. Bompiani, 1999; COTRONEO, Roberto, Umberto Eco, due o tre cose che so di lui.
Bompiani, 2001; MIRANDA, Orlando, “A dialética da identidade em Ferdinand Tönnies”.
In: MIRANDA (org), Para ler Ferdinand
Tönnies. São Paulo: EDUSP, 1995; Idem, “Tönnies e Marx: Utopia, Valor e Contradição”.
In: Revista da USP. São Paulo, v.
36, 1998; BRAGA, Ubiracy de Souza, “45 anos d`A Batalha de Argel, 50 de Monsieur Frantz Fanon”. Disponível no
site: http://www.jornalgrandebahia.com.br/2011/05/; Idem, “A Irmandade
Muçulmana: história & ordem política”. Disponível no site: http://oreconcavo.com.br, 25.11.2011; Idem,
“João de Deus e a reinvenção do Populismo Católico”. In: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/06/29/; Idem, “Nova
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Francês?. : http://httpestudosviquianosblogspotcom.dihitt.com.br/2012/09/29/; GEREGES, Fawaz A, The Far Enemy: Why Jihad Went Global. Oxford:
Cambridge University Press, 2005; Artigo: “Júri Ecumênico premia filme sobre
monges na Argélia”. Disponível no site: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/; GUIMARÃES, Antônio
Sérgio Alfredo, “A recepção de Fanon no Brasil e a identidade negra”. In: Novos estud. - CEBRAP, n. 81, São
Paulo, julho de 2008; TEIXEIRA, Faustino, “Christian de Chergé, o mártir de
Tibhirine”. Disponível no site: http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/; DUTEIL, Mireille, Les Martyrs de Tibhirine. Ed. Salvator,
1996; GUITTON, René, Si nous nous
taisons… Le martyre des moines de Tibhirine. Ed. Calmann-Lévy, 2001; BALHI,
Mohamed, Tibhirine, l`enlèvement des
moines. Edições Dar El Farabi, Libano, 2002; KISER, John, Passion pour l`Algérie: les moines de
Tibhirine. Ed. Nouvelle Cité, 2006; HENNING,
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Desclée de Brouwer, 2006; SHERMAN, Rina,
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Tatamis, 2007, Ed. Lazhari Labter, Alger; MENGUS, Raymond,Un Signe sur la montagne. Ed. Salvator, 2008; Buber, Martin, Sobre comunidade. São Paulo: Editora
Perspectiva, 2008; SALENSON, Christian, Christian
de Chergé. Une theologie de l`Esperance. Paris: Bayard, 2009; LASSAUSSE, Jean-Marie et HENNING, Christophe, Le jardinier de Tibhirine. Bayard, 2010;
BONNIE, Malkin, “New Caledonia adopts second flag in compromise over French
rule”. In: The Daily Telegraph (UK),
20 July 2010; entre outros.
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