Para sempre Emmanuelle.
Ubiracy de Souza Braga*
__________________
* Sociólogo (UFF), cientista político
(UFRJ), doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências
Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
“Mélodie
d`amour chantait le cœur d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps perdu”. Pierre
Bachelet
Com o cabelo curto, cara
de menina e silhueta perfeita, Sylvia Kristel foi escolhida como atriz para o
papel principal de “Emmanuelle”, do diretor Just Jaeckin, que virou um sucesso
mundial de bilheteria. Quando protagonizou o filme, Kristel tinha apenas 22
anos. Por obrigações contratuais, Kristel participou em papéis mais ou menos
importantes em várias sequências de “Emmanuelle” (1974), tais como: “Emmanuelle
2” (1975), “Adeus, Emmanuelle” (1977) e “Emmanuelle 4” (1984). Apesar das
tentativas de se afastar do cinema erótico para trabalhar com nomes importantes
do cinema francês, sua imagem ficou marcada positivamente, pela personagem que a tornou
famosa. A atriz holandesa de maior fama no panorama do cinema internacional até
hoje, ficou conhecida e acabou eternamente marcada por seu primeiro filme,
“Emmanuelle”, de 1974. O longa-metragem, dirigido por Just Jaeckin, é uma
adaptação do livro (foto) de mesmo nome
escrito por Emmanuelle Arsan.
Sylvia
Kristel, nascida em Utrecht, em 28 de setembro de 1952 - Amsterdã, em 17 de
outubro de 2012, foi uma atriz, diretora e modelo holandesa, mais conhecida
pelo filme “Emmanuelle”. Iniciou seu trabalho como modelo aos 17 anos, mas
“inicialmente planejava ser professora”. Musa de uma época em que erotismo (cf.
Márquez, 1972), a pornografia e o orgasmo (cf. Reich, 1974a; 1974b; 1978; Marchi, 1974; Baker, 1980; Boadela, 1985) eram quase sinônimos no
cinema, a atriz holandesa Sylvia Kristel morreu na noite de quarta-feira, aos
60 anos, em Amsterdã. Tornou-se conhecida mundialmente interpretando a
personagem principal na série de filmes “Emmanuelle”. Mas a sua estreia se dá
com o filme: Naakt over de
schutting (1973). Em 1974,
aos 21 anos, a atriz personificou “Emmanuelle”, em filme homônimo, grande
sucesso na França, sobretudo pelo teor erótico. Melhor dizendo, em seu ersatz colocou o erotismo no centro da
história social do cinema. Segundo o site
especializado em cinema IMDb, “o filme garantiu US$ 100 milhões em bilheteria
ao redor do mundo”.
Revista Status N. 01 Silvia Kristel - Ano. 1974.
Não era dela a voz que se ouvia em “Emmanuelle”, de Just Jaeckin (1974), nem em
“Emmanuelle a Antivirgem”, de Francis Giacobetti e Francis Leroi (1975), nem em
“Good bye Emmanuelle”, de François Leterrier (1977); nesses filmes “ela foi um
corpo sem voz”, foi dublada, o seu francês não era suficientemente confortável
para os produtores. Fez filmes “sérios”, com Chabrol, Vadim, Robbe-Grillet,
filmes em que podia ser “atriz”, mas quem os viu, quem se lembra? Ao telefone e
na autobiografia “Nua”, editada em Portugal pela Ambar, a voz de Kristel, 54
anos, instala-nos numa terra que é dela própria: um país nebuloso de uma
melancolia que é despertada, com humor, pelo desassombro. Isso foi o que a vida
lhe impôs. É este o tom de “Nua”, curiosíssimo exemplo de “(auto)biografia de
estrela” porque é um livro em permanente fuga aos cânones do gênero. E o mais
curioso: se o livro é de Sylvia, porque é da sua vida e da sua memória que se
trata, é um livro de Jean Arcelin: “um francês que sempre sonhou ser
romancista, mas foi obrigado pela avó a ir para a universidade e a tornar-se
rico e é hoje CEO da Crysler”, conta Sylvia. Foi ele que escreveu as palavras.
No
Brasil a atriz fez o ensaio fotográfico de lançamento da revista Status (foto), em agosto de 1974, em
plena ditadura militar. Intitulada de “Nua”, originalmente Undressing Emmanuelle, sua
autobiografia “conta a história de alguém que lidou com a fama, o álcool, a
cocaína, exploração, luxos, casamentos fracassados e ainda lutou contra um
câncer”. No final de sua vida, Silvia Kristel se dedicou “a pintar quadros
vivendo modestamente em Amsterdã”. Aqui no Brasil ele é exibido na emissora
Band há muitos anos durante a madrugada de sábado para domingo, e se tornou um
marco na adolescência de muitos garotos de classe média.
“Quando pensei escrever
a minha autobiografia, tornou-se óbvio que tinha um problema: posso cantar,
razoavelmente, posso ser actriz, posso mesmo pintar, mas não sou escritora.
Contactei Jean Arcelin, e ele interessou-se pela minha história. Foram 12
fins-de-semana. Em Amesterdão, Bruxelas, Paris, Nice. Em cada encontro ele
entregava-me 50 páginas. Eu rasgava-as. E falava. Ele tomava notas à mão, nunca
gravava. Eu nunca tinha ido a um psiquiatra. Foi, então, como fazer análise
pela primeira vez. Foi um confronto permanente comigo própria. Mais duro do que
eu esperava”.
“Nua” navega nas águas em que a memória e as suas escolhas são um frágil elo,
mas é o único disponível. A narrativa não se impõe, deixa a pairar motivos.
Sexo? Uma preguiça, sem culpa a mãe era católica, o pai protestante, mas os
filhos iam à missa a troco de dinheiro para o cinema, e é assim que abre o
livro: a adolescente a ser assediada pelo “tio” Hans, o homem que agitava uma
“língua espessa, marmórea, cor-de-rosa e escura”, agitando-a como “uma serpente
que silva”, o homem que tanto pousou o seu olhar, “como um abcesso”, no corpo
da jovem, que a jovem queria mesmo que esse abcesso rebentasse. E o “tio” Hans,
que não era tio, mas gerente do hotel da família onde Sylvia cresceu, foi
despedido. É o máximo de sexo que vamos ter da vida deste ícone do erotismo,
mas é a cena original, serve de eco ao resto, aos altos e baixos. “Em toda a
gente os há, mas na minha vida os altos foram muito altos, os baixos muito
baixos, fui de extremos”, aos outros homens e às drogas.
“Sou
do signo Balança, sou pela paz e pela harmonia. Mas deixei-me envolver sempre
pelo turbilhão de acontecimentos”. Mesmo a sua escolha como corpo de
Emmanuelle, a personagem criada pela mulher de um diplomata francês, a
euroasiática Emmanuelle Arsan, a partir das suas próprias aventuras de expansão
sexual, aparece como manifestação dessa força involuntária que conduziu o
destino de Sylvia: Arsan era baixa e morena, Kristel era alta e delgada, não
fazia o gênero, por isso a autora nem quis conhecer a atriz pernalta. Essa
espécie de passividade que se transforma em autoridade foi, diz-se, o que
tornou Kristel querida das mulheres japonesas; vibraram com uma cena do filme
em que Emmanuelle se torna “ativa” sobre o amante (cf. Misse, 1983).
É
como se falasse sobre outro corpo, como se tivesse estado ausente de si própria
naqueles anos, que a atriz se descreve envolvida por uma produção caótica, sem
nexo, juntando gente da publicidade e da fotografia, como é sabido, o mundo de
Just Jaeckin, o realizador de “Emmanuelle”, a ambição de capitalizar com o sexo
nas bilheteiras depois do sucesso de “O Último Tango em Paris” (cf. Braga,
2011) e a caução artística (na rodagem, imagine-se, trabalharam colaboradores
de François Truffaut, atores da Comédie
Française...). Ou a presenciar as enormes filas de espectadores nos
Champs-Elysées em Paris, o anúncio do triunfo retumbante de
um filme de que nenhum dos envolvidos conseguia dizer que estava orgulhoso,
pois hoje o discurso pode ser outro, a História deu caução.
De
beleza ímpar, alta, magra e com um olhar quase transparente, a atriz Sylvia
Kristel, que morreu aos 60 anos vítima de um câncer, rodou muitos outros
filmes, mas foi uma só, e sempre Emmanuelle,
personagem que a transformou em um mito erótico mundial nos anos 1970. Ela
Marylin, Liz, Sophia, Scarlett, Angelina… o Lorelei Lee, Cleopatra, la condesa
de Hong Kong, la Viuda Negra, Lara Croft, são “algunos de los personajes que
las han consagrado como las mujeres más sensuales de la gran pantalla”. Era
nesta época que a jovem Sylvia, “com um olhar entre o inocente e o malicioso”,
aparecia sentada “numa exótica poltrona de vime e com um colar de pérolas sobre
seus seios nus” (foto), para convidar o espectador aos mais ocultos e belos
prazeres. O cinema francês é atualmente o mais dinâmico da Europa continente em
termos de público, números de filmes produzidos e de receitas geradas por suas
produções. A personagem de Arsan apareceu de várias formas diferentes nos
últimos anos, incluindo uma série de ficção científica feita para tevê à cabo
nos anos 1990 chamada “Emmanuelle in space”, estrelando a atriz e modelo
estadunidense Krista Allen, na época em início de carreira. Embora Krista
Allen, que depois foi estrela em Baywatch e em outros filmes, “tenha dito que se
arrepende de seus filmes adultos no papel de Emmanuelle, ela continua sendo
vastamente identificada com a personagem”.
A
palavra que deu origem ao nome da cidade de Amsterdã vem do latim: Homines manentes apud
Amestelledamme, ou seja,
“homens que vivem próximo ao Amestelledamme”. Amestelledamme é “dam” (dique) do rio Amstel, cujo
nome pode ser interpretado como ame (“água”) e stelle (“terra seca”). A data tradicional da
fundação da cidade foi em 27 de outubro de 1275, quando retiraram a obrigação
dos seus habitantes de pagar taxas associadas a passagem em pontes
neerlandesas. No ano de 1300 foi concedido o direito oficial de cidade, e a
partir do século XIV, Amsterdã começou a florescer como centro comercial,
principalmente pelo comércio com outras cidades neerlandesas e alemãs,
conhecidas como a Liga Hanseática. No século XVI, começou o conflito entre os
neerlandeses e Filipe II de Espanha. Essa confrontação causou uma guerra que
durou oitenta anos, e que finalmente deu aos Países Baixos sua Independência.
Depois da ruptura com a Espanha, a república neerlandesa ia ganhando fama por
sua tolerância com respeito a religiões. Entre outros, buscaram refúgio em
Amsterdã judeus de Portugal e Espanha, comerciantes de Antuérpia, e huguenotes
da França, perseguidos em seus países por sua religião.
Do
ponto de vista da esfera de análise econômica, a gênese do capitalista
industrial não se processou de um modo gradual como a do agricultor. É
indiscutível para Marx e Engels, que muitos pequenos mestres de corporações e
até pequenos artesãos mais independentes, ou mesmo trabalhadores assalariados,
se transformaram em pequenos capitalistas e (através da extensão do trabalho
assalariado e da correspondente acumulação) em capitalista. Na infância da
produção capitalista, as coisas passaram em grande parte como na infância das
cidades, onde a questão do saber qual dos servos evadidos devia ser o senhor e
qual devia ser o servo foi muitas vezes decidida pela mais recente ou mais
tardia de sua fuga. Para ambos, o passo de caracol deste método não
correspondia de modo algum às exigências comerciais do novo mercado mundial que
as grandes descobertas do fim do século XV tinham criado. Mas a Idade Média
tinha deixado por herança duas formas distintas de capital, amadurecidas no
interior das mais diversas formações econômicas, e que, antes do modo de
produção capitalista, são consideradas de qualquer forma o capital usuário e o
capital mercantil.
A
descoberta do ouro e da prata na América, a extirpação, escravização e
enterramento das populações autóctones nas minas, o começo da conquista e
pilhagem nas Índias Orientais, a transformação da África numa espécie de
coutada para a caçada comercial à peles-negras assinalavam o despontar da era
capitalista. Estes processos idílicos são e representam, pois o ponto mais
importante da acumulação primitiva. No seu seguimento, vem a guerra comercial
das nações europeias, que “tiene como teatro todo el globo terráqueo” (cf.
Marx, 1973: 731). Daí ser possível admitir Marx como o precursor da crítica
analítica da ideia em sua progênie, hoje comum, da globalização. Ela começa com
a revolta da Holanda contra a Espanha, assume dimensões gigantescas com a
guerra anti-jacobina da Inglaterra e continua ainda com as guerras do ópio
contra a China etc. Marx refere-se noutro lugar que a “razão desta erupção foi
indiscutivelmente proporcionada pelo canhão inglês que lançou à força sobre a
China essa droga soporífera chamada ópio” (Marx, 1973; 1978). Sobre este
aspecto vejamos o que nos diz Burns (1967):
“Entrementes, as
potências europeias começavam a demarcar novas concessões para si mesmas no
continente asiático. Muito antes de 1870 algumas nações européias se haviam
empenhado em aventuras de conquistas territorial no Oriente. Já em 1582 os
russos tinham atravessado os Urais e, em menos de um século, alcançaram o
Pacífico. Em 1763, após eliminar os seus rivais franceses na posse da Índia, os
ingleses começaram a subjugar e desenvolver esse país, cuja maior parte foi
convertida, em 1858, em possessão da coroa britânica. Em consequência da
chamada Guerra do Ópio (1842), a Inglaterra forçou os
chineses a ceder Hong Kong, e poucos anos depois os franceses estabeleceram um
protetorado na Indochina. Em 1858 a Rússia tomou posse de todo o território ao
norte do rio Amur e pouco depois fundou a cidade de Vladivostok (Senhora do
Ocidente), também em território extorquido à China” (cf. Burns, 1967: 753).
Nascida
em 28 de setembro de 1952 em Utrecht, na Holanda, Sylvia, antes de ser um mito
erótico, foi primeiro secretária, “Miss Televisão Europeia” e modelo de propaganda,
profissão que lhe abriu as portas para o cinema, onde estreou com Niet Voor de Poesen, do diretor
Fons Rademakers, em 1972. Posteriormente, vieram outros títulos, mas foi em
1973 - quando o cineasta francês Just Jaeckin lhe ofereceu o grande papel de
sua vida, Emmanuelle -, que Sylvia alcançou a fama, a
mesma “que a devorou como atriz e como mulher com o passar do tempo”.
Considerado um dos filmes pontais do cinema erótico moderno, Emmanuelle batia recordes de bilheteria onde era
exibido. Em Paris, por exemplo, “o filme se manteve por dez anos ininterruptos
em cartaz”. Não há similar na história de gênero no cinema mundial. Isto é
importante. No Brasil, os filmes de Emmanuelle ficaram famosos por sua exibição
no bloco: “Cine Band Privé”, da Rede Bandeirantes durante os anos 1990 e começo
dos anos 2000, com as séries estreladas por Marcela Walerstein e Krista Allen.
Sylvia Kristel, a mais famosa “Emmanuelle” no país durante muito tempo, visitou
o Brasil quando da liberação do seu filme de 1974, que aconteceu em 1979.
Durante os compromissos promocionais, foi convidada e participou de algumas cenas
da telenovela da rede Globo: “Espelho Mágico”, tendo como cicerone o personagem
de Carlos Eduardo Dolabella.
Depois
de estrear no cinema dito “erótico”, Sylvia gravou com Sigi Rothemund, Alain
Robbe-Grillet e Jean-Pierre Mocky, sendo que em 1975, agora com Francis
Giacobetti, a atriz foi convidada a protagonizar a primeira sequência de sua
bem-sucedida personagem, Emmanuelle II (“Emmanuelle: L`antivierge”). Mais
tarde, a atriz também participaria de filmes com Walerian Borowczyk, Roger
Vadim, Claude Chabrol e Francis Girod. Contudo, sem conseguir se desprender do
personagem que lhe deu fama, em 1977, Sylvia protagoniza Emmanuelle 3 (“Goodbye
Emmanuelle”), dirigido nesta ocasião por François Leterrier. Neste mesmo ano, a
atriz dá vida à infanta Isabel da Espanha no filme: “O Quinto Mosqueteiro”, de
Ken Annakin. Em 1979, Sylvia viajou à Espanha para rodar “Camas Quentes”
(1979), de Luigi Zampa, cujo elenco também contava com outros mitos eróticos do
momento, como Ursula Andress e Laura Antonelli.
No
final desse ano, a atriz holandesa se mudou para Hollywood. Lá, nos Estados
Unidos, ela fez várias participações em séries de TV e pequenos papéis em
filmes de pouco êxito nas bilheterias. Em 1980, ela participou do filme “O
Amante de Lady Chatterley”, de Just Jaeckinar, sendo que, um ano depois, fez
seu primeiro papel de cômico em “Express Train”, de Salvatore Samperi. Ainda em
1981, Sylvia atuou em: “Uma Professora Muito Especial”, de Alan Myerson, um
filme que foi qualificado como pornográfico por várias associações
ultraconservadoras familiares norte-americanas, a exemplo do que ocorre com Last Tango... Em 1983, Sylvia
estrelaria a quarta sequência de Emmanuelle e, três anos depois, se casaria com P.
Blot, que a dirigiu no filme Flamenco,
rodado em 1987 nos arredores de Madri. No entanto, Emmanuelle não tinha sido
esquecida e, entre 1992 e 1993, Sylvia voltou a protagonizar três filmes: “A
Vingança de Emmanuelle”, “A Magia de Emmanuelle” e “O Amor de Emmanuelle”. Em
1995, a atriz resolveu se aventurar no teatro na peça: “Teu Gato Está Morto”,
do americano James Kirkwood. Após esta experiência, sua carreira de atriz
começa a declinar, como evidencia seu pequeno papel em: Perdóname (2001), do polêmico cineasta holandês
Cyrus Frisch.
Em
2006, Sylvia publicou sua autobiografia, Desnuda (“Nue”), na qual “confessava sua
dependência em drogas e álcool”. Seis anos depois, quando seu ainda belo rosto
não podia ocultar os excessos, a atriz sofreu um derrame cerebral que lhe levou
ao hospital, onde ela foi diagnosticada, além disso, com um câncer de garganta,
doença que fragilizou muito sua saúde. Unida desde muito jovem ao escritor Hugo
Klaus, teve com ele um filho, Arthur, que nasceu em 1975. Entre 1977 e 1979,
Sylvia esteve unida ao ator britânico Ian McShane e, em 1982, se casou
secretamente em Las Vegas com o milionário americano Alan Turner, do qual se
divorciou pouco antes de voltar à Europa. Em 1986, a atriz holandesa se casou
em Paris com o produtor francês Philippe Blot. Nos últimos anos, Sylvia vivia
em Amsterdã, na Holanda, onde ocasionalmente expunha suas pinturas.
Escólio: A personagem apareceu pela primeira vez no filme: “Io,
Emmanuelle” em 1969 e era interpretada por Erika Blanc. Ela foi recriada mais
tarde em 1974 no filme: “Emmanuelle” e era interpretada pela holandesa Sylvia
Kristel, provavelmente a atriz mais famosa pelo papel. O filme ultrapassou as
barreiras do que era aceitável em filmes na época, com suas cenas de sexo,
estupro, masturbação, mile
high club (“sexo em aviões”)
e “uma cena onde uma dançarina fuma um cigarro com sua vagina usando técnicas
de pompoarismo”. Diferentemente de outros filmes que tentavam evitar uma
classificação adulta do MPAA - a gerência do controverso sistema de
classificação de filmes por faixa etária. Este sistema é muito criticado tanto
pelos mais conservadores que o consideram muito complacente, quanto pelos mais
liberais que o consideram um meio de censura ou uma restrição à liberdade de
expressão.
O
primeiro filme de Emmanuelle abraçou o gênero e tornou-se um grande sucesso
internacional. O filme é, até hoje, um dos mais bem-sucedidos filmes franceses
e chegou a ser exibido nos cinemas locais por anos. Realizado pelo francês Just
Jaeckin, “Emmanuelle” adaptou o romance homônimo de Marayat Bibidh Andriane e
foi seguido de cinco outros filmes centrados na personagem – “Emmanuelle a
Antivirgem” (1975), “Goodbye Emmanuelle” (1977), “Emmanuelle IV” (1984),
“Emmanuelle V” (1987) e “Emmanuelle VI” (1993) -, além de vários telefilmes. O
último, feito inteiramente em sua homenagem pelo seu sucesso e talento, foi
“Para Sempre Emmanuelle”. Apesar de se ter destacado através do clássico softcore, Sylvia Kristel
participou também em filmes de Claude Chabrol, Roger Vadim e Alain
Robbe-Grillet.
“Emmanuelle”: Música: Pierre Bachelet (1974):
“Mélodie d`amour chantait
le cœur d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps perdu/Mélodie d`amour chantait le
corps d`Emmanuelle/Qui vit corps à cœur déçu/Tu es encore/Presque une enfant/Tu
n`as connu/Qu`un seul amant/Mais à vingt ans/Pour rester sage/L`amour étant/Trop
long voyage/Mélodie d`amour chantait le cœur d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps
perdu/Mélodie d'amour chantait le corps d`Emmanuelle/Qui vit corps à cœur
déçu/L`amour à cœur/Tu l`as rêvé/L`amour à corps/Tu l`as trouvé/Tu es en
somme/Devant les homes/Comme un soupir/Sur leur désir/Tu es si
belle/Emmanuelle/Cherche le cœur/Trouve les pleurs/Cherche toujours/Cherche
plus loin/Viendra l`amour/Sur ton chemin/Mélodie d`amour chantait le cœur
d`Emmanuelle/Qui bat cœur à corps perdu/Mélodie d`amour chantait le corps
d`Emmanuelle/Qui vit corps à cœur déçu”.
Enfim, todo ano, durante a última semana de setembro, Utrecht se torna a
capital Holandesa do cinema. É quando acontece o Nederlands Film Festival e quando o público e os profissionais
amantes do cinema podem se concentrar única exclusivamente no cinema Holandês e
em suas facetas. O Festival World Cinema Amsterdam 2011, mostra em sua segunda
edição que veio para ficar e marcar a diferença, no circuito de Festivais de
Cinema nos Países Baixos, sendo o único que dedica toda a programação
exclusivamente aos países da América Latina, Ásia e África. Três extremos e uma
“multiculturalidade” instigante é o que atraiu mais de 9 mil espectadores
em 12 dias ao Cinema Rialto em Amsterdam, onde aconteceu o Festival. Nesse
período, o World Cinema Amsterdam exibiu o melhor do cinema independente e
atual desses três continentes. Foram mais de 40 longas e curtas metragens com
principal foco esse ano voltado para Índia, país escolhido como “cabeça de
cartaz”. O Festival apresentou uma mostra competitiva na qual fez parte a já
premiadíssima, mas ainda inédita no Brasil, longa-metragem Riscado, do Diretor e
Roteirista Gustavo Pizzi, que claro, levou para casa uma Menção Honrosa
Especial do Jury, que diz ter atribuído esse prêmio pela “honestidade impiedosa
de seu protagonista, pela qualidade do roteiro e pela direção versátil do
Diretor”.
Sendo uma das primeiras democracias parlamentares, os Países Baixos são um país
moderno desde o seu início. Entre outras afiliações, o país é membro fundador
da União Europeia (UE), da OTAN, da OCDE, da OMC e assinou o Protocolo de
Quioto. Junto com a Bélgica e com Luxemburgo, o país constitui a União
Econômica do Benelux. O país é palco de cinco tribunais internacionais: o
Tribunal Permanente de Arbitragem, o Tribunal Internacional de Justiça, o
Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia, o Tribunal Penal
Internacional e o Tribunal Especial para o Líbano. Os quatro primeiros estão
situados em Haia assim como a sede da agência da UE de informação criminal, a
Europol. Isto levou a cidade a ser apelidada de “capital legal do mudo”. A
Holanda é líder mundial no campo da arte e da cultura. Basta mencionarmos a
variada arte clássica e contemporânea do Museu Van Gogh, Rijksmuseum, Real
Galeria de Arte Mauritshuis, Bonnefantenmuseum Maastricht e Kunsthal Roterdã. Outrossim, da história e
cultura holandesas na Casa de Anne Frank, Museu Histórico Judaico, Royal Delft,
Museu de Amsterdã, Casa de Dick Bruna ou um dos vários outros museus.
De
outra parte, finalizando, vale lembrar que a equipe laranja, algoz do Brasil
nas quartas-de-final, já disputou outras duas decisões, em 1974 e 1978. Nas
duas, perdeu para os anfitriões daqueles Mundiais. Na primeira, caiu para a
Alemanha e, na segunda para a Argentina. Mas não foi só a Holanda que reviveu
uma bela história. A chegada até a semifinal do Mundial de 2010 é a melhor
campanha do Uruguai desde 1970, quando os bicampeões mundiais perderam nas
semifinais para o Brasil. Até então, todas as Copas do Mundo que foram sediadas
fora da Europa tiveram como campeão Brasil, Argentina ou Uruguai. O Brasil
conquistou fora do velho continente quatro de seus títulos - apenas o primeiro,
em 1958, foi obtido na Suécia. A segunda taça foi levantada no Chile (1962), a
terceira veio no México (1970), o tetra saiu nos Estados Unidos (1994), e penta
no Japão (2002). O aproveitamento europeu dentro do continente é extremamente
alto: das dez Copas disputadas no continente, a única que não foi vencida por um
time local foi justamente a de 1958, com o Brasil triunfando na Suécia. Nas
quartas-de-final, o cenário da supremacia sul-americana fora da Europa parecia
que iria se confirmar novamente. No entanto, todos os europeus venceram seus
confrontos e conseguiram garantir o título para o continente.
A
torcida holandesa invadiu a Cidade do Cabo para incentivar sua seleção contra o
Uruguai na semifinal da Copa do Mundo. Em todas as partes da cidade foi
possível notar o grande número de torcedores, que desde cedo já pareciam ter
consumido boa quantidade de bebida alcoólica. A confiança da vitória estava
estampada no rosto dos aficionados na equipe do técnico Bert Van Marwijik.
Cantos típicos do país foram entoados a todo instante pelas avenidas que davam
acesso ao estádio. O grande número de holandesas, quase todas loiras, chamava
atenção dos demais turistas e sul-africanos pela beleza e simpatia. Vestidos
com paletós, camisas, gravatas, calças e meias e até sapatos cor de laranja, os
fãs de Sneijder, Robben e Cia desfilaram pelo centro e por pontos turísticos
como Table Mountain e Waterfront. Um deles se destacou pelo fato de estar todo
de laranja, mas com a camiseta da Seleção Brasileira, adversário que a “Laranja
Mecânica” eliminou nas quartas-de-final. Bibliografia geral consultada:
Artigo: “Morre aos 60 anos
a atriz Sylvia Kristel”. Disponível no site: http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2012/10/18/;
Artigo: “Atriz de Emmanuelle foi a musa de uma época em que erotismo e
pornografia andavam juntos no cinema”. Disponível no site: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/segundo-caderno/noticia/2012/10/;
BRAGA, Ubiracy de Souza, “Holanda: História, Política & Futebol”.
Disponível em: http://secundo.wordpress.com/2010/07/09/holanda-historia-politica-futebol/;
Idem, “Le Dernier Tango à Paris faz
40 anos”. http://espacoacademico.wordpress.com/2011/10/27/le-dernier-tango-a-paris-faz-40-anos/;
MÁRQUEZ, Gabriel García, La
increíble y triste historia de la cândida Eréndira y de su abuela desalmada.
Colombia: DeBols!llo, 1972; DE MARCHI, Luigi, Wilhelm
Reich: Biografía de una idea. Barcelona: Península, 1974; REICH, Wilhelm, La Función del Orgasmo. Buenos
Aires: Paidós, 1974; Idem, O
combate sexual da juventude. 2ª
ed. Lisboa: Antídoto, 1978; BAKER, Elsworth F, O labirinto humano: as causas do
bloqueio da energia sexual. São
Paulo: Summus Editorial, 1980; BOADELLA, David, Nos caminhos de Reich. São
Paulo: Summus Editorial, 1985; MISSSE, Michel, O Estigma do Passivo Sexual.
Rio de Janeiro: Achiamé/Socii, 1983; STOLKINER, Jorge, Recontextualizando Reich. New
York: Open Orgonomy, 2005; MARX, Karl e ENGELS, Friedrich, Sobre o Colonialismo. Lisboa:
Editorial Estampa 1978, vol. I, p. 22 e ss; Idem, Sobre o Colonialismo. Ob. cit.,
vol. II, p. 157 e ss; MARX, Carlos, El
Capital. Crítica de la Economía Política. Libro Primero. Buenos Aires:
Editorial Cartago, 1973, vol. 1, cap. XXXI, “Genesis del Capitalista
Industrial”; pp. 730-740; MARX, Carlos, Teorias
de la Plusvalia. Madrid: Alberto Corazón Editor, 1974, vol. 1 e 2, “onde
Marx debía comenzar a demonstrar algo de ´sentido comercial` en sus relaciones
con los editores”; Idem, Elementos
fundamentales para la crítica de la economia politica (borrador) 1857-1858. 4ª edición corregida. Siglo
Veintiuno Argentina Editores, 1973. Vols. 1-2; ARNAUT, Jacques, História del Colonialismo. Ob.
cit; BAECHLER, Jean, Les
Origenes du Capitalisme. Paris: Éditions Gallimard, 1971, “La genèse du
capitalisme”, pp. 105-180; HUBERMAN, Leo, História
da Riqueza do Homem. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 1974, entre outros.
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