terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Ciências Sociais, Por Que?
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Pedro Mourão


sábado, 26 de janeiro de 2013
Documentário Cidadão Boilesen
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Publicado por
Pedro Mourão


O documentário Cidadão Boilesen de Chaim Litewski, montado por Pedro Asbeg, conta a história do empresário. O documentário afirma que Boilesen era um cidadão marcado pelas ambiguidades e paradoxos típicos dos seres humanos. O filme vai até a Dinamarca, visita os arquivos de histórico escolar da escola onde Boilesen estudou quando criança e adolescente no início do século passado; além de entrevistar amigos, colaboradores civis e militares do empresário, o filho mais velho deste, o cônsul americano em São Paulo à época dos acontecimentos e um dos militantes que participaram da morte de Boilesen. Contém ainda depoimentos de figuras como o ex-Presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador de São Paulo Paulo Egídio Martins, Erasmo Dias e do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, entre outros personagens importantes da época. O filme debate fartamente o hábito do empresário de assistir as sessões de tortura, confirmado por testemunhos de militares e militantes da época.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Chamada de artigos, resenhas, relatos de experiência e análise de filmes e músicas
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Pedro Mourão


A Revista Café com Sociologia está com chamada para publicação. ISSN: 2317-0352
Podem ser enviado:
Data limite: 28 de Fevereiro de 2013
Os envios devem ser realizados pelo site da revista.
Mais informações em: http://revistacafecomsociologia.com/revista/index.php/revista
Podem ser enviado:
- Artigo
- Resenha
- Relato de experiência
- Análise sociológica de Filme ou Música
- Textos livres
Data limite: 28 de Fevereiro de 2013
Os envios devem ser realizados pelo site da revista.
Mais informações em: http://revistacafecomsociologia.com/revista/index.php/revista
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Mulher, eleição, educação e poder: Entrevista com a Profª Drª Danyelle Nilin Gonçalves
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Publicado por
Pedro Mourão


ENTREVISTA
COM A PROFª DRª DANYELLE NILIN GONÇALVES
22 DE JANEIRO DE 2013
22 DE JANEIRO DE 2013
Ela possui
graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará (1999),
mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (2001) e doutorado em
Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (2006). Atualmente é professora
adjunta da Universidade Federal do Ceará e membro de laboratório de pesquisa da
mesma universidade. Tem experiência na área de Ciência Política e Sociologia
Política atuando principalmente nos seguintes temas: anistia, campanhas
eleitorais, memória, ditadura militar e educação.
http://lattes.cnpq.br/3467578535972274
Pedro
Mourão
Qual foi
seu primeiro contato com as Ciências Sociais?
Danyelle
Nilin Gonçalves
O primeiro
contato de fato foi com a entrada no vestibular.
Quando
estava no pré-vestibular não tinha essa discussão
e nem tive
Sociologia durante o ensino médio.
Mas,
pensando bem, eu sabia que o FHC era sociólogo e adorava o Betinho
da
Campanha contra a Fome.
Achava que
o Betinho era uma figura muito interessante, muito sensível.
Pedro
Mourão
O senso
comum já lhe apresentou as Ciências Sociais então?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Isso mesmo.
Como sempre fui leitora voraz e como a questão política sempre permeava as
discussões lá em casa acabei conhecendo esses dois sociólogos.
Pedro
Mourão
Sua família
tem ligação com a política local?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Não. Mas
na verdade, sempre fomos simpatizantes do PT
e como a
minha mãe era presidente do Conselho da Mulher
e depois
do Conselho da Criança sempre estivemos envolvidos com essa questão.
Pedro
Mourão
Alguém
mais na sua família é cientista social?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Não,
somente eu. Minha mãe fez Letras, eu fiz Ciências Sociais, minha irmã fez
Serviço Social
e meu
irmão fez vários cursos até conseguir terminar um, de Gestão de Pessoas.
Minha irmã
é bióloga e na família ampliada, tem jornalista, advogado, médico,
Mas nenhum
cientista social.
Pedro
Mourão
E na
graduação, como foi que se deu sua entrada no ramo da Sociologia Política?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Entrei nas
Ciências Sociais com essa questão do Betinho.
Estava
naquela época de querer fazer a diferença no mundo.
Assim que
entrei, tive um pouco de choque, porque não conseguia entender muito do que se
falava.
Esse é um
problema até hoje, para muitos.
Passei o
primeiro ano "viajando na maionese" e aproveitando a vida
universitária.
Entenda-se,
festas, bebedeiras, etc.
Pedro
Mourão
Normal de
todo jovem.
Danyelle
Nilin Gonçalves
No 3º
semestre apareceu uma vaga para bolsista da Irlys Barreira
http://lattes.cnpq.br/1873147390513866
Eu só
sabia que seria para entrevistar lideranças comunitárias.
Eu entreguei
meu histórico e fui pra seleção.
Acho que
ela gostou do meu interesse porque havia outra candidata com o IRA (Índice de
Rendimento Acadêmico) maior que o meu, mas eu ganhei a vaga.
A partir
daí, me encontrei no curso.
Me foquei,
passei a ser uma aluna interessada e passei a perceber a importância da
pesquisa.
Fizemos 60
questionários nas periferias de Fortaleza, algo muito bom porque pude conhecer
a cidade de fato.
Como
muitas dessas lideranças iam se candidatar ou apoiar alguém, resolvemos ampliar
a pesquisa.
Então
chegou o momento eleitoral e aí passamos a acompanha-las nos eventos e nos
programas eleitorais.
Sempre
gostei de programa eleitoral, portanto, não era problema assisti-los.
Em 1996,
na disciplina de Teoria Antropológica, a Professora Simone Simões
(http://lattes.cnpq.br/8580516535075460 ) queria que a gente fizesse uma
etnografia
e eu fui
pesquisar as candidatas a vereadoras em Russas, minha cidade.
Fiz
entrevistas, questionários e acompanhei algumas delas nos comícios, reuniões,
etc.
Quando
chegou o momento de fazer a monografia, decidi pesquisar um fenômeno que me
instigava que eram as candidaturas que não tinham chance real de vitória, mas
que marcava um lugar no HGPE (Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral). Essas
candidaturas eu denominei de "outsiders" como o Enéas Carneiro, o
João Oliveira, e vários vereadores que usavam do sarcasmo, do ridículo, do riso
para se apresentarem no programa eleitoral.
Pedro
Mourão
Geralmente
escolhemos o objeto de pesquisa por afetividades (positivas ou negativas) que
temos pelo objeto de estudo. Então a sua monografia "Em nome do
voto-discursos e estratégias dos outsiders." se liga a isso?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Isso mesmo.
Gostava do horário eleitoral e queria escrever sobre algo que não se escrevia
muito, que era sobre isso. Hoje já tem mais estudos sobre essa temática, mas
não época não consegui achar nada.
Enfim, era
um bom tema a ser explorado.
Fiz o
trabalho e imediatamente fiz o projeto do mestrado na Universidade Federal do
Ceará (UFC). Para a seleção fiz uma proposta para analisar os discursos do Juraci
Magalhães e do Tasso Jereissati, mas quando entrei no mestrado, percebi que não
teria tesão para levar adiante esse tema.
Pedro
Mourão
Por quê?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Isso foi
em 2000, quando fui chamada a ir para o México com a Irlys.
Não sei, tesão
a gente tem ou não tem e eu não tinha.
Fiz o
projeto, mas na verdade não tava a fim de analisar discurso.
Enfim, fui
para o México acompanhar as eleições gerais e lá encontrei o objeto de pesquisa.
Danyelle
Nilin Gonçalves
Então, no
México encontramos uma realidade bem diferente das eleições aqui no Brasil.
Era um
momento central da vida dos mexicanos porque poderia haver alternância de poder
depois de 70 anos. Havia uma expectativa grande e muitos jovens se mobilizaram,
por isso entrevistei jovens na universidade alguns céticos, outros confiantes
no processo.
Quando
encontrei um grupo de mulheres que trabalhava na campanha de um candidato, fui
conhecer seu trabalho e aí descobri que na campanha mexicana, muitos jovens
estavam sendo destacados para agenciar votos.
Quando
voltei ao Brasil percebi que nos cruzamentos de ruas muitos jovens faziam a
publicidade dos candidatos. Nos comícios eram eles quem agitavam as bandeiras,
cantavam as músicas, etc. Passei a acompanhar dois grupos e percebi que era uma
atividade central nas campanhas e que estava sendo feita por jovens.
Passei a
querer entender o que isso representava para as campanhas eleitorais.
No
mestrado, você estudou "Jovens na política: animação e agenciamento em
campanhas eleitorais."
Qual era
sua tese central?
Danyelle
Nilin Gonçalves
A grande
questão é essa: como os jovens são recrutados no momento eleitoral, que
atividades desenvolvem e que disputas surgem em torno do fato de alguns deles
serem remunerados. Passei a perceber essa atividade como festa, como trabalho e
como ideologia.
Pedro
Mourão
Então esse
trabalho se aproxima da Antropologia da política?
Quais eram
seus principais autores na época?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Sim, se
aproxima. Inclusive porque na época estava tendo um Pronex
(http://memoria.cnpq.br/programas/pronex/index.htm ) que era um grupo muito bom
de antropólogos de várias instituições do Brasil que pesquisavam as eleições.
Foi muito
rico esse momento.
Como essa
temática da juventude e política em campanhas eleitorais não era um tema
estudado, não havia autores centrais para isso. Mas trabalhei com Moacir
Palmeira, Beatriz Heredia, Márcio Goldman, Karina Kuschnir, Gabriela Scotto,
Irlys Barreira, esse grupo do NUAP (Núcleo de Antropologia da Política) http://nuap.ppgasmuseu.etc.br/ .
A
dissertação me deu muito prazer, apesar de ter tido tendinite.
Até hoje
gosto muito dela. Depois que saí da dissertação fui fazer o projeto do
doutorado e aí decidi sair da temática das eleições. Fui para outro tema que me
inquietava desde a adolescência: ditadura militar.
Decidi
pesquisar a indenização aos ex-perseguidos políticos, de 2001 a 2006 pesquisei
intensamente isso.
Pedro
Mourão
Vc fez
algo muito ousado e desgastante para maioria das pessoas.
Fez
graduação, mestrado e doutorado praticamente sem intervalos.
Como foi
esse desafio?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Bem
cansativo e inclusive não recomendo para ninguém.
Acho que
temos que ter um intervalo até para amadurecer as ideias
mas enfim,
fiz e estou viva. Fiz uma pesquisa bem intensa e legal sobre esse processo e
fui à Argentina para conhecer os perseguidos políticos de lá.
Pedro
Mourão
E porque você
não se deu esse intervalo?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Não dei o
intervalo porque estava no embalo e achava que o mundo ia se acabar se eu não
fizesse, depois vi que nem é verdade.
Danyelle
Nilin Gonçalves
Tinha a
pretensão inicial de fazer uma pesquisa comparativa sobre a Argentina, o Chile
e o Brasil, mas depois percebi que não seria possível. Farei um dia....
Enfim, fiz
a tese que também é um trabalho que eu gosto muito e depois que eu entrei na
universidade, voltei pra minha temática original que são as mulheres na
política.
Pedro
Mourão
No seu
doutorado, você trabalha a questão da ditadura militar e as indenizações aos
presos e parentes de presos políticos. (O preço do passado: Anistia e reparação
de perseguidos políticos no Brasil)
Como
surgiu essa ideia?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Surgiu de
uma matéria no jornal. Na verdade, na dissertação me chamou a atenção o fato de
que a esquerda não consegue lidar tranquilamente com dinheiro. Ela vê o
dinheiro como algo sujo, algo que mancha as relações. Quando vi que os
anistiados iriam receber dinheiro e que muitos deles eram de esquerda achei que
seria interessante estudar como eles resolveriam essa questão.
Pedro
Mourão
De fato
foi? O que a pesquisa revelou?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Primeiro,
eles não são homogêneos, alguns recebem, outros não e existem diferentes
motivações apresentadas por eles.
A partir
daí descobri mais questões: de que esse processo aciona questões jurídicas,
sociais, morais, administrativas. Diz respeito ao passado, à imagem que se tem
do que foi feito no passado, remonta às lutas, às noções de heroísmo, de
vencedor, e envolve mais gente do que somente os anistiados e suas famílias.
Pedro
Mourão
Podemos
falar em um Romantismo Marxista?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Para
alguns somente. Para outros, a questão é diferente.
Talvez nem
seja marxismo, acho que a esquerda é muito franciscana aqui no Brasil.
A questão
do dinheiro é pesada, não é algo tranquilo.
Pedro
Mourão
Uma noção
de moralidade subjacente ao dinheiro pode ser lida através da teoria da Dádiva
de Marcel Mauss? Os esquerdistas talvez não queiram esse vínculo com o governo
no sentido de estabelecer laços de troca?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Alguns
sim, mas não é só isso.Essa é uma das motivações apresentadas, mas existem
várias outras. Não se deixa de aceitar dinheiro só por não querer receber
dinheiro do governo, mas porque não se quer lembrar-se do passado. Porque não
quer se sentir um combatente. Porque é pouco dinheiro para muito sofrimento. Enfim,
são várias motivações distintas.Foram elas que apareceram nas falas dos meus
entrevistados.
Pedro
Mourão
Podemos
falar que esse "franciscanismo" na esquerda é um fato social a lá
Durkheim?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Sinceramente,
nem sei responder.
Tem mais a
ver com as origens dessa esquerda e da militância dos movimentos eclesiais, da
AP (Ação Popular) e de coisas que viveram na ditadura também. O dinheiro
aparecia como algo maldito.
Pedro
Mourão
Talvez a
visão marxista negando o capitalismo possa ter relação com isso. Visto que o
dinheiro é o símbolo máximo do capitalismo.
Danyelle
Nilin Gonçalves
Sim,
também. Junta as duas coisas.
Pedro
Mourão
E onde
entra na sua trajetória o binômio: gênero e política?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Desde o
início da minha vida acadêmica, desde 1996 pesquisávamos as mulheres em
campanhas eleitorais. Quando voltei à universidade, agora como professora,
voltei ao tema antigo.
Pedro
Mourão
Existe uma
auto-identificação entre você e o objeto?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Não, nesse
caso, nenhuma. Gosto demais da temática, mas como curiosidade intelectual para
entender como as mulheres aparecem nesse cenário o que querem, o que fazem. Como
se apresentam, que dilemas enfrentam, como constroem discursos de diferença em
relação aos homens.
Pedro
Mourão
Sua
ascensão no campo intelectual lhe coloca hoje numa posição de prestigio e poder.
Isso tem alguma relação com seu objeto de estudo? O campo acadêmico pode ser
encarado como um campo político (de disputas pelo espaço e pela a verdade
legitima)?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Eu
relativizo muito esse poder e prestígio. Nem acho que os professores tenham
tanto poder e prestígio assim, só em algumas situações.
Pedro
Mourão
Assim como
na política, na universidade existe também um preconceito contra a mulher
intelectual?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Se há, ele
é velado. Nunca percebi preconceito.
Pedro
Mourão
Você já ouviu
algum caso?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Mas é fato
que as mulheres que são intelectuais, são donas de casa, mães e que não
necessariamente dividem as tarefas cotidianas com seus maridos. Isso pode
dificultar a vida de algumas. Não, mas não duvido que tenha, já que a
universidade é um espaço que, como qualquer outro, está sujeito aos
preconceitos, aos conflitos e às disputas. Imagino que para algumas mulheres
ascenderem em suas carreiras seja mais difícil por algumas dessas questões e de
outras também. No meu caso, não sofro preconceito e penso que estou construindo
a minha carreira independente desse fato.
Pedro
Mourão
Sua
produção cientifica é volumosa e invejável. Como você lida com esse
desdobramento, a Danyelle cientista e a Danyelle pessoa com vida social (ou
não) risos?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Sério??????????
Não sabia (risos). Bem, na verdade tento ter uma vida normal.
Pedro
Mourão
O "tento"
é uma palavra forte..(risos)
Danyelle
Nilin Gonçalves
Mas
obviamente, às vezes não dá para sair ou fazer nada no final de semana. Se tem
um resumo para enviar, um artigo para fazer ou trabalho dos alunos para
corrigir, minha vida social fica comprometida. Em geral, sei organizar meu
tempo de modo que eu possa fazer as coisas que me dá prazer, além do trabalho.
É tentar mesmo, porque nem sempre é possível.
Mas enfim,
sou muito feliz com o que faço e a vida na universidade permite que você
consiga de alguma forma organizar horários. Há dias que não escrevo nada e que
vou ler Nelson Rodrigues ou ver televisão. Mas há semanas que não é possível. Acho
que essa é uma profissão bastante interessante que permite conhecer várias
situações, pessoas e lugares. Por isso, o "se desdobrar", para mim
não é um sacrifício.
Pedro
Mourão
Entendo. A
título de provocação intelectual, eu gostaria de te perguntar algo.
Qual a
importância da ciência que você faz para o resto da sociedade, fora dos muros
da universidade?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Eu acho
que a importância da ciência em geral e não somente a que eu faço é a seguinte:
Na medida
em que conseguimos desnaturalizar os processos, eventos e fenômenos,
na medida
em que o mundo social e as ações dos sujeitos se tornam mais inteligíveis, essa
é a nossa grande contribuição. Tenho certeza que os anistiados, ao lerem meu
livro, devem ter parado para se perguntar sobre várias questões que alguns
deles não deviam pensar até então. Sendo assim, fico satisfeita com o trabalho.
Pedro
Mourão
Interessante.
Danyelle
Nilin Gonçalves
Mas
existem outras pesquisas também como a do assentamento do movimento sem-terra que
conseguimos ver in loco o resultado
de nossa pesquisa-ação.
Pedro
Mourão
Onde se
localiza e em que consiste esse trabalho?
Danyelle
Nilin Gonçalves
No
Assentamento Zumbi do Palmares e é um trabalho financiado pela Petrobras para
perceber a ambiência do local, já que este local é alvo de um projeto
experimental da empresa. Acompanhamos a comunidade sobre a sua trajetória, os
conflitos instalados, as lideranças oficiais e as emergentes e o capital social
daquela comunidade. Nesse caso, já temos muitos dados concretos de pesquisa.
Pedro
Mourão
Qual é a
finalidade do projeto?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Nossa
atuação permite ver como a comunidade vem construindo sua história.
Perceber
qual a possibilidade de os assentados trabalharem em prol de algo coletivo.
Pedro
Mourão
Muito
interessante. Você foi professora no ramo privado e hoje é da universidade
pública.
Quais as
grandes semelhanças e diferenças dos dois campos?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Para mim
foi super interessante ter as duas experiências.
Na
faculdade privada, a gestão e a logística funcionam muito bem.
Nas minhas
experiências também percebi certo respeito com o professor.
Não estou
dizendo que isso ocorre sempre. Há também mais possibilidades de convívio entre
os professores, nem que seja na sala dos professores antes da aula, no horário
do intervalo e no final. Mas é bom deixar claro que estou falando da minha
experiência pessoal e que não estou fazendo generalizações.
Pedro
Mourão
Claro.
Danyelle
Nilin Gonçalves
O grande
problema da faculdade privada é a falta de autonomia para algumas coisas e
pouco acesso à pesquisa, a ter bolsistas, a viajar para eventos, etc. Em
relação aos alunos, há alunos bons nas duas. Sendo que na universidade pública há
uma ideia de continuidade da carreira que talvez a universidade privada não
estimule tanto.
Pedro
Mourão
Hoje você
faz parte do LEPEC-UFC (Laboratório de pesquisa em Política e Cultura) e da SBS
(Sociedade brasileira de Sociologia). Qual é o seu papel nesses dois grupos?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Sou membro
do LEPEC e coordenadora da comissão de ensino da SBS.
Pedro
Mourão
Como se
seu o convite para esse trabalho na SBS? Quais as suas principais atividades
como coordenadora da comissão de educação da SBS?
Danyelle
Nilin Gonçalves
O convite
se deu pela Irlys Barreira que é a presidente as SBS. A ideia da comissão é
estimular a discussão sobre o ensino de sociologia no ensino médio.
Pedro
Mourão
Vocês estão
organizando o ENESEB (Encontro Nacional sobre o Ensino de Sociologia)?
Danyelle
Nilin Gonçalves
Isso mesmo,
será em 31 de maio a 3 de junho em Fortaleza na Universidade Federal do Ceará, no
campus Benfica. O Eneseb terá boas discussões sobre o ensino de sociologia e
terá como tema central Juventude e Ensino Médio. Teremos como convidado Bernard
Lahire para a conferência inicial.
Pedro
Mourão
Gostaria
que falasse sobre seu último livro que lançou.
Danyelle
Nilin Gonçalves
Os dois
livros, tanto o que resultou da dissertação e o da tese foram lançados um pela Editora
Pontes (dissertação) e outro pela Expressão Popular (tese).
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Kieślowski & Irène Jacob: Magia & Técnica, Arte & Política.
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Publicado por
Pedro Mourão


Ubiracy de Souza Braga*
____________________
* Sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), doutor em ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
“Todos os filmes que faço são sobre a
necessidade de se abrir”. Krzysztof Kieslowski
Foto: Bust of Kieślowski,
Celebrity Alley, Kielce, Poland.
A
carreira cinematográfica de Krzysztof Kieślowski (1941-1996) se divide entre a fase
polonesa e a francesa (cf. Furdal e Turigliatto, 1989; Esteve, 1994; Amiel,
1995; Attolini, 1998; Furdal, 2001). Depois de concluir a faculdade, o jovem
diretor começa a produzir documentários. A narrativa dos documentários (cf. Wisner,
2002; Haltof, 2004; Ramos, 2005) passa a influenciar os primeiros filmes de
ficção do diretor, tais como: “A Cicatriz”, “Blind Chance” e “Amador” que são
exemplos desse estilo (cf. Stok, 1993; Haltof, 2004). Mais tarde, Kieślowski
realizou para a televisão polonesa uma série de filmes chamada Dekalog (1989) - “um filme por
mandamento”, todos tratando de conflitos não apenas éticos e morais. Dekalog (cf. Loretan, 1993), é um
projeto “difícil de classificar e árduo de descrever”. Alguns críticos preferem
vê-lo não como um filme, mas, como dez médias-metragens
independentes entre si. E temos no primeiro
caso, um funcionário do correio que obcecado
por uma mulher madura e independente tenta
uma aproximação, mas é um voyeur. O segundo, através de uma visão
amarga da vida, e cena das mais chocantes da história do cinema. O provérbio
chinês sobre a imagem não tem sentido para o cinema.
Título original: Krótki film o milosci, quer dizer: “Um
pequeno filme sobre o amor”.
“Kieślowski's early documentaries
focused on the everyday lives of city dwellers, workers, and soldiers. Though
he was not an overtly political filmmaker, he soon found that attempting to
depict Polish life accurately brought him into conflict with the authorities.
His television film Workers '71, which showed workers discussing the reasons
for the mass strikes of 1970, was only shown in a drastically censored form.
After Workers '71, he turned his eye on the authorities themselves in
Curriculum Vitae, a film that combined documentary footage of Politburo
meetings with a fictional story about a man under scrutiny by the officials.
Though Kieślowski believed the film's message was anti-authoritarian, he was
criticized by his colleagues for cooperating with the government in its
production. Kieślowski later said that he abandoned documentary filmmaking due
to two experiences: the censorship of Workers '71, which caused him to doubt
whether truth could be told literally under an authoritarian regime, and an
incident during the filming of Station (1981) in which some of his footage was
nearly used as evidence in a criminal case. He decided that fiction not only
allowed more artistic freedom, but could portray everyday life more truthfully”.
Tese: O
deslocamento entre as duas dimensões do real e do imaginário (cf. Deleuze,
1974; 1976; 1980; 1985; 1988) ocorre necessariamente por disjunção, por
divergência: o transcendental (Kant) não pode se assemelhar ao empírico, “senão
retornaríamos ao contexto redundante da experiência possível”. Portanto, ainda
que sumariamente, diremos que sair do plano dos entes, do vivido, e mergulhar
na direção do transcendental, é dissolvê-lo no denso e múltiplo conjunto de
forças a partir do qual ele emerge....
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Três Reisados Cearenses: Crato, Juazeiro & Barbalha.
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Pedro Mourão


Ubiracy de Souza Braga*
___________________
* Sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), doutor em ciências (USP) junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha formam a
região metropolitana, na região do Cariri, sul do Ceará: a distância que separa
as 3 é de menos de 10 km. Crato e Barbalha são as cidades mais antigas,
fundadas no século XVIII. Juazeiro do Norte foi emancipada no início do século
XX pelo extraordinário Padre Cícero
Romão, que depois de morto “passou a ser considerado um santo pela maioria
absoluta dos católicos nordestinos” (cf. Della Cava, 1976; Silva, 1982; Aquino,
1997; Neto, 2009). Milhões de pessoas vão a Juazeiro do Norte todos os anos,
por causa do Padre Cícero. Na devoção popular, é conhecido como “Padim Ciço”.
Carismático, obteve grande prestígio e influência sobre a vida social, política
e religiosa do Ceará bem como do Nordeste.
Em março de 2001, foi escolhido “O Cearense do
Século” em votação promovida pela TV Verdes Mares em parceria com a Rede Globo
de televisão. Em julho de 2012, foi eleito um dos “100 maiores brasileiros de
todos os tempos” em concurso realizado pelo SBT com a BBC. Juazeiro do Norte
tem quase 250.000 habitantes, e é a maior cidade do interior do Ceará. Crato
tem quase 100.000 e Barbalha, mais de 50.000. As três juntas formam um complexo
urbano de mais de 400.000 habitantes. Trataremos de aspectos gerais desse
processo social de comunicação que
transcende a região vista como mero instrumento da ação política e/ou religiosa.
- “Ha um ano atrás surge a ideia de estimular o
contato entre os jovens da região CRAJUBAR, já que, Crato, Juazeiro e Barbalha
são três das cidades maiores e mais conhecidas do Cariri. Mas de que forma?
Sabemos que as redes sociais são, atualmente, um dos meios mais influentes e
mais utilizados por jovens em todo o mundo, sendo assim, as redes sociais foram
a melhor maneira para atrair os jovens e proporcionar a cada um deles a
oportunidade de manter o contato entre jovens de sua própria cidade e de cidades
vizinhas. Já que até então não havia nenhuma comunidade no Orkut voltada para
os jovens da região e pelo fato do Orkut ser uma das redes sociais mais
influentes entre os jovens do Cariri, surge a ideia de se criar uma comunidade
totalmente voltada para os jovens. Surge então a marca CRAJUBAR TEEN. A
comunidade atinge o seu objetivo e em pouco tempo ganha destaque entre os
jovens. Hoje estamos presente em quase todas as redes sociais e estreamos a
pouco tempo esse Blog. Quero agradecer desde então todos que colaboram e torcem
pela Crajubar Teen, todos os membros da comunidade, seguidores no Twitter,
amigos no Facebook e a toda galera que esta diariamente visitando o Blog. Para
comemorar essa data segue as fotos enviadas a Crajubar Teen, e mais uma vez,
obrigado pelo carinho e apoio!”.
Tim
Maia foi um cantor, compositor, produtor, maestro, multi-instrumentista e
empresário brasileiro, responsável pela introdução do estilo.....
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Cientistas do Brasil - Roberto da Matta
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Pedro Mourão


MAIS ATUAL QUE NUNCA...
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
O caipira com Antonio Candido
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Pedro Mourão


terça-feira, 8 de janeiro de 2013
A Economia Política da Extração de Minérios em Carajás.
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Pedro Mourão


A Economia Política da Extração de Minérios em Carajás.
Ubiracy de Souza Braga*
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* Sociólogo (UFF), cientista político (UFRJ), doutor em ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
“Depois
de 30 anos tirando minério, em Marabá não tem uma fábrica de faca para o
sujeito se matar”. (comerciante Eliomar Freitas)
Mina na Serra Norte de Carajás. Foto:
Jeremy Bigwood.
Escólio: Não
há dúvida alguma que a economia política espelhou as tendências das principais
transformações sociais e econômicas que emergiam, sobretudo na Inglaterra e
França, a partir dos meados do século XVIII. Sendo assim, ideias que surgiram
em meio às mudanças do capitalismo passaram a ser consideradas como detentoras
do “segredo científico da escravidão”, perdendo o status de representação das transformações do capitalismo europeu
dos fins do século XVIII e princípios do XIX. Importa é que essas ideias foram
transformadas em paradigmas pela historiografia da escravidão, a despeito de
terem nascido dentro de uma ideologia que foi edificada há mais de dois séculos
e que dava conta de um determinado “mundo do trabalho”. Neste caso, portanto, a
ideologia transformou-se numa memória
da qual o conhecimento histórico continua retirando instrumentos para o exame
da escravidão (cf. Fanon, 1954; 1961; 1963; 1967; 1983; Genovese, 1976; Temperley,
1977; Williams, 1978; Rocha, 1989;
Lopes, 1983; 1984; Vieira, 1985; Almeida Jr., 1986; Martins, 1993; 1997).
Trabalho
escravo contemporâneo é o “trabalho forçado” (cf. OIT, “forced labour”, 2001) que
“envolve restrições à liberdade do trabalhador” (“Involves restrictions on
freedom of the worker”). O trabalhador é obrigado a prestar um serviço, “sem
receber um pagamento ou recebem um valor insuficiente para suas necessidades e
as relações de trabalho costumam ser ilegais”. Diante destas condições, as
pessoas não conseguem se desvincular do trabalho. A maioria é forçada a
trabalhar para quitar dívidas, muitas vezes contraída por um ancestral. Estima-se
que existam no mundo entre 12 a 27 milhões de pessoas escravizadas nos diversos
ramos da indústria, serviços e agricultura, ou seja, 10% da população brasileira estimada em torno de 193.946.886
habitantes em 2012. Em geral, os escravos provêm de regiões muito empobrecidas,
com pouco acesso à educação e saúde e ao crédito formal. São locais onde as
leis de proteção são fracas,...
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