O fotógrafo Julian Germain viajou ao redor do mundo registrando salas de aula e suas atmosferas em cada cidade que visitou. Comparar a realidade da educação de um país de terceiro mundo com a outro de primeiro através de fotos é o que dá profundidade ao projeto Classroom Portraits.
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
A Ironia de Gabriela: “uma puta deputada”
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Publicado por
Pedro Mourão
Marcadores:
arte,
ARTIGO,
cidade,
CIÊNCIAS SOCIAIS,
direitos humanos,
Estado,
Profissão,
sexualidade
A Ironia de Gabriela: “uma puta deputada”.
Ubiracy de Souza Braga*
_____________________
* Sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), doutor em ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Escólio: A ex-prostituta Gabriela
Leite, que em 2005 lançou a grife Daspu,
menção irônica (cf. Kierkegaard, 2005; Facioli, 2010) à Daslu, então a maior loja
de artigos de luxo do País, morreu nesta quinta-feira, 10/10/2013, à noite no
Rio de Janeiro, vítima de câncer no pulmão, aos 62 anos. Gabriela prostituiu-se
na “Boca do Lixo”, em São Paulo, na Vila Mimosa, no Rio de Janeiro, e em Belo
Horizonte. Em 1987 organizou o 1º
Encontro Nacional de Prostitutas e em 1992 fundou a ONG Davida. Ela cursou Filosofia na
Universidade de São Paulo (USP) e em 2009 lançou “Filha, mãe, avó e puta”,
livro em que narra sua vida. Em 2010 Gabriela foi candidata a deputada federal
pelo PV – Partido Verde, mas infelizmente não se elegeu.A ativista, que passava
por quimioterapia para tratamento do câncer, dá nome ao projeto de lei de
autoria do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) que “propõe a regularização
dos profissionais do sexo”. O projeto é analisado em uma comissão da Câmara dos
Deputados e se passar o país fará jus à sociedade mais justa e igualitária.
Em
muitos países, chamam-se deputados aos representantes do povo “eleitos para o
Parlamento”. Um deputado, no Parlamento, tem poder legislativo, isto é, no
Parlamento os deputados decidem se aprovam ou não decretos-lei ou mesmo leis. Deputados
também fazem perguntas
ao governo, de caráter geral ou não, de forma a averiguar o seu trabalho. Qualquer
pessoa em tese pode ser eleita para o mandato de deputado, desde que pertença a
um partido político e reúna um número mínimo de votos. Quantos mais votos tiver
o partido, maior número de deputados pode eleger para o Parlamento.Teoricamente
todos os deputados que pertencem ao mesmo partido deveriam exercer o mesmo voto
sobre uma matéria: chama-se a isto “disciplina de voto”.Em suma, um deputado é
alguém eleito pelo povo para representá-lo no Parlamento e a quem o povo que o
elegeu confia as decisões sobre variados assuntos.
Historicamente a Boca do Lixo surge
como uma região não oficial do centro da cidade de São Paulo caracterizada por
ter se tornado um polo da indústria cinematográfica nas décadas de 1920 e 1930,
quando empresas como a Paramount, a Fox e a Metro se instalaram na região.
Durante as décadas seguintes, essas companhias atraíram distribuidoras,
fábricas de equipamentos especializados, serviços de manutenção técnica e outras
empresas do ramo cinematográfico para as redondezas, o que transformou a Boca
em um verdadeiro reduto do cinema independente brasileiro, desvinculado dos
incentivos governamentais. Durante aqueles anos, era comum ver homens guiando
carroças carregadas de latas de filmes pelas vias públicas. A Boca está
localizada no bairro da Luz, em um quadrilátero que inclui a Rua do Triumpho e
suas adjacências. Nos anos 1990, parte desse quadrilátero veio a ser chamada de
Cracolândia (cf; Braga, 2012) e se tornou uma das regiões mais degradadas da
cidade de São Paulo. Algumas fontes citam a região como sendo o fim da rua
Augusta. Enquanto São Paulo tinha a Boca do Lixo, o Rio de Janeiro tinha o Beco
da Fome.
Muitos
cineastas, como Carlos Reichenbach, Luiz Castelini, Alfredo Sternheim, Juan
Bajon, Cláudio Cunha ou Walter Hugo Khouri, tinham clara proposta autoral em
seus filmes, mas a produção da Boca “ficou mesmo caracterizada pelos filmes
baratos e que tinham forte apelo sexual”. Ela floresceu e se expandiu na pornochanchada
dos anos 1970, com musas como Helena Ramos, Sandra Bréa, Vanessa Alves,
Patrícia Scalvi, Nicole Puzzi, Zilda Mayo. Comédias, dramas, policiais,
faroestes, filmes de ação e de kung fu, terror, entre outros, foram gêneros
explorados pelo cinema da Boca, sem deixar de lado o uso restrito do erotismo.
Produtores como Antônio Polo Galante, David Cardoso, Nelson Teixeira Mendes,
Juan Bajon, Cláudio Cunha, Aníbal Massaini Neto, entre outros, ficaram
milionários com esse tipo de cinema.Alguns tiveram sucesso de bilheteria, entre
os quais “A Viúva Virgem”, de Rovai, e “Giselle”, de Victor di Mello. Em raras
exceções, esses filmes eram sucesso entre a crítica, que preferia os filmes
mais voltados à questão social, de diretores surgidos no chamado “Cinema Novo”
e nos anos 1970, integrados à Embrafilme, que produzia filmes com incentivo
estatal. O fim da ditadura militar golpista no Brasil em 1984 trouxe de volta o
filme de sexo explícito, o que acabou matando simbolicamente essa indústria
cinematográfica.
Gabriela
Leite, a mais destacada lutadora pelos direitos civis das prostitutas
brasileiras, morreu de câncer, no Rio de Janeiro. Paulistana e de família
tradicional, ela abandonou, com 22 anos, os cursos de Filosofia e Sociologia da
Universidade de São Paulo (USP) para imergir, por opção, na chamada “Boca do
Lixo”, antiga região de São Paulo de grande concentração de garotas de
programas, na década de 1970. Hoje [em agosto de 2012], aos 61 anos, ela
rejeita o termo “ex-prostituta” em suas apresentações. E com razão, pois
Gabriela está muito ativa no movimento de defesa dos direitos das prostitutas,
tendo fundado, inclusive, uma ONG em 1992, a Davida. Uma das principais conquistas até agora foi a inclusão, em
2002, da ocupação “trabalhador do sexo”, na Classificação Brasileira das
Ocupações (CBO), permitindo que prostitutas possam se registrar no Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), como autônomas, e garantir uma aposentadoria
futura. Autora do livro “Filha, mãe, avó e puta – A história de uma mulher que
decidiu ser prostituta”, da editora Objetiva e que já foi transformada em peça
teatral, “Gabriela”, que luta contra um câncer, acaba de ser uma das
contempladas do Prêmio “Trip Transformadores 2012”. Foi uma homenagem ao fato
de ter lançado, anos antes, a grife Daspu
– uma provocação à luxuosa Daslu e, ao mesmo tempo, uma cooperativa de produção
de roupas constituída por ex-prostitutas que não seguiram no mercado do sexo
por conta da idade.
Direitos civis são as proteções e
privilégios de poder pessoal dados a todos os cidadãos por lei. Direitos civis
são distintos de “direitos humanos” ou “direitos naturais”, também chamados “direitos
divinos”. Direitos civis são direitos que são estabelecidos pelas nações
limitados aos seus limites territoriais, enquanto direitos naturais ou humanos
são direitos que muitos acadêmicos dizem que os indivíduos têm por natureza ao
nascer. Por exemplo, o filósofo John Locke (1632-1704) argumentou que os
direitos naturais da vida, liberdade e propriedade deveriam ser convertidos em
direitos civis e protegidos pelo Estado soberano como um aspecto do contrato
social. Outros argumentaram que as pessoas adquirem direitos civis como um
presente inalienável da divindade ou em um tempo de natureza antes que os
governos se formaram. Leis garantindo direitos civis podem ser escritas,
derivadas do costume ou implicadas. Nos Estados Unidos e na maioria dos países
continentais europeus, as leis de direitos civis em sua maior parte são
escritas.
Exemplos
de direitos civis e liberdades incluem o direito de ser ressarcido em caso de
danos por terceiros, o direito à privacidade, o direito ao protesto pacífico, o
direito à investigação e julgamento justos em caso de suspeição de crime e
direitos constitucionais mais generalistas, como o direito ao voto, o direito à
liberdade pessoal, o direito à liberdade de ir e vir, o direito à proteção
igualitária e, ainda, o habeas corpus,
o direito de permanecer em silêncio (i. e. não responder a questionamento), e o
direito a um advogado; estes últimos três são designados na constituição
Norte-Americana para garantir que aqueles acusados de algum crime estão
assegurados de seus direitos. Ao passo que as civilizações emergiram e
formalizaram através de constituições escritas, alguns dos direitos civis mais
importantes foram passados aos cidadãos. Quando esses direitos se descobriram
mais tarde inadequados, movimentos de direitos civis surgiram como veículo de
exigência de proteção igualitária para todos os cidadãos e defesa de novas leis
para restringir o efeito de discriminações presentes.
A
Câmara dos Deputados do Brasil, assim como o Senado Federal, faz parte do Poder
Legislativo da União. São 513 deputados, que através do voto proporcional, são
eleitos e exercem seus cargos por quatro anos. Atualmente seu presidente é o
deputado Henrique Eduardo Alves, filiado ao Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB) do estado do Rio Grande do Norte. A Câmara dos Deputados está
localizada na Praça dos Três Poderes,
na
capital federal.À Câmara dos Deputados compete privativamente: eleger os
membros do Conselho da República e autorizar a abertura de processo contra o
presidente da República e seus ministros. Juntamente com o Senado forma o
Congresso Nacional, cabendo a esta instituição: a aprovação, alteração e revogação
de Leis; autorização ao Presidente para a declaração de guerra; sustar atos do
Poder Executivo; julgar as contas do Presidente da República; dentre outras
funções, enumeradas no capítulo I, título IV, da Constituição Federal de 1988.
Segundo
o artigo 80 da Constituição brasileira o presidente da Câmara dos Deputados é o
segundo na linha de sucessão do presidente da República, logo após o
vice-presidente, sendo chamado em caso de impedimento ou vacância de ambos os
cargos. Isso ocorre para dar a maior legitimidade possível a decisão, pois os
deputados são considerados representantes do povo e os senadores representantes
dos estados. Após esse assumem o presidente do Senado Federal e o presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF).A Câmara dos Deputados tem mais de 15 mil funcionários
e, segundo recente publicação, 1371 destes temsalários maiores do que R$28 mil
por mês.Sobre o regime de trabalho está em curso a apresentação do Projeto de
Lei n. 6071/2013, pela Deputada Aline Corrêa (PP-SP), que: “Acrescenta artigo à
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, a fim de dispor sobre a jornada de
trabalho em regime de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso”.
Além
disso, a renomada revista inglesa The
Economist escolheu o Brasil como tema para uma extensa reportagem de capa
em sua edição mais recente, onde busca explicações para uma pergunta
pertinente: por que, mesmo dispondo de potencial interno invejável e
atravessando conjunturas externas favoráveis, o Brasil não decola, nem consegue
acompanhar o ritmo de crescimento dos outros países ditos emergentes,
apresentando o pior desempenho entre eles? A matéria, de ótimo conteúdo
jornalístico, foi taxada pelos assessores do Planalto e a militância petista
como uma espécie de encomendaoposicionista para desmerecer o governo Dilma
Rousseff, tendo em vista a crítica localizar-se em deputados do PSDB, quando não
se trata de uma análise profunda dos fatores que ora travam o nosso
desenvolvimento e que podem ser resumidos em duas vertentes básicas: o foco
único no palanque, na perpetuação do poder partidário, na reeleição da
presidente-candidata e, mais grave, a tentativa ideológica de transpor para o
Brasil um modelo bolivarianode gestão pública, ignorando a grandeza, a história
social e a diversidade cultural e política da nação.
Com
o cabelo curto, cara de menina e silhueta perfeita, Sylvia Kristel foi
escolhida como atriz para o papel principal de “Emmanuelle”, do diretor Just
Jaeckin, que virou um sucesso mundial de bilheteria. Quando protagonizou o
filme, Kristel tinha apenas 22 anos. Por obrigações contratuais, Kristel
participou em papéis mais ou menos importantes em várias sequências de
“Emmanuelle” (1974), tais como: “Emmanuelle 2” (1975), “Adeus, Emmanuelle”
(1977) e “Emmanuelle 4” (1984). Apesar das tentativas de se afastar do cinema
erótico para trabalhar com nomes importantes do cinema francês, sua imagem
ficou marcada positivamente, pela personagem que a tornou famosa. A atriz
holandesa de maior fama no panorama do cinema internacional até hoje, ficou
conhecida e acabou eternamente marcada por seu primeiro filme, “Emmanuelle”, de
1974. O longa-metragem, dirigido por Just Jaeckin, é uma adaptação do livro
(foto) de mesmo nome escrito por Emmanuelle Arsan.
Foto: Dutch actress Sylvia
Kristel, best known for the 1974 erotic French film: “Emmanuelle”.
Não
queremos perder de vista analogamente que Sylvia Kristel, nascida em Utrecht,
em 28 de setembro de 1952 - Amsterdã, em 17 de outubro de 2012, foi uma atriz,
diretora e modelo holandesa, mais conhecida pelo filme “Emmanuelle”. Iniciou
seu trabalho como modelo aos 17 anos, mas “inicialmente planejava ser
professora”. Musa de uma época em que erotismo (cf. Márquez, 1972), a
pornografia e o orgasmo (cf. Reich, 1974a; 1974b; 1978; Marchi, 1974; Baker,
1980; Boadela, 1985) eram quase sinônimos no cinema, a atriz holandesa Sylvia
Kristel morreu na noite de quarta-feira, aos 60 anos, em Amsterdã. Tornou-se
conhecida mundialmente interpretando a personagem principal na série de filmes
“Emmanuelle”. Mas a sua estreia se dá com o filme: Naakt over de schutting
(1973). Em 1974, aos 21 anos, a atriz personificou “Emmanuelle”, em filme
homônimo, grande sucesso na França, sobretudo pelo teor erótico. Melhor
dizendo, em seu ersatz colocou o erotismo no centro da história social do
cinema. Segundo o site especializado em cinema IMDb, “o filme garantiu US$ 100
milhões em bilheteria ao redor do mundo”.
As
teses de Foucault e Pasolini sobre a constituição do dispositivo discursivo da
sexualidade encontram-se referenciadas em uma dupla crítica - histórica e
metodológica - à hipótese repressiva da sexualidade. Esse, o nó górdio entre
Foucault na filosofia e Pasolini na arte cinematográfica em que pretendemos uma
aproximação conceitual. Píer Paolo Pasolini era um artista solitário. Antes de
ficar famoso como cineasta tinha sido professor, poeta e novelista. Entre seus
livros mais conhecidos estão Meninos da Vida, Uma Vida Violenta e Petróleo
(livro). De porte atlético e estatura média, Pasolini usava óculos com lentes
muito grossas. Em 26 de janeiro de 1947 escreveu uma declaração polêmica para a
primeira página do jornal Libertà:
“Em nossa opinião, pensamos que, atualmente, só o comunismo é capaz de fornecer
uma nova cultura”. Após a sua adesão ao PCI - Partido Comunista Italiano,
participou de várias manifestações e, em maio de 1949, participou do Congresso
da Paz em Paris.
Em
um caso e outro se quisermos insistir neste aspecto, vejamos. Surgem dois modos
possíveis de interpretação do uso do verbo “saber”. Na primeira, “saber” está
ligado à crença, saber implica crer. Em sentido amplo, crer também significa
“ter por verdadeiro”. Assim, crer significa, por exemplo, ter algo por
existente ou ter um enunciado por verdadeiro. Em outras palavras, crer significa
aceitar a verdade e a realidade sem que seja necessário apresentar provas. Em
última instância é possível afirmar, que crer implica “dar por acordado que o
mundo existe”. Há, portanto, uma dimensão prática que liga o saber (Foucault)
ao mundo manifestado no “crer” (Pasolini). Esta dimensão parece apontar para o
segundo modo de interpretação do uso do verbo “saber”. Desta vez, ele pode ser
associado a “poder” (Foucault). Dizer que “se sabe” é o mesmo que dizer que “se
pode” (Pasolini). Aqui reside o ponto central da interpretação analítica que
compreende o saber como habilidade e disposição. Melhor dizendo, se para Hegel,
à existência na consciência, no espírito chama-se saber, “conceito pensante”. O
espírito é também isto: “trazer à existência, isto é, à consciência”. Como
“consciência em geral”, tenho eu um objeto; uma vez que eu existo e ele está na
minha frente. Mas enquanto o Eu é o objeto de pensar, é o espírito precisamente
isto: “produzir-se, sair de si, saber o que ele é”.
Nisto
consiste a grande diferença: o homem sabe o que ele é. Logo, em primeiro lugar,
ele é real. Sem isto, a razão, a liberdade não são nada. O homem é
essencialmente razão. O homem, a criança, o culto e o inculto, é razão. Ou
melhor, a possibilidade para isto, para ser razão, existe em cada um, é dada a
cada um.Todo conhecer, todo aprender, toda visão, toda ciência, inclusive toda
atividade, não possui nenhum outro interesse além do aquilo que “é em si”, no
interior, manifestar-se desde si mesmo, produzir-se, transformar-se objetivamente.
Nesta diferença se descobre toda a diferença na história do mundo. Os homens
são todos racionais. O formal desta racionalidade é que o homem seja livre.
Esta é a sua natureza. Isto pertence à essência do homem. O europeu sabe de si,
é objeto de si mesmo. A determinação que ele conhece é a liberdade. Ele se
conhece a si mesmo como livre. O homem considera a liberdade como sua
substância. Se os homens “falam mal de conhecer é porque não sabem o que
fazem”. Conhecer-se, converter-se a si mesmo no objeto (do conhecer próprio) e
o fazem relativamente poucos. Mas o homem é livre somente se sabe que o é.
Pode-se também em geral falar mal do saber, como se quiser. Mas somente este
saber libera o homem. O conhecer-se é no espírito a existência. Portanto isto é
o segundo esta é a única diferença da existência (“Existenz”) a diferença do
separável. O Eu é livre em si, mas também por si mesmo é livre e eu sou livre
somente enquanto existo como livre.
Em
primeiro lugar, a ironia (cf. Kierkegaard, 2005; Facioli, 2010) é um
instrumento de literatura ou de retórica que consiste em dizer o contrário
daquilo que se pensa, deixando entender uma distância intencional entre aquilo
que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Literatura, a ironia é a arte
de zombar de alguém ou de alguma coisa, com vista a obter uma reação do leitor,
ouvinte ou interlocutor. Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o
objetivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o locutor
descreve a realidade com termos aparentemente valorizadores, mas com a
finalidade de desvalorizar. A ironia convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo
durante a leitura, para refletir sobre o tema e escolher uma determinada
posição. O termo “ironia Socrática”, levantado por Aristóteles, refere-se ao
método socrático. Neste caso, não se trata de ironia no sentido moderno da
palavra.A ironia de situação é a disparidade existente entre a intenção e o
resultado: quando o resultado de uma ação é contrário ao desejo ou efeito
esperado. Da mesma maneira, a “ironia infinita” (“cosmicirony”) é a disparidade
entre o desejo humano e as duras realidades do mundo externo. Certas doutrinas
afirmam que a ironia de situação e a ironia infinita, não são ironias de todo. É
também um estilo de linguagem caracterizado por subverter o símbolo que, a
princípio, representa. A ironia, enfim, utiliza-se como uma forma de linguagem
pré-estabelecida para, a partir e de dentro dela, contestá-la.É, sobretudo
neste aspecto que entendemos a ironia de Gabriela Leite. Ora, vale lembrar queputa
do ponto de vista da linguagem, pode representar um substantivo feminino;
prostituta, um adjetivo feminino; com muita raiva e, lastbutnotleast, adverbio de intensidade; equivalente a muito,
usado para alimentar a intensidade do adjetivo: - Ah que tédio, vou ali comer
uma puta; - Haha, eu não paguei e ela ficou puta comigo!; - Nossa não pagar ela
foi uma puta sacanagem!
De
outra parte, a moda é um lugar de observação privilegiado para ver “funcionar o
social” (cf. Lipovetsky, 1989). É apaixonante e cruel, porque se descobrem
coisas que estão na moda em um ano e, no ano seguinte, têm de se renovar para
alcançarem uma nova moda. Por outro lado, a moda não é favorável ao mito,
porque é demasiado rápida. O mito precisa se instalar adquirir peso, criar
tradições, por isso Amy Winehouse, como vimos noutro lugar, virou mito, já que
não vivemos a aceleração da história, mas a aceleração da “pequena história”.
É, portanto, precisamente com a crise do desejo que podemos encontrar mitos,
porque é fixo, imóvel, agressivo, como fora o “mito de esquerda”, os ecos da
ecologia para salvar a nossa casa, o planeta Terra (cf. Braga, 2012), a questão
tópica do aborto, ou as lutas contra o racismo etc. O mal-estar e a crise da
civilização de que falava Freud, é talvez uma crise do desejo.
Há
pouco mais de um século Sigmund Freud (1972; 1996) desandou de vez o caldo ao
descobrir o inconsciente e, com isso, afirmar que não somos exatamente aquilo
que pensamos. Com o espelho do Narciso arranhado, tomou-se consciência de que
tudo poderia ser motivo de dúvida. Na insegurança e desorientação das massas, o
capitalismo globalizado fez sua mágica. Além do coelho, tirou da cartola casas,
carros, videogames, roupas e tudo o mais para nos desviar o foco das angústias.
Porém, isso tudo não passa de uma forma de abstração. Quando alguém fala que
está em crise existencial, precisa descobrir qual o seu motivo, pois não há um
sintoma nomeado como “crise existencial”, existe sim castrações de desejo no
sujeito que o angustiam. Ipso facto,
muitas pessoas sentem dificuldade ao tentar definir a razão de estarem
insatisfeitas com a vida.
Do
ponto de vista ideológico é fato que numa das primeiras cenas do filme:“Bruna
Surfistinha”, a cafetina que a acolhe no prostíbulo ironicamente diz que ela
teria sua carteira de trabalho registrada como profissional do sexo, com todos
os direitos inerentes a qualquer trabalhador, o que causou espanto na
personagem. Evidentemente isto não é possível porque a lei considera crime a
exploração da prostituição, com pena de reclusão de um a quatro anos (crime de
rufianismo). Entretanto, do ponto de vista político o Estado brasileiro
reconhece desde 2002 “a profissão de prostituta”, ano em que o Ministério do
Trabalho oficializou a profissão em sua Classificação Brasileira de Ocupações,
item 5198, definindo quem a pratica como sendo:“a profissional do sexo, garota
de programa, garoto de programa, meretriz, messalina, michê, mulher da vida,
prostituta, puta, quenga, rapariga, trabalhador do sexo, transexual
(profissionais do sexo) e travesti (profissionais do sexo)”. Isto permite que
quem vive da prostituição possa recolher contribuições previdenciárias, como “profissional
do sexo”, e garantir direitos comuns a todos os trabalhadores, como
aposentadorias e auxílio doença.
O
importante é entender que a crise existencial diz respeito à defesa do sujeito
contra seu próprio desejo. Em resumo, entre solidão, aceitação sexual e
problema familiar, a crise existencial nada mais é que um diálogo interno, sua
autocrítica em comparação e relação a si mesmo e ao outro, pois na medida em
que esse sujeito está de algum modo deserdado, esmagado pelas duas grandes
estruturas psíquicas que mais retiveram a atenção da modernidade, a saber, a
neurose e a psicose, o sujeito imaginário é um parente pobre dessas estruturas
porque nunca é nem inteiramente psicótico, nem inteiramente neurótico, como
ocorreu com o psicopata islamofóbico
(cf. Braga, 2011a; 2011b) e autor do duplo atentado nestes dias na Noruega,
Anders BehringBreivik, 32, que qualificou seu ato de “cruel, mas necessário”.O
fenômeno histórico que aparenta revelar-se desse modo, há cinquenta anos, é o
problema da “gregaridade” – é uma palavra nietzschiana. Os marginais
multiplicam-se, reúnem-se, tornam-se rebanhos, pequenos é certo, ou rebanhos de
qualquer maneira.
ParaRoland
Barthes “a história atual é o desvio em direção à gregaridade: os
regionalismos, por exemplo, são pequenas gregaridades que tentam
reconstituir-se. Acredito agora que a única marginalidade verdadeiramente
consequente é o individualismo. Mas há que se retomar esta noção de uma forma
nova”.Dizia-se ainda que Sócrates fosse atopos, quer dizer “sem lugar”,
inclassificável. É um adjetivo que relacionamos, sobretudo ao objeto amado,
tanto mais que, enquanto sujeito apaixonado simulado no livro, não saberia me
reconhecer como atopos mas, ao contrário, como uma pessoa banal cujo dossiê é
bastante conhecido. Ou seja, sem tomar partido quanto ao fato de ser
inclassificável, devo reconhecer que sempre trabalhei por repentes, por fases,
e que há uma espécie de motor, que expliquei um pouco em Roland Barthes, que é
o paradoxo. Quando um conjunto de posições parece reificar-se, constituir uma situação
social pouco precisa, então efetivamente, por mim mesmo sem o pensar, sinto o
desejo de ir em outra direção. E é nisso que, afirma Bathes,“eu poderia me
reconhecer como um intelectual; a função do intelectual sendo ir sempre a outra
direção quando as coisas pegam”.Referências bibliográficas:
Filme: “Os Cafajestes”,
com Norma Bengell (1935/2013), apresenta a primazia da nudez frontal no cinema
brasileiro. Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães d`ÁureaBengell, nascida no Rio
de Janeiro, em 21 de fevereiro de 1935 e morta nesta cidade, em 9 de outubro de
2013, foi uma atriz, cineasta, produtora, cantora e compositora brasileira. Era
filha única de um alemão, afinador de pianos, com uma jovem rica da zona sul
carioca.Entrevista: “Gabriela Leite: contra preconceitos, a força da ironia”.
Disponível no site: http://outraspalavras.net/destaques/11/10/2013; BRAGA, Ubiracy de
Souza, “Para sempre Emmanuelle”. Disponível no site: http://cienciasocialceara.blogspot.com.br/2012/10/; Idem, “Notas sobre
Michel Foucault e os Anarco-Ecologistas”. Disponível em: http://www.oreconcavo.com.br/2012/05/11/; Idem, “Píer Paolo
Pasolini: Profeta e mártir do cinema”. Disponível em: http://www.oreconcavo.com.br/2012/03/25/; Idem, “Guerra de
Sangue em Oslo, contra imigrantes e marxistas”. Disponível em:
http://www.oreconcavo.com.br/2011/07/26/; Idem, “A Irmandade
Muçulmana: história & ordem política”. In: http://www.oreconcavo.com.br/2011/02/25/; KIERKEGAARD, Soren,O conceito de ironia. Petrópolis (RJ),
Brasil: Vozes, 2005; FACIOLI, Adriano,A
ironia: considerações filosóficas e psicológicas. Curitiba (PR): Juruá,
2010; JABOR, Arnaldo, Porno Politica: Paixões
e taras na vida brasileira. São Paulo: Editora Objetiva, 2006; 134 páginas;
Artigo: “Morre ex-prostituta Gabriela Leite, criadora da Daspu”. In: http://www.estadao.com.br/noticias/; artigo: “O voo de
galinha e os custos da candidatura”. In: http://www.antonioimbassahy.com.br/; LIPOVETSKY, Gilles,
O Império do Efêmero. A moda e seu
destino nas sociedades modernas. Rio de Janeiro: Companhia das Letras,
1989; BARTHES, Roland, O grau zero da
escritura. São Paulo: Editora Cultrix, 1971; Idem, Mitologias. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1972; Idem, O grão da voz. Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1995; FREUD, Sigmund, Obras
Completas. Madrid: Editorial Biblioteca Neuva, 1972, 3 volumes; Idem, Obras psicológicas completas. Rio de
Janeiro: Ed. Standard; Imago, 1996; PLATÃO, Fedro.
275-c a 276-d e “Carta VI”, 344-c. d.; Idem, Obras Completas. Madrid: Aguillar, 1977; Idem, Apologias a Sócrates. São Paulo: Martin Claret, 1999; NIETZSCHE,
Friedrich, A Filosofia na Época trágica
dos Gregos. São Paulo: Abril Cultural, 1974. (Obras Incompletas; Col. Os
Pensadores); Idem, Sabedoria para depois
de amanhã. São Paulo: Martins Fontes, 2005; Idem, A Vontade de Poder. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008; FOUCAULT,
Michel, Arqueologia do Saber.
Petrópolis (RJ): Vozes, 1971; Idem, El
Ordendel Discurso. Barcelona: Tusquets, 1973; Idem, “Genealogia e Poder”.
In: Microfísica do Poder. 4ª edição.
Rio de Janeiro: Graal, 1984; MÁRQUEZ, Gabriel García, La increíble y triste historia de la cândida Eréndira y de suabuela
desalmada.Colombia: DeBols!llo, 1972; DE MARCHI, Luigi, Wilhelm Reich: Biografía de una idea.
Barcelona: Península, 1974; REICH, Wilhelm, La
Funcióndel Orgasmo. Buenos Aires: Paidós, 1974; Idem, O combate sexual da juventude. 2ª ed. Lisboa: Antídoto, 1978;
BAKER, Elsworth F, O labirinto humano: as
causas do bloqueio da energia sexual. São Paulo: Summus Editorial, MISSSE,
Michel, O Estigma do Passivo Sexual. Rio
de Janeiro: Achiamé/Socii, 1983; BOADELLA, David, Nos caminhos de Reich. São Paulo: Summus Editorial, 1985;entre
outros.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Ernest Hemingway, uma geração perdida - notas.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Publicado por
Pedro Mourão
Marcadores:
arte,
ARTIGO,
filosofia,
HUMANIDADE,
Literatura
Ubiracy
de Souza Braga*
_________________
* Sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
“Você vai precisar de uma mulher a cada livro”.
Scott Fitzgerald
Escólio:
Ernest Miller Hemingway nasceu em 1899, em Oak Park, Illinois (EUA). Filho de
um médico da zona rural cresceu em contato com um ambiente pobre e rude, que
conheceu ao acompanhar o trabalho do pai na região. Esse ambiente foi descrito
em seu livro de contos,“In Our Time” (1925). Fez parte da comunidade de
escritores expatriados em Paris, conhecida como “geração perdida”, nome
inventado (cf. Braga, 2012) e popularizado por Gertrude Stein (1874-1946),
escritora, poeta e feminista estadunidense.Tinha um apreciável círculo de
amigos, como Pablo Picasso, Matisse, Georges Braque, Derain, Juan Gris,
Apollinaire, Francis Picabia, Ezra Pound, Ernest Hemingway e James Joyce, isso
apenas pra citar alguns.Levando uma vida turbulenta, Hemingway casou-se quatro
vezes, além de vários relacionamentos românticos. Em Pamplona, meados do século
XX, fascinado pelas touradas, a ponto de tornar-se um toureiro amador,
transporta essa experiência para o livro:“O Sol Também Se Levanta” (1926). Ao
cobrir a Guerra Civil Espanhola (1936-39), como jornalista do North American Newspaper Alliance(1936),
não hesitou em se aliar às forças republicanas contra o fascismo, tema do livro:“Por
Quem os Sinos Dobram” (1940). É sempre considerada sua obra-prima. Após Mark
Twain e Jack London, Ernest Hemingway é o escritor norte-americano
mais traduzido a outros idiomas.
Autor
de cinco romances e mais de 50 relatos, Hemingway cultivou uma imagem de
viajante e aventureiro infatigável, com prolongadas viagens a França, Itália,
Espanha, Cuba e África durante seus 61 anos de vida, nos quais testemunharam as
duas guerras mundiais. Nascido em 1899 em Oak Park, nos arredores de Chicago, a
vocação de Hemingway não tardou a brotar. Pouco após terminar seus estudos,
começou a trabalhar com apenas 17 anos como repórter no jornal “Kansas City
Star”.Sua permanência no periódico mal durou um ano, mas Hemingway sempre
lembrou o livro de estilo do jornal com frases curtas, primeiros parágrafos curtos,-
como guia para sua ágil escrita, que posteriormente inspiraria imitadores, os
bons imitadores.Nessa época, uma das mais prolíficas de sua carreira, publicou
dois de seus romances mais reconhecidos, “O Sol Também Se Levanta” (1926) e
“Adeus às Armas” (1929). Por fruto de uma curiosa coincidência, uma vaga de
bons romances e novelas ambientadas na 1ª grande guerra têm aparecido neste ano
de 1929, mais de uma década depois do final do conflito,entre eles:“Good-Bye
toAllThat”, de Robert Graves, “Deathof a Hero”, de Richard Aldington, e “AllQuietonthe
Western Front”, de Erich Maria Remarque. Em uma fictícia batalha literária,
entretanto, todos os anteriores capitulariam perante “A FarewelltoArms”, de
Ernest Hemingway, de longe o mais singular da safra literária. Celebrado pelos
críticos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, o livro vendeu 80.000 exemplares
em seus primeiros quatro meses e consagrou o autor como ícone da chamada “Geração
Perdida”, composta pelos escritores norte-americanos que serviram na guerra.Aliás,
a guerra, um dos grandes temas literários de Hemingway, voltou ao trabalho do
escritor com a eclosão da Guerra Civil Espanhola (1936-39), conflito que ele
cobriu como correspondente em Madri. Hemingway já tinha então se casado duas
vezes e comprado uma casa em Key West, ilha no sul da Flórida, onde cultivava
duas grandes paixões, além da literatura: a bebida e a pesca. Posteriormente,
após o sucesso de “Por Quem os Sinos Dobram”, voltaria à Europa para cobrir o “Desembarque
da Normandia” na 2ª guerra mundial e a libertação de Paris da ocupação nazista.
A
Batalha da Normandia, com cujo nome de código de “Operação Overlord”,
representou a invasão das forças dos Estados Unidos, Reino Unido, França Livre
e aliados na França ocupada pelos alemães em 1944. Foi uma decisão política
para manter a liberdade na Europa, ocorrida depois da derrota alemã para o
Exército Vermelho, na famosa Batalha de Stalingrado. Sessenta anos mais tarde,
a invasão da Normandia continua sendo a maior invasão marítima da história, com
quase três milhões de soldadosterem cruzado o canal da Mancha, partindo de
vários portos e campos de aviação na Inglaterra, com destino a Normandia, na
França ocupada. Os primeiros planos da invasão aliada a França começaram a ser
discutidos num encontro de Winston Churchill com o presidente norte-americano
Franklin D. Roosevelt em Casablanca, em janeiro de 1943. Neste encontro
chegaram a conclusão que ainda não havia condições para um desembarque na
França, mas ficou decidido que o tenente-general inglês Frederick Morgan seria
encarregado da elaboração de um plano de assalto detalhado. Em agosto de 1943,
numa nova conferência de líderes aliados no Quebec, Morgan apresentou “o plano
de invasão da Normandia, um documento com o nome de código de Operação
Overlord, que previa um desembarque em maio de 1944”.
Vejamos
alguns aspectos do ângulo da rememoração, do ponto de vista da análise
literária: “Por Quem os Sinos Dobram”, em inglês: “For Whomthe Bell Tolls” é um
romance de 1940 de Ernest Hemingway, considerado pela crítica uma das suas
melhores obras.O livro narra a história de Robert Jordan, um jovem
norte-americano das Brigadas Internacionais. Professor de espanhol que se
tornou conhecedor do uso de explosivos, Jordan recebe a missão de explodir uma
ponte por ocasião de um ataque simultâneo à cidade de Segóvia.Hemingway usa
como referência sua experiência pessoal como participante voluntário da Guerra
Civil Espanhola (1936-39) ao lado dos republicanos e faz uma análise ácida, com
críticas à atuação extremamente violenta das tropas de ambos os lados: A
direita auxiliada pelo governo fascista italiano e nazista alemão e a esquerda
pelas brigadas internacionais e União Soviética. Critica também a
burocratização (Weber) e o panorama de privilégios rapidamente instaurado no
lado da República.Mulherengo, boêmio e nômade, encarnava a lenda do escritor
errante na busca de histórias para sua máquina de escrever, que datilografava
sempre de pé. – “Sempre faça sóbrio o que você disse que faria bêbado. Isso lhe
ensinará a manter a boca fechada”, era outro de seus irônicos lemas.
Acima
de tudo o livro trata, no entanto, da condição humana (Arendt, 1999). O título
é referência a um poema do pastor e escritor inglês JohnDonne que se encontra
na obra: “PoemsonSeveralOccasions” que em português se intitula “Meditações”, e
invoca o absurdo da guerra, mormente a guerra civil, travada entre irmãos. – “Quando
morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade” (“When a man
dies, weall die, becausewe are partofhumanity”).Em várias passagens do texto os
personagens estranham e se estranham, no sentido da alienação (Marx),
desempenhando os papéis bizarros que se viram forçados a assumir durante a
guerra, e fraquejam ao ver nos inimigos seres humanos que poderiam estar de qualquer
um dos lados da guerra indistintamente. Em 1943 um filme homônimo foi feito,
tendo nos papéis principais os astros da época, Gary Cooper e Ingrid Bergman,
com uma cena famosa na qual o casal usa um mesmo saco de dormir.A banda
californiana de thrash metal “Metallica”
tem uma canção em seu segundo álbum de estúdio, Ride theLightning chamada “For Whom The Bell Tolls”. A música foi
inspirada nesta obra.O nono álbum do cantor e compositor brasileiro Raul
Seixas, “Por Quem os Sinos Dobram” teve o título inspirado no filme homônimo,
baseado em livro de Ernest Hemingway e traz alguns clássicos da obra de Raul
Seixas, como “O Segredo do Universo”, “Ide a Mim Dadá” e “Por Quem Os Sinos
Dobram”.
A
capa do novo romance: sem final feliz!
No
papel, o romance traz a história de Frederic Henry, assim como Hemingway, um
jovem americano motorista de ambulância que combate ao lado do exército
italiano no front austro-húngaro até ser atingido na perna por estilhaços de um
morteiro. Levado a um hospital de Milão, passa a receber os cuidados de
Catherine Barkley, enfermeira americana da Cruz Vermelha. A personagem foi
inspirada em Agnes vonKurowsky, que cuidou de Hemingway na Itália.O romance da
vida real ficou pelo caminho: Agnes se apaixonou por um oficial italiano e não
retornou com Hemingway aos Estados Unidos, como o autor planejava. Na ficção, o
autor trata de corrigir esta falha do destino. Mas não vai tão longe a ponto de
mudar o que a humanidade, a duras penas, vem experimentando ao longo dos
séculos. Há poucos finais felizes em uma guerra, aliás, acrescentaria o
escritor, há poucos finais felizes na vida. No ano passado, o suicídio de seu
pai, médico honrado em dificuldades financeiras e com saúde precária, foi mais
uma demonstração de tal frustração. Em “A FarewelltoArms”, não há como virar a
face para isso. As palavras de Frederic Henry são definitivas: “Aos que trazem
muita coragem neste mundo, o mundo quebra a cada um deles e eles ficam mais
fortes nos lugares quebrados. Mas aos que não se deixam quebrar, o mundo
mata-os. Mata os muito bons, os muito meigos, os muito bravos imparcialmente.
Se não pertenceis a nenhuma destas categorias, morrereis da mesma maneira, mas
não haverá pressa nenhuma em matar-vos”. Em
primeiro lugar do ponto de vista da perspectiva antropológica de grupo, apesar
de formado por diversos artistas, o grupo ficou mais conhecido pelas obras
literárias que produziu no período. Na lista de autores célebres da chamada
“geração perdida”,estárespectivamente T. S. Eliot, John Dos Passos, Waldo
Peirce, Sherwood Anderson, Ezra Pound, F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway.
Além deles, outra personalidade citada como parte dessa geração é James Joyce,
que tem seu romance “Ulisses”, como um dos mais importantes nesta época. Dentro
desta geração, no sentido que Karl Mannheim emprega, há bastante influência do
jazz (Hobsbawm) nas composições literárias, pois este estilo musical estava
surgindo nos Estados Unidos e influenciando outros países.No filme de Woody
Allen, “Meia-Noite em Paris”, é possível ver uma ilustração da “Geração Perdida”.
No longa-metragem, um pretendente a escritor contemporâneo acha um lapso
temporal e consegue voltar para a época em que seus ídolos andavam e
conversavam pelos cafés parisienses. Na ambientação feita pelo magnânimo diretor,
notam-se outros artistas que compunham o grupo como Pablo Picasso, Salvador
Dalí e Luís Buñuel.
Vale
lembrar que “Midnight in Paris” é um filme de comédia romântica e fantasia,
escrito e dirigido por Woody Allen, lançado em 2011. É estrelado pelo trio:
Owen Wilson, Marion Cotillard e Rachel McAdams. Na semana de 23 de janeiro de
2012 foi indicado pela Academia ao Óscar como melhor direção de arte de Anne
Seibel, HélèneDubreuil, melhor direção de Woody Allen e como melhor filme, além
de ter sido o vencedor do prêmio de melhor roteiro original.“Meia-Noite em
Paris” é uma comédia romântica sobre um escritor e roteirista norte-americano
que vai com família de sua noiva a capital da França, cidade que ele idolatra.
A história é concentrada nos passeios de Gil (Owen Wilson) na noite Parisiense,
onde e quando toca a meia-noite, o escritor é transportado para a Paris de
1920, época que ele considera a melhor de todas historicamente.
Nessas
viagens, Gil frequenta varias festas onde conhece inúmeros intelectuais e artistas
que frequentavam a “cidade da luz” (Benjamin) em que entre eles estão: F. Scott
Fitzgerald, Gertrude Stein, Ernest Hemingway, etc. Dessa forma, Gil tenta
acabar o seu romance com Inez, pois se apaixona por Adriana (Marion Cotillard),
é forçado a confrontar a ilusão de que uma vida diferente do seu estilo de
viver, nesse caso a época de ouro francesa é melhor. A bela e talentosa Carla
Bruni, ex-primeira-dama da França, faz uma ponta no filme. Woody Allen a chamou
para interpretar a guia de um museu. Ela explicou o motivo da resposta positiva
à nova experiência: - “Não sou atriz, mas eu não poderia perder uma
oportunidade como essas. Quando eu for avó, gostaria de poder dizer que fiz um
filme com Woody Allen” (- “Jene suis pas une actrice, mais je ne
pouvaispasmanquer une telleopportunité. Grand-mèrequand je voudraispouvoir dire quej`ai fait
un film avec Woody Allen”). É o primeiro filme de Allen totalmente gravado em Paris, apesar de “Love
andDeath” e “EveryoneSays I Love You” terem sido parcialmente gravados lá.
Entre
as obras mais importantes desta época destacam-se:“O Sol Também se Levanta”
(Hemingway), “O Grande Gatsby” (Fitzgerald), “ThreeSoldiers” (Dos Passos) e “Ulisses”
(James Joyce).É possível dizer que a “geração perdida” tenha, até mesmo,
influenciada os beatniks dos anos 1950,
grupo que também tinha o jazz e longas jornadas como temas de seus livros. No
caso da geração de Hemingway, eram norte-americanos em outro país “buscando uma
espécie de refúgio perante a nação que os criou”. Já os beatniks, Kerouac, William Burroughs, Allen Ginsberg, entre outros,
utilizavam a própria América do Norte como tema de seus livros e críticas. Isso
pode ser observado em obras como “On The Road”, de Jack Kerouac.O termo
“geração” é bastante amplo, muitas imprecisões ocorrem em torno das suas definições.
Seu significado é sociológico, mas, sobretudo ideológico, isto porque demostra
que comumente usamos esse termo para nos referirmos aos descendentes ou
ascendentes familiares.
O
termo foi usado pelo filósofo Augusto Comte para afirmar uma visão “mecânica e
automática” da história, na qual o tempo histórico é confundido e mesclado com
o tempo biológico. Por isso, a concepção elaborada por Comte é chamada de
“positivista” e implica em uma “naturalização da história”. Após Comte, vários
sociólogos e historiadores recorreram ao conceito de geração, embora cada um
deles atribuísse ao conceito um determinado significado.O estilo inovador de
Hemingway, que preferiu a economia de linguagem e a palavra depurada aos
artifícios literários e à extensa análise psicológica, influenciou as gerações
seguintes de escritores norte-americanos.O conceito de geração foi retomado por
Karl Mannheim que, esvaziando o aspecto biológico, natural, referente à época
de nascimento, mas reificando (Lukács) o fato de um grupo de pessoas
compartilharem a mesma experiência histórica, possibilitaria aos membros do
grupo a adoção de um mesmo estilo de
pensamento ou de ação.Entrementes, o conceito de geração foi utilizado por
diferentes autores em diferentes períodos e, por isso, seu significado felizmente
não é jamais dado para referir-se a único ente.
Só
vale insistir no que há de circunspecto em “O Velho e o Mar”, em inglês: “The
Old Man andtheSea”, porque se trata de um romance de Ernest Hemingway, escrito
em Cuba, em 1951, e publicado em 1952. E
principalmente porque foi a última grande obra de ficção de Hemingway a ser
publicada ainda durante a sua vida, sendo uma das suas obras mais famosas.
Narra a história de um velho pescador que luta com um gigante espadarte em alto
mar por entre a corrente do Golfo. Apesar de ter sido alvo de apreciações muito
severas, o que é importante por parte da crítica, é uma obra que permanece uma
referência entre os livros de Hemingway, tendo reafirmado a inquietude do autor
em tempo de qualificá-lo para o Prêmio Nobel de Literatura de 1954.
A
história resumidamente tem como personagem principal um velho pescador chamado Santiago
que experiente, encontra-se numa “maré de azar”, tendo ficado quase três meses
- 84 dias - sem conseguir pescar um peixe. Santiago possui um jovem amigo,
chamado Manolin, que o incentiva a pescar. Na manhã do 85º dia, na sua pequena
canoa, Santiago consegue um peixe, de tamanho descomunal, lembrando-nos o “realismo
mágico” de Gabriel Garcia Marques (cf. Braga, 2011) aproximadamente de 5 metros
de comprimento e 700 kg. O peixe oferece muita resistência, e arrasta a canoa
de Santiago cada vez mais para alto mar. Santiago sofre com o sol cegante e
abre feridas nas mãos, de tanto lutar com peixe. Depois de alguns dias, Santiago
consegue finalmente capturar o peixe e amarrá-lo à sua canoa. Porém, enquanto
retornava a costa, sofre constantes ataques de tubarões. Quando finalmente
consegue chegar à praia, o peixe já estava sem carne, só restava a sua espinha,
e Santiago estava sem forças. Os outros pescadores, vendo tamanho peixe, o
maior que alguém já havia pescado, respeitam e ajudam-no, especialmente o jovem
Manolin, que gostava muito do velho; esse o retrato representado pela angústia
(Kierkegaard) da atividade unissexual masculina do homem diante do mar.
Prêmio
Nobel de Literatura em 1954.
A
vida e a obra de Hemingway tem intensa relação afetiva com a Espanha, país onde
viveu por quatro anos. Uma breve passagem, mas marcante, para um escritor
norte-americano que estabeleceu uma relação emotiva e ideológica com os
espanhóis. Em 1952 publicou: “O Velho e o Mar”, com o qual ganhou o prêmio
Pulitzer (1953). Foi laureado com o Nobel de Literatura de 1954. Ao longo da
vida do escritor, o tema suicídio aparece em escritos, cartas e
conversas,
com muita frequência. Seu pai suicidou-se em 1929 por problemas de saúde e
financeiros. Sua mãe, Grace, dona de casa e professora de canto e ópera, o
atormentava com a
sua
personalidade dominadora. Ela enviou-lhe pelo correio a pistola com a qual o
seu pai havia se matado. O escritor, atônito, não sabia se ela queria que ele
repetisse o ato do pai ou que guardasse a arma como lembrança.
O enredo do livro:“O Sol Nasce
Sempre” (Fiesta) decorre na Europa após o termo da Primeira grande Guerra. Se
excetuarmos o toureiro Pedro Romero, todos os seus outros personagens
principais se expatriaram dos Estados Unidos da América ou da Grã-Bretanha. E
todos eles, quer tivessem vindo em busca de aventura ou de algo indefinido com
que preencher o vazio das suas vidas, tinham acabado por instalar-se em Paris.
Esta se celebrizara, nos anos 1920, graças à boemia esfuziante dos seus cafés e
da sua intelectualidade. Aí se podiam, com efeito, encontrar pintores como
Picasso, Miró ou Matisse, ou mulheres como a norte-americana Gertrude Stein,
que criara uma tertúlia onde diversos artistas plásticos ou escritores como
James Joyce, F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway se juntavam para trocar
ideias. Mas se Paris garantia assim a todos uma vida interessante, a verdade é
que muitos a sentiam também como vazia. De modo que, à semelhança aliás do que
acontecera a Hemingway e a alguns dos seus amigos, um certo número de
personagens deste romance pretenderão escapar à sofisticação e à corrupção da
grande cidade, refugiando-se no universo mais tradicional da Espanha daqueles
anos. E porque muitos se reconheceram neste retrato de uma geração sem raízes, “O
Sol Nasce Sempre” (Fiesta) tornou-se rapidamente um romance de culto para os
jovens europeus do período de entre as duas guerras.
Ainda muito jovem, decidiu ir à
Europa pela primeira vez, quando a Grande Guerra assombrava o mundo (1918).
Hemingway havia terminado o segundo grau em Oak Park e trabalhado como
jornalista no Kansas City Star. Tentou alistar-se, mas “foi preterido por ter
um problema na visão”. Decidido a ir à guerra, conseguiu uma vaga de motorista
de ambulância na Cruz Vermelha. Na Itália, apaixonou-se pela enfermeira Agnes
Von Kurowsky, sua inspiração na criação da heroína de “Adeus às Armas” (1929) -
a inglesa Catherine Barkley. Atingido por uma bomba, retornou para Oak Park
que, depois do que viu na Itália, tornou-se monótona demais. Volta à Europa
(Paris), em 1921, recém-casado com Elizabeth Hadley Richardson, seu primeiro
casamento, com quem teve um filho. Na ocasião, trabalhava para o jornal Toronto
Star Weeky e, em início de carreira, se aproximou de outros principiantes: Ezra
Pound (1885-1972), Scott Fitzgerald (1896-1940) e Gertrude Stein (1874-1940).Se
“O Jardim do Éden” fala de uma relação “a três”, muito semelhante àquela por
que Hemingway passou, então não é despropositado falar das mulheres na vida do
Nobel da Literatura. Com 21 anos, conheceu Elizabeth Hadley Richardson, oito
anos mais velha. Hadley, como ele lhe chamava, tinha ido de Chicago para St.
Louis recuperar da morte da mãe e encontrou em festas um rapaz que os amigos
tratavam por muitos nomes - Ernie, Nesto, Oinbones, Wemmedge, Hemmy, Stein,
Hemingstein. É assim que narra o escritor britânico Anthony Burgess na sua
curta biografia de Hemingway. Apaixonaram-se e casaram em 1921. Destino:
França. Era o sítio certo para um escritor. Um filho, Bumby, nasceu pouco
depois.
O seu segundo casamento (1927) foi
com a jornalista de moda Pauline Pfeiffer. Com ela teve dois filhos. Em 1928, o
casal decidiu morar em Key West, na Flórida. O escritor sentiu falta da vida de
jornalista e correspondente internacional. O casamento com Pauline era
instável. Nessa época conhece Joe Russell, dono do SloppyJoe’s Bar e
companheiro de farra. Já na década de 1930, resolveu partir com o amigo para
uma pescaria. Dois dias em alto-mar que terminaram em Havana, capital cubana,
para onde voltava anualmente na época da corrida do agulhão entre os meses de
maio e julho. Hospedavam-se no hotel Ambos os Mundos, em plena Habana Vieja, bairro
mais antigo da cidade que se tornava o lar do escritor, e os cenários que
comporiam sua história e a da própria ilha pelos próximos 23 anos. Duas décadas
de turbulências que teriam como desfecho a revolução socialista e o suicídio do
escritor.
Em
Cuba, o escritor se apaixonou por Jane Mason, casada com o diretor de operações
da Pan American Airways e se tornaram amantes. Em 1936, nos Estados Unidos, novamente
se apaixona desta feita pela destemida jornalista Martha Gellhorn, motivo do
segundo divórcio, confirmando o que predisse seu amigo, Scott Fitzgerald, quando
eles se conheceram em Paris: “Você vai precisar de uma mulher a cada livro”. Dos
Estados Unidos, Hemingway prepara-se para partir para Espanha, onde estalara a
Guerra Civil. Pauline é contra, tem um presságio mau. Provavelmente não o da
morte do marido, mas o da morte do casamento.Assim, Hemingway partiu para a
Espanha, onde Martha já estava e, em meio à guerra, os dois viveram um romance
que resultou no seu terceiro casamento. Quando a república caiu e a Europa
vivia o prenúncio de um conflito generalizado, Hemingway retornou para Cuba com
Martha.Em 1946, o escritor casa-se pela quarta e última vez com Mary Welsh,
também jornalista, mas tímida e disposta a viver ao lado de um Hemingway cada
vez mais instável emocionalmente.
É
ainda na Florida que ele encontra Martha Gellhorn, uma das mais extraordinárias
repórteres de guerra do século XX, sem dúvida muito melhor do que Hemingway
neste campo. É já em Espanha, no meio do horror, que se envolvem. Digamos que,
no intervalo das reportagens de guerra, ele era o primeiro amante dela e ela o
primeiro amante dele, mas que não havia exclusividade. Ela era casada. A
relação, pública, durou anos e era quase sempre tumultuosa, mas ainda assim
casaram em 1940. Hemingway tinha ciúmes do trabalho de Martha Gellhorn, que
inclusive desembarcou na Normandia, na Segunda Guerra Mundial, antes dele. Neste
ano, 1944, em Londres, ele conheceu Mary Welsh, jornalista do “Daily Express”
casada com um colega do “Daily Mail”. O tempo desse encontro amoroso foi também
o do desencontro final com Martha. Hemingway está presente na libertação de
Paris. Instala-se no Ritz e recebe quem o vai visitar por entre champanhe e
conhaque.
Uma
das primeiras visitas é a da Mary Welsh. – “O quarto 31 do Ritz é consagrado às
alegrias do amor pré-marital com Mary, breve, mas apaixonado, acompanhado por
champanhe LansonBrut” (ainda Burgess). Casam em 1946. Ela será a quarta e
última senhora Hemingway. Aos 61 anos e enfrentando problemas de hipertensão,
diabetes, depressão e perda de memória, Hemingway decidiu-se pela primeira
alternativa. Todas as personagens deste escritor se defrontaram com o problema
da “evidência trágica” do fim. Hemingway não pôde aceitá-la. A vida inteira
jogou com a morte, até que, na manhã de 2 de julho de 1961, em Ketchum, Idaho,
tomou um fuzil de caça e disparou contra si mesmo. Encontra-se sepultado em
KetchumCemetery, Ketchum, Condado de Blaine, Idaho nos Estados Unidos.
Bibliografia
geral consultada:
BRAGA, Ubiracy de Souza, “90 anos de Gabito
coincide com seus libelos”. Disponível em: http://cienciasocialceara.blogspot.com.br/2011/12/; artigo: “Morte de
Ernest Hemingway completa 50 anos neste sábado”. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/;
Assinar:
Postagens (Atom)