sábado, 31 de agosto de 2013
Como manipular mentes e virar um líder religioso
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Publicado por
Pedro Mourão


domingo, 25 de agosto de 2013
A Herança de Hegel à Lennon: A Religião no Fim dos Tempos
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Publicado por
Pedro Mourão


A Herança de Hegel à Lennon:
A Religião no Fim dos Tempos.
Ubiracy de Souza Braga*
___________________
* Sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado do Departamento de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará.
“Imagine
all the people/Living life in peace/You may say/I`m a dreamer/But I`m not the
only one”… John Lennon
Escólio: O ponto de partida para a
constituição do sujeito – diz Alexandre kojève (1972; 1973), nascido Aleksandr
VladimirovičKoževnikov, leitor de
Hegel – é o desejo, “mas não um desejo dirigido a uma coisa qualquer no mundo”.
O homem se torna humano “quando deseja outro desejo”. Abre-se assim, ao homem,
um novo espaço de liberdade, que se manifesta antes de tudo como um desejo de
reconhecimento e produz uma luta de morte por puro prestígio – o ato fundante
da história, o ato antropogênico por excelência. Mas para que haja história, é
preciso que haja relação social entre homens vivos. A luta não pode terminar
com a aniquilação de um dos lados. Um deles deve abdicar do combate, ou seja, “colocar
a sua liberdade acima de sua vida”. Estabelece-se uma relação de tipo “senhor-escravo”.
Porém, nela se desenvolve concentrada neste segundo polo, outra atividade
essencial ao projeto do homem: o trabalho. A descrição da dialética que assim
se estabelece é um dos pontos culminantes do
pensamento humano em todas as épocas, e sua conclusão é surpreendente: “o homem
integral, livre, satisfeito com o que é, o homem que se aperfeiçoa, não é o
senhor nem o escravo, mas sim o escravo que consegue suprimir sua sujeição”.
Isto é Hegel, um homem admirável.
A
célebre metáfora do senhor e do escravo, tão popularizada em nossa tradição ocidental,
foi criada por Hegel, e utilizada por muitos pensadores no século XX. Ela
aparece, em seu primeiro momento, na obra Fenomenologia
do espírito(cf. Hegel, 1983; 1986; Braga, 2007). Desse modo, qualquer
aproximação da metáfora em si ou do seu sentido, necessita de uma análise da
obra e do contexto onde a mesma se insere. Diferentemente das muitas lições e
cursos que Hegel deu e que, posteriormente, foram transformados em aulas, sua
escrita aqui é bastante diferente. O pensador alemão se depara com uma antiga
questão filosófica que separa sujeito e objeto.Ipso facto,a Fenomenologia possui
três significações fundamentais. A primeira é filosófica, isto é, ela questiona
o que significa para a consciência “experimentar-se a si mesma” e “caminharrumo
à ciência”. Podemos notar aqui a clara oposição de Hegel ao posicionamento
kantiano. A segunda significação é cultural, isto é, a “consciência vive num
determinado contexto e época”. Já a terceira significação é histórica, ou seja,
“a consciência do indivíduo e da cultura caminha para uma ciência na história”.
Desse modo, somente a partir de tais cruzamentos é que podemos compreender a
dialética do senhor e do escravo em Hegel.
Porque
a dialética do “Senhor e do Escravo”, (a figura) é necessária para a
compreensão da ideia de liberdade? A figura é necessária representativamente
como sujeito e objeto da disputa de reconhecimento reciproco, para servir de
instrumentos para autoconhecimento, são componentes primordiais na constituição
da metáfora, são elementos que lutarão entre si até a conquista do
reconhecimento e da liberdade. São representações instrumentais de um dialogo
racional entre duas consciências que por sua vez foram imaginadas por Hegel que
brilhantemente utilizou o dialogo entre as duas consciências para chegar ao
reconhecimento de si e para si, permitindo chegar a ideia de liberdade, uma
liberdade pautada pelo respeito mutuo, e a exata importância e posição que
ocupam as duas consciências, que inicialmente em guerra e posteriormente pelo
amadurecimento que as leva a ideia de liberdade pautada em limitadores
essenciais para a convivência harmoniosa. Reconhecer a si mesmo e ao outro é
uma forma de ver nossos limites e dos outros, respeitando e sendo respeitado
são elementos necessários para a paz e a liberdade. Hegel se utiliza habilmente
desta metáfora. A dialética do senhor e do escravo é um processo de
constituição de liberdade, são estabelecidas as relações de reconhecimento, que
é a preservação de um e de outro, politicamente o estado de direito é um estado
livre. Neste sentido a figura humana de John Lennon é representativa da ideia
filosófica de liberdade.
O
fabuloso John Lennon, na canção “Imagine”, faz alusão à vidafenomenologicamente
falando da seguinte forma:
“Imagine there`s no heaven/It`s
easy if you try/No hell below us/Above us only sky/Imagine all the
people/Living for today/Imagine there`s no countries/It isn`t hard to
do/Nothing to kill or die for/And no
religion too/Imagine all the people/Living life in peace/You may say/I`m a
dreamer/But I`m not the only one/I hope some day/You`ll join us/And the world
will be as one/Imagine no possessions/I wonder if you can/No need for greed or
hunger/A brotherhood of man/Imagine all the people/Sharing all the world/You
may say,/I`m a dreamer/But I`m not the only one/I hope some day/You`ll join
us/And the world will live as one”.
John
Winston Lennon ganhou notoriedade mundial como um dos fundadores do grupo de
rock britânico The Beatles. Na época da existência dos Beatles, John Lennon
formou com Paul McCartney o que seria uma das melhores e mais famosas duplas de
compositores de todos os tempos, a dupla Lennon/McCartney. John Lennon foi
casado com Cynthia Powell, e com ela teve o filho Julian. Em 1966, conheceu a
artista plástica japonesa Yoko Ono. Em 1968, Lennon e Yoko produziram um álbum
experimental, “Unfinished Music No.1: TwoVirgins”, que causou controvérsia por
apresentar o casal nu, de frente e de costas, na capa e contracapa. A partir
deste momento, John e Yoko iniciariam uma parceria artística e amorosa. Cynthia
Powell pediu o divórcio no mesmo ano, alegando adultério. Em 1969, o casal se
casou numa cerimônia privada no rochedo de Gibraltar. Usaram a repercussão de
seu casamento para divulgar um evento pela paz, chamado de “Bed in”, ou “John e
Yoko na cama pela paz” (foto), como um resultado prático de sua lua-de-mel,
realizada no Hotel Hilton, em Amsterdã. No final do mesmo ano, Lennon comunicou
aos seus parceiros de banda que estava deixando os Beatles. Ainda no mesmo
período, Lennon devolveu sua medalha de Membro do Império Britânico à Rainha
Elizabeth, como uma forma de protesto contra o apoio do Reino Unido à guerra do
Vietnã, o envolvimento do Reino Unido no conflito de Biafra e “o fraco
desenvolvimento de ColdTurkey nas paradas de sucesso”.
Foto:
John e Yoko na cama pela paz.
Este
aspecto aproxima-nos da ideia nevrálgica da questão temporal na novela. As
origens da novela enquanto gênero literário remonta aos primórdios do
Renascimento, designadamente a Giovanni Boccaccio (1313-1375) e a sua grande
obra, o Decameron, ou Decamerão, que rompe com a tradição
literária medieval, nomeadamente pelo seu cariz realista. Trata-se de uma
compilação de cem novelas contadas por dez pessoas, refugiadas numa casa de
campo para escaparem aos horrores da Peste Negra, a qual é objeto de uma vívida
descrição no preâmbulo da obra. Ao longo de dez dias, de onde “decameron”, do
grego deca, dez, as sete moças e os três jovens, para ocuparem as longas horas
de ócio do seu auto-imposto isolamento, combinam que todos os dias cada um
contam uma história, subordinada a um tema designado por um deles. Refira-se
ainda outra obra, escrita em francês, com o mesmo tipo de estruturação: o Heptameron, da autoria de Margarida de
Navarra (1492-1549), rainha consorte de Henrique II de Navarra. Não há novela
sem o uso do poder.
Aqui, são dez viajantes que se abrigam de uma
violenta tempestade numa abadia. Impossibilitados de comunicarem com o
exterior, todos os dias cada um conta uma história, real ou inventada. Em jeito
de epílogo, cada uma é concluída com comentários dos participantes, em ameno
diálogo. Era intenção da autora que, à semelhança do Decameron, a obra compreendesse cem histórias, porém a morte
impediu-a de realizar o seu intento, não indo além da segunda história do
oitavo dia, num total de 72 relatos. Será também a morte prematura que poderá
explicar certa pobreza de estilo, contrabalançada, porém por uma grande
perspicácia psicológica. Mas será apenas nos séculos XVIII e XIX que os
escritores fundam a novela enquanto estilo literário, regido por normas e
preceitos. Os alemães foram então os mais prolíficos criadores de novelas, em
alemão: Novelle e Novellen. Para estes, a novela é uma
narrativa de dimensões indeterminadas - desde algumas páginas até às centenas -
que se desenrola em torno de um único evento ou situação, conduzindo a um
inesperado “momento de transição” (Wendepunkt)
que tem como corolário um desfecho simultaneamente lógico e surpreendente como
na política.
O
primeiro tipo de conhecimento elucidado aqui é a certeza sensível que, posteriormente,
caminha para algo denominado como suprassensível. Por certeza sensível podemos
entender aqui o conhecimento primeiro que a consciência faz do mundo, isto é, o
conhecimento empírico. Tal conhecimento caminha para um conhecimento
suprassensível na medida em que tenta superar a física. Aparece aqui, sem
dúvida alguma, uma ligação da filosofia hegeliana com a filosofia platônica.
Contudo, Hegel mantém a verdade no plano da imanência e não procede como
Platão, que a coloca na transcendência. O segundo tipo de conhecimento do sujeito
é denominado por Hegel de consciência de si. Por consciência de si podemos compreender
a consciência que ultrapassou a esfera do senso comum e do empírico e se
descobre enquanto tal. Há aqui um movimento dialético, uma espécie de caminho
que será mais bem elucidado.
A consciência de si imediata
equivale a um eu simples. Segundo Hegel, tal coisa não se sustenta mais aqui. O
senhor aparece aqui como a vida e o escravo como um ser para o outro, isto é,
como coisa.O senhor é para si. O
escravo é um elo entre
sábado, 17 de agosto de 2013
Origem, Memória e Significado das Humanidades no Ceará
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Pedro Mourão


Origem, Memória e Significado das Humanidades no Ceará.
Ubiracy de Souza Braga*
_____________________
* Sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Hamlet Meu pai... Como que o vejo aqui, meu
pai. – Horácio: Onde, senhor? - Hamlet:“Nos olhos da memória”. William
Shakespeare, Hamlet. Ato I, Cena II
(2011).
Centro de Humanidades, Universidade
Estadual do Ceará, Av. Luciano Carneiro, 335, bairro de Fátima, Fortaleza.
Em torno do governador
Manoel Inácio de Sampaio, por volta de 1813 a 1817, reuniam-se poetas que
formavam os “Oiteiros”. A estética desse tempo era o Neoclassicismo, ou
Arcadismo, e entre esses versejadores estavam Pacheco Espinosa, Costa Barros,
Castro e Silva, e outros. Pelo fato de se terem guardado apenas textos de
louvor ao governante, afinal, eram manuscritos que estavam no Palácio de
governo, Silvio Júlio, em Terra e povo
do Ceará (1936), disse horrores desses poetas. Mas Dolor Barreira,
principalmente em sua História da
literatura cearense (1948), compreendeu que, bem ou mal, os versos dos
Oiteiros “representavam o alvorecer das letras em nossa Província”. Depois de
um período um tanto incaracterístico, no que toca a estilos literários, veio
Juvenal Galeno, em 1856, comPréludios
poéticos, já românticos e com motivos do povo, o que viria com mais força
em seu livro principal, Lendas e canções
populares (1865), aparecido no mesmo ano em que, no Rio de Janeiro, José de
Alencar publicava Iracemaque
simbolizaria as terras alencarinas. Do
ponto de vista da memória, objeto de nossa reflexão, a“Padaria espiritual”
(1892 - 1898) foi tida por seus integrantes como uma Agremiação de Rapazes e
Letras, e foi fundado em 30 de maio de 1892 em Fortaleza, nascida em um famoso
quiosque da Praça do Ferreira, de 1892 em Fortaleza, o Café Java. Antônio
Sales, idealizador e o responsável principal pela originalidade da agremiação,
junto a Lopes Filho, Ulisses Bezerra, Sabino Batista, Álvaro Martins Temístocles
Machado e Tibúrcio de Freitas compunham o grupo dos que frequentavam o Café
Java e dos Fundadores da Agremiação. Tinham por influência grandes nomes da
literatura nacional e mundial. A cada domingo, um jornalzinho de oito páginas
chamado “O Pão” era “amassado” e fez circular 36 números, até que em dezembro
de 1898, depois de 6 anos de atividades, a Padaria fecha. Os títulos dos
membros desta Academia “seguiam o padrão usado nas padarias reais”, do ponto de
vista do processo de trabalho (Marx). Vejamos o que nos diz a pena do cantor,
compositor e instrumentista Beto Guedes, membro do Clube de Esquina mineiro: “Sim,
todo amor é sagrado/E o fruto do trabalho/É mais que sagrado/Meu amor/A massa
que faz o pão/Vale a luz do teu suor/Lembra que o sono é sagrado/E alimenta de
horizontes/O tempo acordado de viver” (cf. Beto Guedes, “Amor de Índio”, 1978).
Escólio:
A Universidade Estadual do Ceará(UECE) é uma universidade pública mantida pela
FUNECE - Fundação Universidade Estadual do Ceará, atualmente com mais de 23 mil
alunos em todo o estado. É uma das maiores universidades do Ceará.É considerada
a oitava melhor instituição estadual de ensino superior do Brasil e a primeira
entre suas similares do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, de acordo com pesquisa
realizada pelo Instituto Datafolha,em 2012.Também é a única universidade
brasileira citada no “Bright Green Book” (Livro Verde do Século XXI), uma
parceria entre o EUBRA – Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento
Sustentável e a ONU-Habitat, o programa de assentamentos urbanos da Organização
das Nações Unidas. Em 2012 a universidade ofereceu 2.205 vagas para 67 cursos
de graduação para o período 2013.Criada com o objetivo de atender às
necessidades de formação de
professores da rede de ensino do Estado do Ceará, a Universidade Estadual do
Ceará estruturou uma rede “multi-campi” em vários municípios do estado com
Faculdades nos Municípios de Crato, Juazeiro do Norte, Iguatu, Quixadá,
Limoeiro do Norte, Crateús, Ipu, Ubajara, Redenção e Cedro.
Foto: O cotidiano de professores, funcionários e alunos no Centro de Humanidades da UECE (2013).
A
vida cotidiana (cf. Heller, 1972; 1975; 1982a; 1982b) é a vida de todo homem,
pois não há quem esteja fora dela, seja o culto e o inculto e do homem todo, na
medida em que, nela, são postos em funcionamento todos os seus sentidos, as
capacidades intelectuais e manipulativas, sentimentos e paixões, ideiase
ideologias. Em outras palavras, é a vida do indivíduo e o indivíduo é sempre
ser particular e ser genérico, por exemplo, as pessoas trabalham - uma
atividade do gênero humano -, mas com motivações particulares; têm sentimentos
e paixões -manifestações humanas egenéricas -, mas os manifestam de modo
particular, referido ao eu e a serviço da satisfação de necessidades e da
teleologia individuais; a individualidade contém, portanto, a particularidade e
a genericidade ou o humano-genérico. Abstraída de seus determinantes sociais,
toda vida cotidiana é heterogênea e hierárquica tanto quanto ao conteúdo e à
importância atribuída às atividades, espontânea, no sentido de que, nela, as
ações se dão automática e irrefletidamente, econômica, uma vez que, nela,
pensamento e ação manifestam-se e funcionam somente na medida em que são
indispensáveis à continuação da cotidianidade; portanto, as ideias necessárias
à cotidianidade jamais se elevam ao nível da teoria, assim como a ação cotidiana
não é práxis, baseia-se em juízos provisórios, é probabilística e recorre à ultra
generalização e à imitação. É nesse marco que Heller teoriza sobre o pensamento
e o trabalho, a ciência e a arte, os contatos interpessoais e a personalidade.
Todas
essastendências são consideradas por Agnes Heller formas necessárias do
pensamento e da ação na vida cotidiana; sem elas, seria impossível até mesmo a
sobrevivência. No entanto, quando se cristalizam em absolutos, não deixando ao
indivíduo margem de movimento e de possibilidade de explicitação, estamos
diante da alienação da vida cotidiana. Pela coexistência e sucessão de
atividades heterogêneas, a vida cotidiana é, de todas as esferas da realidade,
a que mais se presta à alienação. Embora terreno propício à alienação, ela não
é necessariamente alienada. Ou é em determinadas circunstâncias
histórico-sociais, como é o caso da estruturação das sociedades industriais
capitalistas. Nessas sociedades, o indivíduo da vida cotidiana é o indivíduo
que realiza o trabalho que lhe cabe na divisão social do trabalho, produz e
reproduz esta parte e perde de vista a dimensão humano-genérica. Assim sendo,
perde de vista as condições de sua objetividade; ao alienar-se, torna-se
particularidade, parcialidade, indivíduo preso a um fragmento do real, à
tendência espontânea de orientar-se para seu eu particular.
Dizer
que a vida cotidiana é propícia ao preconceito, que a base antropológica dele é
a particularidade e seu componente afetivo é a fé não significa afirmar que os
sistemas de preconceitos sociais decorrem dos preconceitos do homem tomado
isoladamente. A maioria de nossos preconceitos tem, na verdade, um caráter
mediata ou imediatamente social: os assimilamos e os aplicamos, através de
mediações, a casos concretos. A particularidade do homem está vinculada a
sistemas de preconceitos pelo fato de que na sociedade predominam “sistemas de
preconceitos sociais estereotipados e estereótipos de comportamentos carregados
de preconceitos”. Em outras palavras, embora a vida cotidiana seja propícia à
emergência de preconceitos, ela não os determina; sua origem deve ser procurada
em outro lugar. Segundo Heller, os preconceitos têm a função de consolidar e
manter a estabilidade e a coesão de integrações sociais, principalmente das
classes sociais. Essa função de mantenedor da estabilidade e da coesão só é
desempenhada quando estas estão internamente ameaçadas. Por isso, a maior parte
dos preconceitos é produto das frações das classes dominantes, pois é a elas
que interessa manter a coesão de uma
estrutura social, conseguida em parte graças à mobilização, através de
preconceitos, dos que representam interesses diversos ou até mesmo heterogêneos
e antagônicos. Apoiadas no conservadorismo, no comodismo, no conformismo ou nos
interesses imediatos dos integrantes das classes ou camadas sociais que lhes
são antagônicas, as classes dominantes conseguem mobilizá-las contra os
interesses de sua própria classe e contra a práxis, mas que não poderemos
tratar agora.
Defendemos
a tese segundo a qual o curso de Ciências Sociais pertence ao Centro de
Humanidades desde a sua criação (cf. Jaeger, 1962; 1994).Seu deslocamento
recente para o prédio do Centro de Estudos Sociais Aplicados, já estava sendo
premeditado acerca de 2 anos no campus do bairro Itaperi, e se explica em
função do egoísmo autoritário, se já não é um truísmo, de alguns professores
oportunistas que tendo as suas atividades ligadas a Laboratórios,muitas vezes em
detrimento das salas de aula, afinal de contas ensinar é um dom, forçaram em
nome do coletivo de professores a ida onde se aloja o centro de poder da
universidade – a Reitoria. Para concordarmos com o velho e bom antropólogoLucienLévy-Bruhl
em 1922: “avant toutechose, soulignonsunparadoxequitraversetoutel’oeuvreetpeut-êtreladépasselargement.
L’expression ´mentalitéprimitive`dont, onvient de leconstater, il ne revendiqueabsolumentpaslapaternité,
est cependantirrémédiablementassociée à sonnom”.
O
curso de Ciências Sociais, do Centro de Humanidades (CH), passa a funcionar, a
partir deste semestre, no Campus do Itaperi, com base no Bloco R. Neste bloco
situa-se o Centro de Estudos Sociais
Aplicados o que já configura a dinâmica epigramática positivista de corte
comteano constringindo a liberdade de expressão.Atualmente o CH tem como
Diretora a professora Dra. Letícia Adriana Pires dos Santos (foto), oriunda do
Departamento de Letras e o Vice-Diretor, professor Dr. Eduardo Jorge Oliveira Triandópolis
(foto), oriundo do Departamento de Filosofia. A Coordenadora do curso de Ciências
Sociais professora Dra. Maria Raquel de Carvalho Azevedo e a Vice Coordenadora,
professora Dra.Rosangela Maria Costa Fernandes, encaminharam-se para o campus
do Itaperi com bonomia e prestimosidade.
Caminham
os homens, na época presente, de maneira bastante duvidosa, porque a maioria
deles pretende somente aparentar, subir, galgar posições para depois abusarem
dessas posições, abusarem dos direitos que possuem, e descem, moralmente,
descem na sua honestidade, tornar-se-ão, enfim, criaturas indesejáveis. Não
adianta subir assim. É preferível nunca ter subido, é preferível manter-se na
sua posição de trabalhador social honesto, do que subir, galgar postos para
deles fazer mau uso. É uma obsessão que vem dominando os seres: “a do mando”,
ou do luxo, da riqueza, do quererem aquilo que os outros possuem. Invejar as
posições altas, a riqueza dos outros é estar o ser a prejudicar-se, e nada
mais. Em vez de invejarem, em vez de quererem usufruir fortuna, em vez de
quererem posições para gozarem delas, saibam aumentar o seu quinhão,
honestamente, por meio do trabalho, por meio do seu labor, do seu braço forte,
rijo, mas sempre honesto e bom.
No
Campus de Fátima, localizado na Avenida Luciano Carneiro, em Fortaleza, funciona
o Centro de Humanidades, constituído com a implantação da UECE em 1975. Este
Centro originou-se da antiga Faculdade de Filosofia do Ceará - FAFICE, que
contava com os cursos de Filosofia e Letras em funcionamento desde 1947, ano de
sua criação. Em 1966 a FAFICE foi encampada pelo Governo do Estado do Ceará e,
em 1967 transformou-se em autarquia por meio da Lei nº 8.737, de 25 de janeiro
de 1967. O primeiro diretor do CH, nomeado quando da criação da UECE foi o
Professor Luiz Moreira.Atualmente o CH que possui sete cursos de graduação,
sendo na modalidade presencial: Filosofia, Letras, Música e Psicologia e um de
Artes Plásticas, na modalidade à distância.O curso de Ciências Sociais
escafedeu-se.
O
Secretário Geral do CH, Sérgio Augusto Lima Leitão,Prefeito: Ivan Leite Braga,
Secretaria Executiva,Deborah Barbosa, permanecem no Centro de Humanidades,
assim como a eficiente secretária Suzana. A Universidade Estadual do Ceará
(UECE) festeja neste ano de 2013, os 25 anos de instalação do curso de Ciências
Sociais “in partibus infidelium”, ou, “entierra de infieles”. Por intermédio
dos professores do colegiado de Ciências Sociais prepararamuma vasta
programação entre os dias 10 e 13 de junho, constando de minicursos, mesas
redondas e o lançamento do livro:“Ciências Sociais da UECE: histórias e
memórias”, organizadas pelos professores Dr. João Bosco Feitosa dos Santos e Dr.
João Tadeu de Andrade. Segundo a coordenadora geral do Encontro, professora Dr.
AdelitaNeto Carleial, as discussões giram em torno do tema: “Política Cultura e
Sociedade: diálogos sobre a realidade social”. Toda a programação ocorreu no Auditório
do Centro de Humanidades, campus de Fátima. O curso forma profissionais aptos a
atuarem na sociedade, tradicionalmente nas áreas de Planejamento e Pesquisa,
também prepara profissionais com formação básica que os capacita ao
conhecimento da realidade social, mediante o uso dos métodos científicos
compatíveis com a evolução tecnológica atual.
Em primeiro lugar a palavra
memória origina-se do Grego “mnemis” ou do latim, “memoria”. Em ambos os casos
a palavra denota significado de conservação de uma lembrança. Trata-se de um
termo presente e utilizado por várias ciências, sobretudo nas humanidades,
sendo absorvida pelas novas correntes historiográficas. Para os gregos a
memória estava recoberta de um halo de divindade, pois se referia à “deusa
Mnemosyne”, mãe das Musas, que protegem as artes e a história. Mnemosine ou
Mnemósine, em grego: Mνημοσύνη, era
uma das Titânides, filha de Urano e Gaia e a deusa que personificava a Memória.
Era aquela que preserva do esquecimento. Seria a divindade da enumeração
vivificadora frente aos perigos da infinitude, frente aos perigos do
esquecimento que na cosmogonia grega aparece como um rio, o Lete, um rio a
cruzar a morada dos mortos, o de letal esquecimento, o Tártaro, e de onde “as
almas bebiam sua água quando estavam prestes a reencarnarem-se, e por isso esqueciam
sua existência anterior”.
Novos diretores, Letícia
& Eduardo, seu staff e a
concessão do uso de faixa de terreno para o Centro de Humanidades, que abrigará
um estacionamento e permitirá ampliação do refeitório do campus de Fátima.
Em segundo lugar, os antigos gregos
autodenominavam-se helenos, e a seu país chamavam Hélade, nunca tendo chamado
“a si mesmos” de gregos nem à sua civilização Grécia, pois ambas as palavras
são latinas, sendo-lhes atribuídas pelos romanos. Os gregos originaram-se de
povos que migraram para a península balcânica em diversas ondas migratórias,
como o início do milênio II a. C.: aqueus, jônicos, eólicos e dóricos. As
populações invasoras são em geral conhecidas como “helênicas”, pois sua
organização de clãs fundamentava-se, na crença de que descendia do herói
Heleno, filho de Deucalião e Pirra. São inúmeras as diferenças entre a Grécia
moderna e a Grécia Antiga. O mundo grego antigo estendia-se por uma área muito
maior do que o território grego atual.
No livro Paidéia (1962), uma análise da formação
do homem grego que se tornou um clássico, o intelectual alemão Werner Jaeger
(1888-1961) afirma: “No esposibledescribiren pocas palabraslaposición
revolucionaria de Greciaenla historia de laeducación humana”. O próprio termo “paidéia”, de difícil
tradução, dá uma ideia aproximada da abrangência da influência grega em nossa
vida: engloba ao mesmo tempo civilização, cultura, educação e tradição de um
povo. Muitas das ideias que ainda se discutem em vários domínios - política,
ciência e filosofia, por exemplo - são ecos do que já pensavam os gregos mais
de vinte séculos atrás. Na tradição grega mais antiga, uma aplicação possível
da proto-ideia de alegoria é o ensino dos pitagóricos, cujo sistema filosófico,
apoiado em relações numéricas simbólicas, contém associações de natureza
alegórica. Presente desde Demócrito (cf. Marx, 1974) na Grécia Clássica, a
ideia de átomo é, por excelência, uma “pré-ideia” ou “proto-ideia” que, de
tempos em tempos reaparece em novos contextos e em novos “estilos de
pensamentos”, com novas formas de interpretação da cultura. Tal acontece, por
exemplo, na doutrina do dualismo essencial entre limite e ilimitado, que se
funda na composição de dez pares de opostos, alguns alegóricos como Luz/Trevas
e Bom/Mau.
Em segundo lugar, uma das funções
mais importantes da memória é ser fonte de respostas às questões que intrigam o
ser humano - a sua origem, identidade e a sua posição e papel no mundo - por
isso é muito significativo que “Mnemosyne” esteja ligada à faculdade da
orientação e da desorientação no tempo e no espaço. Outra função importante da
Deusa Memória era a seleção das informações que seriam transmitidas, por isso
existe uma relação entre “Mnemosyne” e “Lemosyne” (esquecimento). A
sacralização da memória e sua representação como uma deusa demonstram a sua
importância social, além da sua vinculação com as Artes, a História, a
Filosofia, a Sociologiae a Ciência de modo geral, representadas pelas Musas que
não só são suas filhas mitológicas, mas que por ela são nutridas com informação,
memória e discernimento. A Memória ainda foi considerada parte da virtude da
Prudência, juntamente com a Inteligência e a Providência, por São Tomás de
Aquino, símbolo e fundamento, com a criação do curso de Filosofia da
Universidade Estadual do Ceará na década de 1950, como consta sua imagem na
sala de professores.
A palavra na cosmogonia recua ao que
não pôde ser esquecido: o primeiro sonho, a primeira visão, a primeira imagem,
“o paradigma de todo ato humano significativo”. A palavra guarda a primeira
forma de sabedoria que uma realidade verbal pôde conter, pois que, pela palavra
é possível retornar “à sabedoria primeira e eterna” nas cosmogonias. A Poética
de Aristóteles já cogitava, por exemplo, o termo “mito” como o princípio: “o
mito é o princípio e [é] como que a alma da tragédia; só depois vêm os
caracteres.”: e adiante, confirma “os mitos devem ter uma extensão bem
apreensível pela memória”. Memória para se narrar o que é extensível e para a
experiência do passado não ser esquecida, e para o tempo futuro fazer parte da
própria realidade do tempo. A memória, na tradição oral, seria “o livro” em que
se guarda o que não pode ser esquecido, e memória tem a ver com os segredos do
tempo.
Guardar os conhecimentos, os
conselhos profissionais, as normas morais, como o tesouro da verdade repostados
na sempre imprevisível palavra. A palavra é tecida nas narrativas em uma teia
nem sempre linear. Linear é o curso. Narrar é o discurso. É assim que o
detentor desse discurso conhece os segredos e os destinos da palavra. Ele
aprende a errar o curso, a criar entre as brechas da memória. E assim, no
exercício da memória, tem a fórmula da obra duradoura. Desse modo, é até bom
saber que memória e tem algo em comum com a invenção. A memória, de acordo com
a tradição grega, carrega algo de amplo “metáforas de infinitude”, assim
entendido [...] “no panteão grego, a Memória, ‘Mnemosyne’, é uma deusa, filha
de Urano e de Gaia, irmã de Chronos e de Okeanos - a memória filha do céu e da
terra, irmã do tempo e do oceano: todas, metáforas de infinitude”. Memória e
invenção, portanto, ao serem personificadas como mulheres, carregariam, na
cosmogonia grega, os poderes da conservação identificados ao comportamento
feminino. “Mnemosyne” é mãe das musas, deusas da literatura e das artes e
Calíope, segundo a tradição, é mãe de Orfeu, um dos primeiros poetas
pré-homéricos. Ao todo eram nove musas, sendo que na numerologia, o número
nove, por ser triplo de três, o número do princípio totalizador, seria o número
da perfeição. Assim, na Antiguidade, acreditava-se que a totalidade das artes e
das ciências humanas estivessepersonificada nas nove musas. As musas, filhas de
Memória e de Zeus.
Dialética, vem do grego,“é um método
de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de ideias” que, por assim
dizer leva a outras ideias e que tem sido um tema central na filosofia
ocidental e oriental desde os tempos antigos. A tradução literal de dialética
significa “caminho entre as ideias” (cf. Foulquié, 1966). Aos poucos, passou a
ser a arte de, no diálogo, demonstrar uma tese por meio de uma argumentação
capaz de definir e distinguir claramente os conceitos envolvidos na discussão.
Aristóteles considerava Zenão de Eleia (aprox. 490-430 a.C.) o fundador da
dialética. Outros consideraram Sócrates (469-399 a. C.). Um dos métodos
dialéticos mais conhecidos é o desenvolvido pelo filósofo alemão Hegel
(1770-1831). Além disso, o termo discurso pode também ser definido do ponto de
vista lógico.
Ou
seja, a Fenomenologia (cf. Hegel, 1973) vem a ser uma história concreta da consciência, sua saída da caverna e sua
ascensão à Ciência. Daí a analogia que
em Hegel “existe de forma coincidente entre a história da filosofia e a
história do desenvolvimento do pensamento”, mas este vir-a-ser é necessário,
como força irresistível que se manifesta lentamente através dos filósofos, que
são “instrumentos de sua manifestação”. Ipso
facto quando Hegel afirma sobre a filosofia em geral, que “a coruja de
Minerva só levanta voo ao anoitecer” (“die Eule der Minerva beginnterstmit der
einbrechendenDämmerungihrenFlug”), vale somente para uma filosofia da história,
ou seja, é verdadeiro para a história e corresponde à weltanschauung dos historiadores.Quando pretendemos significar algo
a outro é porque temos a intenção de lhe transmitir um conjunto de informações
coerentes - essa coerência é uma condição essencial para que o discurso seja
entendido. São as mesmas regras gramaticais utilizadas para dar uma estrutura
compreensível ao discurso que simultaneamente funcionam com regras lógicas para
estruturar o pensamento. Um discurso político, por exemplo, tem uma estrutura e
finalidade muito diferente do discurso econômico, mas politicamente pode operar
a dimensão econômica produzindo efeitos sociais específicos em termos de
persuasão.Aqui está nosso ponto de ligamento, do lat. ligamentu, da filosofia com a história.
Encorajado
por Hegel que percebeu depois de Kant que a filosofia só havia começado na
Grécia com Platão e Aristóteles, tal como Nietzsche mais tarde a concebera como
ponto de partida dionisíaco, posto que ambos admitissem que a polis e a glória
da história grega chegava ao seu fim ou, para Nietzsche, “a sua decadência”. O
que é primus inter pares, porém, é
que Platão e Aristóteles vieram a ser ou realizar o início da tradição
filosófica ocidental e que esse início do pensamento filosófico grego ocorreu
quando a vida política já se aproximava realmente de seu fim. Não devemos
perder de vista o que Platão chamou de dialegesthai,
Sócrates chamava de maiêutica, a “arte
do parto”: ele queria ajudar as pessoas a dar à luz os seus próprios
pensamentos, a encontrar a verdade em sua doxa.
Hoje,
a Grécia constitui um país, cujo nome oficial é República Helênica. Já a Grécia
Antiga nunca foi um estado unificado com governo único. Era um conjunto de
cidades-estados independentes entre si, com características próprias embora a
maioria das cidades-estados tivessem seus sistemas econômicos parecidos,
excluindo-se de Esparta. Os gregos tinham conflitos e diferenças entre si, mas
muitos elementos culturais em comum. Falavam a mesma língua (apesar dos
diferentes dialetos e sotaques) e tinham religião comum, que se manifestava na
crença nos mesmos deuses. Em função disso, reconheciam-se como helenos (gregos)
e chamavam de bárbaros os estrangeiros que não falavam sua língua e não tinham
seus costumes, ou seja, os povos que não pertenciam ao mundo grego (Hélade).
Um
exemplo de atividade cultural comum entre os gregos foram os Jogos Olímpicos. A
partir de 776 a. C., de quatro em quatro anos, os gregos das mais diversas
cidades reuniam-se em Olímpia “para a realização de um festival de
competições”. Esse festival ficou conhecido como Jogos Olímpicos. Os jogos
olímpicos eram realizados em honra a Zeus (o mais importante deus grego) e
incluíam provas de diversas modalidades esportivas: corrida, saltos, arremessa
de disco, lutas corporais. Além do esporte havia também competições musicais e
poéticas. Os gregos atribuíam tamanha importância a essas competições que
chegavam a interromper guerras entre cidades (trégua sagrada) para não
prejudicar a realização dos jogos. Pessoas dos lugares mais distantes iam a
Olímpia a fim de assistir aos jogos. Havia, entretanto, proibição à
participação das mulheres, seja como esportista, seja como espectadoras.
Apesar
da autonomia política das cidades-estados, os gregos estavam unificados em
termos religiosos. Entre as divindades cultuadas estavam: Zeus (senhor dos
deuses), Hades (deus do mundo inferior), Deméter (deusa da agricultura),
Posídon (deus do mar), Afrodite (deusa do amor), Apolo (deus do sol e das
artes), Dionísio (deus do vinho), Atena (deusa da sabedoria), Artêmis (deusa da
caça e da lua), Hermes (deus das comunicações), Hera (protetora das mulheres) e
muitas outras. Além dos grandes santuários como os de Delfos, Olímpia e
Epidauro, havia os oráculos que também recebiam grandes multidões, pois lá se
acreditava receber mensagens diretamente dos deuses. Um exemplo claro estava no
Oráculo de Delfos, onde uma pitonisa (sacerdotisa do templo de Apolo) entrava
em transe e pronunciava palavras sem nexo que eram interpretadas pelos
sacerdotes, revelando o futuro dos peregrinos. Outro fato muito interessante
era a existência dos homogloditas, um pequeno povo que vivia nas áreas
litorâneas do rio mediterrâneo, eles utilizavam a argila para a construção de
estatuetas como uma oferenda aos deuses gregos, geralmente ao Dionísio, deus da
humildade e da realeza.
A
cultura da Grécia Antiga é considerada a base da cultura da civilização
ocidental. A cultura grega exerceu poderosa influência sobre os romanos, que se
encarregaram de repassá-la a diversas partes da Europa. A civilização grega
antiga teve influência na linguagem, na política, no sistema educacional, na
filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte e na arquitetura moderna,
particularmente durante a renascença da Europa ocidental e de resto durante os
diversos reviverem neoclássicos dos séculos XVIII e XIX, na Europa e nas
Américas, embora a América Latina tenha as suas especificidades oriundas das
civilizações quíchuas, mas que não trataremos agora. Conceitos como cidadania e
democracia são gregos, ou pelo menos de pleno desenvolvimento nas mãos dos
gregos. Qualquer história da Grécia Antiga requer cautela na consulta a fontes.
Os historiadores e escritores políticos cujos trabalhos sobreviveram ao tempo
eram, em sua maioria, atenienses ou pró-atenienses, e todos os conservadores.
Por isso se conhece melhor a história de Atenas do que a história das outras
cidades; além disso, esses homens concentraram seus trabalhos mais em aspectos
políticos (e militares e diplomáticos, desdobramentos daqueles), ignorando o
que veio a se conhecer modernamente por história econômica e social.
Todo movimento, transformação ou
desenvolvimento opera-se por meio das contradições ou mediante a negação de uma
coisa - essa negação se refere à transformação das coisas. A dialética é a
negação da negação. A negação da afirmação implica negação, mas a negação da
negação implica afirmação. “Quando se nega algo, diz-se não. Ora, a negação,
por sua vez, é negada. Por isso se diz que a mudança dialética é a negação da
negação”. O processo da dupla negação engendra novas coisas ou propriedades:
uma nova forma que suprime e contém, ao mesmo tempo, as primitivas
propriedades. O ponto de partida é a tese, proposição positiva: essa proposição
se nega ou se transforma em sua contrária - a proposição que nega a primeira é
a antítese e constitui a segunda fase do processo; quando a segunda proposição,
antítese, é negada, obtém-se a terceira proposição ou síntese, que é a negação
da tese e antítese, mas por intermédio de uma proposição positiva superior - a
obtida por meio da dupla negação. A união dialética não representa uma simples
adição de propriedades de duas coisas opostas, simples mistura de contrários,
por isso seria um obstáculo ao desenvolvimento. A característica do
desenvolvimento dialético é que ele prossegue através de negações.
Para
sermos breve, teremos uma única vida a qual está oculta. Mas depois entra na
existência e separadamente, na multiplicidade das determinações, e que com graus distintos, são necessárias. E juntas
de novo, constituem um sistema. Essa representação é uma imagem da história da
filosofia. O primeiro momento era o “em si” da realização, e em si do gérmen
etc. O segundo é a existência, aquilo que resulta. Assim, o terceiro é a
identidade de ambos, mais precisamente agora o fruto da evolução, o resultado
de todo este movimento. E a isto Hegel chama abstratamente “o ser por si”. É o
“por si” do homem, do espírito mesmo. Somente o espírito chega a ser verdadeiro
por si, idêntico consigo. O que o espírito produz seu objeto, é ele mesmo. Ele
é um desembocar em seu outro. O desenvolvimento do espírito é um
desprendimento, um desdobrar-se, e por isso, ao mesmo tempo, um desafogo.
Desta
forma em seu processo de evolução não somente faz aparecer o interior
originário, exterioriza o concreto contido já no “em si”, e este concreto chega
a ser por si através dela, impulsiona-se a si mesmo a este “ser por si”. O
concreto é em si diferente, mas logo só em si, pela aptidão, pela potência,
pela possibilidade. O diferente está posto ainda em unidade, ainda não como
diferente. É em si distinto e, contudo, simples. É em si mesmo contraditório.
Posto que é através desta contradição impulsionado da aptidão, deste este interior
à qualidade, à diversidade; logo cancela a unidade e com isto faz justiça às
diferenças. Também a unidade das diferenças ainda não postas como diferentes é
impulsionada para a dissolução de si mesma. O distinto (ou diferente) vem assim
a ser atualmente, na existência. Só assim é possível definitivamente pensar a
diversidade em toda e qualquer dimensão das sociedades.
Porém
do mesmo modo que se faz justiça à unidade, pois o diferente que é posto como
tal é anulado novamente. Tem que regressar à unidade; porque a unidade do
diferente consiste em que o diferente seja um. E somente por este movimento é a
unidade verdadeiramente concreta.Enfim, ao colocar a questão da ciência nesses
termos, Heller opõe-se ao mito de sua neutralidade; para ela, a ciência é sempre
interessada, havendo interesses que dificultam e interesses que facilitam sua
tarefa de desvelar a realidade social. Uma relação consciente do pesquisador
com a genericidade, uma escolha de valores positivos, é condição necessária
(embora não suficiente) para o cumprimento, pelas ciências sociais, de sua
tarefa de “desfetichização”, um dos principais critérios, a seu ver, para
avaliar o significado de qualquer compromisso no âmbito destas ciências, após o
advento da sociedade de classes amplificado no âmbito da mundialização das
esferas das sociedades.
Ora,
entendemos que à fala pertence aquilo sobre o que se fala. A fala dá indicações
sobre algo e isso numa determinada perspectiva. A fala retira o que ela diz
como essa fala daquilo sobre que fala como tal. Na fala, enquanto processo
social de comunicação, isso é o que se torna acessível à co-presença dos outros, na maior parte das vezes, através da
verbalização da língua. O que no “apelo
da consciência” (Heidegger) constitui o referido da fala, ou seja, o
interpelado? Manifestamente a própria presença. Essa resposta é tão
indiscutível quanto indeterminada. Mesmo que o apelo tivesse uma meta tão vaga,
ele ainda seria para a presença um motivo de prestar atenção a si mesma.
Pertence à presença, no entanto, de modo essencial, que, com a abertura de seu
mundo, ela está aberta para si mesma, de tal modo que ela sempre já se
compreende. O apelo alcança a presença nesse movimento de sempre já se ter
compreendido na cotidianidade mediana das ocupações. O impessoalmente si mesmo
do ser-com com os outros é também alcançado
pelo apelo.
A
interpretação existencial da consciência deve expor um testemunho de seu poder-ser mais próprio que está sendo
na própria presença. O testemunho da consciência não é um anúncio indiferente,
mas uma “apelação apeladora” do ser e estar em dívida. O que se testemunha é,
pois “apreendido” no ouvir que compreende o apelo sem deturpações, no sentido
por ele mesmo intencionado. Apenas a compreensão do interpelar, enquanto modo
de ser da presença propicia o teor fenomenal do que é testemunhado no apelo da
consciência. Caracterizamos a compreensão própria do apelo como
querer-ter-consciência. Esse deixar o si-mesmo
mais próprio agir em si por si mesmo, em seu ser e estar em dívida, representa
do ponto de vista fenomenal, “o poder-ser próprio, testemunhado na presença”. A
sua estrutura existencial deve ser agora liberada numa exposição. Somente assim
penetraremos na constituição fundamental da propriedade da existência que se
abre na própria presença. Enfim, enquanto compreender-se no poder-ser mais próprio, “o
querer-ter-consciência é um modo de abertura da presença”. Além do compreender,
esta se constitui de disposição e fala. O compreender existenciário significa:
projetar-se para a possibilidade fática cada vez mais própria do
poder-ser-no-mundo. Poder-ser,
porém, só pode ser compreendido em existindo nessa possibilidade.
Bibliografia
geral consultada:
LÉVY-BRUHL, Lucien, La Mentalitéprimitive. Paris: Alcan,
1922;BRAGA, Ubiracy de Souza, “Praga de urubu, burro não pega: a banda podre da
universidade”. Disponível em: http://www.oreconcavo.com.br/2010/10/27; Idem, “Razão &
Sensibilidade: o porão da universidade?”. In: https://espacoacademico.wordpress.com/2011/01/22/; Idem, “O
significado da universidade brasileira. Ensaio de história política”.
Disponível em: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/08/13/; Idem,“Prolegômenos
Sobre a História Social da Padaria Espiritual (Ceará)”. Disponível no sitehttp://httpestudosviquianosblogspotcom/2012/09/29/;FROMM, Erich, El miedo a lalibertad. 3ª edição. Buenos
Aires: Paidós, 1957; JAEGER, Werner Wilhelm, Paidéia: losIdeales de la Cultura Griega. México: Fondo de Cultura
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do homem grego. 3ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 1994; BOURDIEU,
Pierre “et alii”, El Ofício de Sociólogo.
Buenos Aires: SigloVeintiuno Editores, 1975; BOSI, Ecléa,A opinião e o estereótipo. Contexto, n. 2, p. 97-104, 1976; Idem, Memória e Sociedade. Lembrança de velhos.
São Paulo: Companhia das Letras, 1994; HELLER, Agnes, O quotidiano e a história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972; Idem,
Sociologia dellavita quotidiana.
Roma: Riuniti, 1975; Idem, Ohomem do
Renascimento. Lisboa: Presença, 1982; Idem, Para mudar a vida. São Paulo: Brasiliense, 1982; HEGEL, G. W. F., Fenomenologia delloSpirito. Florença: La
Nuova Itália, 1973, 2 volumes; REICH, Wilhelm, O combate sexual da juventude. 2ª ed. Lisboa: Antídoto, 1978;BRANDÃO,
Carlos Rodrigues,Lutar com a palavra.
Rio de Janeiro: Graal, 1982; WEBER, Max, Economia
y Sociedad. Esbozo de sociologíacomprensiva. México: Fondo de Cultura
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Einaudi. Volume 20. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1988; BRANDÃO,
Junito de S, Teatro grego: tragédia e
comédia. Petrópolis (RJ): Editora Vozes, 1984; Idem, Teatro grego: origem eevolução. São Paulo: Ars Poética, 1992;HESÍODO,Teogonia: A origem dos deuses. São
Paulo: Iluminuras, 1991; MORIN, Edgar, La
connaissance de laconnaissance. Tomo III. Paris: ÉditionsduSeuil, 1986;
Idem, La complexitéhumaine. Paris:
Flammarion, 1994; entre outros.
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
“O Cocó é nosso”! Bradam os ativistas cearenses.
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Publicado por
Pedro Mourão


Ubiracy de Souza Braga*
___________________
* Sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará.
“Se você expulsa a natureza pela porta, ela volta pela janela”. V. I. Lênin, Opere. Roma: EditoriRiuniti, 1967, vol. 25, p. 144.
Foto:
A exuberante vista do Rio Cocó, Fortaleza, Ceará.
Escólio: A
espécie humana depende da biodiversidade para a sua sobrevivência. Se não há
uma definição consensual de biodiversidade, entendemos que ela representa a
diversidade da natureza viva. Desde 1986, o conceito tem adquirido largo uso
entre biólogos, ambientalistas, líderes políticos e cidadãos informados no
mundo todo. Este uso coincidiu com o aumento da preocupação com a extinção,
observado nas últimas décadas do século XX.Ela pode ser entendida como uma
associação de vários componentes hierárquicos: ecossistema, comunidade,
espécies, populações e genes em uma área definida. A biodiversidade varia com
as diferentes regiões ecológicas, sendo maior nas regiões tropicais do que nos
climas temperados. Refere-se, portanto, à variedade de vida no planeta Terra,
incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de
espécies da flora, da fauna, de fungos macroscópicos e de microrganismos, a
variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos
ecossistemas; assim como a variedade de comunidades, habitatse ecossistemas
formados pelos organismos. O Brasil tem 1/5 da biodiversidade mundial, com 50
000 espécies de plantas, 5000 de vertebrados, 10-15 milhões de insetos, milhões
de micro-organismos.
Etimologicamente ecossistema vem do grego:oikos (οἶκος), “casa + sistema” (σύστημα): “sistema onde se vive”,
designando o conjunto formado por todas as comunidades que vivem e interagem em
determinada região e pelos fatores abióticos que atuam sobre essas comunidades.
Em um determinado local, seja uma vegetação de cerrado, mata ciliar,
caatinga,mata atlântica ou floresta amazônica, por exemplo, a todas as relações
dos organismos entre si, e com seu meio ambiente chamamos ecossistema. Ou seja,
“podemos definir ecossistema como sendo um conjunto de comunidades interagindo
entre si e agindo sobre e/ou sofrendo a ação dos fatores abióticos”.A base de
um ecossistema são os produtores que são os organismos capazes de fazer fotossíntese
ou quimiossíntese. Produzem e acumulam energia através de processos bioquímicos
utilizando como matéria prima a água, gás carbônico e luz.
Para que se possa delimitar um
“sistema ecológico” ou ecossistema é necessário que haja quatro componentes principais:
fatores abióticos, que são os componentes básicos do ecossistema; os seres
autótrofos, geralmente as plantas verdes, capazes de produzir seu próprio
alimento através da síntese de substâncias inorgânicas simples; os
consumidores, heterotróficos - que não são capazes de produzir seu próprio
alimento, ou seja, os animais que se alimentam das plantas ou de outros
animais; e os decompositores, também heterotróficos, mas que se alimentam de
matéria morta. A totalidade destes organismos interagindo em um determinado
local de forma a criar um ciclo de energia, formando uma “cadeia” do meio
abiótico para os seres autótrofos, destes para os heterótrofos e destes para o
meio abiótico novamente, caracterizando os níveis tróficos da cadeia alimentar
constitui um sistema ecológico ou ecossistema, independentemente da dimensão do
local onde ocorrem essas relações.
Economicamente a globalização é um
dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural,
política, que teria sido impulsionado pelo barateamento dos meios de transporte
e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI.
É um agenciamento global gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de
formar a chamada “aldeia global” (McLuhan) que permita maiores mercados para os
países de hegemonia políticas centrais (ditos desenvolvidos) cujos mercados
internos já estão saturados. O processo de globalização diz respeito à forma
como os países interagem e aproximam pessoas, ou seja, interliga o mundo, expandir
seu negócio até então restrito ao seu mercado de atuação para mercados
distantes e emergentes, sem necessariamente um investimento alto de capital
financeiro, pois a comunicação no mundo globalizado permite tal expansão,
porém, obtêm-se como consequência o aumento acirrado da concorrência.
Politicamente
falando a globalização desafia os princípios do consenso e da legitimidade, do
poder político, da base político-territorial do processo político, da
responsabilidade das decisões políticas, a forma e o alcance da participação
política e até o próprio papel do Estado que, para Michel Foucault “produz
efeitos de poder político”, como garantia dos direitos e deveres dos cidadãos,
como também desafia os princípios de Vestefália. A globalização é, como muitos
autores hic et nunc admitem,
responsável pelo declínio na qualidade e significação da cidadania devido à
mudança do papel do Estado. A globalização econômica tem demandado do Estado
Nacional mudanças que fomentam políticas que eliminem as fronteiras nacionais
em prol do desenvolvimento do capital e, consequentemente, dão elementos para
outra forma de cidadania, mais ampla, sem fronteiras, planetária. Sintetiza a
filosofia existencialista, em que o homem é considerado na fragilidade da sua
condição finita, a qual se manifesta exatamente na individualidade do homem
presente em um tempo “nunc” e um espaço “hic”, finitos, o que constitui a causa
da infelicidade humana.
Após cerca de 4 horas
de conversa, as reivindicações giravam em torno da legalização do parque do Cocó e pautas de mobilidade social. Foto:
Tuno Vieira.Cf. Diário do Nordeste,
6 de agosto de 2013.
Passava
das 22h de ontem quando o governador
Cid Gomes de forma reativa chegou ao Parque do Cocó, segundo ele, “para
discutir a legalização do espaço”. No local, o gestor foi recebido de “forma
pacífica”, a categoria ideológica do momento - embora depois os ânimos tenham
ficado acirrados com a criação de tumulto ao fim do encontro - por mais de 50
defensores do Cocó, acampados há 25 dias, como forma protesto “contra a
derrubada de árvores para a construção de viadutos”.Após cerca de 4 horas de
conversa afiada, as reivindicações “giravam em torno da legalização do parque e
pautas de mobilidade social”. Após propor a regulamentação do Parque,
incorporando mais 2 hectares de mangue e mais 10 vezes o espaço retirado de
área verde, na faixa entre a faixa do anel viário e o Rio Cocó, o governador
ouviu dos manifestantes que uma reunião entre eles e o prefeito Roberto Cláudio
fosse agendada. Lembramos que ocupação refere-se ao ato de apoderar-se de algo
ou de invadir uma propriedade; portanto, vincula-se pragmaticamente à questão
política da posse. A natureza da questão é de outra ordem.
O
governador permaneceu no local até
às 2h, e entre as pautas mais recorrentes, os manifestantes cobravam do
governador: a) tanto a assinatura imediata do decreto que legaliza o Parque, b)
como a garantia de haver represálias por parte da Polícia ao grupo que está
acampando. Em relação à primeira, Cid tentou justificar a não assinatura do
decreto justificado o alto valor das desapropriações. Porém, sua resposta foi
recebida com vaias pelos que estavam ali. Sobre a garantia de não haver
represálias, o governador foi direto: - “Não posso garantir que não haverá
repressão”. Se o governador não pode garantir que não haja repressão
militarizada, como chefe do executivo, para salvaguardar a biodiversidade do
ecossistema, quem poderá então garanti-la?Depreende-se daí que o governo de
Estado não compreende que a espécie humana depende da biodiversidade para a sua
sobrevivência. A Lei da natureza é clara, para lembramos de Lenin: “Se si guida
in natura attraversola porta, si ritornaallafinestra” (1967: 144).
O
Parque Ecológico do Rio Cocó (foto) é uma área de conservação, um parque
estadual da vida natural localizado na cidade de Fortaleza, Ceará. Tem esse
nome devido ao rio que forma o bioma de mangue, o rio Cocó. Na Serra da
Aratanha, município de Pacatuba nasce o riacho Pacatuba, que, mais adiante,
passa a ser denominado de riacho Gavião. Somente após o 4º Anel Rodoviário, no
bairro Ancuri, o riacho recebe a denominação de Rio Cocó, onde dá início ao
Parque. O primeiro ponto do rio Cocó a ter sido protegido e aparelhado foi
criado em 29 de março de 1977 declarado de utilidade pública para
desapropriação. Em 11 de novembro de 1983 o decreto municipal número 5.754 deu
a denominação de Parque Adhail Barreto. Em 5 de setembro de 1989 o decreto
estadual número 20.253 cria o Parque
Ecológico do Cocó e expandido em 8 de junho de 1993 atualmente abrange uma
área de 1.155,2 hectares.
Por
ter toda a sua área contida no município de Fortaleza em região de grande
desenvolvimento urbano, seguido de grande especulação imobiliária, “os limites
do parque estão constantemente sofrendo problemas de impacto ambiental e
degradação do bioma”.Durante o ano de 2007 a Prefeitura entrou com “um pedido
liminar na CâmaraMunicipal de Fortaleza de realização de um referendo popular
perguntando ao povo sobre a autorização da construção do prédio em questão”.
Depois desse fato político de preservação de área de proteção ambiental, o
Ministério Público Federal entrou com uma Ação Civil Pública pedindo a
demarcação da área do parque e a finalização das desapropriações, que desde a
publicação da lei criando o parque não teve conclusão. Essa medida jurídica
ainda suspende o licenciamento de novas construções numa área até 500 m ao
redor do parque. A liminar foi expedida em abril de 2008. Atualmente existem
várias ações na justiça relativas às desapropriações e “um dos casos mais
curiosos tramita em Brasília uma ação de indenização contra o Estado do Ceará
de uma desapropriação da área que supera os R$ 1,7 bilhão” (cf. Clastres, 1974).
No entorno do parque várias áreas
que seriam de proteção foram invadidas por pessoas de “baixa renda” que acabam
gerando esgoto para o interior do rio. Esta situação também gera problemas de
criminalidade onde em locais próximos dessas favelas o parque torna-se área de
fuga após ações de criminosos. O problema não fica restrito a pobreza na medida
em que algumas vizinhanças do parque estão sendo ocupadas por prédios de alto
padrão (foto) gerando problemas de ordem ambiental como aumento do fluxo de
trânsito nas vias adjacentes ao parque e de circulação do ar dentre outros.
Alguns movimentos ambientalistas fazem manifestações contra os possíveis
agressores tais como: SOS Cocó e o Instituto Terramar. A Polícia Militar do
Estado do Ceará tem dentro da área do parque uma Companhia de Polícia Militar
Ambiental - CPMA que fica na área do bairro Jardim das Oliveiras e um posto
policial no bairro que leva o nome do rio e onde se encontra a principal
estrutura do parque (foto). A PM utiliza um contingente de 30 policiais que
garantem a segurança do parque.
O
Parque Vivo surgiu teve suas atividades iniciadas em 1993 como consequência de
um trabalho de educação ambiental marinha desenvolvido pela equipe da
Universidade Federal do Ceará. A prefeitura de Fortaleza convidou o grupo para
desenvolver trabalhos de educação ambiental no Parque Adahil Barreto. Ao longo
dos anos, as atividades desenvolvidas foram expandidas por uma demanda cada vez
maior da sociedade. Assim o Parque Vivo desenvolveu vários projetos,
tornando-se um programa que busca promover a educação ambiental através de
vários segmentos: cursos, elaboração de materiais pedagógicos, promoção de
oficinas em áreas de risco, organização de biblioteca, Museu do Mangue,
campanhas educativas e comemoração de datas representativas.O Parque Vivo
trabalha em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAM),
Secretaria Executiva Regional II, EMLURB e FUNDEMA. É articulada com diversas
entidades ambientalistas do Estado do Ceará, através da concepção e execução de
projetos e diversas outras atividades de educação ambiental, principalmente em
Fortaleza.
Foto:
Edifício sede do projeto Parque Vivo do Cocó.
O
Parque possui três áreas estruturadas para atividades de lazer, esporte e
cultura. O Parque Adhail Barreto foi a primeira área a propiciar o uso da área
do rio Cocó. É administrada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, com: a)Núcleo de Conscientização ambiental, b)
playground, c) promoção de eventos
culturais e artísticos, assim como d) educação ambiental, e) pista de Cooper, f)
trenzinho e trilha ecológica.O Parque Ecológico do Cocó é a área urbanizada
pelo Governo do estado sendo a segunda intervenção por volta do ano de 1993.
Conta com anfiteatro, quadras esportivas, pista para caminhada, parques infantis,
acontecendo shows e eventos, competições esportivas e educação ambiental e
trilhas. A Área urbanizada do Tancredo Neves foi a ultima intervenção na área
do parque. Após a remoção de famílias nas áreas do parque, o governo do Estado
implantou noslocais duas quadras esportivas, campos de futebol, pistas para
caminhada, ciclovias e áreas infantis.
O
Parque Vivo surgiu teve suas atividades iniciadas em 1993 como consequência de
um trabalho de educação ambiental marinha desenvolvido pela equipe da
Universidade Federal do Ceará. A prefeitura de Fortaleza convidou o grupo para
desenvolver trabalhos de educação ambiental no Parque Adahil Barreto. Ao longo
dos anos, as atividades desenvolvidas foram expandidas por uma demanda cada vez
maior da sociedade. Assim o Parque Vivo desenvolveu vários projetos,
tornando-se um programa que busca promover a educação ambiental através de
vários segmentos: cursos, elaboração de materiais pedagógicos, promoção de
oficinas em áreas de risco, organização de biblioteca, Museu do Mangue,
campanhas educativas e comemoração de datas representativas. O Parque Vivo
trabalha em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAM),
Secretaria Executiva Regional II, EMLURB e FUNDEMA. É articulada com diversas
entidades ambientalistas do Estado do Ceará, através da concepção e execução de
projetos e diversas outras atividades de educação ambiental, principalmente em
Fortaleza.

Foto: Reserva ambiental do
Cocó, Fortaleza, Ceará.
A questão ambiental foi
chamando a atenção, ao longo do tempo e da história das sociedades, de cidadãos
de todo o mundo. As discussões sobre a
destruição do meio ambiente, a possibilidade do fim de recursos não renováveis
do planeta e a estimativa de catástrofes mundiais em décadas não longínquas
levaram as Nações Unidas a promover uma Conferência
para o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, em 1972. Já aí, assinalava-se a
necessidade da humanidade discutir seu futuro. Temos assim o parti pris de que a preocupação com o
meio ambiente entrava na agenda internacional. Decorre aí um problema político
decorrente da má utilização de políticas públicas voltadas para a defesa do
ambiente decorrente da determinação sem freios do crescimento econômico tão
justamente criticado na pena do filósofo comunista Karl Marx e outros.
Outra
conferência sobre o meio ambiente se sucedeu em 1987, da qual resultou o
Relatório de Brundtland, “Nosso Futuro Comum”. No entanto, após 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
ambiente e Desenvolvimento - a Eco 92
-, o debate sobre os desafios para o planeta ganham maior ressonância e se
proliferam. Além das questões sobre meio ambiente foram discutidos, nesse
evento sediado na bela cidade Rio de Janeiro, outros temas tais como arsenal
nuclear, desarmamento, guerra, poluição, fome, drogas, discriminação, racismo,
entre outros. Dessa forma, a agenda planetária não se restringe a enfocar
apenas o meio ambiente, mas os efeitos
sociais específicos que envolvem as formas de trabalho na produção global
das mercadorias. Paralelo à “Conferência Mundial para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento”, aconteceu o Fórum
Global 92 cujo documento resultante, a Carta
da Terra, contempla, entre outros, “o pensar global e local, a comunidade
mundial, e a criação de uma cidadania planetária” (cf. Boff, 2000; 2007).
O
reconhecimento de ações prejudiciais do homem ao meio ambiente foi um dos
predicados para o amadurecimento do conceito de desenvolvimento sustentável
adotado na conferência Eco 92, bem
como os princípios de “responsabilidade econômico-financeira do contaminador” e
o de “precaução”. A deterioração ecológica do planeta e outros problemas
globais, “impõem a necessidade de maiores níveis de cooperação internacional,
desenvolvimento e investimento mundial”. A Terra é a própria quintessência da
condição humana e, ao que sabemos, sua natureza pode ser singular no universo,
a única capaz de oferecer aos seres humanos um habitat no qual eles podem
mover-se e respirar sem esforço nem artifício. O Fórum Social Mundial, realizado inicialmente no Brasil, em 2001,
também vêm discutindo “outro mundo possível”, uma “globalização solidária”, se
já não é um truísmo, como alternativa aos problemas da exclusão, desigualdade
social e meio ambiente.
O
evento articula entidades e movimentos da “sociedade civil global” (cf. Ianni,
1997) em todo o mundo, que “atuam do nível local ao global” em sua complexidade
humana (cf. Morin, 1994). O fórum ainda estimula uma participação nas
instâncias internacionais e o exercício de uma cidadania planetária. Estes
debates se desdobraram em diferentes áreas do conhecimento, inclusive, na
educação. Em 1994, é adotada no “I Congresso Mundial da Transdisciplinaridade”,
em Portugal, a Carta da Transdisciplinaridade que aponta a necessidade de uma
compreensão planetária para enfrentar os desafios contemporâneos. E é na Carta
da transdisciplinaridade, produzida pela UNESCO no I Congresso Mundial de Transdisciplinaridade em 1994, realizado em
Arrábida, Portugal, com fundamental colaboração do CIRET, em que temos uma
definição do conceito transdisciplinar em seu Artigo 3: “(...) a
transdisciplinaridade não procura o domínio sobre várias outras disciplinas,
mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa (...)”, e
principalmente, em seu Artigo 7: A transdisciplinaridade não constitui nem uma
nova religião, nem uma nova filosofia, nem uma nova metafísica, nem uma ciência
das ciências”.
No
âmbito acadêmico, já no século XX, com o intuito de unir o mundo “não
universitário” ao universitário, cuja separação se dá primordialmente pela “hiperespecialização
profissional”, com grande número de disciplinas que não acompanham todo o
desenvolvimento, principalmente na área tecnológica, temos um aprofundamento na
utilização deste conceito, visando formar profissionais cada vez mais
completos, compatíveis com as exigências do mercado de trabalho que este futuro
profissional encontrará. Assim tão complexo quanto os problemas que tenta
solucionar, tem-se a transdisciplinaridade, que por ser tão sutil, ser a linha
tênue que une e serve de limite entre o comprometimento e o individualismo de
cada disciplina, que não possui uma definição exata, e ao mesmo tempo é um dos
mais necessários conceitos quando tratamos de formação e educação.
No
discurso da presidente Dilma Rousseff, primus
inter pares e primeira mulher a discursar na abertura da Assembleia Geral
da ONU disse a brasileira: - “Repudiamos com veemência as repressões brutais
que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade
internacional, o recurso à força deve ser sempre a última alternativa. A busca
da paz e da segurança no mundo não pode limitar-se a intervenções em situações
extremas”. Nada mais correto. É de todo sabido que a economia americana
sobrevive, principalmente, em razão de sua indústria bélica. O que nem todos
sabem é que, num círculo vicioso perverso, aquele país cata guerras com lentes
de aumento, exatamente para fomentar o desenvolvimento e a sustentação das
fábricas de armas. Foi assim no Iraque, quando o infeliz George W. Bush, aquele
idiota que quase morreu engasgado com biscoitos cream cracker, mas mentiu ao mundo, ao justificar a invasão militar
com o pretexto de que ali haviam sido encontradas armas de extermínio em massa.
Privilegiada,
por ter sido a primeira mulher do mundo a ocupar a tribuna naquelas condições,
Dilma Rousseff apelou para a sensibilidade, quase poética e, logo no início,
com ênfase, afirmou: “Divido esta emoção com mais da metade dos seres humanos
deste planeta, que, como eu, nasceram mulher, e que, com tenacidade, estão
ocupando o lugar que merecem no mundo. Tenho certeza, senhoras e senhores, de
que este será o século das mulheres. Na língua portuguesa, palavras como vida,
alma e esperança pertencem ao gênero feminino. E são também femininas duas
outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com
coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje”. Belo,
indiscutivelmente belo, e homenagem mais que merecida às mulheres do planeta
inteiro, que ainda não viram realizados seus anseios de igualdade econômica,
política, de gênero e social.
Bibliografia
geral consultada:
Artigo: “Cid vai à
ocupação no Parque do Cocó”. In: Diário
do Nordeste, Fortaleza, 6 de agosto de 2013; BRAGA, Ubiracy de Souza,
“Notas sobre Michel Foucault e os Anarco-Ecologistas”. Disponível no site: http://www.oreconcavo.com.br/2012/05/11/; Idem, “Verdes, mas
Maduros: A Dialética Trágica do Rio+20”.
Disponível no site: http://httpestudosviquianosblogspotcom/2012/06/19/; Idem, “Sabiaguaba:
Uma ponte que (ainda) dá o que falar?”. In: http://httpestudosviquianosblogspotcom/2012/08/22/; Idem, “Que país é este?
Notas sobre carros e a questão ambiental”. Disponível no site: http://cienciasocialceara.blogspot.com.br/2011/09/; Idem, “O Haiti
Revisitado”. Disponível no site: http://www.oreconcavo.com.br/2010/05/28/; CERTEAU, Michel de,
La prise de parole. Paris: Seuil,
1968; CLASTRES, Pierre, La
Sociétecontrel`État. Paris:Édition de Minuit, 1974; MORIN, Edgar, La complexitéhumaine. Paris: Flammarion,
1994; IANNI, Octávio, “A Política Mudou de Lugar”. In: Desafios da Globalização/Orgs: Ladislau Dowbor e outros. Petrópolis
(RJ): Vozes, 1997; BOFF, Leonardo, Depois
dos 500 anos: que Brasil queremos. Petrópolis (RJ): Vozes, 2000; Idem, A Nova Era: A Consciência Planetária.
Rio de Janeiro: Record, 2007; FOUCAULT, Michel, “É inútil revoltar-se?”. In:
MOTTA, Manoel Barros da (Org.). Michel
Foucault. Ética, sexualidade, política. Coleção: Ditos e Escritos V. Rio de
Janeiro: Editora Forense Universitária, 2004, pp. 77-81; GRAEBER, David, FragmentsofanAnarchistAnthropology. Chicago:
PricklyParadigm Press, 2004;SILVA, Marcia Soares, “Mídia e meio ambiente: uma
análise da cobertura ambiental em três dos maiores jornais do Brasil”. Revista
Digital Comunicação em Agrobusines& Meio Ambiente. Volume 2, n° 2, julho de
2005. In: http://www.agricoma.com.br/; entre outros.
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