terça-feira, 23 de outubro de 2012

Para sempre Emmanuelle.



                                                Para sempre Emmanuelle.


                                                                                     Ubiracy de Souza Braga*

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* Sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).




                       “Mélodie d`amour chantait le cœur d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps perdu”. Pierre Bachelet

           

                            


   Dutch actress Sylvia Kristel, best known for the 1974 erotic French film “Emmanuelle”.

           

Com o cabelo curto, cara de menina e silhueta perfeita, Sylvia Kristel foi escolhida como atriz para o papel principal de “Emmanuelle”, do diretor Just Jaeckin, que virou um sucesso mundial de bilheteria. Quando protagonizou o filme, Kristel tinha apenas 22 anos. Por obrigações contratuais, Kristel participou em papéis mais ou menos importantes em várias sequências de “Emmanuelle” (1974), tais como: “Emmanuelle 2” (1975), “Adeus, Emmanuelle” (1977) e “Emmanuelle 4” (1984). Apesar das tentativas de se afastar do cinema erótico para trabalhar com nomes importantes do cinema francês, sua imagem ficou marcada positivamente, pela personagem que a tornou famosa. A atriz holandesa de maior fama no panorama do cinema internacional até hoje, ficou conhecida e acabou eternamente marcada por seu primeiro filme, “Emmanuelle”, de 1974. O longa-metragem, dirigido por Just Jaeckin, é uma adaptação do livro (foto) de mesmo nome escrito por Emmanuelle Arsan.

Sylvia Kristel, nascida em Utrecht, em 28 de setembro de 1952 - Amsterdã, em 17 de outubro de 2012, foi uma atriz, diretora e modelo holandesa, mais conhecida pelo filme “Emmanuelle”. Iniciou seu trabalho como modelo aos 17 anos, mas “inicialmente planejava ser professora”. Musa de uma época em que erotismo (cf. Márquez, 1972), a pornografia e o orgasmo (cf. Reich, 1974a; 1974b; 1978; Marchi, 1974; Baker, 1980; Boadela, 1985) eram quase sinônimos no cinema, a atriz holandesa Sylvia Kristel morreu na noite de quarta-feira, aos 60 anos, em Amsterdã. Tornou-se conhecida mundialmente interpretando a personagem principal na série de filmes “Emmanuelle”. Mas a sua estreia se dá com o filme: Naakt over de schutting (1973). Em 1974, aos 21 anos, a atriz personificou “Emmanuelle”, em filme homônimo, grande sucesso na França, sobretudo pelo teor erótico. Melhor dizendo, em seu ersatz colocou o erotismo no centro da história social do cinema. Segundo o site especializado em cinema IMDb, “o filme garantiu US$ 100 milhões em bilheteria ao redor do mundo”.  

                               


                                   Revista Status N. 01 Silvia Kristel - Ano. 1974.
            Não era dela a voz que se ouvia em “Emmanuelle”, de Just Jaeckin (1974), nem em “Emmanuelle a Antivirgem”, de Francis Giacobetti e Francis Leroi (1975), nem em “Good bye Emmanuelle”, de François Leterrier (1977); nesses filmes “ela foi um corpo sem voz”, foi dublada, o seu francês não era suficientemente confortável para os produtores. Fez filmes “sérios”, com Chabrol, Vadim, Robbe-Grillet, filmes em que podia ser “atriz”, mas quem os viu, quem se lembra? Ao telefone e na autobiografia “Nua”, editada em Portugal pela Ambar, a voz de Kristel, 54 anos, instala-nos numa terra que é dela própria: um país nebuloso de uma melancolia que é despertada, com humor, pelo desassombro. Isso foi o que a vida lhe impôs. É este o tom de “Nua”, curiosíssimo exemplo de “(auto)biografia de estrela” porque é um livro em permanente fuga aos cânones do gênero. E o mais curioso: se o livro é de Sylvia, porque é da sua vida e da sua memória que se trata, é um livro de Jean Arcelin: “um francês que sempre sonhou ser romancista, mas foi obrigado pela avó a ir para a universidade e a tornar-se rico e é hoje CEO da Crysler”, conta Sylvia. Foi ele que escreveu as palavras.

No Brasil a atriz fez o ensaio fotográfico de lançamento da revista Status (foto), em agosto de 1974, em plena ditadura militar. Intitulada de “Nua”, originalmente Undressing Emmanuelle, sua autobiografia “conta a história de alguém que lidou com a fama, o álcool, a cocaína, exploração, luxos, casamentos fracassados e ainda lutou contra um câncer”. No final de sua vida, Silvia Kristel se dedicou “a pintar quadros vivendo modestamente em Amsterdã”. Aqui no Brasil ele é exibido na emissora Band há muitos anos durante a madrugada de sábado para domingo, e se tornou um marco na adolescência de muitos garotos de classe média.

           

Quando pensei escrever a minha autobiografia, tornou-se óbvio que tinha um problema: posso cantar, razoavelmente, posso ser actriz, posso mesmo pintar, mas não sou escritora. Contactei Jean Arcelin, e ele interessou-se pela minha história. Foram 12 fins-de-semana. Em Amesterdão, Bruxelas, Paris, Nice. Em cada encontro ele entregava-me 50 páginas. Eu rasgava-as. E falava. Ele tomava notas à mão, nunca gravava. Eu nunca tinha ido a um psiquiatra. Foi, então, como fazer análise pela primeira vez. Foi um confronto permanente comigo própria. Mais duro do que eu esperava”.

            “Nua” navega nas águas em que a memória e as suas escolhas são um frágil elo, mas é o único disponível. A narrativa não se impõe, deixa a pairar motivos. Sexo? Uma preguiça, sem culpa a mãe era católica, o pai protestante, mas os filhos iam à missa a troco de dinheiro para o cinema, e é assim que abre o livro: a adolescente a ser assediada pelo “tio” Hans, o homem que agitava uma “língua espessa, marmórea, cor-de-rosa e escura”, agitando-a como “uma serpente que silva”, o homem que tanto pousou o seu olhar, “como um abcesso”, no corpo da jovem, que a jovem queria mesmo que esse abcesso rebentasse. E o “tio” Hans, que não era tio, mas gerente do hotel da família onde Sylvia cresceu, foi despedido. É o máximo de sexo que vamos ter da vida deste ícone do erotismo, mas é a cena original, serve de eco ao resto, aos altos e baixos. “Em toda a gente os há, mas na minha vida os altos foram muito altos, os baixos muito baixos, fui de extremos”, aos outros homens e às drogas.

“Sou do signo Balança, sou pela paz e pela harmonia. Mas deixei-me envolver sempre pelo turbilhão de acontecimentos”. Mesmo a sua escolha como corpo de Emmanuelle, a personagem criada pela mulher de um diplomata francês, a euroasiática Emmanuelle Arsan, a partir das suas próprias aventuras de expansão sexual, aparece como manifestação dessa força involuntária que conduziu o destino de Sylvia: Arsan era baixa e morena, Kristel era alta e delgada, não fazia o gênero, por isso a autora nem quis conhecer a atriz pernalta. Essa espécie de passividade que se transforma em autoridade foi, diz-se, o que tornou Kristel querida das mulheres japonesas; vibraram com uma cena do filme em que Emmanuelle se torna “ativa” sobre o amante (cf. Misse, 1983).

É como se falasse sobre outro corpo, como se tivesse estado ausente de si própria naqueles anos, que a atriz se descreve envolvida por uma produção caótica, sem nexo, juntando gente da publicidade e da fotografia, como é sabido, o mundo de Just Jaeckin, o realizador de “Emmanuelle”, a ambição de capitalizar com o sexo nas bilheteiras depois do sucesso de “O Último Tango em Paris” (cf. Braga, 2011) e a caução artística (na rodagem, imagine-se, trabalharam colaboradores de François Truffaut, atores da Comédie Française...). Ou a presenciar as enormes filas de espectadores nos Champs-Elysées em Paris, o anúncio do triunfo retumbante de um filme de que nenhum dos envolvidos conseguia dizer que estava orgulhoso, pois hoje o discurso pode ser outro, a História deu caução.

De beleza ímpar, alta, magra e com um olhar quase transparente, a atriz Sylvia Kristel, que morreu aos 60 anos vítima de um câncer, rodou muitos outros filmes, mas foi uma só, e sempre Emmanuelle, personagem que a transformou em um mito erótico mundial nos anos 1970. Ela Marylin, Liz, Sophia, Scarlett, Angelina… o Lorelei Lee, Cleopatra, la condesa de Hong Kong, la Viuda Negra, Lara Croft, são “algunos de los personajes que las han consagrado como las mujeres más sensuales de la gran pantalla”. Era nesta época que a jovem Sylvia, “com um olhar entre o inocente e o malicioso”, aparecia sentada “numa exótica poltrona de vime e com um colar de pérolas sobre seus seios nus” (foto), para convidar o espectador aos mais ocultos e belos prazeres. O cinema francês é atualmente o mais dinâmico da Europa continente em termos de público, números de filmes produzidos e de receitas geradas por suas produções. A personagem de Arsan apareceu de várias formas diferentes nos últimos anos, incluindo uma série de ficção científica feita para tevê à cabo nos anos 1990 chamada “Emmanuelle in space”, estrelando a atriz e modelo estadunidense Krista Allen, na época em início de carreira. Embora Krista Allen, que depois foi estrela em Baywatch e em outros filmes, “tenha dito que se arrepende de seus filmes adultos no papel de Emmanuelle, ela continua sendo vastamente identificada com a personagem”.

A palavra que deu origem ao nome da cidade de Amsterdã vem do latim: Homines manentes apud Amestelledamme, ou seja, “homens que vivem próximo ao Amestelledamme”. Amestelledamme é “dam” (dique) do rio Amstel, cujo nome pode ser interpretado como ame (“água”) e stelle (“terra seca”). A data tradicional da fundação da cidade foi em 27 de outubro de 1275, quando retiraram a obrigação dos seus habitantes de pagar taxas associadas a passagem em pontes neerlandesas. No ano de 1300 foi concedido o direito oficial de cidade, e a partir do século XIV, Amsterdã começou a florescer como centro comercial, principalmente pelo comércio com outras cidades neerlandesas e alemãs, conhecidas como a Liga Hanseática. No século XVI, começou o conflito entre os neerlandeses e Filipe II de Espanha. Essa confrontação causou uma guerra que durou oitenta anos, e que finalmente deu aos Países Baixos sua Independência. Depois da ruptura com a Espanha, a república neerlandesa ia ganhando fama por sua tolerância com respeito a religiões. Entre outros, buscaram refúgio em Amsterdã judeus de Portugal e Espanha, comerciantes de Antuérpia, e huguenotes da França, perseguidos em seus países por sua religião.

Do ponto de vista da esfera de análise econômica, a gênese do capitalista industrial não se processou de um modo gradual como a do agricultor. É indiscutível para Marx e Engels, que muitos pequenos mestres de corporações e até pequenos artesãos mais independentes, ou mesmo trabalhadores assalariados, se transformaram em pequenos capitalistas e (através da extensão do trabalho assalariado e da correspondente acumulação) em capitalista. Na infância da produção capitalista, as coisas passaram em grande parte como na infância das cidades, onde a questão do saber qual dos servos evadidos devia ser o senhor e qual devia ser o servo foi muitas vezes decidida pela mais recente ou mais tardia de sua fuga. Para ambos, o passo de caracol deste método não correspondia de modo algum às exigências comerciais do novo mercado mundial que as grandes descobertas do fim do século XV tinham criado. Mas a Idade Média tinha deixado por herança duas formas distintas de capital, amadurecidas no interior das mais diversas formações econômicas, e que, antes do modo de produção capitalista, são consideradas de qualquer forma o capital usuário e o capital mercantil.

 A descoberta do ouro e da prata na América, a extirpação, escravização e enterramento das populações autóctones nas minas, o começo da conquista e pilhagem nas Índias Orientais, a transformação da África numa espécie de coutada para a caçada comercial à peles-negras assinalavam o despontar da era capitalista. Estes processos idílicos são e representam, pois o ponto mais importante da acumulação primitiva. No seu seguimento, vem a guerra comercial das nações europeias, que “tiene como teatro todo el globo terráqueo” (cf. Marx, 1973: 731). Daí ser possível admitir Marx como o precursor da crítica analítica da ideia em sua progênie, hoje comum, da globalização. Ela começa com a revolta da Holanda contra a Espanha, assume dimensões gigantescas com a guerra anti-jacobina da Inglaterra e continua ainda com as guerras do ópio contra a China etc. Marx refere-se noutro lugar que a “razão desta erupção foi indiscutivelmente proporcionada pelo canhão inglês que lançou à força sobre a China essa droga soporífera chamada ópio” (Marx, 1973; 1978). Sobre este aspecto vejamos o que nos diz Burns (1967):

Entrementes, as potências europeias começavam a demarcar novas concessões para si mesmas no continente asiático. Muito antes de 1870 algumas nações européias se haviam empenhado em aventuras de conquistas territorial no Oriente. Já em 1582 os russos tinham atravessado os Urais e, em menos de um século, alcançaram o Pacífico. Em 1763, após eliminar os seus rivais franceses na posse da Índia, os ingleses começaram a subjugar e desenvolver esse país, cuja maior parte foi convertida, em 1858, em possessão da coroa britânica. Em consequência da chamada Guerra do Ópio (1842), a Inglaterra forçou os chineses a ceder Hong Kong, e poucos anos depois os franceses estabeleceram um protetorado na Indochina. Em 1858 a Rússia tomou posse de todo o território ao norte do rio Amur e pouco depois fundou a cidade de Vladivostok (Senhora do Ocidente), também em território extorquido à China” (cf. Burns, 1967: 753).

Nascida em 28 de setembro de 1952 em Utrecht, na Holanda, Sylvia, antes de ser um mito erótico, foi primeiro secretária, “Miss Televisão Europeia” e modelo de propaganda, profissão que lhe abriu as portas para o cinema, onde estreou com Niet Voor de Poesen, do diretor Fons Rademakers, em 1972. Posteriormente, vieram outros títulos, mas foi em 1973 - quando o cineasta francês Just Jaeckin lhe ofereceu o grande papel de sua vida, Emmanuelle -, que Sylvia alcançou a fama, a mesma “que a devorou como atriz e como mulher com o passar do tempo”. Considerado um dos filmes pontais do cinema erótico moderno, Emmanuelle batia recordes de bilheteria onde era exibido. Em Paris, por exemplo, “o filme se manteve por dez anos ininterruptos em cartaz”. Não há similar na história de gênero no cinema mundial. Isto é importante. No Brasil, os filmes de Emmanuelle ficaram famosos por sua exibição no bloco: “Cine Band Privé”, da Rede Bandeirantes durante os anos 1990 e começo dos anos 2000, com as séries estreladas por Marcela Walerstein e Krista Allen. Sylvia Kristel, a mais famosa “Emmanuelle” no país durante muito tempo, visitou o Brasil quando da liberação do seu filme de 1974, que aconteceu em 1979. Durante os compromissos promocionais, foi convidada e participou de algumas cenas da telenovela da rede Globo: “Espelho Mágico”, tendo como cicerone o personagem de Carlos Eduardo Dolabella.

Depois de estrear no cinema dito “erótico”, Sylvia gravou com Sigi Rothemund, Alain Robbe-Grillet e Jean-Pierre Mocky, sendo que em 1975, agora com Francis Giacobetti, a atriz foi convidada a protagonizar a primeira sequência de sua bem-sucedida personagem, Emmanuelle II (“Emmanuelle: L`antivierge”). Mais tarde, a atriz também participaria de filmes com Walerian Borowczyk, Roger Vadim, Claude Chabrol e Francis Girod. Contudo, sem conseguir se desprender do personagem que lhe deu fama, em 1977, Sylvia protagoniza Emmanuelle 3 (“Goodbye Emmanuelle”), dirigido nesta ocasião por François Leterrier. Neste mesmo ano, a atriz dá vida à infanta Isabel da Espanha no filme: “O Quinto Mosqueteiro”, de Ken Annakin. Em 1979, Sylvia viajou à Espanha para rodar “Camas Quentes” (1979), de Luigi Zampa, cujo elenco também contava com outros mitos eróticos do momento, como Ursula Andress e Laura Antonelli.

No final desse ano, a atriz holandesa se mudou para Hollywood. Lá, nos Estados Unidos, ela fez várias participações em séries de TV e pequenos papéis em filmes de pouco êxito nas bilheterias. Em 1980, ela participou do filme “O Amante de Lady Chatterley”, de Just Jaeckinar, sendo que, um ano depois, fez seu primeiro papel de cômico em “Express Train”, de Salvatore Samperi. Ainda em 1981, Sylvia atuou em: “Uma Professora Muito Especial”, de Alan Myerson, um filme que foi qualificado como pornográfico por várias associações ultraconservadoras familiares norte-americanas, a exemplo do que ocorre com Last Tango... Em 1983, Sylvia estrelaria a quarta sequência de Emmanuelle e, três anos depois, se casaria com P. Blot, que a dirigiu no filme Flamenco, rodado em 1987 nos arredores de Madri. No entanto, Emmanuelle não tinha sido esquecida e, entre 1992 e 1993, Sylvia voltou a protagonizar três filmes: “A Vingança de Emmanuelle”, “A Magia de Emmanuelle” e “O Amor de Emmanuelle”. Em 1995, a atriz resolveu se aventurar no teatro na peça: “Teu Gato Está Morto”, do americano James Kirkwood. Após esta experiência, sua carreira de atriz começa a declinar, como evidencia seu pequeno papel em: Perdóname (2001), do polêmico cineasta holandês Cyrus Frisch.  

                                     

Em 2006, Sylvia publicou sua autobiografia, Desnuda (“Nue”), na qual “confessava sua dependência em drogas e álcool”. Seis anos depois, quando seu ainda belo rosto não podia ocultar os excessos, a atriz sofreu um derrame cerebral que lhe levou ao hospital, onde ela foi diagnosticada, além disso, com um câncer de garganta, doença que fragilizou muito sua saúde. Unida desde muito jovem ao escritor Hugo Klaus, teve com ele um filho, Arthur, que nasceu em 1975. Entre 1977 e 1979, Sylvia esteve unida ao ator britânico Ian McShane e, em 1982, se casou secretamente em Las Vegas com o milionário americano Alan Turner, do qual se divorciou pouco antes de voltar à Europa. Em 1986, a atriz holandesa se casou em Paris com o produtor francês Philippe Blot. Nos últimos anos, Sylvia vivia em Amsterdã, na Holanda, onde ocasionalmente expunha suas pinturas.

Escólio: A personagem apareceu pela primeira vez no filme: “Io, Emmanuelle” em 1969 e era interpretada por Erika Blanc. Ela foi recriada mais tarde em 1974 no filme: “Emmanuelle” e era interpretada pela holandesa Sylvia Kristel, provavelmente a atriz mais famosa pelo papel. O filme ultrapassou as barreiras do que era aceitável em filmes na época, com suas cenas de sexo, estupro, masturbação, mile high club (“sexo em aviões”) e “uma cena onde uma dançarina fuma um cigarro com sua vagina usando técnicas de pompoarismo”. Diferentemente de outros filmes que tentavam evitar uma classificação adulta do MPAA - a gerência do controverso sistema de classificação de filmes por faixa etária. Este sistema é muito criticado tanto pelos mais conservadores que o consideram muito complacente, quanto pelos mais liberais que o consideram um meio de censura ou uma restrição à liberdade de expressão.


O primeiro filme de Emmanuelle abraçou o gênero e tornou-se um grande sucesso internacional. O filme é, até hoje, um dos mais bem-sucedidos filmes franceses e chegou a ser exibido nos cinemas locais por anos. Realizado pelo francês Just Jaeckin, “Emmanuelle” adaptou o romance homônimo de Marayat Bibidh Andriane e foi seguido de cinco outros filmes centrados na personagem – “Emmanuelle a Antivirgem” (1975), “Goodbye Emmanuelle” (1977), “Emmanuelle IV” (1984), “Emmanuelle V” (1987) e “Emmanuelle VI” (1993) -, além de vários telefilmes. O último, feito inteiramente em sua homenagem pelo seu sucesso e talento, foi “Para Sempre Emmanuelle”. Apesar de se ter destacado através do clássico softcore, Sylvia Kristel participou também em filmes de Claude Chabrol, Roger Vadim e Alain Robbe-Grillet.
                        
“Emmanuelle”: Música: Pierre Bachelet (1974):

“Mélodie d`amour chantait le cœur d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps perdu/Mélodie d`amour chantait le corps d`Emmanuelle/Qui vit corps à cœur déçu/Tu es encore/Presque une enfant/Tu n`as connu/Qu`un seul amant/Mais à vingt ans/Pour rester sage/L`amour étant/Trop long voyage/Mélodie d`amour chantait le cœur d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps perdu/Mélodie d'amour chantait le corps d`Emmanuelle/Qui vit corps à cœur déçu/L`amour à cœur/Tu l`as rêvé/L`amour à corps/Tu l`as trouvé/Tu es en somme/Devant les homes/Comme un soupir/Sur leur désir/Tu es si belle/Emmanuelle/Cherche le cœur/Trouve les pleurs/Cherche toujours/Cherche plus loin/Viendra l`amour/Sur ton chemin/Mélodie d`amour chantait le cœur d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps perdu/Mélodie d`amour chantait le corps d`Emmanuelle/Qui vit corps à cœur déçu”.

            Enfim, todo ano, durante a última semana de setembro, Utrecht se torna a capital Holandesa do cinema. É quando acontece o Nederlands Film Festival e quando o público e os profissionais amantes do cinema podem se concentrar única exclusivamente no cinema Holandês e em suas facetas. O Festival World Cinema Amsterdam 2011, mostra em sua segunda edição que veio para ficar e marcar a diferença, no circuito de Festivais de Cinema nos Países Baixos, sendo o único que dedica toda a programação exclusivamente aos países da América Latina, Ásia e África. Três extremos e uma “multiculturalidade” instigante é o que atraiu mais de 9 mil espectadores  em 12 dias ao Cinema Rialto em Amsterdam, onde aconteceu o Festival. Nesse período, o World Cinema Amsterdam exibiu o melhor do cinema independente e atual desses três continentes. Foram mais de 40 longas e curtas metragens com principal foco esse ano voltado para Índia, país escolhido como “cabeça de cartaz”. O Festival apresentou uma mostra competitiva na qual fez parte a já premiadíssima, mas ainda inédita no Brasil, longa-metragem Riscado, do Diretor e Roteirista Gustavo Pizzi, que claro, levou para casa uma Menção Honrosa Especial do Jury, que diz ter atribuído esse prêmio pela “honestidade impiedosa de seu protagonista, pela qualidade do roteiro  e pela direção versátil do Diretor”.

            Sendo uma das primeiras democracias parlamentares, os Países Baixos são um país moderno desde o seu início. Entre outras afiliações, o país é membro fundador da União Europeia (UE), da OTAN, da OCDE, da OMC e assinou o Protocolo de Quioto. Junto com a Bélgica e com Luxemburgo, o país constitui a União Econômica do Benelux. O país é palco de cinco tribunais internacionais: o Tribunal Permanente de Arbitragem, o Tribunal Internacional de Justiça, o Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia, o Tribunal Penal Internacional e o Tribunal Especial para o Líbano. Os quatro primeiros estão situados em Haia assim como a sede da agência da UE de informação criminal, a Europol. Isto levou a cidade a ser apelidada de “capital legal do mudo”. A Holanda é líder mundial no campo da arte e da cultura. Basta mencionarmos a variada arte clássica e contemporânea do Museu Van Gogh, Rijksmuseum, Real Galeria de Arte Mauritshuis, Bonnefantenmuseum Maastricht e Kunsthal Roterdã. Outrossim, da história e cultura holandesas na Casa de Anne Frank, Museu Histórico Judaico, Royal Delft, Museu de Amsterdã, Casa de Dick Bruna ou um dos vários outros museus.

De outra parte, finalizando, vale lembrar que a equipe laranja, algoz do Brasil nas quartas-de-final, já disputou outras duas decisões, em 1974 e 1978. Nas duas, perdeu para os anfitriões daqueles Mundiais. Na primeira, caiu para a Alemanha e, na segunda para a Argentina. Mas não foi só a Holanda que reviveu uma bela história. A chegada até a semifinal do Mundial de 2010 é a melhor campanha do Uruguai desde 1970, quando os bicampeões mundiais perderam nas semifinais para o Brasil. Até então, todas as Copas do Mundo que foram sediadas fora da Europa tiveram como campeão Brasil, Argentina ou Uruguai. O Brasil conquistou fora do velho continente quatro de seus títulos - apenas o primeiro, em 1958, foi obtido na Suécia. A segunda taça foi levantada no Chile (1962), a terceira veio no México (1970), o tetra saiu nos Estados Unidos (1994), e penta no Japão (2002). O aproveitamento europeu dentro do continente é extremamente alto: das dez Copas disputadas no continente, a única que não foi vencida por um time local foi justamente a de 1958, com o Brasil triunfando na Suécia. Nas quartas-de-final, o cenário da supremacia sul-americana fora da Europa parecia que iria se confirmar novamente. No entanto, todos os europeus venceram seus confrontos e conseguiram garantir o título para o continente.

A torcida holandesa invadiu a Cidade do Cabo para incentivar sua seleção contra o Uruguai na semifinal da Copa do Mundo. Em todas as partes da cidade foi possível notar o grande número de torcedores, que desde cedo já pareciam ter consumido boa quantidade de bebida alcoólica. A confiança da vitória estava estampada no rosto dos aficionados na equipe do técnico Bert Van Marwijik. Cantos típicos do país foram entoados a todo instante pelas avenidas que davam acesso ao estádio. O grande número de holandesas, quase todas loiras, chamava atenção dos demais turistas e sul-africanos pela beleza e simpatia. Vestidos com paletós, camisas, gravatas, calças e meias e até sapatos cor de laranja, os fãs de Sneijder, Robben e Cia desfilaram pelo centro e por pontos turísticos como Table Mountain e Waterfront. Um deles se destacou pelo fato de estar todo de laranja, mas com a camiseta da Seleção Brasileira, adversário que a “Laranja Mecânica” eliminou nas quartas-de-final. Bibliografia geral consultada:

Artigo: “Morre aos 60 anos a atriz Sylvia Kristel”. Disponível no site: http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2012/10/18/; Artigo: “Atriz de Emmanuelle foi a musa de uma época em que erotismo e pornografia andavam juntos no cinema”. Disponível no site: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/segundo-caderno/noticia/2012/10/; BRAGA, Ubiracy de Souza, “Holanda: História, Política & Futebol”. Disponível em: http://secundo.wordpress.com/2010/07/09/holanda-historia-politica-futebol/; Idem, “Le Dernier Tango à Paris faz 40 anos”. http://espacoacademico.wordpress.com/2011/10/27/le-dernier-tango-a-paris-faz-40-anos/; MÁRQUEZ, Gabriel García, La increíble y triste historia de la cândida Eréndira y de su abuela desalmada. Colombia: DeBols!llo, 1972; DE MARCHI, Luigi, Wilhelm Reich: Biografía de una idea. Barcelona: Península, 1974; REICH, Wilhelm, La Función del Orgasmo. Buenos Aires: Paidós, 1974; Idem, O combate sexual da juventude. 2ª ed. Lisboa: Antídoto, 1978; BAKER, Elsworth F, O labirinto humano: as causas do bloqueio da energia sexual. São Paulo: Summus Editorial, 1980; BOADELLA, David, Nos caminhos de Reich. São Paulo: Summus Editorial, 1985; MISSSE, Michel, O Estigma do Passivo Sexual. Rio de Janeiro: Achiamé/Socii, 1983; STOLKINER, Jorge, Recontextualizando Reich. New York: Open Orgonomy, 2005; MARX, Karl e ENGELS, Friedrich, Sobre o Colonialismo. Lisboa: Editorial Estampa 1978, vol. I, p. 22 e ss; Idem, Sobre o Colonialismo. Ob. cit., vol. II, p. 157 e ss; MARX, Carlos, El Capital. Crítica de la Economía Política. Libro Primero. Buenos Aires: Editorial Cartago, 1973, vol. 1, cap. XXXI, “Genesis del Capitalista Industrial”; pp. 730-740; MARX, Carlos, Teorias de la Plusvalia. Madrid: Alberto Corazón Editor, 1974, vol. 1 e 2, “onde Marx debía comenzar a demonstrar algo de ´sentido comercial` en sus relaciones con los editores”; Idem, Elementos fundamentales para la crítica de la economia politica (borrador) 1857-1858. 4ª edición corregida. Siglo Veintiuno Argentina Editores, 1973. Vols. 1-2; ARNAUT, Jacques, História del Colonialismo. Ob. cit; BAECHLER, Jean, Les Origenes du Capitalisme. Paris: Éditions Gallimard, 1971, “La genèse du capitalisme”, pp. 105-180; HUBERMAN, Leo, História da Riqueza do Homem. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1974, entre outros.

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